Quais os limites da arte? Existe? Quais os limites do ego humano? Existe? Indicado ao Oscar na categoria de Melhor filme estrangeiro pela Tunísia, ficando entre os cinco finalistas inclusive, O Homem que Vendeu sua Pele, escrito e dirigido pela cineasta tunisiana Kaouther Ben Hania, faz paralelos com a realidade, sobre a liberdade, criando brechas importantes para falar de um assunto muito importante: dos refugiados. É o segundo trabalho da diretora em um longa-metragem de ficção.
Na trama, conhecemos Sam (Yahya Mahayni), um homem apaixonado que após uma exposição de
alegria ao lado do amor de sua vida (mas essa já com casamento pronto com outro
homem) em um trem acaba tendo que entrar em rota de fuga de seu país (Síria) e
acaba indo para o Líbano. Chegando lá consegue alguns bicos e acaba conhecendo Jeffrey
Godefroi (Koen De Bouw) um artista
Belga que ao lado de sua assistente Soraya (Monica Bellucci) que propõe
ao protagonista um contrato para ‘ceder’ as costas dele para se tornar uma obra
de arte. Assim, precisando do dinheiro e querendo chegar na Europa (onde está o
amor de sua vida) Sam resolve aceitar e acaba virando praticamente uma peça de
museu o que gera conflitos e revolta de seus parentes e de toda a comunidade de
ativistas de direitos humanos.
Há um grande tom de crítica bem evidente em todo o andamento
da narrativa que foca nas escolhas do protagonista mas tende ao lado do amor
com grandes arcos sobre a relação conturbada dele com a mulher de sua vida o
que acaba deixando um pouco confusa as subtramas sobre direitos humanos. O próprio personagem principal é bastante
confuso não se desprende de tentar reconquistar seu amor e embarca em uma
jornada quase inconsequente onde precisa medir na balança seu papel em um
grande contexto social mundial que muitas vezes para ele passa batido, não
interessando encontrar alguma solução para isso, entrando em modo conformista,
acomodado.
Kaouther Ben Hania executa
um bom trabalho na direção. Mesmo com o roteiro tendo altos e baixos, O Homem que Vendeu sua Pele levanta
questionamentos importantes gerando ondas de reflexão e abrindo os olhos de
todos que conseguem alcançar nas entrelinhas as mensagens que o filme carrega.