19/08/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #504 - Ricardo Delfin


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Ricardo Delfin tem 50 anos. É graduado em Cinema pela FAAP e escreveu o roteiro de dois longas, ainda em busca de captação.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gostava muito do Belas Artes pelas opções alternativas de filmes.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Difícil dizer... Talvez Perigo na Montanha Enfeitiçada.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Stanley Kubrick e 2001.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Beijo da Mulher Aranha pelo uso da metalinguagem.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Apreciar filmes, independente da origem, estilo e gênero e compartilhar a experiência de assistir filmes com outras pessoas.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não, mas é puro palpite.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Talvez, mas espero que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Valerie e a Semana das Maravilhas, filme tcheco de Jaromil Jires.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, apenas quando for seguro.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Evoluiu muito nos últimos anos, principalmente a qualidade do som.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Gosto muito do trabalho do Lázaro Ramos como ator.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Sonhar acordado.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Certa vez vi um grupo de surdos/mudos que conversavam em silêncio em linguagem de sinais, mas riam alto!

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Ainda terei coragem para assistir...

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente, mas acredito que contribua na formação de repertório.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Espartalhões me fez desejar aquele aparelho de apagar a memória dos Homens de Preto. Mas, se minha memória fosse apagada, poderia acabar assistindo ao filme de novo...

 

17) Qual seu documentário preferido?

Gosto muito do Microcosmos.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Não que me lembre!

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Arizona Nunca Mais"de Joel Coen.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Eu mais acesso sites de cultura em geral, como Variety e THR.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix

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Crítica do filme: 'L.O.C.A'


Sonolento roteiro que busca respostas sobre relacionamentos. Disponível no catálogo do Streaming do Telecine, o longa-metragem brasileiro L.O.C.A. aborda a questão do amar demais, dos relacionamentos e suas complicações por meio de uma avenida cômica ligado à força feminina. Há questões no roteiro, achar os pontos de interseção até não é difícil mas os arcos são muito mal definidos mesmo que com uma grande lupa compreensiva enxergamos lapsos na gangorra da queda/ascensão nas três linhas de personagens que acompanhamos. O humor como forma de reflexão sempre é louvável mas doses exageradas acabam limitando bastante o público-alvo que poderia ser bem mais amplo. O projeto é dirigido pela cineasta Claudia Jouvin e tem no elenco nomes como: Mariana Ximenes, Débora Lamm, Fábio Assunção, Cris Vianna, Roberta Rodrigues, Luis Miranda e Érico Brás.


Na trama, conhecemos a jornalista Manuela (Mariana Ximenes), uma jovem que encontra certa dificuldade para emplacar pautas em seu trabalho em uma revista não muito badalada. No campo amoroso, ela está em uma situação de dúvida, pois tem um relacionamento com seu professor (Fábio Assunção) mas ele parece não querer assumir a relação para todos. Certo dia, ela acaba sendo guiada para uma pauta conhecendo Elena (Débora Lamm) e a mesma sugere que ela vá até a reunião da LOCA, a Liga das Obsessivas Compulsivas por Amor. Assim, Manuela inclusive consegue emplacar uma pauta para falar sobre essas reuniões e situações que passam as mulheres que procuram o LOCA e nos encontros conhece também Rebeca (Roberta Rodrigues). As três buscarão forças para saírem de seus respectivos problemas, talvez, por amarem demais pessoas que não merecem todo esse sentimento.


Em menos de 85 minutos de projeção, acompanhamos essas três estradas de vida, três mulheres de forte personalidade que de formas diferentes enfrentam relacionamentos que de alguma forma já não estão mais fazendo bem a elas. E nesse caso, o que fazer né? As situações que assistimos, muitas delas inconsequentes, exageradas e puxadas para as licenças poéticas de alguma forma geram suas reflexões. Quando sai da comédia e entra no drama, o filme encontra problemas pois a essência de comédia escrachada está em todo lugar, deixando reflexões mais críticas com lacunas sem preenchimento.


No final, já nos créditos, com o elenco cantando Loka, música das ótimas artistas de nosso mercado musical, Simone & Simaria, encontramos um bom paralelo entre a canção e o que enxergamos de reflexão no filme. No mais, L.O.C.A. é um filme que não deve perdurar em nossas memórias cinéfilas por muito tempo mas não deixem de tirar suas próprias conclusões indo assistir ao filme.

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18/08/2021

Crítica do filme: 'Assalto ao Banco da Espanha'


O que fazer com o desejo de aventura, no se arriscar ao não necessário? Até onde pode ir a paixão por um objetivo? Disponível no ótimo catálogo do Telecine Play, Assalto ao Banco da Espanha fala sobre engenharia, espionagem, planos mirabolantes e um líder com um sonho que molda sua vida de riquezas como o curioso objetivo de ir atrás de um tesouro perdido. O roteiro encosta na comparação quase óbvia com La Casa de Papel mas suas reflexões chegam por pontos diferentes. Dirigido por Jaume Balagueró, cineasta espanhol responsável pelos excelentes [Rec] e Enquanto Você Dorme, o projeto reúne excelentes atores em cena, como: Astrid Bergès-Frisbey, Jose Coronado, Luis Tosar, Sam Riley, Freddie Highmore e Liam Cunningham.


