15/09/2018

Crítica do filme: 'Missão Impossível: Efeito Fallout'


Um filme de ação, relembrando bons anos do cinema hollywoodiano de anos atrás. Muito se fala do astro, Tom Cruise, principalmente no segmento pessoal. Mas uma coisa não há como negar, um dos atores mais conhecidos do mundo sabe como ninguém entrar em projetos grandiosos e muitas vezes com saldo bem positivo.  Em mais uma aventura do agente secreto Ethan Hunt, um dos papéis mais emblemáticos de Cruise no cinema, Missão Impossível: Efeito Fallout nem de longe é o fechamento de um ciclo mas com certeza atinge ao seu ápice com um roteiro afiado, cenas de ação de tirar o fôlego e um ritmo eletrizante.

Nesse sexto filme, da franquia que começou em 1996, o agente secreto Ethan Hunt (Tom Cruise), luta para proteger o seu passado após uma nova missão dar muito errado e um elemento destruidor cair em mãos inimigas. Contando com a ajuda de sua equipe da IMF (Impossible Mission Force), principalmente os amigos Luther (Ving Rhames) e Benji (Simon Pegg), Hunt precisará controlar suas emoções principalmente quando sua ex-esposa Julia (Michelle Monaghan) acaba sendo envolvida nessa nova missão.

Com filmagens em Londres, Paris e na Nova Zelândia, Missão Impossível: Efeito Fallout talvez não dê o retorno em bilheteria de outros filmes da franquia, no Brasil com certeza não por conta dessa crise que demoraremos a passar. Mas é o melhor filme da franquia até agora, sem dúvidas. Dirigido pelo cineasta norte americano Christopher McQuarrie (Missão: Impossível - Nação Secreta, Jack Reacher: O Último Tiro), o projeto faz diversas menções a outras histórias da franquia, por isso é bom ver os outros filmes para conseguir ter uma total compreensão às referências.

Os arcos são muito bem definidos, e as quase duas horas e meia de projeção passam rapidamente, nessa mistura ótima de espionagem, tons cômicos em alguns diálogos e cenas de ação. As características dos personagens são mantidas, todos brilham um pouco. Observasse uma pequena mudança, uma certa transformação em Hunt, já sofrendo com delíros/premonições, sempre preocupado com o passado que fora obrigado a deixar no campo amoroso. Essas alterações em Hunt, justificam algumas escolhas importantes que vemos ao longo do filme.

Missão Impossível: Fallout ainda se encontra em cartaz em algumas salas de cinema no Brasil e no mundo. É um ingresso que vale a pena.

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31/08/2018

Crítica do filme: 'Ferrugem'


O caos da irresponsabilidade e as verdades que precisamos responder. Grande vencedor do prêmio de melhor filme brasileiro do Festival de Gramado desse ano, além de ter sido selecionado para o prestigiado Festival de Sundance, Ferrugem, dirigido por Aly Muritiba, traz a tona os problemas causados pela exposição de conteúdos pelas redes sociais, questão amplamente noticiada e cada vez mais sem controle, principalmente entre os jovens de todo o mundo. Ferrugem, é um retrato detalhista de nossa sociedade, com um primoroso desfecho, ótima direção e inspiradas atuações. Sem dúvida, um dos bons filmes nacionais lançados em circuito esse ano.

Na trama, acompanhamos Tati (Tifanny Dopke) uma jovem estudante do ensino médio que após terminar um namoro, começa a se interessar por Renet (Giovanni de Lorenzi). Durante uma viagem da escola, Tati acaba perdendo seu celular que continha um conteúdo comprometedor de seu antigo relacionamento. O vídeo acaba vazando em grupos de whatszapp de toda a escola, deixando a jovem desesperada e a beira de uma atitude que irá mexer com muitas vidas.

Dois pontos de vistas são muito marcantes nesse belo projeto. O olhar de Tati e todo o vendaval de exposição que acaba passando. Nessa ótica também observamos que nunca vemos os rostos de seus pais, deixando a ficção e a realidade se encontrarem através dos paralelos de histórias parecidas vistas em nossa sociedade o tempo todo. As conseqüências, são absorvidas por Renet e toda sua família, e nas frentes do pai Davi (Enrique Diaz) e da mãe distante Raquel (Clarissa Kiste). As opções de escolhas são determinadas ao jovem, ir de igual pensamento do pai que é mais presente (além de ser o professor da escola onde os jovens estudam), ou entender melhor a situação e buscar uma solução ao seu sofrimento, além de uma reaproximação com a mãe. O que comanda cada linha do roteiro são as escolhas.

