Tudo que importa é viver! Trazendo um recorte sobre uma família e encostando nas paredes da realidade social de uma região, desabrochares de pensamentos vão conduzindo uma narrativa leve, agradável, sem deixar de tocar em pontos importantes para reflexões. E a Festa Continua! dirigido por Robert Guédiguian, caminha por encontros: a política se mistura às portas que se abrem para uma nova avaliação sobre a solitude, ideologias se convergem com dramas pessoais.
Na trama, acompanhamos Rosa (Ariane Ascaride) uma enfermeira, ativista, viúva cedo, que aceitou
a solidão como uma companheira de sua trajetória de luta na criação dos filhos.
No seu presente se embaralha para se dedicar à família, suas possibilidades na
política e a chegada de um novo amor. Assim, conhecemos seu cotidiano e de
alguns que a cercam.
O começo não pode ser um fim. A partir de uma família,
olhares miram um contexto amplo que vão de dilemas, passam por amores
inesperados e causas sociais. A arte do recomeçar é algo presente, representada
por simbolismos delicados que envolvem diversos sentimentos. Assim conhecemos algumas
subtramas envolventes: um pai buscando se aproximar da filha, um homem apaixonado
tendo que lidar com uma situação envolvendo uma condição médica de seu grande
amor, uma mulher que está em conflito com suas ambições como ativista e a
chegada de um novo amor.
O mar sempre acaba se acalmando. Tendo a cidade de Marselha
no coração da história, um franco recorte do contemporâneo é visto,
exemplificado pelo fato histórico ligado à praça 5 de Novembro e a tragédia
provocada pelo descaso. De uma delicadeza louvável, inspiradora, esse filme
francês mira muitos olhares onde as direções se tornam ferramentas para
reflexões sociais.