Na trama, conhecemos o caçador de tesouros, o milionário Walter (Liam Cunningham), um homem que reúne equipes pelo mundo em busca de tesouros e mais especificamente um em especial que lhe fora tomado pelas autoridades espanholas em alto mar deixando esse objeto preso no Banco da Espanha, um dos lugares mais seguros de toda a Europa. Walter descobre uma maneira de entrar no local mas precisará de um brilhante engenheiro para conseguir decifrar alguns enigmas sobre como é feita a segurança no local, assim chega ao nome de Thom (Freddie Highmore) um brilhante estudante de Cambridge que fica de cara fascinado em ser peça fundamental no plano e na equipe de Walter.


O filme tem uma pegada de Missão Impossível, A Lenda do Tesouro Perdido, La Casa del Papel, mas navega na possibilidade de buscar sua própria personalidade/originalidade muito por conta dos objetivos que são bem variados e compõe as trajetórias dos personagens. A questão da lealdade, do espírito de equipe é colocada à prova a toda instante, principalmente quando percebemos a adição de questões políticas, até mesmo de serviços secretos e espionagens deixando interpretações das mais variadas nos pontos reflexivos, principalmente, quando o roteiro chega na profundidade.


Em alguns momentos o clichê toma conta mas não deixa de divertir, de entreter, seu dinamismo é um dos pontos altos mesmo que partes dramáticas sejam vistas apenas como pontos superficiais de personalidades variadas. Algumas subtramas se destacam outras nem tanto. Há muito talento em cena e a direção é competente. Para quem curte filmes de ação, Assalto ao Banco da Espanha pode agradar bastante.

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17/08/2021

Crítica do filme: 'O Guia da Família Perfeita'


O eterno aprendizado de todos os elementos de uma família. Dirigido pelo cineasta canadense Ricardo Trogi, O Guia da Família Perfeita é uma série de situações que envolvem muitas coisas que vivemos ou sabemos na realidade sobre convivência em família, principalmente nas as vezes complexas relações entre pais e filhos. Pegando como exemplo uma família que mora em Quebec beirando ao colapso emocional, que inclusive se comunica muito mal, somos testemunhas de grandes lições que só chegam com o tempo como quase cirurgicamente esse ótimo longa-metragem, disponível na Netflix, nos mostra. O filme consegue o mérito de conseguirmos refletir sobre nossas próprias famílias.


Na trama, acompanhamos um pai de família (Louis Morissette), que está em um momento complicado no seu trabalho e precisa lidar com o que imagina ser o certo como caminho para seguir sua filha mais velha (do primeiro casamento), que mora com ele e sua atual esposa, além do seu filho mais novo desse segunda casamento. Passando por situações que vão desde a pressão sobre sua filha até mesmo sua falta de compreensão com as tentativas da esposa em ser uma mãe perfeita, o protagonista precisará aprender a entender melhor a todos que o cercam.


As subtramas são bem desenvolvidas mesmo guiadas pelo enorme arco do protagonista, um pai muito rígido com os próximos passos da vida de sua filha mais velha do primeiro casamento, junto a isso também vemos uma mãe com dificuldades de criar o único filho e que vive de aparências em postagens nas redes sociais, algo como uma camuflagem sob as verdades da realidade, que escondem de alguma forma os inúmeros problemas que vive diariamente. Há também o menos profundo das subtramas, o recorte da vida da ex-esposa do protagonista, uma dançarina que vive entre o Canadá e a Espanha e vê a filha de vez em quando mesmo querendo se mostrar presente. Entre essas e outras histórias, entendemos que o objetivo do projeto é concluído: criar um universo de reflexão, uma família reflexo de muitas famílias por aí.


O Guia da Família Perfeita é um ótimo filme para pais e filhos assistirem juntos e buscarem argumentos para se entenderem melhor, já que sabemos que nem todos os relacionamentos são fáceis, amoroso e próximos, há muita dificuldade em muitos lares por aí.

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16/08/2021

Crítica do filme: 'Duas Vezes Você'


Em seu segundo trabalho como diretor de longas-metragens, o cineasta mexicano Salomón Askenazi, que também assina o roteiro desse projeto, consegue confundir a mente do espetador a todo instante em uma história que mistura um abalo emocional gigantesco com um suspense psicológico completamente fora de qualquer realidade. Incompreensível em muitos momentos, o filme parece um jogo de memórias mal feito, misturando sentimentos em forma de imagens desconectadas como se o roteiro quisesse provar, de qualquer forma, que é possível definir o caos de uma perda.

