13/01/2022

Crítica do filme: 'Pânico' (1996)


As diversas maneiras de encontrar o medo. Lançado em meados da década de 90, dando início a uma revolução quando pensamos em filmes de terror, Pânico, um dos mais conhecidos filmes de slasher (subgênero do terror onde há um serial killer, vítimas aleatórias e a descoberta de quem é o vilão) chegou chutando a porta da emoção com um abre alas pra lá de eletrizante que já mostrava a força do que vinha pela frente no roteiro assinado por Kevin Williamson, na época em seu primeiro trabalho como roteirista! E como acertou em cheio! A direção fica a cargo do genial Wes Craven que depois de inúmeros trabalhos como diretor de filmes de terror, uma carreira que começou no início da década de 70 com o filme Aniversário Macabro, iniciava a saga de sua franquia mais famosa.


Na trama, acompanhamos o início da trajetória de Sidney (Neve Campbell), uma jovem atormentada pela assassinato da mãe anos atrás que em seu presente precisa fugir de um terrível assassino mascarado que vem aterrorizando e deixando rastros de sangue na cidade onde mora, Woodsboro (cidade localizada no estado americano de Maryland). Com uma trilha sonora repleta de ótimas canções, o projeto teve um orçamento de 14 milhões de dólares e arrecadou quase 180 milhões de dólares em bilheteria por todo o mundo. O elenco tem ainda Courteney Cox, David Arquette e Skeet Ulrich, além da participação mais que especial de Drew Barrymore.


A juventude norte-americana, repleta de seus clichês e estereótipos constantes é retratada do ponto de vista emocional até com uma certa profundidade. Cheia de vícios, inconsequente, gera diversas críticas que são feitas das mais diversas maneiras mas principalmente pelas entrelinhas. Numa época sem whatsapp, onde existia telefones sem fio dentro das casas, o longa-metragem virou rapidamente parte da cultura popular global (imagina o fenômeno ainda maior que seria se fosse lançado nos tempos tão comunicativos e instantâneos atuais).


O roteiro surpreende pelos paralelos. Há muitas referências a outros filmes, não só de terror mas alguns outros famosos da indústria hollywoodiana. Há inclusive muitas brincadeiras nesse sentido, quando por exemplo em uma cena de namoro há menção a algum filme da Meg Ryan (figura muito famosa na indústria audiovisual norte-americana na época). A protagonista feminina é forte, destemida, mesmo com seus traumas sempre arranja um jeito em seguir em frente. Há ainda oportunidade de refletirmos sobre o papel sensacionalista da mídia na cobertura de eventos marcantes, a inesquecível Gale Weathers domina nesses momentos. A direção é detalhista, como se buscasse cada peça em seu lugar certo. Uma das sequências mais emblemáticas, a da festa já no arco final do filme, foi filmada em mais de 20 dias!


Disponível no catálogo da Paramount+, Pânico marcou gerações de cinéfilos e se tornou um sucesso atemporal que influenciou centenas de filmes dali pra frente.




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Análise em Vídeo: KING RICHARD: Criando Campeãs | O filme sobre Serena Williams e Venus Williams

 


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12/01/2022

Análise em Vídeo: NÃO OLHE PARA CIMA | POLÊMICO FILME DA NETFLIX!!

 


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11/01/2022

Análise em vídeo! SEASON FINALE DEXTER NEW BLOOD (com spoilers!)

 


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Globo de Ouro 2022 | Análise dos Indicados


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10/01/2022

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Pausa para uma série: 'Dexter: New Blood'


O retorno de um personagem marcante da história das séries. Buscando um novo desfecho para a saga do analista forense e serial killer mais famoso da televisão (agora dos streamings), Dexter: New Blood preenche lacunas, traz novos e intrigantes personagens e abre um ótimo debate sobre o maior dos conflitos de Dexter Morgan: a paternidade. Ao longo dos intensos (e alguns emocionantes) 10 episódios conhecemos muito mais as fraquezas de um homem e seu eterno conflito. Agora finalmente podemos dizer que uma conclusão digna fora feita... e que final!!!! Michael C. Hall não perdeu um segundo da essência desse grande personagem de sua carreira. Destaque também para Jack Alcott na pele de Harrison, o filho de Dexter.

