Contando a saga de dois jovens que vai do sonho de uma vida melhor passando por um enorme pesadelo sem fim na busca do objetivo, o longa-metragem Eu, Capitão, indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional nesse ano, é um profundo recorte cheio de temas atuais que nos faz refletir a todo instante. Dirigido pelo cineasta italiano Matteo Garrone o filme embarca em uma narrativa que relata muito dos conflitos dos nossos tempos se tornando uma história impactante sob o ponto de vista de refugiados e suas superações.
Na trama, conhecemos os primos Seydou (Seydou Sarr) e Moussa (Moustapha
Fall), dois jovens senegaleses que resolvem fazer uma viagem de Dakar até a
Itália em busca de seus sonhos. Só que essa jornada não será como ele imaginam,
sofrem com os horrores da ganância humana, conflitos geopolíticos, esgotando as
curtas margens de esperança mas também encontrando pelo caminho novas formas de
entender o mundo.
Vencedor de alguns prêmios no Festival de Veneza, o filme
coloca em seu principal holofote os valores da moral e a humanidade tendo como
referência o olhar imaturo e até ingênuo de dois jovens que acabam descobrindo
os horrores que os seres humanos são capazes durante a caminhada. Os dilemas se
tornam constantes, continuar ou não continuar? É possível confiar com o
pesadelo batendo na janela dos sonhos a toda hora?
A questão dos refugiados é amplamente debatida. Um refúgio
num lugar seguro, uma premissa básica de quem sofre na sua terra natal, vai
entrando em contraponto à políticas governamentais, pessoas maldosas que buscam
se aproveitar da esperança alheia, esgotando a esperança e a transformando em
lapsos entrando quase sempre em uma situação de sobrevivência. A história
mostrada no filme se aproxima demais com a de milhares de outras pessoas que
buscam outros países para chamarem de lar, por isso a importância do ponto de
vista deles que aqui é brilhantemente retratado.
Eu, Capitão é um
dos filmes mais impactantes da lista dos indicados ao Oscar desse ano. Um filme
pra ver e refletir, uma brilhante narrativa que vai demorar a sair de nossas
memórias.