O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.
Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São Paulo. Luiza Lusvarghi tem 64 anos, é crítica
de cinema, jornalista e pesquisadora, graduada em Jornalismo pela PUC SP,
Mestrado e Doutorado pela ECA USP com estudos de Cinema e Audiovisual. Autora de De MTV a Emetevê (2007), O
Crime como Gênero: A ficção Audiovisual da América Latina (2018), coautora
e organizadora de Mulheres Atrás das
Câmeras (2019), coletânea de artigos do Prêmio Jabuti 2020. É integrante do
grupo Genecine (Studies on Film and
Audiovisual Genres) Unicamp, Socine
(Sociedade Brasileira de Estudos de Cineme e Audiovisual), de Abraccine (Associação Brasileira de
Críticos de Cinema) e participa dos coletivos feministas Elviras e Mais Mulheres.
1) Na sua cidade,
qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da
escolha.
CineSesc. Porque
investe no cinema independente e nos bons filmes nacionais, algo que o Espaço Itau não faz mais, virou
mainstream.
2) Qual o primeiro
filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.
Morangos Silvestres,
Persona, todos os filmes do Bergman.
E Fellini, e os filmes brasileiros,
que só passavam no nosso cineclube, assistir a filmes brasileiros era como
participar de uma seita secreta,
3) Qual seu diretor
favorito e seu filme favorito dele?
Gritos e Sussurros.
4) Qual seu filme
nacional favorito e porquê?
A Lira do Delírio, porque sim, foi meu
primeiro grande amor.
5) O que é ser
cinéfilo para você?
Isso não existe, mas quem gosta de cinema não tem filme
favorito, gosta de tudo, vai para um país estrangeiro e entra no cinema, mesmo
que não consiga entender tudo.
6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?
Não.
7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?
Sim. Já foram tão diferentes ao longo da história.
8) Você acha que as
salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?
De jeito nenhum, é indecente.
9) Como você enxerga
a qualidade do cinema brasileiro atualmente?
Nunca esteve tão bem.
10) Diga o artista
brasileiro que você não perde um filme.
Matheus Natchergaele.
11) Defina cinema com
uma frase:
Arrebatamento.
12) Conte uma
história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.
Uma amiga minha que é deficiente pegou o elevador errado e
entrou aos brados na sala, atrasada, se queixando de descaso e omissão. E é
verdade, a maioria não tem esquema para acolher ninguém com problemas. Quando
quebrei o pé, tive de desistir de acompanhar a Mostra, os cinemas são
completamente inacessíveis.
13) Defina 'Cinderela
Baiana' em poucas palavras...
Não perdi meu tempo em assistir.
14) Muitos diretores
de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta
precisa ser cinéfilo?
Não. Mas é melhor que seja.
15) Qual o pior filme
que você viu na vida?
Difícil, são tantos. American
Pie, talvez.
16) Qual seu
documentário preferido?
Muitos, mas recentemente Os Segredos de Putumayo, do Michiles.
17) Você já bateu
palmas para um filme ao final de uma sessão?
Sim, mas não acho uma boa ideia. O silêncio é sempre
maravilhoso, e depois ir pra um café comentar com amigos.
18) Qual o melhor
filme com Nicolas Cage que você viu?
Arizona Nunca Mais.
19) Qual site de
cinema você mais lê pela internet?
Difícil, gosto do Adoro
Cinema, mas tem o Canal Tech,
muitos outros. Gosto dos críticos do The
Guardian, vejo Nyt, El Pais, La Vanguardia. Quando me interesso por um
filme, eu mapeio, vou aonde ele for.