Na trama, conhecemos Daniela (Melissa Barrera) e Tania (Anahi Davila), duas primas muito unidas que após saírem de um casamento ao lado de seus respectivos maridos, Rodrigo (Mariano Palacios) e Benny (Daniel Adissi), resolvem disputar um racha onde o marido de uma está no carro da outra. A brincadeira sem noção não dá certo e um dos casais morre fruto de um acidente sem chances de salvamento. Assim, as vidas dos que sobrevivem começam a passar por estranhas situações.


O filme pode tentar ser entendido de várias perspectivas, dentro do universo do pensar e lidar com o ocorrido dos quatro personagens, o que geralmente pode ser uma coisa bem legal, só que essa regra não encaixa aqui pois tudo é muito confuso, podemos supor trocas de realidades, sonhos, um descontrole emocional de grande escala, utilização de recursos técnicos (como o som) para confundir ainda mais a interação com o espectador. Vira tudo um grande aglomerado de ideias desunido por uma falta de harmonia básica.

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13/08/2021

Programa #42 Guia do Cinéfilo - Daniel Schenker


Episódio #42 do meu programa de entrevistas na TV Caeté, Programa Guia do Cinéfilo.

Nesse episódio entrevisto o crítico de cinema Daniel Schenker.
O Programa Guia do Cinéfilo acontece toda terça-feira, ao vivo, no canal da TV Caeté no youtube.

#cinema​ #entrevistas​ #entrevista​ #filmes​ #filme​ #raphaelcamacho​ #cinéfilo​ #cinéfilos​ #movies​ #movie​ #cinemabrasileiro


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12/08/2021

Programa #41 Guia do Cinéfilo - Silvia Cruz


Episódio #41 do meu programa de entrevistas na TV Caeté, Programa Guia do Cinéfilo.

Nesse episódio entrevisto a sócia e fundadora da Vitrine Filmes, Silvia Cruz.
O Programa Guia do Cinéfilo acontece toda terça-feira, ao vivo, no canal da TV Caeté no youtube.

#cinema​ #entrevistas​ #entrevista​ #filmes​ #filme​ #raphaelcamacho​ #cinéfilo​ #cinéfilos​ #movies​ #movie​ #cinemabrasileiro



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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #503 - Leonardo Kaustchs


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Niterói (Rio de Janeiro). Leonardo Kaustchs tem 42 anos. É artista plástico, ator e escritor.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Plaza Shopping, por sua diversidade nos filmes.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Meia -Noite em Paris.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Wood Allen.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Invasor.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Observar os detalhes.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Madame Satã.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Numa crescente.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Daniel de Oliveira.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Caixa de emoções.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Um pedido de namoro avulso de um casal.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Sem comentários.

 

15) Muitos diretores de cinema  não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Alguns.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Jogo de Cena.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Sonhos Rebeldes.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro cinema.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Hbo.

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09/08/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #502 - Carlos Anselmi




O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema. 


Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Carlos Anselmi tem 27 anos. É músico, universitário e escreve para a página Argos Crítica.


1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Em relação a programação gosto muito do Petra Belas Artes, é um lugar que tem uma ótima seleção, e alguns filmes só ficam disponíveis lá no estado, como foi o caso de The Irishman (2019). Lá é o lugar certo para encontrar filmes que não são distribuídos pelas grandes franquias.


2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acredito que Mulan (1998), foi o primeiro filme que vi no cinema (inteiro, porque meus pais tinham tentado me levar antes mas eu saí na metade com medo), e desde então sempre foi um dos meus programas favoritos.


3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Não consigo falar um só, sou muito fã do Fellini, do Coppola e do Godard, acho Kubrick um gênio, amo Wong Kar-wai e Tarantino e admiro muito o Eisenstein. Mas talvez, no momento atual, eu diria que me sinto melhor assistindo aos filmes do Scorsese, por isso hoje (por enquanto) a resposta seria essa, e meu filme favorito dele seria The Irishman (2019), que costumo chamar de “o melhor da década”.


4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Juro que tenho muita dificuldade de falar somente um em todas as respostas, e espero que tenha validade mesmo assim. Nesse caso, eu não consigo, de jeito nenhum, falar um só porque cada filme se comunica de uma maneira diferente e os amo por motivos distintos, mas quase que em mesmo grau. Portanto, vamos lá: O Pagador de Promessas (1962), é um filme que te prende do início ao fim e fala muito da relação estritamente brasileira de fé de uma maneira cinematograficamente incrível. Rio, Zona Norte (1957) é um filme que trata de um dos meus maiores amores, a música, mas de um jeito completamente brasileiro, focando em questões de raça e classe, fundamentais para entender o país; e Cidade de Deus (2002), com “a máfia à brasileira”, outra obra prima nacional.


5) O que é ser cinéfilo para você?

Qualquer pessoa que ame Cinema e se interesse por ele como arte. Acho que a relação de “amor” por algo está diretamente ligada ao interesse em querer saber mais, e esse é o ponto que coloca a diferença entre amar algum filme e amar Cinema. Se cabe a comparação, é a mesma diferença entre achar uma pessoa bonita (que é um primeiro interesse) e a partir daí, depois de conhecer e se interessar mais, desenvolver o amor além da aparência. É sobre amar a arte, independente da nacionalidade, ano ou gênero de algum filme, é sobre buscar entender a expressão artística mais profundamente, além do que podemos ver na tela em primeira instância.


