29/01/2024

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Crítica do filme: 'Lista de Desejos para Superagüi'


Tudo mundo merece, no mínimo, o respeito. Documentário paranaense exibido na Mostra de Cinema de Tiradentes 2024, Lista de Desejos para Superagüi consegue contar uma importante história através de imagens belíssimas que passam todo o campo abstrato das emoções através de seu amplo alcance contemplativo. As denúncias de uma região abandonada, os dramas dos moradores, a realidade diferente de muitos de nós, com uma extensa pesquisa, além de todo o processo de filmagens que começou em 2018, esse documentário traça um raio-x de um lugar que respira a esperança pela volta de como era antes. Um dos melhores filmes exibidos na Mostra de Cinema de Tiradentes 2024 saindo o troféu da Mostra Aurora.

Autoral, ambientado numa Ilha do Paraná, também uma reserva federal, um lugar de pescadores artesanais, o projeto encontra seu norte através de um pescador na casa dos 70 anos chamado Martelo, um experiente homem do mar, que vem com recorrentes problemas de visão. Em busca de soluções, vai em busca de sua aposentadoria, mas pelo seu caminho as dificuldades do cotidiano se acumulam gerando uma série de reflexões que esbarram também nos dramas de outros moradores.

As imagens conversam com os temas propostos, o que é fundamental para um total entendimento. Tudo é captado em imagens repletas de beleza mas que se contrastam com as desilusões de um lugar muitas vezes esquecido. Sem fugir das características de um filme-denúncia, principalmente nos desenrolares sobre esse espaço carente de infraestrutura que se vê em dificuldade quando as pescas são proibidas nos momentos de reprodução dos peixes, Lista de Desejos para Superagui também esbarra seu olhar nas questões ambientais pela voz de quem tem muito a ensinar.

Criar uma história através de imagens nunca é algo fácil. Através dessa jornada repleta de variáveis de uma mítica ilha no litoral Sul do Brasil, o cineasta Pedro Giongo apresenta os fatos em contrastes, da solidão à união, dos desejos às desilusões. Será que há tempo para o sonhar? Imperdível documentário!