19/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #218 - João Paulo Santana


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. João Paulo Santana é professor de História, Geminiano, apaixonado por cinema e fotografia, Vascaíno e apaixonado por Lp's de vinil. Instagram @santana_discos.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

https://www.cineodeon.com.br/ - Cine Odeon, tem noventa anos e tem muita história e foi reformado há alguns anos e hoje é um dos poucos cinemas de rua que apresentam filmes alternativos e nacionais, diferentemente das salas multiplex de shopping. E foi onde eu assisti com meu pai o filme: A Lista de Schindler em 1993, fora as maratonas cinematográficas que rolavam todas as primeiras sexta-feiras do mês.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Jurassic Park e O Exterminador do Futuro 2 foram filmes que me deixaram extasiado, com tantos efeitos especiais e pelo roteiro.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Stanley Kubrick - O Iluminado e Alfred HitchcockPsicose.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Auto da Compadecida - pelo elenco, pela forma que foi filmado e pela adaptação do texto do Suassuna.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser apaixonado, é viver uma grande paixão com a sétima arte e com a cultura em geral e poder viver uma grande experiência.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

 

No caso das salas culturais, como as salas da NET, Itaú onde são exibidos filmes fora do circuito eu acredito que sim, porém nos multiplex de shoppings centers eu acho que a maioria visa somente o lucro.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não, pois ali é o único lugar onde podemos ter o prazer de assistir alguns filmes feitos para aquele ambiente onde a experiência é completa entre som e imagem.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Ruas de Fogo (1984), Walter Hill.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, pois apesar de tudo devemos preservar a saúde de todos e uma sala fechada seria um prato cheio para que o vírus se propagasse mais, porém sei que as pessoas precisam trabalhar e necessitam disso, mas não acredito que que com todos os protocolos da OMS, as salas de cinemas seriam um lugar seguro.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Tem melhorado bastante, com a presença forte de ótimos novos diretores e roteiristas, que enaltecem mais a cultura nacional e não são meras versões brasileiras de comédia pastelão americanas.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Melo, por ser um excelente ator, diretor e dublador.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A sala de cinema para mim é sagrada, como se fosse um templo religioso e que merece todo respeito.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Quando assisti: Seven - Os 7 pecados capitais, que é um suspense bastante denso, porém tinha o ator Brad Pitt em um dos papéis principais, fez com que o cinema lotasse de meninas afim de ver o galã, porém quando elas notaram que se tratava de um filme bem pesado, começaram a sair da sala aos poucos.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca assisti.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Nossa, eu imaginava que todos fossem, pois além da técnica é sempre bom ter paixão pelo que você faz, acho que sem isso o trabalho fica muito mecânico.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Jurassick Park - Lost World, Aves de Rapina, Exterminador do Futuro Genêsis

 

17) Qual seu documentário preferido?

Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão? 

Sim, diversas vezes.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face e A Rocha.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Era leitor assíduo do Omelete, mas tem tempos que não acesso. Gosto do Cinema em Cena do Pablo Villaça.

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Crítica do filme: 'Destemida'


A rebeldia como forma de desconstrução. Disponível no catálogo da Netflix, o longa-metragem polonês Destemida, Jak zostac gwiazda no original, busca adaptar o famoso feijão com arroz das fórmulas de sucesso do cinema norte-americano aos tempos atuais, a era do selfie, das hastags e da corrida frenética por seguidores. Filme simples até demais o que deixa tudo às margens da superfície, sem se aprofundar em temas que poderiam gerar boas reflexões ao espectador. Dirigido pela cineasta Anna Wieczur-Bluszcz, o projeto não passa de uma sessão da tarde musical made in Polônia.


Na trama, conhecemos Marta (Katarzyna Sawczuk) uma jovem que mora em uma cidadezinha no interior da Polônia junto com sua mãe, a professora Malgosia (Anita Sokolowska) e sua avó (Maria Pakulnis). Certo dia, um famoso programa de televisão que escolhe novas vozes para o estrelato irá ter audições na cidade onde a protagonista mora. A questão é mais complexa pois o pai de Marta, Olo (Maciej Zakoscielny), com quem ela nunca teve relação, é um dos jurados. Assim, para tentar se aproximar dele, Marta resolve se inscrever no concurso.


As luzes criam um corredor que cruzam de novo os acontecimentos. Em 15 minutos de projeção já sabemos grande parte da história dessa comédia com pitadas de drama que não avançam muito. Água com açúcar e com clichês aos montes, o roteiro busca entregar alguma mensagem sobre relações pais e filhos mas é tudo muito corrido e sem muito sentido, principalmente, quando observamos nos arcos finais uma tentativa de jornada de redenção forçada do pai. Uma das definições mais certeiras para esse projeto é uma história rasa, resvaladoura que corre pelos moldes da superfície, deixando a profundidade pelo caminho.

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18/12/2020

Pausa para uma série: Os Favoritos de Midas


O conflito entre a ética e a moral imersas dentro de um contexto de sentimentos variados em uma sociedade egoísta e longe de ser unida. Novo seriado espanhol da gigante do Streaming Netflix, Os Favoritos de Midas, criada pela dupla Miguel Barros e Mateo Gil, baseado em partes em uma obra homônima de Jack London, é uma alucinante busca por um grupo misterioso que envia cartas e mata além de inúmeras portas perigosas e nada amistosas a se abrir para um protagonista que além de milionário começa a perceber que nunca estará no controle total de sua própria vida. Um dos grandes méritos da produção são as profundas subtramas que vão desde o papel do estado em situações emergenciais à ética do jornalismo. Interessantíssimo trabalho protagonizado pelo excelente ator espanhol Luis Tosar.