Na trama, acompanhamos Dexter (Michael C. Hall) que após ter desaparecido (ele tinha sido dado como morto) vai morar numa cidadezinha gelada no interior de Nova Iorque com menos de 3.000 habitantes. Lá ele parece conseguir controlar de alguma forma seu instinto assassino, sua vida amorosa vai a todo vapor com a delegada local Angela (Julia Jones), trabalha em uma loja que vende armas de caça e mora em uma região um pouco mais isolada do centro da cidade. Tudo ia bem até que seu instinto assassino volta a dar as caras e paralelo a isso seu filho Harrison (Jack Alcott) reaparece misteriosamente para confrontar o pai sobre o porquê fora abandonado.


A grande vantagem do roteiro, desse que podemos chamar de uma minissérie complementar ao seriado Dexter, é que nos seus primeiros episódios consegue de maneira muito inteligente nos apresentar novamente o famoso personagem, explicar (mesmo que superficialmente) algumas questões que eram lacunas, nos mostrar possíveis cenários conclusivos e pitadas de futuros conflitos pelo qual ele passaria. A questão do anti-heroísmo não deixa de ser uma pauta para debates mesmo pela conclusão bombástica e que diz muito pelas entrelinhas.


O vilão do anti-herói, (sempre tem que ter um vilão né?!) talvez seja a questão mais decepcionante de toda essa minissérie. De maneira bem rasteira, sendo apenas um coadjuvante com desfecho inconclusivo, cheia de lacunas não preenchidas. O ponto alto e o foco quase que total é a questão da paternidade para Dexter e os conflitos que Harrison possui. Em busca de se conectar com o pai ausente, mostra sinais de violência descontrolada mas o debate nesse caso é mais amplo se formos pensar em tudo que está envolvido nas conflituosas emoções do jovem. Jack Alcott dá um verdadeiro show nesse complexo papel.


Pra quem é fã do seriado que frequentou nosso pensar de 2006 à 2013 em 8 eletrizantes e algumas decepcionantes temporadas, Dexter: New Blood é um grande achado, o desfecho que os fãs mereciam finalmente chegou!

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Crítica do filme: 'The Tender Bar'

 


As memórias e os ensinamentos que temos pelo nosso viver. Baseado no livro homônimo do escritor norte-americano, vencedor do Pulitzer, J. R. Moehringer, The Tender Bar aborda a questão da família em cima do subtópico ‘pai é quem cuida’. Ao longo dos reflexivos 106 minutos de projeção acompanhamos a saga de um jovem que busca na referência de seu tio razões para encontrar felicidade em um mundo repleto de conflitos e onde quase sempre as coisas não saem como planejado. A direção é assinada pelo ganhador do Oscar George Clooney e com destaques para as atuações de Ben Affleck e Tye Sheridan.


Na trama, conhecemos Jr (Tye Sheridan) um jovem repleto de sonhos que cresceu nas dificuldades que sua mãe (Lily Rabe) enfrentou em sua jornada de mãe solteira, tendo que recomeçar a vida e voltando para a casa do seu avô (Christopher Lloyd), onde mora também seu tio Charlie (Ben Affleck) que acaba virando sua grande referência na vida. Charlie tem um bar, com enormes referências à literatura, e onde Jr passa muitos de seus dias aprendendo nas leituras de clássicos mas também com as histórias de vida dos frequentadores.


Há uma linha muito delicada, traçada, para mostrar a questão da referência. Há um conflito enorme no personagem principal que é muito bem explicado com o paradigma dos sonhos de sua mãe para ele e a liberdade das escolhas que chegam por meio de seu tio. No arco final tudo faz muito sentido e vale o destaque para um diálogo profundo entre o protagonista e sua mãe sobre o que ele realmente quer da vida. E falando nesse tio, é quase um outro protagonista. Personagem difícil de decifrar, um autodidata limitado à sua bolha, culto e sem ambições, com seus conflitos no presente e no passado, que precisa ser uma espécie de pai para seu sobrinho. Ben Affleck rouba a cena em muitos momentos, em uma interpretação profunda, delicada e corajosa.


