Uma obra audiovisual em que nada é o que parece. Assim podemos começar a falar de Duas Covas, a nova minissérie espanhola que alcançou ao Top 1 da Netflix logo em sua semana de estreia. Apesar de apresentar um episódio piloto apenas morno, consegue encontrar um rumo interessante quando mete o pé no acelerador numa trama que aposta nas surpresas escondidas pelo caminho. No papel principal, a ótima Kiti Máver da vida a uma avó angustiada que liga o modo detetive na busca da neta.
Isabel (Kiti Mánver)
é um senhora aposentada que vive numa confortável casa no alto da belíssima cidade
de Frigiliana, na província de Málaga. Tudo ia bem em sua vida até o dia
fatídico em que sua neta preferida desapareceu, junto de uma amiga - filha do
mafioso Rafael (Álvaro Morte). Anos
após o ocorrido, ainda em busca de informações sobre o que aconteceu, Isabel
começa a descobrir peças importantes desse quebra-cabeça.
O clima de suspense é constante, com a imprevisibilidade dos
personagens se tornando uma ponte importante - mesmo que alguns deles não sejam
tão bem desenvolvidos na trama. Do luto prolongado aos segredos de família e à
incapacidade policial, o suspense encontra mais camadas que o drama.
Parafraseando Confúcio, e colocando a vingança como ponto
central, o projeto parte de disfunções familiares, esticando a corda dos acontecimentos
com uma revelação atrás da outra. Presa totalmente ao ponto de vista da
protagonista – o que limita o discurso –, Duas
Covas parece apostar no chocar de uma violência marcante para trazer luz
sobre as consequências ligadas à dilemas morais.
Com três episódios, todos já disponíveis na Netflix, Duas Covas é mais uma minissérie que tenta
prender a atenção por seus mistérios, mas deixa uma sensação de que falta algo
para que esse caldeirão de segredos se torne realmente inesquecível.