As razões e as emoções do universo das incertezas. Primeiro filme de ficção da história do Djibouti (pequeno país africano de menos de um milhão de habitantes) e primeiro longa-metragem dirigido por uma mulher (Lula Ali Ismaïl) nesse país, Juventude nos mostra como um desenrolar complicado e traumático de um aborto instantâneo acaba sendo o início de uma forte amizade entre três jovens que estão no último ano do colégio e já pensam na fase seguinte de suas vidas, procurando respostas sobre onde querem esta daqui a 10 anos. Seus dramas, suas agonias, enxergamos cada detalhe em um retrato muito honesto sobre o cotidiano dessas três personagens.
Na trama, conhecemos Deka (Amina Mohamed Ali), Asma (Tousmo
Mouhoumed Mohamed) e Hibo (Bilan
Samir Moubus) três jovens que ficam muito amigas no último ano do colégio e
buscam no companheirismo de uma com a outra força e opiniões sobre
acontecimentos presentes e sobre o futuro. De classes sociais completamente
diferentes, vivendo na mesma cidade mas com um cotidiano nada igual, em comum,
refletem sobre saírem do país onde nasceram para estudar fora.
A amizade é tão importante, precisamos sempre valorizar. São
três garotas bem diferentes. Tradições, fé, cultura local contornam o cotidiano
das personagens. Uma delas se relaciona com um homem casado e mais velho não
sabendo qual será o próximo passo dessa relação, a outra vive conflitos dentro
de casa por conta das obrigações que lhe são dadas e a mais rica delas viveu um
drama recente mas parece não se importar com o futuro a princípio, pois, não
consegue se enxergar longe da comodidade que lhe é dada por seus pais.
Com uma belíssima fotografia, Dhalinyaro, título do filme no original, abre espaço para
conhecermos melhor esse país tão desconhecido de nós por aqui. Com os mais
velhos, algumas delas aprendem sobre a história desse país e também sobre
histórias de quando alguns saíram para o exterior. Em um desses diálogos, por
exemplo, com um senhor mais velho, acaba sendo uma grande aula de história
mundial, com relatos detalhados da ida do mesmo, em meados da década de 40,
para a guerra na França.
Amizade, obstáculos, força feminina, diversas visões sobre
um mesmo cotidiano rodeiam esse bonito projeto que também não deixa de ser uma
homenagem da cineasta a outras milhares histórias de seu país.