6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Sim, não acredito que apenas entendam de Cinema os cinéfilos e críticos. Os filmes mais comerciais são feitos para pessoas que também gostam de ir ao cinema e é um público grande e importante. O cinema como entretenimento é feito para a maior parte das pessoas e não cabe juízo de valor ao comparar com o “Cinema de arte” (se é possível separá-los muito claramente). Portanto, essa programação -que considero mais comercial- é feita por pessoas que entendem o cinema como mercado, e é importante para trazer um público grande para a sala, e que pode a partir daí, manter o cinema de pé, e fazer mais pessoas apaixonadas pela arte. Todo amante do cinema de hoje começou com algum filme mais comercial um dia.


7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

“Algum dia” tudo vai acabar, não é mesmo? Mas acho completamente exagerada a reação de “os streamings estão acabando com as salas de cinema”. Antes, diziam que o cinema iria acabar com a chegada do som, da televisão, das animações, com a internet, com o início da pirataria e agora com os streamings. Spoiler: nunca acabou. O Cinema se reinventa e enquanto houver público, haverá cinema, mesmo que em menor quantidade.


8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Indico todo os filmes que já comentei antes, mesmo que muitas pessoas já viram, mas pensando em filmes que ouço falar pouco, Makala (2017) é um documentário que levou o Grande Prêmio da Semana da Crítica no Festival de Cannes, e que não chega a 700 “assistidos” no letterboxd. Acho muito interessante a relação homem-trabalho que o filme mostra, e é muito bom para ver um pouco do continente africano, mais especificamente no Congo. E fica mais legal se comparar com alguns filmes de Ousmane Sembène (principalmente Borom Sarret), que também indico muito, junto com Black Girl (La Noire de…), de 1966. E dos nacionais: ABC da Greve (1990) de Leon Hirszman, imperdível.


9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Essa é uma questão complexa. Se pensarmos em medidas efetivas, tudo poderia ser reaberto se houvesse um lockdown sério, efetivo, e com o auxílio do governo. Muitos países reabriram tudo controlando o vírus antes da vacina chegar, mas com a situação do Brasil é muito mais difícil. Eu sou dos que não fazem nada antes da vacina, mas nenhuma indústria aguenta mais de um ano e meio fechada (por incompetência do Estado). É complicado defender uma não abertura depois de tanto tempo, enquanto as medidas para fechar (ou não) são quase arbitrárias e sem nenhum plano nacional concreto de controle e redução de danos. Mas como indivíduo, não participo de nada antes das vacinas.

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Muito boa dentro do que consegue ser, sobrevivendo grandiosamente ao desmanche institucional que vem acontecendo.


11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Enquanto houver lançamentos do Fernando Meirelles, Kleber Mendonça, Walter Salles, Anna Muylaert, entre outros, vou estar assistindo a todos.


12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a arte de contar uma estória e trazer emoções a partir da imagem e som de maneira ordenada.


13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Nunca aconteceu nada de muito diferente, acho que o mais fora do comum foi assistindo Alladin (2019). Fui assistir ao filme em uma dessas seções VIP, e uma moça, algumas poltronas do lado, pediu champagne e ficou claramente alterada. Depois disso ela cantava todas as músicas bem alto. Na primeira música foi engraçado, depois só ficou muito chato atrapalhando todo mundo. Felizmente, ela foi embora na metade.


14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Meme clássico.


15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

A função do diretor é conseguir explicar sua visão para a equipe, faz parte saber se comunicar. Particularmente, acho que mostrar referências e ter um grande repertório é um jeito mais fácil de expor sua visão. Mas há outros caminhos que também podem funcionar bem, é uma questão bem individual.


16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não acho que pior seja a palavra certa para eu usar. Mas Dune (1984) do David Lynch e Star Wars: Episódio IX (2019) me incomodam profundamente em diversos níveis, muito mesmo.


17) Qual seu documentário preferido?

Searching For Sugar Man (2012). Dessa vez não vou comentar, apenas peço que assistam.


18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim. Mas não no sentido de tentar começar um aplauso coletivo, é baixinho e devagar, quase sem som, e comentando pro lado “esse foi incrível, né?”, mas não com desconhecidos, obviamente.


19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Adaptation (2002), do Spike Jonze. Esse é um dos meus filmes favoritos (entre os 100 mais, eu diria).


20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não costumo ler muitos sites de cinema, mas gosto bastante de procurar artigos no academics, tenho muito interesse em História do Cinema, e diversas vezes escrevo pensando nessa perspectiva. Mas gosto de ver os “review” dos amigos pelo letterboxd, e às vezes leio algumas críticas no Plano Crítico.


21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Costumava usar muito o Tele Cine, agora pretendo migrar para o HBO Max, mas uma constante para mim é o Mubi.