Dividido em partes que se completam, o roteiro de Ferrugem é um dos melhores vistos nos últimos tempos quando pensamos em cinema nacional. Com ritmos bastante parecidos e deixando as atuações preencheram qualquer brecha, as partes contam sobre uma ação e as conseqüências dela, aos olhos de ótimos personagens que navegam na história em subtramas importantes para o total entendimento dos porquês do que vemos. Após os interessantes Para Minha Amada Morta (2015) e A Gente (2013), Muritiba volta inspirado à telona, desfilando técnica e criatividade bastante objetiva.

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29/08/2018

Crítica do filme: 'Do Jeito que Elas Querem'


O bom hábito das leituras com amigos. Em seu primeiro trabalho como diretor de longa metragem, o cineasta norte americano Bill Holderman traz para a telona uma simpática saga de quatro amigas de longa data que se reúnem semanalmente para o que chamam de Clube da Leitura, onde escolhem títulos de interesse para lerem e debaterem. Protagonizado por quatro grandes atrizes do cinema: Diane Keaton, Jane Fonda, Candice Bergen e Mary Steenburgen , Do Jeito que Elas Querem é um agradável passatempo com direito a muitos risos.

Na trama, quatro amigas inseparáveis, desde os tempos de faculdade, se reúnem toda semana para lerem e debateram livros que escolhem aleatoriamente, formando um clube da leitura, que não deixa de ser uma maneira, um pretexto, para sempre se reunirem e não deixar a amizade cair na rotina. Após alguns debates sobre temas do cotidiano, resolvem ler Cinqüenta Tons de Cinza, e o livro parece que chega para despertar as jovens senhoras para a vida que ainda tem pela frente. Assim, entre a lida dos três volume da saga do casal Grey, muita coisa vai mudando em suas próprias rotinas.

A fórmula é certeira para agradar ao público. Repleto de situações engraçadas e sempre com uma pontinha além da superfície para todos os dramas que sofrem em suas vidas as protagonistas. A falta de uma relação mais íntima de uma delas, a dificuldade em encontrar um pretendente de uma realizada juíza, a dificuldade em entender um novo amor após o falecimento do homem com quem teve durante toda uma vida, as problemáticas do se entregar a uma antiga paixão, por meio de subtramas bem amarradas, feitas para serem vistas de forma leve, engraçada e elegante, o roteiro ainda abre um ponto importante, uma brecha, para uma certa mensagem positiva em torno da leitura.

Tem clichê? Sim, tem. Mas qual o problema? Nem sempre o clichê vira algo negativo, faz parte das licenças poéticas encontradas pelos roteiristas. O filme é muito simpático, daqueles de sair da sala do cinema com um enorme sorriso de que, se não viu um filme inesquecível, pelo menos se divertiu durante 105 minutos.

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Crítica do filme: 'Perfeitos Desconhecidos (2017)'


Não há segredos que o tempo não revele. Já no catálogo da poderosa rede de streaming Netflix, o longa metragem espanhol Perfeitos Desconhecidos , oriundo em forma de remake de uma obra homônima italiana lançada em 2016, é um retrato do caótico universo do ser humano quando resolve esconder situações, contornando em mentiras, segredos escondidos e a exposição de tudo que antes ninguém sabia. Dirigido pelo experiente cineasta espanhol Álex de la Iglesia (O Bar – também no catálogo da Netflix), somos testemunhas de situações constrangedoras e surpreendentes ações durante uma única noite, em meio a um jantar entre amigos.

Na trama, conhecemos Alfonso (Eduard Fernández) e Eva (Belén Rueda), um casal com ótima situação financeira que mora em uma cobertura num grande centro da Espanha. Certa noite, resolvem convidar amigos de longa data para um jantar, estão entre os convidados dois casais, um com problemas na sua rotina diária e outro em início de noivado. O único que vai sozinho é Pepe (Pepón Nieto). Após algumas taças de vinho, os amigos resolvem embarcar em uma brincadeira onde precisam deixar seus celulares expostos na mesa, e a cada mensagem ou ligação precisam mostrar a todos. Assim, começa um enigmático clima em torno da brincadeira, com as mensagens e ligações chegando a todo minuto.

Abordando infidelidade, mentiras e situações surpreendentes, vamos aos poucos conhecendo as facetas da psicologia humana. Cada um dos sete personagens, pensam de forma diferente e reagem de maneira única para cada situação que são expostos. Assim, como se fosse um pente fino, uma lupa, vamos sendo surpreendidos com assuntos tabus que são jogados na mesa a todo instante, deixando a amizade em segundo plano e todos buscando suas próprias versões para o que chegam de informação.