O filme, lançado no início de 2022 diretamente na Amazon Prime Video, por meio das memórias de J. R. Moehringer , nos prende a atenção do primeiro ao último minuto e de várias formas nos faz refletir sobre nossas próprias vidas e todas as referências que encontramos em nosso longo caminho entre sonhos, obstáculos e a necessidade quase impositiva de ser feliz.

 

 

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06/01/2022

'Se Organizar Direitinho...' - Análise Curta em Vídeo


Nesse vídeo, Raphael Camacho analisa de forma curta e objetiva o filme 'Se Organizar Direitinho…'.

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Pausa para uma série: 'Gente Ansiosa'


As linhas tênues entre a lei e as regras da vida. Baseada no best-seller do escritor sueco Fredrik Backman, Gente Ansiosa atravessa as surpresa de um mistério para refletir sobre a compaixão. Disponível na Netflix, essa minissérie de curtos seis episódios com cerca de 30 minutos em cada um deles mostra um acontecimento que vira um ponto de intercessão de algumas pessoas para entenderem melhor a própria vida que levam. Sem pretensões ou julgamentos o projeto encanta pela simplicidade e pelas ricas entrelinhas quando pensamos nas leis e nas regras de uma sociedade repleta de um conservadorismo exagerado.


Na trama, lançada no final de 2021 na poderosa rede de streaming, conhecemos os policiais Jack (Alfred Svensson) e Jim (Dan Ekborg), pai e filho que são os responsáveis por investigações em uma cidade do interior na Suécia. Um dia, são surpreendidos por um misterioso assalto que acaba provocando uma situação com reféns. Tentando lidar com a situação da melhor maneira, após a conclusão da tal situação, o bandido não é pego deixando os dias seguintes repletos de interrogatórios para descobrir enfim quem foi o responsável por tal ato.


Refletir sobre relações familiares com a camuflagem de um mistério longe de complexidade acaba deixando a narrativa de Gente Ansiosa bastante leve e acontece um fato curioso: por mais que queiramos saber quem cometeu o assalto, é muito mais rico a surpresa de como as ótimas subtramas se desenrolam para suas respectivas conclusões. Os personagens são ótimos, dentro de uma excentricidade certeira e as surpresas que acontecem nessas interseções acabam dando um ritmo muito prazeroso aos atos que são bem definidos no básico da apresentação, confronto e resolução.

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05/01/2022

Crítica do filme: 'Encanto'


As diversas maneiras de falar sobre família. Super candidato a ser o ganhador do próximo Oscar de Melhor Animação, o longa-metragem da Disney, Encanto, é uma fábula bastante superficial e com pouco carisma que busca a todo instante tocar no assunto família e seus desenrolares. Dirigido pela dupla Byron Howard e Jared Bush, além de músicas assinadas pelo gênio da Broadway Lin-Manuel Miranda, o projeto se embala em um roteiro onde assume os riscos em que a descrição precisaria ser concreta mas começa com o conceito (extremamente complicado de entender) antes de construir sua protagonista.


Na trama, conhecemos a história da família Madrigal, que vive em uma vila onde todos sabem que moram em uma casa mágica e quase todos os habitantes da família possuem poderes que chegam em determinados dias de suas vidas. A exceção é a jovem Mirabel que durante sua cerimônia para saber seu poder acabou não recebendo nenhum, sendo, de alguma forma, deixada de lado por grande parte de sua família. Mas tudo isso muda quando quase que inexplicavelmente ela percebe que a casa onde gerações de sua família moram está perdendo força, assim parte em busca de respostas e soluções.


Ao longo de quase 100 minutos de projeção vamos buscando nos encontrar em um quebra-cabeça complicado de entender com assuntos mágicos e inusitados que buscam apresentar, traçar paralelos dentro de sentidos existenciais. Os diálogos são oásis dentro de um contexto mal desenvolvido, sem criatividade, algo raríssimo de se conferir em filmes da Disney. A relação familiar, através do ter ou não ter um poder (e qual o sentido disso?!), pode ser um caminho para o espectador que se esforçar para criar uma ponte de conexão com o filme, mesmo assim há lacunas que não ficarão preenchidas, vagando muitas vezes no vale perdido do achismo.