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07/08/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #501 - Olivia Batista


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Cachoeiro de Itapemirim (Espírito Santo). Olivia Batista tem 37 anos. Formada em Letras, pós-graduada em Filosofia, cresceu em uma cidade pequena e passou a infância e adolescência, literalmente, na frente da TV assistindo aos filmes. Fez seus trabalhos de conclusão de curso e pós-graduação sobre o uso do cinema na educação. Com o início da pandemia, criou, juntamente com três amigas, um clube do filme: 3x4 Filmes – 3 filmes por semana, 4 amigas juntas, e foi quando teve a oportunidade de começar a escrever uma coluna semanal sobre cinema. Sua intenção sempre foi escrever sobre os filmes de uma f o r m a d i s t a n t e d o m o d e l o d e c r í t i c a cinematográfica - tenta aproximar os filmes da sua história de vida, da relevância afetiva que eles têm para ela - são textos essencialmente subjetivos. Também procura escolher, para as colunas, filmes que possam se relacionar com algo que esteja sendo vivido ou debatido, naquele momento, pela sociedade - buscando, com isso, que o cinema possa ser um ponto de partida, uma ponte que permite pensar o ser humano e nossa realidade de uma maneira poético-filosófica amparada pela arte cinematográfica. Escreve sobre cinema para: @bemditojor e @diaadiaes.com.br .

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Moro em uma cidade que, nos últimos anos, cresceu em número de habitantes, mas que continua essencialmente interiorana. Só temos dois cinemas do mesmo grupo - são salas voltadas para o cinema comercial, que raramente trazem algo fora desse estilo. São cinemas do shopping, somente. Por isso, não tenho uma sala de cinema preferida.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Acho que foram dois momentos: a primeira vez que fui ao cinema é o primeiro deles. Eu fui com a escola, quando tinha 11 anos, assistir Pocahontas. Toda aquela cerimônia coletiva me marcou muito; a fila para comprar o ingresso, a expectativa para escolher um lugar (até hoje, ainda sinto o mesmo frio na barriga para escolher aonde sentar), o apagar das luzes, a música que tocou antes do filme quando a tela se acendia. E, anos depois, quando eu tinha 18 anos e participava de um grupo de teatro da minha cidade e a prefeitura emitiu uma carteirinha chamada “Amigos da Cultura”, para atores, atrizes, diretores, músicos, enfim, agentes culturais - e com essa carteirinha não pagávamos para ir ao cinema nem ao teatro. Eu me sentia extremamente importante de chegar ao cinema e mostrar minha carteira. E o primeiro filme que fui assistir com ela foi Homem-aranha, em 2002.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Kleber Mendonça Filho - Aquarius.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Aquarius. O filme é incrível por vários motivos, mas minha escolha é puramente emocional. Me identifico com Clara - personagem de Sônia Braga - e a forma como a história mostra um Brasil que não existe mais, pelo menos não na minha cidade e na minha realidade, e isso me emociona muito.

5) O que é ser cinéfilo para você?

É construir minha própria identidade através dos filmes que assisti. É me ver como pessoa, entender a sociedade ao meu redor e experimentar os afetos e as relações humanas com a presença constante e relevante dos filmes.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não. Na minha visão pessoal, são empresas, e as escolhas de quais filmes colocar em cartaz, horários, promoções são orientadas para a manutenção lucrativa de um negócio. Talvez eles entendam de como manter a “empresa cinema” em uma cidade pequena (falando da minha realidade) não acredito que exista essa preocupação voltada para uma curadoria de filmes, ou com o cinema enquanto arte.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Penso que não. Mas, da forma como eu vejo, a experiência de ir ao cinema vem se transformando: o cinema de rua, com filas nas calçadas, pipoqueiro na porta vendendo a um preço acessível, isso não existe mais. Existiam cinemas na minha cidade, nos anos 90, que ficavam exatamente nos pontos de ônibus - e os horários de início e fim das sessões traziam uma movimentação linda para aquelas ruas. Muita gente que nem tinha planejado entrar e ver um filme acabava mudando de ideia. Era uma experiência coletiva, interpessoal. Hoje, os cinemas estão longe dos olhos e do cotidiano de muita gente, escondidos dentro de shoppings e, na minha cidade, esses shoppings são em regiões que são complicadas de chegar usando transporte público - para alguém saber quais filmes estão em cartaz é preciso acessar a internet - e, além disso tudo, as entradas são muito caras. Então, respondendo diretamente à pergunta, não acredito que as salas de cinema irão acabar, mas acho que vão se tornar, a cada dia mais, uma “experiência” de luxo, inacessível à uma grande parcela da população. Com salas investindo em conforto, tecnologia - porém, esvaziando cada vez mais a qualidade e a relevância artística dos filmes escolhidos para entrarem em cartaz.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Fahrenheit 451 - 1966, dirigido por François Truffaut.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Inclusive, conversei sobre isso com uma amiga, durante o debate que se desenrolou sobre a abertura das igrejas, mesmo com números altos de casos e mortes por COVID, acredito que em abril desse ano. O que eu disse, à época, é o que eu ainda penso: o argumento usado era de que a experiência da fé (indo às igrejas) seria importante para as pessoas religiosas passarem por esse momento difícil de pandemia. Ora, eu não sou religiosa, mas a experiência do cinema também seria importante pra mim, durante esse período. Assim como shows, para quem precisa da música, eventos esportivos, para quem precisa de vibrar e acompanhar esportes. Então, pra mim, a segurança da vida vem antes de todas essas nossas necessidades. E a atitude segura seria manter todos os “templos” fechados.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu gosto do que tem sido feito, porque o cinema brasileiro resiste, apesar de “tudo isso aí, talkey?” Porém, ainda acho que existe uma visibilidade e um espaço excessivo que é dado aos filmes que parecem novelas.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