No ritmo dinâmico, como uma boa peça de teatro, bem parecido aliás, já que tudo acontece em sucessivos minutos perto de uma gigante mesa de jantar, Perfeitos Desconhecidos é um ótimo passatempo, uma ótima dica para assistir na Netflix.

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27/08/2018

Crítica do filme: 'Escobar, a Traição'


Após vários filmes, séries, mini séries, chegou aos cinemas brasileiros na semana passada (23) mais um projeto sobre o narcotraficante colombiano Pablo Escobar. Em Escobar, a Traição acompanhamos com mais profundidade o relacionamento amoroso que teve como uma famosa jornalista colombiana enquanto subia cada vez mais na cadeia de comando do tráfico de drogas. No papel principal, o vencedor do Oscar Javier Bardem que com bastante maestria, coloca sua contribuição nesse papel que já fora de diversos atores. Penélope Cruz, também vencedora do Oscar, interpreta Virginia Vallejo, a jornalista que acaba se envolve com Escobar e vê sua vida mudar drasticamente. Bardem e Cruz são casados na vida real, e esse é o quinto filme que atuam juntos.

Na trama, baseado no livro de memórias da jornalista Virginia Vallejo, Amando a Pablo, Odiando a Escobar, conhecemos a rotina de Pablo Escobar (Javier Bardem), um dos mais famosos traficantes sul-americanos e toda a estrutura que monta no apoio a políticos, e das estratégias da chegada das drogas que produz até os Estados Unidos. Conforme vai crescendo na cadeia de poder, mais fica em evidência de órgãos norte americanos. Nessa mesma época, ele começa um ardente romance com a jornalista Virginia Vallejo (Penélope Cruz).

Longe de ser somente uma história de amor, mas com muitas marcas na vida dos envolvidos, o filme navega pela consolidação de Escobar com seu negócio ilegal, a curta carreira política e a idolatria que tinha nas áreas de periferias da grande Colômbia. A vida amorosa do narcotraficante também é bastante detalhada, principalmente o envolvimento com Vallejo. Os arcos são bem definidos e se juntam em certos pontos. Paralelo ao corte central do romance, vemos o crescimento e as atitudes impensadas de Escobar para ter cada vez mais poder, o que o leva a ruína quando as autoridades apertam o cerco.

Ao longo de cerca de duas horas de projeção, Escobar, a Traição é mais um capítulo, com mais uma faceta mostrada, da história desse poderoso homem que conseguiu mandar e desmandar em um país repleto de corrupção naquela época.

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26/08/2018

Crítica do filme: 'O Aviso'


O destino e a matemática andando lado a lado. Disponível no catálogo da Netflix, o longa metragem espanhol O Aviso aborda uma fábula matemática ligada ao destino, quando uma misteriosa ligação entre assassinatos em um mesmo lugar, ao longo de anos, se tornam uma obsessão para um homem, campeão de olimpíadas de matemática, que luta contra sua psicopatia. Dirigido pelo cineasta espanhol Daniel Calparsoro (do interessante Cien años de perdón) e protagonizado pelo ótimo ator Raúl Arévalo (do surpreendente Pecados Antigos, Longas Sombras), o projeto entrega um belo roteiro com um final cheio de opções de interpretações.

Baseado na obra El Aviso de Paul Pen, o filme, ao longo de duas linhas temporais com dez anos de diferenças, acompanha em uma delas Jon (Raúl Arévalo), um homem com problemas pessoais que após parar em um posto de gasolina, vê seu melhor amigo ser assassinado a sangue frio por assaltantes. Enquanto o amigo luta pela vida contra o coma, Jon, um homem ligado à matemática, começa a pesquisar sobre o passado daquele posto de gasolina e descobre uma enorme coincidência ou não sobre relações com outros assassinatos que foram cometidos no mesmo lugar. Lutando contra o tempo e buscando soluções para sua equação, Jon ainda tem que se preocupar com seu estado de saúde mental, já que tomava remédios controlados para combater seu lado psicótico. 10 anos à frente, o jovem Nico (Hugo Arbues), perceberá que sua vida pode mudar caso Jon não seja ouvido no passado.

