Personagens com pouco profundidade em uma trama que navega para a previsibilidade. Criada pelo roteirista Matt Charman, indicado ao Oscar pelo roteiro de Ponte dos Espiões, chegou nas últimas semanas no catálogo da Netflix a minissérie britânica Traição que nos mostra um recorte repleto de intrigas e luta por informações privilegiadas girando em torno de um protagonista que vê mais perdido do que cego em tiroteio. Ao longo dos cinco episódios, que possuem uma média de 35 minutos cada um deles, vamos tentar montar um quebra-cabeça complicado que envolve acontecimentos do passado, conflitos com a alta cúpula do serviço de inteligência britânico (o MI6), a família do protagonista e um ex-amor com sede de vingança. O roteiro parece guardar suas melhores linhas para os últimos episódios, após um início sonolento, deixando inclusive lacunas para eventuais próximas temporadas. O elenco é encabeçado por: Olga Kurylenko, Charlie Cox, Ciáran Hinds e Oona Chaplin.
Na trama, ambientada em uma Londres do presente, conhecemos Adam
(Charlie Cox), um agente do MI6,
segundo na hierarquia do comando da instituição que vê sua vida dar um
verdadeiro nó quando o chefe do MI6 Martin Angelis (Ciarán Hinds) é vítima de um atentado em um restaurante. Assim,
Adam precisará assumir o comando mas logo percebe que nada será fácil pois
reaparece em sua vida um ex-amor do passado, a espiã russa Kara (Olga Kurylenko) que está em solo
londrino em busca de vingança. Nos dias que se seguem, chantagens, atentados e
outras agências de espiões se juntarão a essa trama que acaba envolvendo também
a família de Adam, principalmente sua esposa, a espanhola Maddy (Oona Chaplin).
Com um início morno e personagens desenvolvidos de maneira
rasa, Traição busca sua primeira
tentativa de envolver adicionando uma curiosa trama de espionagem que envolve
uma questão que é sempre muito importante nesse universo: a informação.
Partindo das contestações das linhas éticas, aqui na figura de um diretor que
usa informações polêmicas dos outros para tê-los sobre controle, vamos
entendendo melhor essa história a partir das escolhas dentro dos conflitos dos personagens.
Há também busca por detalhes nas relações diplomáticas e políticas, aqui na
figura de uma provável primeira ministra e as intenções da CIA em tudo que
acontece.
Como tudo a princípio é bem misterioso, não sabemos logo de
cara quais personagens estão ou não mentindo mesmo o roteiro rumando para uma
previsibilidade iminente. A subtrama mais interessante acaba não sendo nada
relacionado a espionagem, a de Maddy, uma esposa, ex-militar, que se vê em grandes
conflitos buscando entender as intenções do marido e precisando lidar com o
sofrimento dos filhos dele (que não são dela).
Traição é o que eu
chamo de série de tiro curto, você consegue ir até o final rapidamente. Pra
quem curte histórias de espionagens pode até encontrar outros pontos positivos
no projeto mas uma coisa que fica evidente é que ou faltaram peças a serem
melhor desenvolvidas ou deixaram as mesmas para eventuais futuras temporadas.