Na trama, conhecemos o poderoso homem de negócios Víctor Genovés (Luis Tosar), que após ser premiado com uma gigantesca herança de um outro homem poderoso, vira presidente de um dos mais influentes e bem sucedidos grupos de comunicação da Europa. Solitário em sua luxuosa cobertura, buscando uma melhor relação com seu filho que mora com a ex-esposa, passa seus dias no escritório e tocando uma guitarra solitariamente nos curtos momentos de folga. Tudo isso muda quando um certo dia passa a receber cartas de um grupo que auto denomina-se Os Favoritos de Midas que o ameaça com uma morte sempre que ele não depositar uma certa quantia numa certa conta bancária. Assim, tendo que envolver a polícia, o Estado, uma jornalista com quem se envolve romanticamente, Victor precisará de muita força mental para tomar as melhores soluções, mas será que ele consegue?


Modernizando o capitalismo com as fortes ações do quarto poder e uma importante influência do Estado, Os Favoritos de Midas não é um suspense onde vamos encontrar quem são os culpados pois esses estão bem acima quase em um lugar inimaginável, dominando atrás das cortinas importantes decisões de âmbito nacional, é mais sobre a figura de homem e seus conflitos morais sendo que as consequências chegam através de suas escolhas muitas vezes tomadas sozinhas já que muitos se afastam dele quando enxergam o conflito de grandes proporções. As vezes é sobre também como aceitar a derrota da maneira: protegendo sua vida ou indo em confronto ao que acredita no lado moral das ação.


O papel do jornalismo é figura quase central dentro de tudo que se monta nessa grande teia de aranha que consegue modelar o roteiro. A Moral, acordos escondidos, notícias polêmicas, ações de jornal, tudo isso é colocado dentro de um grande liquidificador onde muitas vezes não há certo ou errado ou muitas vezes fogem das questões para não tomar uma decisão. O elenco é muito bom e consegue passar toda dor e conflito de seus complexos personagens.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #217 - Morgana Melo


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Niterói. Morgana Melo é destinada à Comunicação. Além de ser geminiana e da formação em Jornalismo, cursa Cinema e está cada vez mais apaixonada pelo mundo da cultura. Tem o sonho de criar narrativas, audiovisuais ou não, para que muitos possam se identificar e encontrar, na sua escrita, sua própria zona de conforto. A arte é muito importante para nos fazer sentir vivos e ela pretende andar de mãos dadas com ela por muitos e muitos anos.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação?

Detalhe o porquê da escolha. Eu gosto muito de ir ao Reserva Cultural, pelo número restrito de pessoas e ser um ambiente que respira cultura. Geralmente, assisto aos filmes que não passam nas grandes cadeias de cinema (principalmente, os do Oscar).

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

 Por incrível que pareça, já tive esta experiência no meu primeiro filme no cinema, que foi Lilo & Stitch. Saí como se tivesse descoberto um novo mundo.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Apesar de amar Woody Allen (como profissional), escolho Richard Curtis. Eu admiro diversas obras, então fico entre Notting Hill e About Time.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Estou em falta com filmes brasileiros, então fico com Minha vida em Marte. Gosto muito da escrita da Mônica Martelli.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Gostar de assistir filmes para além do entretenimento e, sim, como estudo e forma de compreender a sociedade. Afinal, a arte imita a vida e vice-versa.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Não mesmo! Querendo ou não, o cinema é uma das principais indústrias e, consequentemente, visa o lucro. Sendo assim, os filmes escolhidos, em geral, são os blockbusters. Aqui mesmo, em Niterói, se quisermos ver obras de qualidade, precisamos ir ao Reserva Cultural, Cine UFF ou pegar um transporte até a Zona Sul do Rio de Janeiro.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Sua estrutura será constantemente modificada de acordo com a tecnologia e nosso conforto.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O francês Qual é o nome do bebê?. Original e com diálogos excelentes.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não! Acho uma tremenda irresponsabilidade fazer isso, visto que são ambientes fechados que as pessoas comem e conversam. Ter o distanciamento social, neste caso, é irrelevante. Já temos alternativas, online e a volta dos drive-ins.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Mudanças são necessárias. Ainda temos muito a visão de que precisamos imitar Hollywood para sermos ouvidos, mas quando vamos por conta própria, temos excelentes resultados.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não sei se faço isso com os nacionais, mas Paulo Gustavo, Ingrid Guimarães e outros da comédia. Gosto muito de vários, mas eles são mais do teatro e da tv.

