As amizades influentes e a inconsequência que beira a falta de referências. Adaptação do livro Wiseguy, de Nicholas Pileggi, Os Bons Companheiros é um dos grandes clássicos do cinema quando pensamos em filmes de máfia. Dirigido por Martin Scorsese o filme nos mostra a estrada tumultuada de um homem, desde a adolescência, até seus inconsequentes atos ao longo de anos. Ao longo de cerca de 30 anos vamos acompanhando a ascensão e a queda de três homens que convivem com a violência a cada dia que se encontram. O projeto não deixa de ser um recorte do mundo dos mafiosos sob o ponto de vista dos mesmos, já que é baseado em fatos reais.
Na trama, conhecemos o jovem Henry Hill (Ray Liotta) que sempre sonhou em fazer
parte do grupo de gângster que dominavam as ruas do bairro onde morava.
Começando lá embaixo na hierarquia ao longo do tempo foi crescendo e seu
destino acaba se chocando com o de James Conway (Robert De Niro) um experiente criminoso e do explosivo e altamente
inconsequentemente Tommy (Joe Pesci).
O trio arma diversos atos criminosos e se envolvem cada vez mais com o crime,
principalmente quando chega forte o tráfico de drogas na cidade. Mas essa
amizade fica em xeque quando conflitos começam a surgir para os três.
O que é a amizade para alguém que é um criminoso? Existe
lealdade eterna em um grupo mafioso? O recorte nas fases de vida do protagonista
nos ambientam na situação de um bairro pobre nos Estados Unidos dominada pelos
mafiosos ítalo-americanos que já foram objetos de retratos em outros poderosos
filmes sobre o tema. Aqui, acompanhamos a origem da ascensão de um jovem que
tem o curioso sonho em ser um gângster. Isso é oriundo do tamanho do fascínio
que esses criminosos exalavam sempre com muito dinheiro, carros novos e muita
influência e respeito. Nessa parte, logo no início dessa jornada, refletimos a
todo instante sobre referências.
Durante anos, crimes diversos, contrabandos, são vistos como
mais um trabalho qualquer para Henry e seus sócios, uma banalização de atos que
vão na contra mão de uma sociedade honesta que não parece existir ali naquele
meio de mafiosos. As alianças tomam conta da trama quando conflituosas ações
começam a surgir em desequilíbrio, principalmente com a chegada das drogas
pesadas que tornam a exposição da organização algo cada vez mais evidente somado ao massivo reforço nas ações policiais para coibir o tráfico.
A personalidade dos intensos e muitas vezes violentos personagens
vão se moldando e se construindo ao longo do tempo e também pelo tamanho dos
problemas que enfrentam nas operações. Em certo momento as iminentes traições saem
de trás da cortina mostrando que os elos, que para alguns eram fortes, podem
ser quebrados e o sentido de liberdade não seria o mesmo para sempre. Henry
Hill viveu intensamente por três décadas no grupo criminoso e virou testemunha chave
em vários processos contra uma enorme rede criminosa, fato que o levou a viver
o restante de sua vida no programa de proteção à testemunha das autoridades
norte-americanas.
Os Bons Companheiros é
um raio-x completo sobre várias fases na vida de um homem que se jogou para a
inconsequência a partir do fascínio em exemplos errados da sociedade.