Falta carisma nos personagens. Dentro do drama, já que animação é apenas uma técnica, a aventura se mistura causando problemas em explicar os porquês dos conflitos de seus personagens, fator chave para qualquer roteiro. Por esse e outros motivos apresentados aqui, chegamos a triste conclusão que essa é uma das mais decepcionantes animações da competente Disney de toda sua história.




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'Não Olhe Para Cima' - Análise Curta em Vídeo


Nesse vídeo, Raphael Camacho analisa de forma curta e objetiva o filme 'Não Olhe para Cima'.

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04/01/2022

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Crítica do filme: 'O Auto da Compadecida'


A malandragem de uma boa história. Divertido, empolgante, com personagens inesquecíveis que aborda a cultura popular, a tradição religiosa, o amor no mais puro sentido desse sentimento, O Auto da Compadecida foi lançado nos cinemas brasileiros em setembro do ano 2000 dirigido por Guel Arraes. Baseado em um clássico homônimo da cultura nordestina brasileira escrito por Ariano Suassuna, além de outros dois contos do famoso escritor, O Santo e a Porca e Torturas de um Coração, todos de meados da década de 50, o filme foi um grande sucesso de público e crítica levando mais de 2 milhões de pessoas às salas de cinema de todo o Brasil.


Na trama, ambientado na década de 30 no nordeste brasileiro, conhecemos dois amigos inseparáveis que se metem em diversas confusões próximo à região de Taperoá, na Paraíba. Chicó (Selton Mello) e João Grilo (Matheus Nachtergaele) são dois jovens, pobres, que fazem vários bicos em busca de suas próprias sobrevivências. Conhecendo bem a região e seus moradores, envolvem a maioria desses em diversas situações que mexem com a fé, com as tradições, com a ambição, com o desejo. O Auto da Compadecida é, sem dúvidas, um clássico do cinema brasileiro. Uma parte do texto, antes virara peça de teatro, tendo sua primeira exibição sendo feita em 1956 em Recife, em forma de auto, em três atos. Grandes artistas já encenaram os saudosos personagens, Agildo Ribeiro por exemplo foi um dos grandes intérpretes de João Grilo nos palcos.


O elenco é fantástico. Temos Selton Mello e Matheus Nachtergaele, nos papeis principais, temos Luis Mello de Diabo, Fernanda Montenegro de Compadecida (a própria Nossa Senhora), Marco Nanini como Severino (o perturbado Cangaceiro), Lima Duarte e Rogério Cardoso nos papéis religiosos, Paulo Goulart como Major Antônio Morais, pai de Rosinha, interpretada por Virginia Cavendish. Tem também os ótimos Denise Fraga e Diogo Vilela que fazem um casal, ela uma assanhada dona de casa ele o padeiro da região.


Da cultura à boa história. Assistindo a esse belo filme nós rimos, nos emocionamos, conhecemos melhor toda uma cultura de um nordeste criativo, das origens do cordel, dos traços do barroco, da importância religiosa e as devoções. Um dos méritos do roteiro, que teve surpervisão de Suassuna, é encontrar uma forma alegre e descontraída de mostrar o retrato de uma vida dura de muitos dentro de uma sugestiva magia e criatividade da cultura brasileira. Mas não fica apenas em referências daqui, já que até há traços de Decamerão, de Boccaccio, no filme. 


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03/01/2022

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Crítica do filme: 'Lulli'


O processo de aprendizado das fases da vida. Buscando pontos reflexivos sobre um período sempre caótico na vida de muitos de nós, nas transições para a fase adulta, Lulli, filme disponível no catálogo da Netflix chega a ser ingênuo em muitos momentos. Pegando uma receita de bolo oriunda de um cinema norte-americano com suas fórmulas e clichês que sempre tem consumo, o filme percorre o superficial deixando mensagens óbvias sobre o amadurecimento. O filme é dirigido pelo cineasta César Rodrigues e tem no papel principal, a atriz Larissa Manoela.

