Os obstáculos por um sonho. Baseado em fatos reais que circularam a Europa e os Estados Unidos na década de 20/30, pouco tempo depois da Primeira Guerra Mundial, o longa-metragem holandês Antonia, uma Sinfonia, escrito e dirigido por Maria Peters, nos leva ao mundo dos concertos para encontrarmos um recorte de uma época, aos olhos de uma batalhadora de seus sonhos que sofre na mão dos machistas e todo o abalo emocional com segredos de sua família. Tendo peças originais do compositor russo Sergej Prokofjev sendo tocadas, o projeto vai da agonia ao êxtase em um profundo contexto de uma época.
Na trama, conhecemos Antonia (Christanne de Bruijn), uma jovem com um talento evidente para a
música clássica que possui um único grande sonho: ser uma regente de uma
importante orquestra. Mas sua vida não é fácil, vinda com a família da Holanda
para os Estados Unidos, onde mais tardar descobre ter sido adotada, sofre todo
tipo de preconceito em terras americanas em busca do sonho de estudar e
alcançar respeito no mundo do música.
Um eterno recomeçar parece ser algo que está no destino da
protagonista, abandonando até um amor pelo sonho, encontrando conforto somente
na amizade com pessoas que entendem sua paixão pela música, parece obstinada
por fora mas um caco por dentro. Os obstáculos em seu caminho são inúmeros que
vão desde os preconceitos até uma família disfuncional com segredos sobre seu
passado. Tudo isso acaba aproximando a personagem do olhar atento do
espectador.
A narrativa percorre um estruturado caminhar pelas emoções buscando
similaridades entre o que vemos e o que ouvimos. Isso tudo está inserido em
cada detalhe de uma impecável direção de arte além de uma paleta de cores
marcante que navega com maestria no seu principal objetivo: as transmissões das
sensações. As dores, as decepções, as surpresas, o amor, tudo é muito bem
destacado por todo esse contexto da bela produção.
O machismo descarado e toda crítica em torno disso é um ponto que navega junto a cada linha do roteiro, chegando inclusive na parte dos créditos, onde, trazendo para a atualidade, menções a nomes femininos, de maestrinas, no mundo das orquestras sinfônicas, é algo raro, praticamente inexistente.
Antonia, uma Sinfonia
emociona e faz refletir. Precisamos conversar sobre outros tempos para
entendermos que a atemporalidade existe e em alguns casos paralelos são vistos
aos montes. Pra quem se interessar, o filme está disponível no catálogo da
Netflix.