Mesmo o inusitado tomando conta de todo o background do filme, o roteiro, muito bom, consegue percorrer caminhos de temas atuais como o bullying, enfrentado, muito bem retratado, pela subtrama familiar, dez anos à frente, que tem o jovem Nico e sua mãe Lucía (Aura Garrido, em grande atuação) no centro. Outro tema interessante é a questão do desligar ou não os aparelhos de um paciente com poucas chances de sobrevivência, núcleo encabeçado pela ótima Belén Cuesta e sua personagem Andrea, futura noiva do amigo de Jon, em coma.

Mas o que move as ações são mesmo as ansiedades e desespero de Jon, que dão ritmo ao filme. O desfecho é convincente, mesmo beirando um certo absurdo, encontra-se uma certa lógica para todos os argumentos apresentados. O Aviso é aquele tipo de filme que torcemos para descobrir o final, já que várias portas são abertas.

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23/08/2018

Crítica do filme: 'Upgrade'


Qual o tamanho da sua vingança? Escrito e dirigido pelo cineasta australiano Leigh Whannell, em seu segundo trabalho como diretor de um longa-metragem (o primeiro foi Sobrenatural: A Origem), Upgrade é um filme que adiciona à sua trama excelentes elementos, tanto técnicos de movimentações de câmera, direção da ação, como também bastante profundidade na saga do protagonista que embarca em uma vingança sem direção, guiado por uma tecnologia indutiva. No papel principal, o ‘clone’ de Tom Hardy, e também igualmente talentoso Logan Marshall-Green.

Na trama, ambientada em um futuro não tão distante, conhecemos o mecânico Trey (Logan Marshall-Green), um homem que vive em uma profissão do passado e mora em uma confortável e elegante casa com sua esposa Asha (Melanie Vallejo), uma bem sucedida profissional da área de tecnologia que trabalha em uma empresa conhecida. Certo dia, após visitarem um cliente de Trey, o carro futurístico em que estavam acaba sofrendo um acidente e ambos acabam parando em uma área violenta da cidade onde um grupo de homens matam Asha e deixam Trey em estado tetraplégico. Alguns meses se passam, Trey continua em busca dos assassinos e acaba recebendo uma oportunidade única: volta a andar, através de um implante tecnológico produzido por Eron Keen (Harrison Gilbertson) um famoso dono da principal empresa de tecnologia do mundo. Assim, acaba embarcando em uma jornada sangrenta rumo a encontrar os assassinos da esposa.

Um sci-fi repleto de ação com um plot twist bastante interessante? Definir Upgrade é bem complexo. Consegue romper a superfície dos profundos dramas que passa o personagem principal, reunindo em arcos muito bem escritos e definidos toda a consequência dos atos que se seguem na trama. A questão clássica de filmes de ficção científica (humanos vs tecnologia) é colocado de forma bem simples, através do implante falador que é injetado no corpo com problemas de Trey. A partir daí, a saga do protagonista muda, com elementos novos incorporados as ações e uma outra batalha começa a ser travada interna, mental.

Poderíamos ficar aqui durante longos parágrafos apontando vários itens de sucesso para esse grande filme. Há muita qualidade em tudo que é visto. Pena que o filme ainda não foi comprado por nenhuma distribuidora nacional, mesmo com elogios diversos mundialmente e alta nota do IMDB e outros sensores. É um projeto eficiente mas que passa desapercebido por nosso circuito por enquanto.
 

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Crítica do filme: 'Aqui em Casa Tudo bem (A Casa Tutti Bene)'


A verdadeira família é aquela unida pelo espírito e não pelo sangue. Lançado em fevereiro desse ano na Itália e com filmagens realizadas na paradisíaca ilha italiana de Ísquia, no golfo de Nápoles, o novo trabalho do cineasta Gabriele Muccino (À Procura da Felicidade) reúne diversos personagens em uma comemoração para mostrar todos os altos e baixos, sonhos e esperanças, de uma família que convive pouco junto e quando se reúne, a poeira debaixo do tapete vem à tona. Entre alegrias e tristezas, Muccino retrata, sem muita profundidade dessa vez, o ambiente familiar e suas curiosas histórias.

Na trama, conhecemos a enorme família de Alba (Stefania Sandrelli) e Pietro (Ivano Marescotti), que reúnem filhos, sobrinho, netos para comemorem as bodas de ouro na pequena ilha de Ísqua, onde moram e possuem um restaurante. Tudo era para ser bem rápido, com os convidados chegando via balsa de diversos lugares. Porém, após a comemoração, na hora de voltarem para casa, uma forte tempestade impede da balsa retornar ao centro de Nápoles, fazendo com que todos os convidados precisem ficar por mais algumas horas na ilha. Assim, situações começam a serem instauradas, fruto de um passado não tão distante de todos os personagens. Cada um com seu drama, buscam inspiração na família para tentar driblar qualquer eventualidade do destino.

