23/03/2021

, ,

Crítica do filme: 'Siron. Tempo Sobre Tela'


A honestidade na arte de criar. Escrito e dirigido pelos cineastas André Guerreiro Lopes e Rodrigo Campos, Siron. Tempo Sobre Tela nos apresenta um profundo e impressionante raio-x sobre a criatividade de um dos maiores artistas plásticos de nosso país, Siron Franco. Com muitos depoimentos do próprio artista em uma espécie de narrativa intimista, o processo criativo é mostrado por várias óticas. Fontes de inspiração, meda da tortura, o pensar como uma peça de teatro, o fascínio com outras artes como o cinema, os fundamentos do sonho sobre à arte. Ao longo de cerca de 90 minutos somos premiados com memórias de sua intensa e bem vivida trajetória, tanto no lado profissional como no lado pessoal, declamadas belo lado do saudosismo. Disponível a partir do dia 25 de março em muitos streamings.


Em Siron. Tempo Sobre Tela, somos imersos ao universo desse grande artista brasileiro, fiel ao seu Goiás. Ele passou por tantas transformações como seu próprio Estado. Buscando fazer o bem e dedicando sua vida à arte acessamos memórias do seu arquivo pessoal, inclusive com um depoimento especial, em uma passagem rápida, do grande Ferreira Gullar que foi crítico de arte durante um tempo. Em um momento tocante, conhecemos as origens, inclusive filmadas do início de uma de suas obras mais famosas, em homenagem à cultura indígena e o absurdo pós destruição de quase 500 colunas onde podemos definir um paradoxo inimaginável sobre a intolerância de terceiros que não entendem nem um pingo do que aquilo tudo representava.


Um fato chama a atenção na afirmação de que ele lembra mais das coisas que já pintou do que já viveu. Nos faz refletir. A ferramenta do inconsciente com a chegada do cansaço, um processo que pelo relato de Siron deve ser bem difícil explicar mas pelas imagens em fundo podemos começar a ter uma ideia. Os sentidos abertos do sonho, a importância desse momento reflexivo que reflete à arte, também de muitos cineastas como David Lynch.


A importância desse documentário é gigante para novas gerações conhecerem artistas emblemáticos de nossa trajetória cultural. A arte, seja ela qual for, é uma conexão entre passado e presente, um exercício de liberdade do seu pensar sem cadeados não criativos contra a novidade após o ontem.