02/07/2021

Crítica do filme: 'When in Venice'


O presente é o melhor momento da vida. Um alemão e uma brasileira em Veneza. Um encontro inusitado. Troca de olhares constante dentro de uma essência nos detalhes, no não dito. Dirigido pelo cineasta colombiano Juan Zapata, When in Venice é um interessante projeto que busca refletir sobre a importância do momento, do presente. É sempre bom assistir histórias sobre sentimentos que nascem através, ou a partir da cultura. Caminhamos pelos museus, pontos turísticos de uma Veneza deslumbrante. Difícil encontrar o clímax, fato que talvez criaria uma conexão maior com o espectador. Você torce para os personagens que distante de um maior carisma, somente nos arcos finais encontramos seus caminhos, entendemos melhor os motivos e o pensar deles.


Na trama, acompanhamos Max (Peter Ketnath), um alemão, homem de negócios que está fazendo parte de uma conferência. Passando por problemas no campo amoroso e de personalidade fria, calado, seco, beirando ao ranzinza, resolve dar uma passada no bar do hotel em que está hospedado, lá acaba conhecendo Maria (Bellatrix Serra), uma simpática brasileira que lhe propõe algo inusitado: que os dois passem o dia seguinte juntos em Veneza pois ela precisa conhecer essa cidade por algum motivo. Sem entender direito mas com curiosidade, Max aceita e assim ambos vão se conhecer melhor passeando por essa tão cultural cidade.


O desconforto quando se sente perdido. Se pensarmos no filme na visão de Max, encontramos alguns bons pontos reflexivos, é o personagem que mais se desenvolve aos nossos olhos. Não para de receber mensagens, problemas no trabalho, na vida amorosa, busca razões para seu desconforto quando se sente perdido e topar o convite de Maria acaba premeditadamente se colocando nessa posição, assim vemos uma constante desconstrução do quase enigmático personagem interpretado por Ketnath. Já Maria não se desenvolve tanto, sabemos pouco sobre, adora pesquisar sobre doces, é falante, entusiasta da arte, entendemos seu objetivo já quase no fim. Falta química entre os personagens, um carisma distante, buscam no olhar um do outro o sentido para aquele instante, um ingrediente para seus respectivos liquidificadores de emoções.


Passeando pela bela Veneza, o filme tem todos os ingredientes para fazer reflexões existenciais só que a trama demora para acontecer/desenvolver. O filme busca seu próprio ritmo dentro de algumas lacunas não preenchidas dos personagens. A trilha sonora é belíssima, um dos pontos altos do filme, junto a isso, dentro de uma atmosfera sentimental já na ótica do romance, parece que estamos folheando um livro sobre uma iminente história de amor. Quem não gosta de conhecer, ou melhor ainda, viver uma história de amor?