Toda família tem sua história, seus dramas, suas alegrias, suas comemorações. Já ouvimos falar de traições, novos amores, aquele primo interesseiro que muitos não gostam, a esposa com ciúmes da ex do marido, o encanto da primeira vez, a sintonia perfeita de amores do passado. Explorando diversos tipos de personagens, cada qual como subtrama, Muccino faz um grande apanhado sobre a consequência e os atos em si que acabam sendo expostos de maneira abrupta, com desfechos sem reviravoltas. Tudo gira em torno da comemoração, que deveria durar apenas um dia mas quis o destino prolongar esse reencontro de muitas gerações e dramas.

O ritmo do filme é agradável, uma fotografia belíssima, mas falta aquele fator diferencial, provocado por mais profundidade quando adentra o universo das escolhas. Vira um filme comum, mesmo com diversas referências. Um ótimo passatempo para uma tarde de domingo mas que quando chega na segunda, esquecemos.



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19/08/2018

Crítica do filme: 'Te Peguei!'


Lembram daquela brincadeira de ‘pique pega’ que muitos de nós brincávamos quando criança? Então, Te Peguei! explora o universo de uma brincadeira infantil ainda mantida por anos, em prol da amizade, por adultos, em sua maioria bem sucedidos. Dirigido por Jeff Tomsic, debutando na direção de longas-metragens para cinema, baseado em fatos reais, a comédia tem cara de besteirol mas tenta criar paralelos, que não conseguem adentrar a superfície, para falar sobre amizade. O elenco é de rostos bastante conhecidos, Ed Helms (Se Beber não Case), Jon Hamm (Mad Men), Isla Fisher (Truque de Mestre), Jeremy Renner (o Gavião Arqueiro da Saga os Vingadores), Leslie Bibb (Popular) e Lil Rel Howery (Corra!).

Com estreia marcada para dia 23 de agosto no circuito exibidor brasileiro, o filme conta uma história para lá de inusitada de um grupo de amigos já na fase adulta de suas vidas que durante o mês de maio pregam inusitadas situações para brincar de ‘pega a pega’. Apenas um deles nunca perdeu nessa brincadeira (nunca conseguiu ser ‘pego’), Jerry (Jeremy Renner), que vai se casar exatamente no mês da brincadeira, o que faz com que seus amigos bolem diversos planos mirabolantes para tentar enfim pegar o melhor jogador do grupo de amigos. A brincadeira chama a atenção de Rebecca (Annabelle Wallis), jornalista de um famoso jornal, que passa a acompanhar a saga dos amigos em busca da vitória.

A manutenção da amizade, ou pelo menos o espírito mais puro dela, é uma das âncoras do filme mas que explora isso de maneira escrachada, muitas vezes ambíguas, pois, nunca sabemos quando estão falando a verdade ou criando situações para conseguir vencer no jogo. Os planos criados pelos ‘jogadores’ são para lá de peculiares. Situações cômicas ou relatos constrangedores são comentados e/ou vistos. As filmagens também devem ter sido intensas já que, por exemplo, Jeremy Renner quebrou o cotovelo direito e o pulso esquerdo durante uma cena.

Puxado muito mais para a comédia do que para qualquer outro gênero, o filme começa a inclinar para o drama quando um plot twist aparece já no arco final, preenchendo algumas lacunas na gincana de hiperatividade que é vista ao longo dos 100 minutos de projeção. Entre exageros e levando em conta uma certa licença poética, mesmo em doses não equilibradas, Te Peguei! cumpre seu papel em fazer rir.


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Crítica do filme: 'Vidas à Deriva'


Volta e meia, filmes sobre problemas em alto mar são trazidos por Hollywood e geralmente vindos de relatos reais, livros que fazem relativo sucesso sobre as experiências vividas. Dirigido pelo bom cineasta islandês Baltasar Kormákur (do ótimo Sobrevivente, lançado em 2012 no Brasil – também um filme sobre problemas no meio do mar), Adrift, no original, segue pelo mesmo caminho e conta com uma atuação esforçada e competente da atriz, já conhecida pelo público brasileiro, Shailene Woodley. Baseado no livro Red Sky in Mourning: The True Story of a Woman's Courage and Survival at Sea escrito por Tami Oldham Ashcraft (a protagonista do filme), o projeto promete e cumpre muitas emoções para o lado de cá da telona.

