O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Salvador (Bahia).
Lucas Coutinho é apaixonado por cinema desde quando, ainda na infância, foi
conquistado por obras como as trilogias De
Volta Para o Futuro e Indiana Jones.
É muito viva em sua mente a lembrança de passar um bom tempo nas locadoras lendo
as sinopses de filmes. Também teve o privilégio de ser da geração que viu a
Pixar nascer, de modo que pôde acompanhar quando garoto tanto boas animações no
estilo tradicional, como essas recém-criadas animações feitas em computadores.
É formado em jornalismo pelo Centro Universitário Jorge Amado, em Salvador. No
ano passado começou a falar sobre cinema no Instagram @filmedavez e também a publicar críticas no filmedavez.com.br
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
No último ano pré-pandemia, eu estava indo muito ao Cinépolis do Shopping Bela Vista. Além
de não restringir a programação apenas aos blockbusters, eles tem feito uma
programação que acertadamente mescla bem sessões dubladas e legendadas,
enquanto a maioria dos cinemas da cidade têm privilegiado as sessões dubladas.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Acredito que foi Toy
Story 2. Eu já havia visto muitas vezes a versão VHS do primeiro filme,
então ver o segundo no cinema me fez ter a empolgação de ver algo novo e de um
jeito especial com a tela grande.
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
É o Steven Spielberg
e a razão é simples: só ele é capaz de fazer um filme tão leve quanto E.T. - O Extraterrestre e um tão duro
quanto A Lista de Schindler. Meu
favorito é Os Caçadores da Arca Perdida,
simplesmente porque ao assistir quando criança eu gostei tanto que por um tempo
desejei ser arqueólogo.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
Essa é uma pergunta difícil. Se eu respondesse com a razão
seria Cidade de Deus. Se respondesse
com o coração seria Lisbela e o
Prisioneiro, primeiro filme nacional que eu lembro de ter assistido
trocentas vezes. Mas, unindo razão e coração eu vou responder Central do Brasil, porque é a obra que
eu utilizaria para apresentar o Brasil a um estrangeiro. Tem muito de Brasil
naquele filme, tanto nas locações quanto nas ações dos personagens. E o elenco
é extraordinário.
5) O que é ser cinéfilo
para você?
Ser cinéfilo é não ter apego a alguns gêneros específicos,
mas ao cinema como um todo. É ir da comédia romântica ao filme de terror com a
mesma boa vontade de quem só quer curtir um bom filme.
6) Você acredita que
a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas
que entendem de cinema?
Honestamente eu acredito que sim, mas também percebo que
eles não usam apenas a qualidade cinematográfica como critério de seleção. E
compreendo isso como algo natural, em um mercado que movimenta muito dinheiro e
possui uma audiência que nem sempre vai ao cinema procurando qualidade.
7) Algum dia as salas
de cinema vão acabar?
Um dia tudo acaba, né? Mas espero muito que não seja durante
meu tempo de vida.
8) Indique um filme
que você acha que muitos não viram mas é ótimo.
Na temporada de lançamento dos filmes do Oscar 2020, diante
de tantas boas opções, acredito que Jojo
Rabbit tenha sido menos visto do que deveria. Eu mesmo fui assistir
esperando bem menos e saí maravilhado. É uma obra que exalta o valor da
convivência, por isso merece e precisa ser vista por todos.
9) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
Na condição de alguém que perdeu uma avó muito querida na
pandemia, apesar de incontáveis cuidados, posso garantir que a saudade do
cinema pode esperar. Entendo também que, a fim de garantir a existência das
redes de cinema e a preservação dos empregos dos milhares de funcionários,
deveria estar havendo algum tipo de suporte governamental.
10) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Acredito que o cinema brasileiro atualmente está muito
formulaico. Há um apego muito grande há conteúdos que atraem público, como
comédias e cinebiografias. E não há nada de errado com esses gêneros, desde que
sejam utilizados de maneira criativa e prezando por qualidade. Mas o fato é que
muita gente com grande talento a oferecer está sendo desperdiçada em detrimento
de conteúdos idênticos produzidos em escala industrial. Ainda assim, entendo
que obras de grande qualidade acabam se impondo e conquistando um público
merecido.
11) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Atualmente tem sido o Wagner
Moura. Ele é um cara que consegue se esconder muito bem dentro do
personagem. Merece a projeção internacional que tem conquistado.
12) Defina cinema com
uma frase:
Nada te faz colocar-se tanto no lugar do outro como o
cinema.
13) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:
Quando eu fui assistir Star
Wars: Episódio IX – A Ascensão Skywalker, metade do cinema aplaudiu e a
outra metade vaiou quando a Rey beijou o Kylo Ren. Quase rolou briga.
Entretanto, eu não fiz parte de nenhum dos grupos. Apenas fiquei estático e
incrédulo ao ver uma fanfic entrar num roteiro que passou pelas mãos de tanta
gente.
14) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
É uma obra que jamais será esquecida...
15) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não precisa, mas graças a um repertório vasto muitos
diretores cinéfilos conseguem enxergar soluções para suas obras com maior
facilidade.
16) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Foi uma comédia nacional chamada O Concurso.
17) Qual seu
documentário preferido?
Novamente me vejo diante de um duelo entre coração e razão.
O coração quer que eu responda Bahêa
Minha Vida (2011), no qual o diretor Márcio
Cavalcante consegue expressar na tela do cinema todo o sentimento de torcer
pelo Esporte Clube Bahia, uma equipe que não está no topo do cenário nacional,
mas ainda assim é uma paixão que une milhares. O documentário teve o acerto de
entrevistar muitas pessoas importantes para o clube, mas que já estavam idosas,
tornando-se um registro único, pois vários faleceram ainda durante o processo
de montagem do filme.
Já a razão quer que eu escolha Eles Não Envelhecerão (2018). Nesse documentário, o diretor Peter
Jackson faz algo extraordinário: deu vida a várias gravações da Primeira Guerra
Mundial, iniciada em 1914. Para isso, ele resgatou imagens históricas em preto
e branco e buscou restaurá-las. Posteriormente, o diretor encomendou um
brilhante trabalho de colorização das imagens. Somado aos vídeos também foram
resgatados áudios de soldados que lutaram no conflito. Gravações que sem as
imagens nunca conseguiram expressar o peso daquela situação. Assim, ele
produziu uma experiência única, que lhe imerge em momentos reais da guerra
narrados por aqueles que a viverem.
Dessa vez o duelo fica empatado. Escolho os dois.
18) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sim, várias vezes e uma delas foi após uma sessão de Bohemian Rhapsody. Não pelo filme, que
deveria ter sido mais corajoso em retratar a vida do protagonista como foi Rocketman (2019). Mas o fato é que a
obra conseguiu me emocionar e fazer eu me sentir no show Live Aid. Eu nunca
havia cantado músicas do Queen com uma galera e aquele cinema, por alguns
instantes, virou o Estádio de Wembley.
19) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Acho que Cidade dos
Anjos. Faz muito tempo que não assisto, mas na época em que vi eu gostei.
20) Qual site de cinema
você mais lê pela internet?
Acompanho vários, mas o mais frequente e que gosto bastante
é o Nerdbunker do Jovem Nerd.