06/09/2022

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Crítica do filme: 'Os Bons Companheiros' *Revisão*


As amizades influentes e a inconsequência que beira a falta de referências. Adaptação do livro Wiseguy, de Nicholas Pileggi, Os Bons Companheiros é um dos grandes clássicos do cinema quando pensamos em filmes de máfia. Dirigido por Martin Scorsese o filme nos mostra a estrada tumultuada de um homem, desde a adolescência, até seus inconsequentes atos ao longo de anos. Ao longo de cerca de 30 anos vamos acompanhando a ascensão e a queda de três homens que convivem com a violência a cada dia que se encontram. O projeto não deixa de ser um recorte do mundo dos mafiosos sob o ponto de vista dos mesmos, já que é baseado em fatos reais.


Na trama, conhecemos o jovem Henry Hill (Ray Liotta) que sempre sonhou em fazer parte do grupo de gângster que dominavam as ruas do bairro onde morava. Começando lá embaixo na hierarquia ao longo do tempo foi crescendo e seu destino acaba se chocando com o de James Conway (Robert De Niro) um experiente criminoso e do explosivo e altamente inconsequentemente Tommy (Joe Pesci). O trio arma diversos atos criminosos e se envolvem cada vez mais com o crime, principalmente quando chega forte o tráfico de drogas na cidade. Mas essa amizade fica em xeque quando conflitos começam a surgir para os três.


O que é a amizade para alguém que é um criminoso? Existe lealdade eterna em um grupo mafioso? O recorte nas fases de vida do protagonista nos ambientam na situação de um bairro pobre nos Estados Unidos dominada pelos mafiosos ítalo-americanos que já foram objetos de retratos em outros poderosos filmes sobre o tema. Aqui, acompanhamos a origem da ascensão de um jovem que tem o curioso sonho em ser um gângster. Isso é oriundo do tamanho do fascínio que esses criminosos exalavam sempre com muito dinheiro, carros novos e muita influência e respeito. Nessa parte, logo no início dessa jornada, refletimos a todo instante sobre referências.


Durante anos, crimes diversos, contrabandos, são vistos como mais um trabalho qualquer para Henry e seus sócios, uma banalização de atos que vão na contra mão de uma sociedade honesta que não parece existir ali naquele meio de mafiosos. As alianças tomam conta da trama quando conflituosas ações começam a surgir em desequilíbrio, principalmente com a chegada das drogas pesadas que tornam a exposição da organização algo cada vez mais evidente somado ao massivo reforço nas ações policiais para coibir o tráfico.


A personalidade dos intensos e muitas vezes violentos personagens vão se moldando e se construindo ao longo do tempo e também pelo tamanho dos problemas que enfrentam nas operações. Em certo momento as iminentes traições saem de trás da cortina mostrando que os elos, que para alguns eram fortes, podem ser quebrados e o sentido de liberdade não seria o mesmo para sempre. Henry Hill viveu intensamente por três décadas no grupo criminoso e virou testemunha chave em vários processos contra uma enorme rede criminosa, fato que o levou a viver o restante de sua vida no programa de proteção à testemunha das autoridades norte-americanas.


Os Bons Companheiros é um raio-x completo sobre várias fases na vida de um homem que se jogou para a inconsequência a partir do fascínio em exemplos errados da sociedade.