09/11/2020

Crítica do filme: 'Los Lobos'


Vocês são lobos fortes. Lobos fortes não choram. O abraço é um dos gestos mais importantes para expressarmos aquilo que não conseguimos dizer. Em seu segundo trabalho como diretor de longa-metragem, o cineasta Samuel Kishi nos traz um recorte de muitas famílias imigrantes, as poucas chances, atravessada pela ótica de duas crianças e as dificuldades encontradas pela chegada em outro país com sua mãe. Com o sonho de irem na Disney, os obstáculos chegam e há muito o que processar, somos testemunhas de um salto de fase no processo do amadurecimento, principalmente, de Max, o mais velho dos irmãos. Profundo e delicado, Los Lobos é um filme que gera inúmeras reflexões sobre o mundo lá fora.


Na trama, exibida no Festival de Berlim desse ano, conhecemos a batalhadora Lucía (Martha Reyes Arias), uma mexicana que chega sozinha como imigrante nos Estados Unidos junto com os dois filhos. Buscando um lugar para ficarem, de acordo com o pouco dinheiro que tem, acaba necessitada em conseguir um emprego e assim tem que deixar as duas crianças sozinhas no pequeno apartamento recém alugado. Utilizando a imaginação como ferramenta de passatempo, as crianças passam a criar uma visão do mundo através dos obstáculos da saudade que os segue.


Uma mãe, dois filhos. O filme detalhista em emoções, intimista, busca mostrar a relação de carinho entre esses três. Partindo do princípio que é um recorte de muitas famílias imigrantes, o projeto busca algum sentido dentro da relação entre pais e filhos não só através dos personagens principais mas também de muitos que os cercam. O ritmo é lento mas quem conseguir se segurar na cadeira é premiado com arcos finais maravilhosos quando os irmãos abrem a porta da rua e descobrem os personagens de sua vizinhança.