João Miguel - ator e Karim Aïnouz - diretor.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é sobre as pessoas nos filmes, é sobre as pessoas com quem assistimos aos filmes e é dessa forma que será - mais completamente - sobre nós mesmos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Foram muitas! Mas acredito que uma que é especial foi quando fui assistir Kill Bill Vol.1 com um amigo. Nós estávamos pilhados de expectativas pra esse filme, o primeiro Tarantino que assistiríamos no cinema. Fomos à estreia e o filme começou a ser exibido de cabeça pra baixo. A gente se achava muito “cult”! Na época, eu tinha 19 anos. E começamos a falar que o cara (o Tarantino) era genial mesmo, que aquilo era vanguarda demais. Até que o filme parou e depois recomeçou com a imagem “de cabeça pra cima”, ou seja, tinha sido só um erro do projecionista. E a gente ficou com tanta vergonha o resto da sessão que o rosto até queimava. Hoje, virou uma piada contar sobre esse dia e, depois dessa bola fora, a gente ficou bem mais humilde pra apreciar e comentar sobre os filmes que amamos.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Fiquei sabendo da existência desse filme com essa pergunta ...

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Penso que não. Muitos deles podem encarar a atividade como uma profissão e não uma paixão. Não sei, talvez viver a indústria do cinema por dentro pode gerar sentimentos diferentes em pessoas diferentes.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

A forma da água.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Estou me guardando para quando o carnaval chegar - 2019 e A marcha dos pinguins - 2005.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim. Foi em 25 de dezembro de 2003 - ao final de O Senhor dos Anéis - O retorno do rei. Foi uma sessão mágica, assisti com meu namorado e muitos amigos. Chegamos ao cinema horas antes, para conseguir ingressos para a estreia. A plateia inteira de fãs e ninguém saiu da sala, depois de mais de três horas de filme. Muita gente chorou, inclusive eu, e as palmas eram tanto para a finalização da trilogia, quanto para aquele momento que vivemos em conjunto.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Eu evito de assistir filmes com Nicolas Cage. Isso responde à pergunta?

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Cinema em Cena.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix em família. MUBI para cinema cinema mesmo.

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #501 - Olivia Batista

05/08/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #500 - Lidiana de Almeida


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de São José da Coroa Grande (Pernambuco). Lidiana de Almeida tem 41 anos. Graduada em Cinema pela Universidade Anhembi Morumbi. Atuou como assistente de finalização e coordenadora de pós-produção na empresa Cinecolor Digital, participando de projetos como Maria Luiza (Diazul - Marcelo Díaz), Chuva é Cantoria na Aldeia dos Mortos (Embaúba Filmes - Renée Nader Messora e João Salaviza), A Primeira Morte de Joana (Crisol Filmes - Cristiane Oliveira), entre outros. Atualmente, trabalha com masterização de curtas e longas metragens e em desenvolvimento de roteiros para webséries e documentários.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Há 4 meses estou morando no litoral de Pernambuco, mas até março/21 eu morava no centro de São Paulo. Minha sala favorita era o Petra Belas Artes, tradicional cinema de rua na Paulista. Adorava a programação alternativa com filmes de artes, experimentais e nacionais. O noitão do Belas Artes era incrível – uma sexta por mês passávamos a madrugada vendo filmes. Cada mês era um tema diferente.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Desde muito criança sou apaixonada por filmes. Lembro do primeiro filme que assistimos quando meu pai comprou um videocassete (em 1989) – Papillon (Franklin James Schaffner, 1973) com Dustin Hoffman. Pra mim nunca foi só entretenimento, sempre foi algo mais.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

