A solidão ligada na ausência. Num pequeno apartamento numa grande cidade norte-americana conhecemos uma história que se joga com força na melancolia e num preparo para o iminente luto tendo como protagonistas três personagens em um clima constante de atenção. Escrito e dirigido pelo cineasta nova iorquino Azazel Jacobs, As Três Filhas se lança à melancolia, passando por desavenças e desabafos para criar um retrato profundo e por vezes emocionante de integrantes de uma família que tem muito a dizer uns para os outros o que transforma o que vemos numa grande sessão de terapia. É preciso paciência do público, rumando para o desfecho, o filme desabrocha deixando muitas lições.
Na trama, conhecemos três irmãs, Katie (Carrie Coon), Christina (Elizabeth
Olsen) e Rachel (Natasha Lyonne),
que se reúnem para estar nos momentos finais do pai, com câncer em estágio
avançado, no lugar onde foram criadas. Completamente diferentes na maneira de
pensar a vida e visões nesse momento complicado, entre implicâncias e sermões
entram numa estrada para entenderem melhor uma a outra.
A narrativa opta pelo acompanhamento próximo dos embates,
construídos a partir de um roteiro com expressões de sentimentos afundados em
insatisfações e outros adormecidos que encontra a melancolia ligada num momento
de ebulições emocionais. Assim, aos poucos vamos entendendo alguns porquês,
sempre girando em torno da figura paterna. Com o despertar do passado surgindo,
mágoas reveladas, tudo que as cerca parece ganhar novos sentidos.
Muitas vezes parece que o filme não sai do lugar comum que
são os confrontos estabelecidos. Essa amargura dos personagens é sentida nas
escolhas que viram reflexões, a construção disso é lenta, é preciso paciência.
Esses dilemas, como: reanimar ou não o próprio pai, se tornam reflexões sociais
e o projeto vai ganhando formas e movimentos interessantes. Soma-se
positivamente a isso, um desfecho que surpreende, nas linhas interpretativas,
mas que apresentando desfechos convincentes e com várias mensagens. Vale também
o destaque para as três atrizes, atuações maravilhosas de todas elas.