 

12) Defina cinema com uma frase:

A arte que me tira do lugar mesmo sentada em uma cadeira.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Quando estava assistindo Me Chame Pelo Meu Nome, não havia quase ninguém na sessão. Na mesma fileira que eu, tinha um grupo de senhoras assistindo e comentando. Em diversas cenas LGBT, todas faziam comentários homofóbicos e muito pesados. No momento em que o pai do protagonista debate sobre a sexualidade do filho, elas ficam horrorizadas e se opõem ao discurso liberal feito. Minha vontade foi de entrar numa discussão sobre como as pessoas não pesquisam sobre os filmes antes de assistir (além de todo o preconceito que merecia um silenciamento), mas optei por passar raiva e deixar para lá. Tá, tudo bem, aproveitei que estava com uma amiga e comentei, em alto e bom som, o que eu tinha gostado no filme.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Infelizmente, nunca vi.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que para ser um diretor de cinema você precisa de referências. Não é essencial que você conheça todos os movimentos e estudos de câmera, mas ter inspirações e conhecer histórias faz com que seu trabalho seja ainda mais completo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

 Tenho uma lista de filmes que detesto, mas acho que O Pequenino.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Elena, de Petra Costa. É tão sensível e potente que me inspira para meus próprios roteiros sobre vivências pessoais. É a mistura de realidade com a imaginação criativa.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, com certeza. Mais no embalo de todos estarem fazendo do que puxar. Inclusive, acho um tanto curioso pessoas baterem palma para algo/alguém que não consegue escutá-las.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Não me recordo de nenhum que chame a minha atenção.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Omelete e Adoro Cinema.

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17/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #216 - Igor Galletti


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, do Rio de Janeiro. Igor Galletti é jornalista, com passagens pelo jornalismo esportivo, que se aventurou no jornalismo cultural, com a página @cine.cldscp, no Instagram. Carioca, de 27 anos, pai orgulhoso, que ama cinema, música e literatura.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

O meu cinema favorito na cidade do Rio de Janeiro é o Cinema Estação de Botafogo. Cada uma com sua peculiaridade, ambas bem organizadas e com ótimas programações, mesclando filmes comerciais, nacionais e europeus, do circuito mais alternativo. Os cinemas são de rua, ao lado de bares, em uma das ruas mais efervescentes do bairro, além de oferecer cursos de cinema e promover outros eventos.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Foi o filme Edukators (2004), de Hans Weingartner. Eu era bem novo e fui com minha mãe e uma amiga dela. O filme teve um impacto interessante, pois fala sobre desigualdade social, com uma crítica interessante ao sistema capitalista. Eu consegui pescar, mesmo que de forma inocente, a essência do filme e me senti influenciado pelo o que o filme queria dizer. Foi a primeira vez que eu percebi o impacto social e transformador que um filme pode ter na sociedade.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

É difícil escolher um, mas vou ficar com o Martin Scorsese. O meu favorito dele é "Taxi Driver" (1979).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Cidade de Deus (2002), pois é um filme que traz um marco importante para o cinema nacional, consegue aliar a essência do Cinema Novo com técnicas modernas de edição e filmagem, estabilizando o cinema nacional após a Retomada, com seu sucesso internacional avassalador. Os atores, que não eram atores de formação, são impressionantes, o roteiro e a montagem são incríveis, a trilha sonora no ponto, é perfeito no ponto de vista técnico. É um filme que define uma época, assim como foi Bacurau agora e os filmes de Gláuber Rocha.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Sabe quando você sente vontade de bater palma depois que um bom filme acaba? Acho que ser cinéfilo é isso, sentir o filme de uma forma diferente, mais passional, saber o efeito que um filme, enquanto expressão artística, pode transformar as pessoas e, consequentemente, a sociedade. Ser cinéfilo é assistir e deixar ser assistido por um filme.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que sim. O cinema faz parte da indústria cultural, tanto em sua produção quanto na distribuição. Quem faz a distribuição também pensa no lucro que o filme pode render e acredito que esse seja o primeiro pensamento ao organizar uma programação, o que aquele filme pode render financeiramente, não mais precisamente na qualidade do filme em si. Mas também há cinemas que abrem espaço para filmes com outras características, mais independentes ou alternativos. Nas duas opções, quem organiza um cinema precisa ter um olhar diferenciado para ajeitar suas programações, o que eu acho que acontece de uma maneira geral.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não, nunca. O que vai acontecer (e já acontece) é o surgimento de novas formas e meios de se assistir um filme, como é o caso do streaming, mas é difícil que apareça um meio que substitua o cinema, ao ponto de o torna-lo obsoleto. É difícil que apareça um novo meio que consiga emular fidedignamente o cinema e as sensações adquiridas em uma sala de cinema, essa imersão total, o afastamento do agora. São essas sensações únicas, e que precisam ser saciadas, que diferencia o cinema de outros meios e o torna insubstituível.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vou falar um brasileiro: Arábia (2018), de João Dumans e Affonso Uchoa, um retrato primoroso da classe operária brasileira.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

As autoridades brasileiras não entendem (ou não querem entender) como lidar com a pandemia. Não acredito que a sociedade brasileira esteja preparada para reaberturas tão significativas, justamente por não ter uma consciência coletiva de como enfrentar a doença de forma sensata. Nesse cenário em que vivemos, acredito que não seria o mais indicado abrir antes da vacina. Mas, se seguirem os protocolos de segurança e saúde, se pensar um modelo que não seja tão nocivo e, ao mesmo tempo, acessível, podem-se encontrar boas saídas para a abertura.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Alta qualidade. O cinema brasileiro evoluiu bastante tecnicamente e esteticamente. É um cinema de fato brasileiro, pois se vê boas produções feitas em diversas regiões, não se limitando ao eixo Rio-São Paulo. Além disso, é um cinema feito na raça, pois os incentivos do governo diminuíram significativamente, o que faz com que o cinema atual seja de resistência. Então, é admirável o que foi feito com as dificuldades, o que só reforça o quão rico culturalmente o nosso cinema é.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Fernanda Montenegro e Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Espelho dos sonhos.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Uma vez o filme simplesmente sumiu da tela. Deu uma pane no projetor e a sessão teve que ser encerrada. Ninguém terminou de assistir o filme e o cinema deu ingresso de graça para escolher uma outra sessão em qualquer horário para repor a falha.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Mais um clássico do É o Tchan.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não precisa ser cinéfilo, precisa ter coragem, e amor pela arte.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Cada Um Tem a Gêmea que Merece.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Estamira (2004), de Marcos Prado.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Já! Com vergonha, mas já. Na maioria das vezes, espero alguém puxar a palma e vou atrás.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O Senhor das Armas.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Imdb.com