São vários! Amo Hitchcock, Almodóvar, Scorsese, Tarantino, Nolan, Coppola, a lista é grande e é bem difícil escolher um diretor, pra mim, as narrativas, os estilos e as estéticas são todas incríveis em suas construções e a maneira como cada um deles as expressam, as tornam únicas. Não consigo ter favoritos. Porém se tiver que escolher um diretor que atualmente assisto TUDO que ele faz, escolho o Christopher Nolan. Sou fã de ficção científica e a maneira como ele trabalha o tema em sua filmografia é sensacional. Na minha Nolan’s list, A Origem (2010) e Interestelar (2014) estão empatados em primeiro lugar.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Lobo atrás da Porta (Fernando Coimbra, 2013). A narrativa é tão bem construída e a atuação da Leandra Leal e do Milhem Cortaz é tão orgânica que é impossível não ser tocado por esse thriller, fiquei alguns dias repassando a história na minha cabeça. Na minha opinião, um filme cumpriu seu papel se conseguiu te tocar de alguma forma. Não podemos sair de diante da tela indiferentes ao que vimos.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Basicamente é ser apaixonado por filmes, do tipo que fica sentado no cinema até terminar os créditos! Que assiste um filme independente se ele é do gênero que mais gostamos ou não e que entende que um filme não é necessariamente ruim porque não atendeu às suas expectativas, mas que teve sucesso ao que ele se propõe vender.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Tem salas para pessoas que buscam apenas entretenimento e tem salas para quem busca mais que isso.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não, acredito apenas que vai mudar a forma de se consumir cinema. Nada se iguala a assistir um filme numa sala repleta de fãs, como acontece nas pré-estreias. A sala de cinema propõe uma experiência coletiva que nenhum streaming pode anular.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

GATTACA (Andrew Niccol, 1997).

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que diante do contexto que vivemos no Brasil, que pessoas são obrigadas a pegar transportes públicos lotados para ir trabalhar, não acho moral exigirmos que essas mesmas pessoas deixem de frequentar locais para se divertir, afinal cultura e lazer são primordiais para a saúde mental. Acho necessário apelar sempre para o bom senso, manter as medidas de distanciamento e os protocolos de prevenção.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema nacional tem filme para todos os gostos. Desde entretenimentos rasos para quem quer apenas se desconectar da sua rotina, dramas e reconstituições históricas que são necessários para registrar “a vida” para a posteridade e filmes densos e sensíveis que tocam o mais profundo da alma. O triste é que essa riqueza de narrativa não alcança todo o público.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Matheus Nachtergaele.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A arte imita a vida ou a vida imita a arte?

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu sempre gostei de frequentar as mostras de cinema em São Paulo. Uma delas era sobre os filmes de referência das obras de Tarantino e acontecia no Centro Cultural Vergueiros, que tinha duas salas minúsculas de cinema. Neste dia haveria a estreia de A Prova de Morte, um filme bem peculiar, o sexto da filmografia de Tarantino, que junto com Robert Rodriguez e seu Planet Terror compõe Grindhouse, uma experiência contemporânea que resgata a estética e os valores do filmes trash dos anos setenta. Assim que cheguei comprei os ingressos para as três sessões daquele dia, incluindo a da estreia e já me avisaram que a entrada, desse filme em especial, era mediante a lotação da sala.

Chegando o horário da estreia, eu ainda estava na sala ao lado. A sessão estava demorando mais do que eu imaginava e já comecei a ficar desesperada, com receio de não conseguir entrar na sala do A Prova de Morte. Finalmente o filme acabou e sai correndo escada a cima. As salas eram bem perto uma da outra e qual não foi minha tristeza quando o segurança me disse que a sala estava lotada. Bom, choraminguei e pedi com jeitinho: eu fico sentada no corredor... não vai atrapalhar. Junto comigo tinham mais algumas pessoas e nos unimos para comover o segurança que por fim nos deixou entrar. Essa sessão foi a mais incrível que participei na vida. Foi onde eu vivi a catarse que tanto Tarantino e Lars Von Trier usam como recurso em seus filmes. A sessão inteira gritava em cada cena de violência, comovida, revoltada, interagindo com o filme. Naquele momento, não éramos só espectadores e não tem sensação mais energizante que essa.

 

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras...

Um filme que poderia ter sido um videoclipe.

 

15) Muitos diretores de cinema  não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não, mas precisa ter uma equipe que lhe dê todo o suporte. Cinema é uma arte coletiva.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Os Vingadores (Jeremiah S. Chechik, 1998) – vi no cinema, com menos de 10 minutos de filme me estiquei nas poltronas e dormi. Desde então aprendi a não escolher filmes por causa do elenco.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Margaret Mee e a Flor da Lua (Malu de Martino, 2012). Esse documentário é muito sensível e narra de maneira poética a busca da pintora inglesa pela rara flor da lua na Amazônia.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão

Sempre, às vezes só tô eu lá batendo palmas bem baixinho.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face (John Woo, 1997)

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

IMDB para pesquisas gerais. Filme B e Revista Exibidores para saber sobre o mercado audiovisual.


