A queda das pessoas impulsivas. O tão aguardado Casa Gucci, dirigido pelo experiente Ridley Scott, mostra um recorte da mistura de emoções da poderosa família descendentes de italianos busca conquistar o público com uma trama rasa, personagens mal desenvolvidos e um foco total numa protagonista caricata interpretada por Lady Gaga. Há pouco brilho para os coadjuvantes. Ótimos possíveis personagens contornam a trama de Patrizia e Maurízio mas não se sabe o porquê tem pouco espaço. A minutagem do filme também chama a atenção, são quase três horas de uma novelão sonolento pouco criativo. Casa Gucci é, sem dúvidas, uma das grandes decepções do ano!
Na trama, conhecemos a ambiciosa Patrizia (Lady gaga), uma mulher de classe média
que trabalha com seu pai em um negócio rodoviário. Certo dia, em uma festa,
conhece Maurízio (Adam Driver), na
época um jovem estudante de direito que é um dos herdeiros da famosa marca
Gucci. Perseguindo o rapaz onde ele ia, Patrizia consegue fazer com que o
mesmo, no início quase sem ambição nenhuma, entre no negócio da família, mesmo
após brigar com o pai (Jeremy Irons)
mas abençoado pelo CEO na época dos negócios milionários dos Gucci, Aldo (AL Pacino). Assim, ao longo dos anos,
Patrizia e Maurízio vão subindo o degrau do poder mas uma ruptura com final
trágico se torna cada ano mais iminente.
As passagens de tempo acabam sendo corridas pois o foco é de
alguma forma a relação conturbada que nasce, cresce e desmorona ao longo dos
anos entre o casal protagonista. As reflexões sobre como Maurízio (personagem
de um Adam Drive muito apagado) pensa e sua desconstrução como personagem podem
tornar o filme interessante para alguns, mas o fato dele prezar pelo elo
familiar acima dos negócios acaba ficando muito confuso com decisões
unilaterais mal desenvolvidas dentro da narrativa. É como se fossemos entendendo
os desfechos através de revistas de fofocas, limitadas a um chamativo título
mas sem explicações mais profundas. Falando um pouco do roteiro, as rasas explicações
para os escândalos fiscais que ficaram conhecidos em todo o mundo acaba sendo
uma peça reserva de um quebra cabeça que nunca se completa.
A direção de Scott magnetiza os passos de Patrizia que em
muitos momentos da trama não consegue se desenvolver aos nossos olhos. Como se
o filme fosse um time de futebol e o técnico mandasse sempre entregar a bola
para quem ele acha que é o craque do time e esse vai mal. Caricata, a atuação
de Lady Gaga, que esteve tão bem em Nasce em uma Estrela, não mostra um
pingo de inspiração. Há uma entrega forte mas que peca pelos exageros, assim
como todo o filme em si.