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16/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #215 - Roberta Mathias


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Roberta Mathias é Antropóloga, Fotógrafa e Mestre em Filosofia - Estética/Cinema. Doutoranda no Departamento de Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com coorientação pela Universidad Nacional de San Martin (Buenos Aires). Doutoranda em Cinema pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Além disso, é Pesquisadora de Cinema e Artes latino-americanas.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Escolheria uma recém-fechada: Cine Joia, em Copacabana. Sala na qual vi meus primeiros filmes projetados.  Uma sala que passou por diversas transformações ao longo dos anos e foi resgatada em meados dos anos 2000 por entusiastas.Conseguiu sobreviver até a pandemia com programação diversa contando com mostras de cinemas, shows,saraus... Entendeu a sala como espaço de encontro e possibilidade de trocas. Que ao Cine Joia ainda restem 5 vidas. Ainda cito como menção honrosa o lindo trabalho da Ponto Cine de resgate e formação de audiência para o cinema nacional.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Nosthalgia, Andrei Tarkovsky. Meu pai era cinéfilo (a polêmica aqui pode ser: não me considero como tal). Ele tinha um amigo de quem pegava entre duas ou três fitas por semana após sua aposentadoria. Estava passando por acaso em seu escritório e parei na frente da Tv com a sequência da piscina. Tinha entre 6 e 7 anos e pensei exatamente isso: Isso é completamente diferente de tudo o que vi. A situação foi repetida em meu primeiro ano de cinema, já em uma faculdade quando o professor de som resolveu passar o filme.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Pergunta muito difícil e que muda quase diariamente. HOJE e para as suas sequências de perguntas(rs), eu diria: Cinema Paradiso, Bem-vindo à Casa de Bonecas e O Pântano porque tiveram papéis importantes em minha formação audiovisual. Mas não sei, por exemplo, se diria que os três diretores seriam meus favoritos. Certamente, a Lucrecia Martel integra uma possível lista porque abriu meus olhos definitivamente para o cinema latino-americano (pelo qual tenho particular interesse) ...

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Outra pergunta dificílima (e agora você percebe que não consigo responder diretamente a perguntas sobre cinema). Acho que adotarei a mesma tática da resposta acima, HOJE Macunaíma : por tudo o que representa para a cultura nacional; Edifício Master :porque o Coutinho me apresentou a uma outra forma de cinema documental que pode ter influenciado minha mudança de trajetória profissional e Sinfonia da Necrópole da Rojas e Temporada do Novaes: por anunciarem um novo cinema nacional que muito me interessa.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Como disse anteriormente, não me considero cinéfila. Talvez precise de um desprendimento que não tenho. Um poder transitar por entre linguagens e temáticas que não possuo. Acredito que meu pai o fosse, pois se interessava por cinema em geral e todos seus formatos. Quase como um colecionador. Por mais amplos que sejam meus interesses e minha paixão pelo cinema, acho que existe um espectro pelo qual decido caminhar.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Acredito que no “entender de cinema” existe uma gama vasta de possibilidades. A sala precisa dialogar com o espectador. Acredito que, quando ela o faz, cumpre seu papel. Por isso, o programador pode exercer um papel de mediador, procurando entender o que a sala permite para aquele espaço específico (bairro, cidade, país na qual a sala está localizada) e o que seria de interesse do público. É claro que algumas salas se transformam em entidades e começam a atrair a um público específico a partir de sua própria programação, o que também pode ser bonito de se ver.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

O cinema é uma técnica em transformação. Vou usar o exemplo da fotografia. Comecei a fotografar profissionalmente antes de me envolver com cinema- apesar da paixão pelo cinema ter vindo antes. Quando comecei, peguei a rebarba da fotografia analógica e início da fotografia digital no país. Fiz minha formação no SESC ainda com um laboratório super ativo e com a fotografia analógica como parte de metade do curso. Logo depois, isso desapareceu, mas voltou como vintage ou linguagem artística. Então, não acredito que as salas irão acabar. Acho que elas irão se modificar e dar espaços para outros formatos de exibição como já vem acontecendo. Mas, é complicado fazer um exercício de futurologia. As coisas, os conceitos e os sentimentos estão em constante modificação.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram, mas é ótimo.

Acredito que esse conteúdo será lido por iniciados, não é? rs Eu gosto muito do deixar-se ser contradição que é o Raúl Perrone. Um dos meus diretores em atividade favoritos e sempre citado. Então, para quem me conhece não será exatamente uma surpresa...

