13/07/2022

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Crítica do filme: 'O Telefone Preto'


Quando o indescritível, até mesmo o misticismo, vira um paralelo com a realidade. Baseado em um conto homônimo do autor norte-americano Joe Hill (filho do grande Stephen King), O Telefone Preto nos faz embarcar em uma história chocante que liga o forte elo entre dois irmãos que sofrem com ambíguo pai à trajetória de loucura de um sequestrador de crianças. Ao longo dos eletrizantes 103 minutos de projeção, repleto de simbolismo, de interpretações sobre a fé, o público é conquistado do início ao fim nesse grande trabalho de Scott Derrickson, um cineasta para sempre termos em nossas listinhas de filmes. Consegue junções interessantes de seus personagens, alguns que caminham entre superficialidade com ações presente com uma profundidade no choque com a realidade. Foi assim, como O Exorcismo de Emily Rose e também em Doutor Estranho. O Telefone Preto é mais um senhor trabalho!


Na trama, conhecemos Finney (Mason Thames), um jovem de cerca de 13 anos que vive uma vida repleta de conflitos ao lado da irmã Gwen (Madeleine McGraw). Eles moram com o pai, o alcóolatra Terrence (Jeremy Davies), um homem conservador e muito rígido que está repleto de infelicidade em sua rotina. Finney sofre bullying na escola diariamente e possui o forte elo de carinho e afeto com a irmã como sendo um Oasis em meio ao caos de conflitos emocionais que atravessa. Na cidade onde moram, algumas crianças começam a desaparecer. Um dia, voltando da escola, Finney acaba sendo sequestrado por um homem em uma van repleta de balões pretos. Ele vai parar um porão onde tem apenas uma cama e um telefone preto, sem o fio. Conforme os dias vão passando, algo inusitado acontece, o telefone começa a tocar e Finney percebe que os outros jovens sequestrados pelo mesmo homem estão tentando ajudá-lo a sair daquela situação.


Vamos falar um pouco do marketing do filme para início da análise. Impressionante como os materiais divulgados conseguem prender a atenção e assim mesmo esconder essa história como um todo, colocando o vilão como uma mera peça no tabuleiro, como coadjuvante. Embarcamos nessa jornada com o foco no protagonista, um jovem que nos mostra a realidade de muitos, com o bullying presente na sua rotina, com um quebra-cabeça tumultuado em relação a família. Sua irmã é seu grande porto seguro, uma jovem que busca na fé explicações para questões do mundo algo que dentro do contexto se inclina para o misticismo, fato aqui importante pois corre em paralelo na trajetória dela e do irmão em dois focos distintos. Voltando a Finney, a construção desse personagem é brilhante, nos jogam elementos no início que serão compreendidos nos arcos conclusivos trazendo elos com a realidade.


Nesse suspense aterrorizante, muito por conta do lado psicológico fortemente embutido nos conflitos, o vilão se torna um elemento coadjuvante. Não há muita profundidade em relação aos seus porquês, mesmo assim nos prende a atenção nas ações presentes, esse que tem um arco construtivo também ligado a questão de irmãos. Ethan Hawke está muito bem no papel.


São tantas portas abertas para serem analisadas dentro de conclusões satisfatórias por conta dos argumentos apresentados que podemos afirmar que esse projeto é um dos grandes filmes de suspense de 2022. O Telefone Preto era muito aguardado e vai superar expectativas! Imperdível!



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Crítica do filme: 'Elvis'


Não consigo evitar me apaixonar. Um dos filmes mais aguardados de 2022 finalmente chega as salas de cinema de todo o Brasil, Elvis, novo blockbuster do experiente cineasta australiano de 59 anos Baz Luhrmann é uma jornada por muitas fases da vida do inesquecível cantor e por muitas estradas onde sua trajetória e conflitos encontra a do controverso empresário coronel Tom Parker. Ao longo de impactantes 169 minutos de projeção vamos acompanhando desde a infância, suas referências, seus amores, seus dramas e a carreira meteórica marcada por recordes nunca mais alcançados. No papel título, o ator californiano Austin Butler marca de vez sua carreira com uma interpretação de tirar o fôlego.