Na trama, conhecemos a nômade, corajosa e adepta da meditação Tami (Shailene Woodley), uma jovem norte americana que viaja sem rumo buscando encontrar sua felicidade pelos lugares que busca explorar. Certo dia, já trabalhando com barcos, conhece o velejador solitário Richard (Sam Claflin) e logo os pombinhos se apaixonam perdidamente. Assim, entre uma viagem e outra no barco de Richard, recebem uma proposta de levar um barco por um percurso grandioso, em alto mar, onde infelizmente uma inesperada tempestade vai de encontro ao casal. Lutando pela sobrevivência, Tami precisará usar toda sua força e coragem para buscar soluções para o casal completamente perdidos no meio do oceano.

Estimado em 35 milhões de dólares, o longa metragem entrou no circuito brasileiro semanas atrás, bastante ofuscado por ótimos filmes que também entraram nas salas no mesmo período. Antes de assistir, mesmo sabendo pouco sobre o longa, já se deduz que Vidas à Deriva é aquele tipo de filme que já traz emoção na sinopse e vamos nos preparando para essas emoções ao longo do seu percurso. O roteiro, baseado nos relatos da protagonista possui, com toda certeza, uma ou outra ‘licença poética’ para dar certo ritmo cinematográfico ao que entendemos como narrativa. O vai e vem nas linhas temporais buscam a explicação e razões deles estarem naquela posição completamente vulneráveis no mar. Na verdade, o maior interessante chega nas informações do passado, longe do mar.

A direção de Kormákur é segura e busca as qualidades de filmagens anteriores do diretor em outros filmes que a história se desenvolve no campo da solidão em alto mar. O lado psicológico dos personagens é pouco explorado, desce poucas camadas além da superfície, dando mais ênfase nas ações que precisam tomar para buscar a sobrevivência. Para quem gosta de se emocionar, com histórias de amor e busca por redenções após tragédias, filmes que se renovam do tipo no circuito, prepare o lenço e vai assistir.


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Crítica do filme: 'American Animals'


‘Em um mundo tão belo, eu queria ser especial. Mas eu sou insignificante. Eu sou um esquisitão. Que diabos estou fazendo aqui?’ Creep da extraordinária banda Radiohead, encaixa muito bem quando pensamos em American Animals. Um dos mais comentados filmes do último Festival de Sundance desse ano, tem em seu roteiro criativo seu enorme pilar para apresentar ao público uma história real, com diversos pontos de vista e uma auto avaliação dos verdadeiros autores desse curioso roubo que ocorreu nos Estados Unidos alguns anos atrás. Escrito e dirigido pelo excelente Bart Layton (do ótimo O Impostor), o projeto é uma espécie de ação/ficção com documentário. Envolvente do primeiro ao último minuto, é, com toda certeza, um dos grandes filmes do ano.

Na trama, conhecemos Spencer (Barry Keoghan), um estudante de arte bastante introspectivo que dorme e acorda pensando em encontrar algum sentido para sua vida. Certo dia, durante uma visita à biblioteca da universidade que estuda, descobre alguns livros raros que ficam em uma sala especial protegidos por uma bibliotecária. Assim, junto com seu amigo Warren (Evan Peters), e mais outros dois, começa a bolar um plano mirabolante para roubar as raridades. Para dar mais ingredientes à trama, realidade e ficção se unificam durante as quase duas horas de projeção, transformando um simples filme de roubo em algo muito interessante e esclarecedor.

Qual o sentido da vida? Viver o sonho americano nunca é fácil. Aos olhos dos dois maiores protagonistas da trama, conseguimos enxergar motivos e razões para entendermos seus atos. A troca entre realidade e ficção, dita o ritmo do roteiro, com pontos de vistas entrelaçados e diferentes sobre determinados detalhes. Um trabalho primoroso de Layton. Indo mais a fundo nas palavras e contextos desse roteiro, se pensarmos em um protagonista, Spencer se encaixa, onde nossos olhos mais se concentram pois é o personagem que se constrói e desconstrói com uma rapidez gigante, divide as atenções com o excêntrico Warren, o motor do filme, o explosivo, dúbio, grande incentivador do roubo e inconsequente em seus atos.

Qual a razão dos jovens realizarem algo tão audacioso? Uma das grandes perguntas do filme, é respondida a toda a instante, pelos personagens reais que aparecem relatando seus pontos de vista. Não só os que participaram do roubo mas também familiares e envolvidos no caso que marcou época na história recente norte-americana. American Animals é muito mais que um simples retrato sobre o panorama jovem norte americano, é um crítica social profunda, repleta de camadas, onde cada um de nós, do lado de cá da tela, recebemos diversos argumentos para chegarmos ao nosso próprio final sobre todas as interrogações que o filme entrega.