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. Bem direta. rs Mas posso desenvolver um pouco... Antes de tudo temos uma responsabilidade social e não podemos nos distanciar dela. O Brasil é um país que vive uma crise em quase todos os possíveis sentidos da palavra. Não precisamos de uma crise sanitária. O que não significa que eu seja contra o consumo e a divulgação dos cinemas ante da vacina. Sou extremamente entusiasta do conteúdo distribuído por meios virtuais. É outra coisa? É. Mas é o mais seguro e responsável nesse momento.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que o cinema brasileiro vem criando novas identidades desde meados dos anos 2000 e isso é motivo de comemoração para qualquer amante de cinema. Como disse em outra pergunta, gosto muito do cinema feito pela Juliana Rojas, pelo André Novais, pela Plano3 Filmes e um “novo, novo” cinema recifense que vem nascendo... Me parece um cinema que olha mais para dentro de nossas feridas, não como um olhar de denúncia – porque já sabemos os erros que cometemos na tentativa de construção de uma identidade nacional-, mas como um olhar de urgência. Essa me parece a postura a ser tomada diante de algumas questões. Emergência é a palavra e, se o cinema puder ajudar nisso, um tanto melhor. Sem perder a sensibilidade, melhor ainda. E, sinto um tanto disso nas referências citadas. Mas tem muita gente boa que não entrou...

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Não sei mesmo...

 

12) Defina cinema com uma frase:

Possibilidades.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Depende do gênero favorito. Já vi gente abrir garrafa de espumante e sacar da bolsa salada de frutas, geléia de damasco e torradinhas (estavam ao meu lado e fiz questão de olhar o sabor), mas a que conto sempre é a experiência de ver Dançando no Escuro na pré-estreia do Festival do Rio em um Odeon novinho. O filme acabou: metade da plateia em prantos e a outra metade permaneceu estatelada nas cadeiras.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Beleza, graça e ironia brasileiras. Típico caso: Quando transformam o filme em algo melhor que ele mesmo. Não, à toa, somos campeões em memes. 

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não. Rs.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Não me lembro. Memória seletiva. Rs Sério. Se não gosto, deleto porque o HD já está cheio demais.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Edifício Master para ser coerente com a resposta anterior (mas é possível que eu já citasse um outro Coutinho aqui se essa entrevista fosse presencial).

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

 

Coração Selvagem e Adaptação dividem o posto.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Sem querer  fazer "oba-oba" para os colegas, a Revista Rebeca. É conteúdo acadêmico, mas é para falar a verdade, né? rs

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Crítica do filme: 'O Baile de Formatura'


A crise no narcisismo. Baseado em uma peça de grande sucesso na Broadway, indicada a diversos Tony’s inclusive, O Baile de Formatura, Prom no Original, fala sobre preconceito, medos e também de indiferenças por trás das cortinas da Broadway. O projeto dirigido por Ryan Murphy tem duas vertentes: a dos artistas que no meio da batalha contra o preconceito, junto à protagonista, refletem sobre a vida, a carreira e seus medos e inseguranças; e também a de Emma (interpretado pela debutante em longas-metragens Jo Ellen Pellman) que além de forte e corajosa, enfrenta o preconceito para ter a liberdade de amar sem julgamentos. Em um resumo geral, é um musical que consegue transmitir suas mensagens, mesmo com alguns arcos preguiçosos e sonolentos. No elenco nomes conhecidos do cinema e da Broadway como Meryl Streep, Nicole Kidman, Kerry Washington, James Corden, Andrew Rannells e Ariana DeBose.


Na trama, conhecemos Dee Dee Allen (Meryl Streep) e Barry (James Corden) dois atores famosos da Broadway que fracassam mais uma vez na estreia de um espetáculo tendo críticas horríveis em alguns jornais. Buscando saírem um pouco dos holofotes e ajudar alguma causa que dê projeção para um retorno triunfal aos palcos, através da amiga e também atriz Angie (Nicole Kidman), descobrem uma garota chamada Emma (Jo Ellen Pellman) que mora no interior dos Estados Unidos, em Edgewater Indiana, que praticamente fora proibida de ir ao baile de formatura de sua escola com sua namorada. Chegando até a cidadezinha, os artistas farão de tudo para ajudar Emma para que ela tenha a festa que merece além do respeito.  


Como combater o câncer da intolerância? Composto por diversos números musicais, O Baile de Formatura é muito mais eficiente em mostrar as questões existenciais dos artistas da Broadway do que propriamente falar mais sobre todo o drama de Emma. No primeiro ponto, uma eterna guerra fria entre críticos e artistas ganha contornos no projeto, mesmo que bem superficial logo no abre alas, as pequenas subtramas de Dee Dee Allen e seus problemas amorosos, Barry e suas lembranças tristes sobre quando fugiu de casa, tudo isso tem uma certa relevância dentro do contexto do filme. No segundo ponto, o filme não consegue entregar muita profundidade na história de Emma, sendo até mesmo superficial em assuntos que deveriam ganhar tempo de cena como os contextos de sua saga contra o preconceito.


Lançado na Netflix nesse final de 2020, O Baile de Formatura, mesmo com defeitos, consegue transmitir suas mensagens.

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15/12/2020

Crítica do filme: 'El Baile de la Gacela'


A beleza das descobertas da melhor idade. Com um roteiro simples e uma direção detalhista, El Baile de la Gacela é praticamente um conto urbano sobre um homem que através do amor enxerga uma nova maneira de viver a vida. Escrito e dirigido por Ivan Porras (Enrique Pérez Him também assina o roteiro) e passando pelos passos básicos da salsa, o movimento da cadeira do merengue, a intimidade do bolero acompanhamos um protagonista e seu eterno dilema que encontra solução de maneira inusitada: Qual a graça da vida se esquecemos os prazeres dela? Belo filme costa-riquenho.


