O ódio que cega. Caminhando pelos capítulos na vida de um protagonista em total desespero para acabar com uma de suas maiores dores, Beyond The Mountain costura a tensão emocional e a tragédia em uma narrativa que coloca o espectador como testemunha da inconsequência de um solitário protagonista. Escrito e dirigido por David R. Romay, Beyond The Mountain utiliza de forma inteligente o antagonismo do abstrato, o ódio batendo de frente com o amor, a desilusão sendo surpreendida por uma luz de felicidade. Elementos que rumam para o imprevisível.
Na trama, conhecemos Miguel (Benny Emanuel), um responsável jovem, abandonado pelo pai no
nascimento, que trabalha como datilógrafo em um escritório público na Cidade do
México. Sua vida é simples, vive com sua mãe – que sofre até o presente pelo
abandono do marido - em um humilde apartamento e tem o sonho de chamar Carmela
(Renée Sabina), uma cliente regular
do seu trabalho, para um encontro. Após uma tragédia, dominado por sentimentos
conflitantes nos quais se vê amplamente perdido, resolve ir atrás do pai para
dar um ponto final na história dele.
Em menos de 15 minutos somos convencidos que essa é uma
história que precisamos assistir. Com um discurso que parecia seguir uma longa
jornada para o perdão, percebemos aos poucos que o lidar com a perda proposto
acaba abrindo novas janelas de oportunidades. Esse longa-metragem mexicano é um
forte drama com suas camadas de suspense, muito também por seu ótimo
protagonista que mistura sentimentos em tela e os torna uma progressão rumo ao
trágico. A saudade logo vira raiva. Mesmo o amor aparecendo, a dor ainda é mais
forte.
Rodado em Chihuahua, no México, essa pérola escondida no
catálogo da Prime Video, se fortalece nessa tensão emocional. É frio, objetivo,
faz o espectador imaginar possibilidades de desfechos, sempre tendo as
consequências da imensurável sensação da perda sendo o maior dos seus alicerces.