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10/08/2018

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Crítica do filme: 'LBJ'


O ontem não é nosso para recuperar, mas o amanhã é nosso para ganhar ou perder. Dirigido pelo cineasta nova iorquino Rob Reiner (História de Nós Dois, Antes de Partir) e com roteiro do novato em longas metragens Joey Hartstone, LBJ é um dos recentes projetos que falam sobre uma parte importante da vida profissional do 36º presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson (só a cargo de curiosidade, o outro filme é Até o Fim - 2016). No papel principal, o veterano Woody Harrelson com uma maquiagem que chama a atenção, o ator teve que passar por duas horas de aplicação a cada manhã, e uma hora para a remoção do mesmo no final de cada sessão.


Exibido no Festival Internacional de Toronto em 2016, LBJ conta como o líder do senado norte-americano Lyndon B. Johnson (Woody Harrelson) assume o maior cargo norte-americano de comando após o trágico assassinato do presidente Kennedy no início da década de 60. Sempre bem articulado nas manobras políticas, Johnson precisará lidar com os obstáculos colocados por Bobby Kennedy (Michael Stahl-David) e lutar para aprovação do Ato dos Direitos Civis, mesmo se isso o colocar contra seus fiéis aliados sulistas.


Nesse retrato amistoso do ex-presidente mencionado, uma das quatro pessoas que atuaram como presidente e vice-presidente nos Estados Unidos, o roteiro foca sem muita profundidade nas prévias eleitorais norte-americanas, na qual é vencida por Kennedy e o surpreendente pedido para Johnson ser o seu vice. Durante toda a projeção, o lado emocional de Johnson aflora, tendo que lidar com sua preocupação com a rejeição, seu ciúmes do carinho que as pessoas tinham por Kennedy e inúmeras batalhas vencidas e perdidas para controlar as ações à sua maneira. Completamente esquecida pelo roteiro, Lady Bird (Jennifer Jason Leigh), esposa de Johnson possui apenas um papel bem menor do que deveria para entendermos melhor essa figura histórica norte americana.


Longe de ser a biografia oficial, sem muito brilho e buscando certo entendimento no ato de preencher as lacunas mais evidentes sobre as atos governamentais polêmicas (Vietnã, por exemplo), LBJ foi direto para os canais de streaming sem ter chances no disputado circuito exibidor.


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09/08/2018

Crítica do filme: 'The Rider'


Sabemos o que somos, mas não sabemos o que poderemos ser. A difícil decisão de desistir dos próprios sonhos por motivo de força maior. Escrito e dirigido pela cineasta chinesa Chloé Zhao, The Rider é uma fábula moderna, muito real, sobre a arte do se reinventar mesmo que isso vá contra tudo o que sempre conquistou. Falando sobre amizade, família e sonhos, o projeto foi organizado a partir do encontro entre e diretora Chloé Zhao e Brady Jandreau durante a pesquisa da primeira para seu filme anterior, Songs My Brothers Taught Me (2015).

Com um personagem baseado na vida do artista que o interpreta, The Rider conta a história de Brady Blackburn (Brady Jandreau) um jovem com um futuro brilhante no mundo dos rodeios até que após um grave acidente em um evento precisa se limitar a determinadas atividades e nunca mais poder realizar seu grande sonho. Tendo que se reinventar como pessoa, descobre na força dos amigos e da família novos motivos para se tornar uma pessoa de bem.

Colorindo nosso olhar com uma bela fotografia, The Rider é uma trama envolvente, que busca na profundidade de seu protagonista razões para entendermos melhor o louco mundo em que vivemos. Mesmo a cultura country sendo um pouco distante da maior parte das realidades brasileiras, o projeto projeta o tema como plano de fundo dando exata dimensão do quão fascinante é esse mundo. Abordando sonhos e as conseqüências das dificuldades que enfrenta o protagonista, nos identificamos a todo instante. Mesmo sendo lapidado com uma melancolia permanente, The Rider é capaz de encantar pela sutileza e as nítidas verdades do olhar do personagem, elo com o público.

Indicado para mais de 16 premiações em todo o mundo, incluindo o prêmio do C.I.C.A.E. Award no Festival de Cannes em 2017, além de indicações ao prestigiado Spirit Awards desse ano, The Rider não deixa de ser a realização de um sonho, uma singela e bonita homenagem de Zhao a seu protagonista. Um sonho sonhado sozinho é um sonho. Um sonho sonhado junto é realidade.

