A continuação da investigação da natureza humana por meio dos fluxos e contrafluxos do moralismo. Seguindo a mesma direção do que foi o enorme ponto de encontro de reflexões sobre a natureza humana na primeira temporada, nessa nova página de sete episódios, novamente escrito e dirigido por Mike White, The White Lotus busca dessa vez um amplo olhar sobre o impulso, aqui uma variável estopim de feridas emocionais que são despejadas na trajetória dos personagens. O desejo, a sensualidade, as escolhas, as relações familiares, a sátira social, são alguns dos elementos que não deixam de ser uma marca dessa série antológica fenômeno de audiência e ganhadora de muitos prêmios.
Na trama, seguimos os passos de funcionários e hóspedes
recém chegados a um resort de luxo na Itália ao longo de explosivos sete dias. Assim
conhecemos uma família composta por Avô, Pai e filho que estão em uma busca
pelas raízes italianas da família; duas amigas ambiciosas que topam quase tudo
por dinheiro; a gerente do hotel que busca sair do armário; um quarteto de
amigos que se veem envolvido em situações ligadas ao desejo; uma jovem
assistente infeliz que precisa acompanhar sua chefe milionária a essa viagem e
acaba ficando em dúvida sobre qual caminho seguir entre dois pretendentes
amorosas. São muitos personagens, cada qual com seu drama e ao longo dos sete
episódios vamos vendo conclusões bombásticas para cada uma dessas histórias.
Pensando sobre o abstrato universo das emoções, há dois
pontos interessantes para pensarmos sobre essa temporada: o estado absorto do
ser humano e o impulso. No primeiro é uma característica das pessoas que se
concentram na maior parte do seu dia voltados para os próprios pensamentos fato
que pode ser um ponto de ebulição caso conflitos venham a surgir sem rápidas
resoluções (como é o caso em uma das histórias). O impulso é quase uma
característica marcante de todos os personagens, um elo de interseção que vira
um dos pontos fixos da narrativa.
Tudo ainda continua muito misterioso e seguindo em um rumo para desfechos inimagináveis, são apresentados ótimos personagens e ainda reflexões sobre as atitudes de indivíduos dentro de uma cadeia de privilégios e os que estão fora dela. O lado sombrio do ser humano e a maneira como são vistos esses recortes podem ser alguns dos pontos que tornam The White Lotus um eterno laboratório reflexivo sobre as inúmeras formas de encontrar soluções para o caos emocional que pode vir a reinar em uma trajetória a partir de traumas, conflitos, onde o próprio indivíduo não consegue encontrar rápidas soluções transformando um aparente equilíbrio em um desenfreado olhar para emoções perdidas.