21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix e HBOMax.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #500 - Lidiana de Almeida

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #499 - Gabriel Cosendey


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de Belo Horizonte (Minas Gerais). Gabriel Cosendey, tem 23 anos. Pai de pet, mineiro, estudante de Direito e de Cinema. Leitor e pseudo crítico nas horas vagas. Um cinéfilo nato que ama a sétima arte a ponto de acampar dentro de uma sala de cinema. Criador da página Projetando (@projetando.cinema) e com novos projetos em mente. Sua paixão é falar de cinema e tentar trazer essa arte ao cotidiano de mais pessoas.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Até o começo da pandemia era uma das unidades do Cineart localizada em um shopping do meu bairro. Eu era praticamente vizinho de um cinema, e eu achava isso incrível. Além da programação havia a praticidade, o conforto, os funcionários que já eram amigos, o ambiente... Mas, como você já deve estar imaginando, por conta da pandemia, ele fechou.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro com certeza foi o Poderoso Chefão do Coppola, mas também não posso deixar de mencionar Lawrence da Arabia, do David Lean, esse filme mexeu comigo em todos os sentidos.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Sempre quando me fazem essa pergunta minhas lembranças nostálgicas vêm à tona. É o Steven Spielberg; fui fisgado pela magia dele quando era molecote e até hoje estou nesse anzol. Já tentei, mas não consigo largar. Então, dentre os filmes dele, Jurassic Park continua de pé no meu pódio.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Pagador de Promessas – Anselmo Duarte. Lembro de quando assisti esse filme pela primeira vez no colégio e que apenas 10 minutos dele tinham sido suficientes para me encantar. Esse filme é um exemplo de que alto orçamento e enredos mirabolantes não é tudo para contar uma boa história.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

O cinema está presente em minha vida em todos os sentidos, principalmente em tempos como esse. A oportunidade de sentar no sofá e ser abraçado por uma boa história para esquecer de todos os problemas do resto do mundo, conversar sobre cinema, pesquisar sobre, fazer cursos, sempre foi o meu melhor passa tempo; e agora, com o Projetando, minha página de cinema, está sendo mais que um “passa tempo”, está sendo um trabalho, que estou amando fazer. Ser cinéfilo para mim é isso, é ter essa paixão pelo cinema!

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que não, mas tenho que considerar que mesmo a pessoa entendendo muito de cinema, ela pertence a um círculo comercial vicioso que sempre vai predominar.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Definitivamente não. Mesmo que fique mais raro graças a predominância do streaming, o conforto da nossa casa nunca vai substituir a experiência coletiva do cinema. Pegar um balde de pipoca, entrar dentro daquela sala gelada e ter os mesmos sentimentos que todas as pessoas ali presentes são momentos insubstituíveis. A pandemia foi um tiro na culatra para o cinema, mas ele vai sobreviver.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Lawrence da Arabia, do David Lean. Mas vou trapacear um pouquinho e citar também a animação do Isao Takahata, Túmulo dos Vaga-Lumes.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Saúde em primeiro lugar.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Excelente. O incentivo é o maior problema do cinema brasileiro, que necessita urgentemente da retomada das políticas públicas voltadas à produção audiovisual. Mas felizmente as produções nacionais vêm sendo celebradas ao redor do mundo nos principais festivais e mercados. Não posso deixar de ressaltar também a posição dos streamings em relação às produções nacionais que fazem nossas histórias chegarem a um número bem maior de pessoas.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernando Meirelles.

 

12) Defina cinema com uma frase:

O cinema é a arte coletiva que constrói, manipula e encanta.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Ver minha namorada tentando comer um pacote de Ruffles de quase 300g numa sessão de Um Lugar Silencioso foi terrivelmente engraçado. Confesso que não sabíamos que Um Lugar Silencioso era tão... silencioso.

 

14) Defina ‘Cinderela Baiana’ em poucas palavras...

“Pau que nasce torto nunca se endireita(...)”. Acho que esse trecho da música já define o filme por si só.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não necessariamente. Por exemplo, um cozinheiro não precisa amar a cozinha para fazer uma boa comida; e as pessoas não podem parar de apreciar o seu trabalho só porque ele não ama o que faz. Mas uma coisa é certa, quando colocamos nossa paixão em nossos projetos, eles ultrapassam barreiras inimagináveis.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Com certeza foi A Serbian Film, do Srdjan Spasojevic. Filme nojento e doentio. Se você passar perto disso, só corre, sem olhar para trás.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Five Came Back, do Laurent Bouzereau.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, várias vezes. A mais “recente” foi Vingadores: Ultimato; assistir esse filme no cinema com mais de 100 pessoas ao meu lado foi uma experiência incrível.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Essa pergunta está fácil para mim porque assisti o novo filme dele recentemente. Pig, do Michael Sarnoski, com certeza é o melhor filme do Cage que já assisti! Inclusive, não me surpreenderia se ele aparecesse em algumas premiações futuras por conta desse longa.

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Revista Cinética e Cinema Com Rapadura. Além disso assisto a muitos vídeos no Youtube, visito muitas páginas sobre cinema no Instagram e frequento muito o Letterboxd, que é uma rede social de cinema que amo. Aaah, e não pode faltar o Guia do Cinéfilo.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Eu tenho o privilégio de ser assinante da maioria dos streaming disponíveis no Brasil, visito todos eles com muita frequência e, com isso, posso dizer que o Telecine Play está vencendo graças ao seu catálogo extremamente variado, principalmente quando falamos de clássicos.

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #499 - Gabriel Cosendey