Na trama, conhecemos Eugenio (Marco Antonio Calvo Coronado), um senhor de idade que anda pela vida sempre acompanhado do seu velho e eficiente radinho sintonizado em programas sobre futebol. Ele é um ex-jogador de futebol muito famoso na década de 70 que ficou marcado por uma chance desperdiçada nas épocas de jogador. Com o apoio de sua neta Marina (María José Callejas) ele frequenta uma academia de danças para terceira idade administrada por Daniel (Patricio Arenas). Com a chegada de um concurso, o protagonista fará de tudo para conseguir convencer Carmen (Vicky Montero), sua grande paixão, a dançar com ele na competição.


Todos temos uma história para contar. Um concurso, uma chance de se aproximar de um grande amor em um universo dançante e com pingos generosos de emoção. A saga de Eugenio é bem construtiva quando pensamos em relações interpessoais. Buscando, mesmo de maneira não voluntária, curar suas dores do passado e acabar com seu sofrimento de décadas, o frustrado personagem acaba envolvido em uma transformação através da sua quebra de preconceito e um melhor entendimento sobre os outros que estão ao seu redor.


Arcos finais do filme possuem mais profundidade, conseguimos nos identificar mais com o protagonista, além de Daniel e Carmen (fundamentais na transformação de Eugenio). Direto da Costa Rica, El Baile de la Gacela não é um filme fácil de encontrar mas merece ser visto. Se você dançar merengue vai se divertir, se assistir a esse filme também.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #214 - Heitor Lopes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Heitor Lopes é estudante de cinema e audiovisual da UNILA (Universidade Federal de Integração Latino Americana). Estuda cinema a mais ou menos uns 6 anos e hoje tem uma página chamada Odisseia Visual, no Instagram (@odisseiavisual), em que posta suas críticas cinematográficas e fala sobre teoria e história do cinema mundial.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Tem uma sala na cidade ao lado da minha, em Campinas/ SP no shopping galeria, gosto dela pois ela não é tão grande, são poucos ligares e ela ficava reservada normalmente para pequenos lançamentos.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O filme que me despertou um interesse mais profundo por cinema foi O Psicopata Americano (2000). Foi uma experiência diferente da que eu estava acostumada e me motivou a sair de uma zona de conforto e procurar diferentes obras.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Jean Luc Godard, para mim o maior dominador da linguagem cinematográfica, um cineasta que faz filmes a mais de 60 anos e sempre encontra maneiras de se desafiara e se reinventar. Tenho um conflito na hora de escolher meu favorito dele, fico entre o Acossado (1960) e O Desprezo (1963).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Meu filme favorito é Terra em Transe (1967), dirigido por Glauber Rocha. É uma obra que não só funciona dentro do contexto em que foi inserida, como um manifesto critico, mas também articula a linguagem de uma maneira alegórica e dramática, combinando a poesia e o caos em um transe cinematográfico quase lúdico.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

São pessoas que gostam de cinema e se relacionam de forma mais intima com essa arte, é uma relação saudável e bem rica quando bem equilibrada.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Se você se refere as salas de cinema aí acho que não necessariamente. A maioria vai seguir uma norma de distribuição de que mais lucro, o que é limitador para o público, mas compreensivo por parte de quem faz, já que eles precisam do dinheiro também. A melhor saída seria algum tipo regulamentação que impeça que 90% das salas estejam passando Vingadores, por exemplo, porque aí já se torna um abuso mercadológico, ao meu ver.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não, porque, para muitos, aquele espaço funciona como um santuário, uma cerimônia à arte, um modelo que vive desde a Grécia antiga com o teatro. Talvez no futuro ela perca espaço para um outro modelo, mas desaparecer acho difícil.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Era uma vez em Tóquio (1953), dirigido por Yasujiro Ozu, é uma obra muito sutil e sensível, para mim, o melhor trabalho do cineasta japonês, tratando de temas como família, solidão, abrigo e paz.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Pelo o que vi até agora, o sistema que muitos cinemas estão adotando é bem profissional e aparentemente seguro. Já que tudo está abrindo, teoricamente as salas de cinema também poderiam, contanto que tenham todas as normas de regulamento sendo cumpridas. Pessoalmente eu não tenho intenção de voltar ao cinema antes da vacina.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Não acho que está em seu melhor período, longe disso até. Muitas obras ótimas estão sendo feitas, mas acho que o maior problema está no acesso a elas, na distribuição e em uma educação cinematográfica brasileira para o povo. Acredito que a questão não seja que a população brasileira não goste ou valorize seu cinema, o problema é que ela nem conhece, o que não é culpa delas, mas sim de um sistema que não as oferece a oportunidade de conhecer. Talvez se o contato entre a arte e o povo fosse mais próximo, poderíamos ter uma produção cinematográfica ainda mais rica.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Infelizmente ele já morreu, mas era Glauber Rocha, meu artista e pensador brasileiro favorito, estou sempre buscando trabalhos e projetos dele para ver, e a cada vista gosto mais de sua visão sobre o cinema e a arte.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Essa é complicada, falei recentemente com meus seguidores que para mim a arte, cinema incluso, é um diálogo, que parte do/ da artista com a sua criação e depois desta com o mundo em que é inserida. Sendo assim a arte vive de formas diferentes e se comunica de maneiras diferentes com cada um, enquanto ela for admirada ela vive. Assim, eu diria que arte e cinema são: uma conversa silenciosa e eterna.