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05/08/2018

Crítica do filme: 'Tal Pai, Tal Filha'


Os caminhos e aprendizados entre o destino e o ato de perdoar. Primeiro longa-metragem da carreira de diretora da artista Lauren Miller Rogen (esposa de Seth Rogen – que também faz uma participação no filme), Tal Pai, Tal Filha , filme exclusivo no streaming Netflix, é uma tragicomédia melancólica que busca no espírito do perdão chegar aos corações dos espectadores.  Como protagonistas, a dupla conhecida do mundo dos seriados Kristen Bell (Veronica Mars) e Kelsey Grammer (Frasier), no papel de filha e pai, respectivamente, acertam na sintonia e no clímax das variações de drama e comédia. O roteiro é bastante previsível mas a história não deixa de emocionar.

Na trama conhecemos Rachel (Kristen Bell), uma jovem, workaholic, que vem crescendo rapidamente na empresa onde trabalha. Sua vida é 90% trabalho e isso acaba por terminar seu noivado no dia da cerimônia de casamento, evento que seu pai Harry (Kelsey Grammer) apareceu de surpresa. Sem entender direito a sucessão de fatos que acontecem nesse dia direito, Rachel, resolve à noite, sair, para uma bebedeira com Garry, que não vê a mais de duas décadas e acabam acordando em um cruzeiro onde seria sua lua de mel. Assim, ao longo de curtos dias, os dois precisarão enfrentar os dramas do passado e tentar construir uma ponte para um entendimento melhor para o futuro.

Um dos pontos positivos da trama é focar no drama mas do que na comédia. Isso transforma os diálogos mais impactantes, aproximando o público da história. Há uma carga emocional bastante grande envolvida, vamos adentrar além da superfície nas características de ambos protagonistas, entendendo melhor os seus porquês do passado e também o fato da dedicação exagerada no trabalho de Rachel no presente. Aliás, os diálogos entre filha e pai são ótimos, repletos de lições, uma ótima sintonia em cena de Bell e Grammer.

A previsibilidade do roteiro chega na forma mais vista em filmes hollywoodianos, um excesso de situações óbvias. Mas por incrível que pareça não atrapalha tanto o andamento do filme, os clichês vistos na trajetória são para dar um certo ritmo e sair da melancolia que o filme se aprofunda em alguns momentos.  Tal Pai, Tal Filha está em cartaz no Netflix, longe de ser um filme inesquecível mas emociona de uma forma bastante simpática.

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04/08/2018

Crítica do filme: 'Jurassic World: Reino Ameaçado'


Dirigido pelo cineasta espanhol J.A. Bayona (dos excelentes Sete Minutos Depois da Meia-Noite e O Orfanato), voltou às telonas de todo o mundo, semanas atrás, o mais novo capítulo da saga criada por Michael Crichton no início da década de 90. Focando na ganância dos humanos e toda uma problemática para se definir o destino dos ex-extintos animais, o projeto é guiado pela trilha sonora sempre impecável além de cenas de ação muito bem produzidas. Só que, dessa vez, o filme não se torna tão empolgante quanto outros filmes da saga.

Em Jurassic World: Reino Ameaçado , que se passa cerca de quatro anos após o colapso no novo parque criado em Jurassic World – O Mundo dos Dinossauros (filme que arrecadou mais de um bilhão e meio em bilheteria pelo planeta), o mundo se envolve uma grande polêmica para saber se os dinossauros devem ser extintos novamente ou se merecem estar libertos em um lugar isolado e assim dar novo início ao ciclo de reprodução das espécies geneticamente criadas. Os personagens Owen (Chris Pratt) e Claire (Bryce Dallas Howard) voltam para ajudar os incríveis animais.

Muito bem produzido, como sempre na excelência dessa saga, o filme nos leva a mais uma aventura cheia de sustos, cenas engraçadas e personagens que clamam por carisma. O roteiro navega pelas águas complicadas do veredito de sim ou não pela extinção, tentando apresentar argumentos para ambos os lados. Nesse aspecto o filme não consegue o ritmo necessário, sendo bastante superficial nesses argumentos e deixando o público tirar suas próprias conclusões através das ações dos animais e dos humanos ao longo dos não tão empolgantes 228 minutos de projeção.

Mas como todo grande franquia de sucesso, Jurassic World: Reino Ameaçado gera o interesse por conta de todo o passado, com o primeiro filme sendo lançado em 1993 e passando de geração em geração adiante. Vale pela diversão e porque não dizer pelas boas memórias dos filmes anteriores.

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