Na trama, acompanhamos a esforçada estudante de medicina Lulli (Larissa Manoela), uma jovem de classe média baixa que sempre teve o objetivo em ser médica. Na fase final desse sonho, já na residência, busca encontrar um equilíbrio entre sua carreira e o seu relacionamento com Diego (Vinícius Redd). Durante um exame em um paciente em estado muito debilitado, Lulli acaba levando um grande choque o que faz com que ela ganhe o poder de ler a mente das pessoas. Assim, acaba entrando em uma espiral de redescoberta sobre o poder da comunicação em relação ao que sente sobre os que a cercam.


A narrativa é aquela básica já mencionada, tudo é muito fácil, tudo é muito simples, raso, longe da realidade do amadurecimento. As subtramas são mal exploradas, sem brilho. Os amigos que cercam Lulli entram no modo caricato jogados em diálogos sem expressões, bem longe da complexidade que é o viver. As cenas entre mãe e filha não encontram a profundidade necessária para entendermos por completo aquela relação e as transformações que acontecem a partir do acidente. A parte amorosa, o amor da protagonista e Diego, ligada ao mais puro sentimento, se prende em um ciúme bobo não desenvolvendo a relação propriamente dita. O sonolento roteiro, assinado por Renato Fagundes e Thalita Rebouças, fica numa região intermediária entre o absurdo e o mais do mesmo.


Lulli deve fazer um sucesso de views já que Larissa é uma das atrizes de sua geração com mais seguidores e fãs que traz desde seus primeiros trabalhos na televisão. Mas como cinema, é uma página esquecível, sonolenta, água com açúcar demais.


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Crítica do filme: 'O Canto do Cisne'


Os confrontos com o eu, o seu, o meu. Disponível no catálogo da Apple Tv +, O Canto do Cisne possui um roteiro engenhoso onde é preciso muita paciência para um entendimento completo do que acontece. Falando sobre família, escolhas, dores e amores, o projeto escrito e dirigido pelo cineasta irlandês Benjamin Cleary nos leva a uma jornada existencial em um futuro não longe daqui. No papel principal um dos mais competentes atores do momento Mahershala Ali que mais uma vez emociona do início ao fim na imersão profunda de um personagem extremamente complicado.  


Na trama, conhecemos o artista Cameron (Mahershala Ali) que se encontra em anos no futuro perdido em uma notícia que abalou seu pensar: ele está com uma doença terminal e não sabe como contar para sua família. Assim, acaba explorando uma possibilidade que chega por meio da doutora Jo (Glenn Close), que é criarem um clone dele para esse viver o resto da vida que ele não pode viver ao lado da família e por consequência defendendo da dor da perda sua esposa Poppy (Naomie Harris) e seu filho pequeno. Uma escolha complexa, cheia de variáveis precisará ser tomada.


Repleto de caminhos representativos em torno do luto, da perda, o filme nos levar a pensar em variáveis criativas que acabam vindo com uma responsabilidade, também desestrutura qualquer alicerce emocional. As facetas do personagem, desde seu lado amoroso, a construção de seu amor pela esposa, pela família, até os dias atuais, em contraponto, onde sofre praticamente sozinho por conta da doença que não quer conversar são mostradas em detalhes deixando a narrativa lenta em muitos revelando os sentimentos dos personagens de forma profunda. Um trabalho emocionante e intenso de Mahershala Ali, passa emoção a cada segundo em cena.


Os avanços tecnológicos ganham reflexões quando pensamos nas ações da Dra. Jo ligadas à ética, e também do uso das gravações em lentes que mesmo dinâmicas deixam o ser humano presos a informações gravadas artificialmente. Também na questão clonagem e os paradigmas da passagem de memória, teorias que filósofos do cotidiano nenhum podem negar ser interessante pensar.


Swan Song tem cenas lindas, nos embates sobre as escolhas, como se nas dores encontrássemos caminhos para o não sofrer dos que estão ao nosso redor. Com quase duas horas de duração e atuações marcantes, o filme promete emocionar a muitos.

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