               

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não me lembro de nada absurdo, somente uma vez que fui em uma sala de cinema bem precária e durante a exibição do filme a energia caiu e o filme foi interrompido, aparentemente não haviam pagado a conta de luz e fiquei sem terminar o filme ali.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Se eles dirigem filmes eles provavelmente gostam de cinema, então são cinéfilos, mesmo que não vejam tantos filmes. Mas acredito que não seja preciso tem uma bagagem gigante de filme assistidos para se fazer cinema, a criação flui de seu contato com o mundo, sua sensibilidade artística e o conhecimento da linguagem cinematográfica.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Cada um tem a Gêmea que <erece (2011), odeio demais esse filme.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Notícias de Casa (1977), dirigido pela Chantal Akerman, é uma obra muito intima mais reveladora, que mapeia a cidade de nova York ao mesmo tempo que derrama a memória e os sentimentos sobre o espaço urbano. Um dos meus filmes favoritos da vida.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não fisicamente, mas na mentalmente mesmo.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

O Selvagem da Motocicleta (1983), ele não é o protagonista, mas é o meu filme favorito com ele no elenco. Contando o Cage como ator principal eu diria que é Adaptação (2002).

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14/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #213 - Flavia Leão


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Belo Horizonte (Minas Gerais). Flavia Leão é jornalista e advogada aficionada por GOT. Tem uma queda pela fantasia e pelos musicais. Mineira, ama filmes e séries tanto quanto gosta de comer pão de queijo.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade a programação até que não diverge muito. A Cinemark meio que domina, mas eu não me importo muito porque gosto muito de Blockbuster! Além disso, a qualidade das salas são muito boas, não tenho muito problema com a dificuldade para enxergar se alguém alto sentar na minha fretar (sou baixinha!) porque as fileiras têm diferença de altura. Além disso, pra quem gosta de curtir o filme comendo alguma coisinha os produtos são muito bons!

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Com certeza o musical de animação da Disney, A Bela e a Fera.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Pergunta difícil! Tenho fases com os diretores, mas se for para citar um, talvez o Quentin Tarantino. Kill Bill é muito sensacional!

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Até hoje meu filme nacional favorito é O Auto da Compadecida. Acho que mistura muito bem as questões sociais com a comédia e o elenco é muito bom.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É entender o poder do cinema e ser capaz de ser cativado por ele. É entender a energia incrível que é capaz de transcender as barreiras do tempo e do espaço pra atingir cada ser humano individualmente. É admirar o trabalho de cada diretor, de cada editor e, mais diretamente, de cada ator que conseguem contar as histórias para nós (apesar de muitos deles próprios não entenderem!)

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não. Entendo que essa é uma indústria que também se preocupa principalmente com o lucro, então, mais do que entender de cinema, são pessoas que entendem de ganhar dinheiro! Sem julgamentos! Rs.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não totalmente, mas da maneira como conhecemos hoje, sim. Acho que ir até as salas de cinema vai se tornar algo como ir a um museu.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Serve seriado? Supermax.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho que sim. Acho que as pessoas deveriam ter a possibilidade de, se quiserem, poderem escolher ir ao cinema como antes, mas claro, tomando as devidas precauções.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que estamos progredindo bastante numa escala muito rápida e abrindo nosso leque de possibilidades, mas pessoalmente, acredito que quanto à questão do áudio, ainda temos muito o que melhorar.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Rodrigo Santoro.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Mágica.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema.

Assistir Os Vingadores: Ultimato no cinema foi uma experiência única. O pessoal aplaudindo e chorando e toda aquela energia foi incrível.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras…

Nem segurando o tchan!

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não! Acredito que para dirigir um bom filme um cineasta precisa ser cinéfilo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Cinderela Baiana.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Os últimos czares.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Duas vezes, para Piratas do Caribe: No Fim do Mundo e Vingadores: Ultimato. 

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Lenda do Tesouro Perdido.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Quarta Parede Pop.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #212 - Kalina Salvatore


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Campina Grande (Paraíba). Kalina Salvatore tem 42 anos, é uma curiosa sobre cinema. Lê e segue muitas páginas sobre cinema. Sua paixão sobre cinema deve muito aos seus irmãos mais velhos. Seus gêneros preferidos são: Filmes de heróis, terror, suspense, e filmes de ação. Sempre que possível vai ao cinema pois aquela tela grande a fascina.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Na minha cidade são 5 salas de cinema que fica no shopping e não tenho uma sala preferida.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Jurassic Park. Ter visto aqueles dinossauros na tela grande foi incrível.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Gosto de 2 diretores: Steve Spielberg- A Lista de Schindler e Martin Scorsese - Os Infiltrados.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Auto da Compadecida. Uma história leve e divertida de assisti.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É gostar de saber não só da história mas também dos bastidores dos filme.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, com certeza.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Infelizmente sim.

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

O Pacto dos Lobos.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não devem ser abertos.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Eu não curto muito filmes brasileiros.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Com não curto filme brasileiro não tenho preferido.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Uma das melhores coisas já criadas pelo homem.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não tenho nenhuma. Porque quando tô assistindo a um filme no cinema minha concentração é 100% que pode até o Chris Evans sentar no meu lado que não vou nem reparar.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Uma verdadeira porcaria. Apesar de nunca de assistido.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que sim. Pelo menos tem que gostar do que faz.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Avatar.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Não sou de assistir documentários.

