Percorrendo um tema peculiar que envolve obsessão e psicologia, abrimos os trabalhos no Comunicurtas 2025 assistindo a um filme bem interessante, que utiliza a criatividade a seu favor para evidenciar sua singularidade. Ao descortinar a linguagem cinematográfica em uma narrativa dinâmica, explorando os pontos de vistas que se entrelaçam em torno de um ‘serial nucas’, esse projeto paraibano, dirigido por Natalia Damião e Ana Clara Vidal de Negreiros é um convite ao despertar de inquietações que rapidamente se tornam reflexões.
Um viciado em nucas femininas – isso mesmo que você leu –
vem colecionando odores (quase 800) ao longo de anos, isolando-se em uma bolha de
dedicação total à sua coleção - pra lá de estranha. A partir de alguns pontos
de vistas que se encontram em uma espécie de investigação sobre a questão - da
fantasia à psicologia, passando pela sociologia, sexologia e a visão popular -
chegamos a um recorte inusitado sobre o ser humano e o distanciamento social.
Com um previsível enquadramento de nucas inserido em sua
unidade visual – algo que não é excessivo, mas tem seu momento – e que cai como
uma luva à imersão proposta no caminho do personagem, percebemos também uma exploração
interessante dos caminhos de ilusão do movimento a partir de imagens
comunicando ideias, no caso, representações de pensamentos. Tudo isso deixa a
narrativa pronta pra abraçar a delicadeza e estilo em seu modo de contar essa
história.
Exibido no Curta Cinema 2025 – onde, inclusive, levou um
prêmio – e já chamado a atenção em qualquer programação pelo seu curioso
título, O Colecionador de Cheiros de Nucas
Femininas apresenta um mergulho profundo da psique humana – da desordem emocional
às formas de interpretação do desejo e do inconsciente.
