18/05/2021

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Crítica do filme: 'Alelí'


A realidade que não se pode negar. Indicado do Uruguai ao último Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, Alelí, que também teve exibições na edição de 2019 do Festival do Rio de Cinema, nos apresenta uma família cheia obstáculos em suas relações que precisam se decidir sobre o destino de uma casa de praia deles depois que o patriarca falece. Como as memórias daquele lugar são sentidas/revistas de diversas formas e maneiras diferentes, o roteiro busca apresentar ao espectador uma abordagem sobre o luto dentro das óticas distintas dos três irmãos em momentos completamente diferentes na vida. Escrito e dirigido por Leticia Jorge Romero e com a participação da ótima atriz Mirella Pascual (do emblemático filme Whisky). Disponível na Netflix.


Na trama, conhecemos três irmãos que precisam se reunir para resolver sobre uma questão envolvendo uma casa, quase nunca usada pela família, que está sendo assediada para virar um condomínio. Ernesto (Néstor Guzzini), o irmão homem, implicante que não consegue fugir do seu jeito quase caricato e ranzinza. Silvana (Romina Peluffo) é a irmã mais nova, depressiva, hipocondríaca que terminou com o namorado recentemente e parece completamente sem rumo na vida, a irmã mais velha, Lílian (Mirella Pascual), parece não se importar muito com as lembranças e só pensa no dinheiro que vai arrecadar. Assim eles precisam se decidir em meio a lembranças e um certo descontrole emocional ativado pelas lembranças daquele local.


O personagem mais bem desenvolvido, Ernesto, acaba sendo o protagonista, já que o epicentro voltado para a mãe Alba (Cristina Morán) é deixando de plano de fundo. O filho não se esquece das memórias do pai, seu grande ídolo e referência, talvez daí seu jeito beirando ao inconsequente após o falecimento dele. Entra em uma vibe bem ruim de falta de otimismo e os abalos que já traz do casamento enfraquecido com a esposa e um distanciamento, provocado por temperamentos de ambos os lados, de suas irmãs, além do conflito de que não saber o que fazer com a mãe já bem idosa (levar a um asilo ou ficar com ela na sua casa).


Há pausas reflexivas bem densas o que faz o roteiro se chocar com o desequilíbrio deixando a narrativa lenta e sem muito sentido em alguns momentos. Quase sempre, o roteiro parece um pouco perdido que nem quase todos os personagens. Há uma precariedade no desenvolvimento desses, talvez, camuflado pelo carisma dos atores em cena. Sim, esse é um filme onde os artistas em cena levam o filme nas costas.