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Não.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

A Outra Face.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Adoro Cinema e Omelete. Sempre gosto de lê as críticas que eles fazem dos filmes.

 

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Crítica do filme: 'Apego'


A arte de se reinventar em relação às guinadas da vida. Diretamente da Costa Rica, e exibido no 15 Festival Latino-Americano de São Paulo deste ano, Apego pode ser definido pela ótica de nos mostrar crônicas de uma família, seus conflitos, suas viagens a um passado que pouco conheceram através de uma forte protagonista. Escrito e dirigido por Patricia Velásquez (em seu segundo longa-metragem da carreira) e dividido em arcos que falam sobre pessoas e situações que influenciam a vida da personagem principal, o filme vai te conquistando aos poucos.


Na trama, conhecemos Ana (Kattia González) uma bem-sucedida profissional de arquitetura, mãe de duas filhas pequenas, que passa por um verdadeiro tsunami em sua vida: recém divorciada, descobre que sua mãe está se relacionando com um antigo amor pelas redes sociais e que o pai está com uma doença grave. Em meio a isso tudo, no seu trabalho, um importante projeto está em evidência e ela precisa se dedicar com toda força a ele. Crises, conflitos num presente que deixará lições sobre a vida.


Apego tem um lado político que não se torna muito profundo com apenas pinceladas sobre temas dentro do núcleo familiar da protagonista, com reuniões de família, descendentes de chilenos, onde os pais se mudaram para Costa Rica para fugir da ditadura de Pinochet na década de 70. O foco acaba sendo mesmo a corajosa protagonista que precisa fazer um grande malabarismo para poder chegar até um lugar parecido com felicidade e também poder ajudar a todos ao seu redor. É um trabalho muito interessante de Velásquez, simples, objetivo que nos fazem refletir sobre o cotidiano.  

 

 

 

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13/12/2020

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #211 - Marília Duarte


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Natal (Rio Grande do Norte). Marília Duarte é farmacêutica e cinéfila desde seus 12 anos de idade. Às vezes escreve sobre filmes e séries, é apaixonada pelo cinema de David Lynch, David Fincher, Hayao Miyazaki e da sua diva Ava DuVernay.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto da programação das salas do Cinépolis daqui porque costumam exibir filmes diferenciados e não apenas os blockbusters.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

A animação Mulan da Disney foi uma das experiências mais memoráveis que tive na infância e lembro que saí encantada da sala de cinema. Possivelmente foi o momento onde comecei a apreciar a experiência de ver um filme na telona.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Tenho alguns diretores favoritos que amo igualmente, mas vou citar Hayao Miyazaki porque tenho um amor especial por ele. Meu filme favorito dele é Princesa Mononoke.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Tenho vários favoritos, mas atualmente coloco Bacurau no topo da minha lista porque amo a direção, as referências usadas e é claro a história que é sensacional.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Pra mim ser cinéfilo é apreciar todas as coisas que a sétima arte tem a oferecer. Não é apenas gostar de assistir filmes, mas também conseguir absorver a obra que está assistindo. Eu pessoalmente procuro valorizar coisas que vão além do roteiro, como a trilha e a fotografia, por exemplo, porque são detalhes que engrandecem a minha experiência.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Infelizmente não na maioria das redes de cinema.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Eu acho que não. Mesmo com a cultura do streaming crescendo, acredito que o cinema como espaço físico não acabará (eu espero que não acabe).

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Tomboy, filme francês da cineasta Céline Sciamma. É um filme lindo que traz um tema tão importante contado de uma forma super delicada e sutil.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Como sou formada na área da saúde, eu sou contra a reabertura. Ainda não me sinto segura em frequentar cinemas, shoppings, restaurantes e outros locais.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

O cinema brasileiro é riquíssimo e com ótimos cineastas trazendo ideias e abordagens criativas em seus filmes. O nosso cinema deveria ser mais valorizado, mas infelizmente não há interesse do governo em investir na cultura.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

O cineasta Kléber Mendonça Filho, um dos meus favoritos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Cinema é a expressão artística que traz à tona os sentimentos mais profundos da alma transformados em imagens.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Não tenho uma história muito inusitada, mas lembro que minha sessão de O Cavaleiro das Trevas Ressurge tiveram dois erros iniciais: o primeiro com a imagem cortando as legendas e o segundo com problema no som. Todo mundo teve que esperar uns 20 minutos pra finalmente reiniciarem o filme corretamente.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um delírio.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Eu realmente pensava que todos os diretores fossem cinéfilos, então eu acho que para dirigir um filme no mínimo o profissional deveria ser um cinéfilo sim. Conhecer a arte em que ele trabalha é algo essencial no meu ponto de vista. Acho que só um diretor cinéfilo é que consegue contribuir criativamente.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

O pior filme que vi foi Meet the Spartans (acho que traduziram para Espartalhões), uma tentativa horrível de parodiar o filme 300. Assisti apenas pela insistência do meu primo que tinha alugado para ver comigo e meus irmãos. Já vi outros filmes ruins, mas esse é daqueles que não possui nada de aproveitável.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Amy. Sou fã da Amy Winehouse e esse doc belíssimo simplesmente me fez chorar litros. Me emocionei do início ao fim.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?

Sim, várias vezes. Cisne Negro foi um dos que mais aplaudi e o mais recente foi Adoráveis Mulheres da Greta Gerwig.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Coracão Selvagem, porque sou fã do David Lynch.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O site gringo IndieWire.

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