Na trama, cheia de recortes de notícias, muito por conta do circo midiático que tinha em cima de sua vida profissional e pessoal, acompanhamos as primeiras referências musicais em Memphis de um jovem que seria uma estrela, um ícone, da música mundial, Elvis Presley (Austin Butler). O encontro com Tom Parker (Tom Hanks, em desempenho também brilhante) indicaria uma relação conflituosa de muitos anos, onde inúmeros sucessos foram criados, shows inesquecíveis foram realizados e calorosos conflitos foram vistos. Em meio ao sucesso, dramas começam a contornar a carreira da estrela mundial, que viveu várias fases e pressões para mudar seu jeito de ser em um mundo repleto de preconceitos, segregação racial, onde Elvis se tornaria uma importante voz além da música.  


Mostrar em um filme de menos de três horas, conflitos, grande parte da carreira, ascensão, declínios, de uma lenda da cultura pop é algo muito difícil. Luhrmann acaba pegando um atalho interessante, transformando a figura de um ganancioso empresário como sendo o narrador, os olhos de uma trajetória que marcou o planeta e gera discussões até hoje. Na verdade o roteiro vira dois rios, que a princípio paralelos, se convergem, mostrando visões, pensares, sobre muitas questões. Num primeiro momento há um resgate dos primeiros passos da inesquecível voz do sul dos Estados Unidos, com grande influência da música feita pelos negros em uma época de preconceitos, onde até mesmo havia divisões em show entre brancos e negros. Em sequência, os dramas familiares, com o pai sendo preso e sendo uma pessoa de pouca confiança aos olhos de muitos, com o forte laço com sua mãe, ganham contornos durante toda a fita. O amor chega de maneira inesperada, dentro do arco narrativo que mostra a ida de Elvis à guerra, uma imposição de políticos que não se agradavam com o mexe e remexe alucinante de seus shows. A consolidação de sua importância como artista mundial chega de forma impactante o levando a conflitos com seu empresário e a todos que o limitavam nos palcos.


Na continuação das linhas finais do parágrafo anterior, chegamos no que posso afirmar ser o grande clímax desse projeto. Onde nos perguntamos e vemos respostas sobre: ‘Qual o papel do artista em relação ao mundo que o conhece?’ Essa discussão é feita até hoje e contorna muito do filme de Luhrmann. Elvis busca se impor a pressão de uma sociedade conservadora, onde quem comanda quer controlar, quer que o destaque se torne algo moldado dentro de um pensamento que interrompe os avanços que precisamos ter como seres humanos. Muitas vezes sozinho em seu pensar, entre um show e outro, se vê cercado por um empresário impostor que só quer lucrar com sua figura a qualquer preço. Nesse momento, quando cai a ficha, os poucos amigos que pode confiar, além de sua amada esposa Priscila, acabam ajudando. Uma ótima sequência mostrada no filme, a amizade com o grande BB King, o leva ao refletir sobre várias questões.


Perto dos 40 anos, o Rei do Rock and Roll chega ao seu limite, situações que o levaram a um quadro do qual nunca sairia, preso em contratos que nem sabia, viciado em remédios, sendo uma marionete nas mãos de um inescrupuloso empresário. Argumentos não faltam para nos fazer pensar sobre os responsáveis pela sua chegada a um labirinto sem saída.


Baz Luhrmann consegue o improvável, colocar mais ingredientes, resgatar sua forte personalidade, para tornar Elvis mais vivo do que nunca para toda uma nova geração que se pergunta a todo instante: qual o papel do artista em relação a tudo que acontece ao seu redor.


 

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11/07/2022

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Crítica do filme: 'Pluft - O Fantasminha'


Amizade e coragem, os aliados a favor do nosso sonhar. Baseado na peça teatral infantil da década de 50 escrita por Maria Clara Machado, Pluft, o Fantasminha nos leva a uma aventura voltada completamente ao público infantil, aborda a amizade como ponto de encontro entre uma jovem desse mundo e um fantasminha muito camarada. Nessa versão dirigida por Rosane Svartman, que estreia nos cinemas no dia 14 de julho, nomes importantes do nosso cinema, como Fabíula Nascimento e Juliano Cazarré, fazem parte do elenco, que também tem os atores Hugo Germano, Lucas Salles e o vencedor da última edição do Big Brother Brasil, o ator Arthur Aguiar. Esse é um dos primeiros trabalhos do cinema brasileiro voltado ao público infantil em 3D.


Filmado grande parte no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Norte, além de muitos efeitos especiais em São Paulo, Pluft, o Fantasminha nos apresenta a história da jovem estudante Maribel (Lola Belli), neta do famoso Capitão Bonança. Esse último deixou um tesouro que poucos sabem. O vilão Pirata Perna de Pau é um desses que sabe do tesouro, assim, em busca dessa descoberta, sequestra Maribel e a prende numa casa isolada perto do mar. Nessa casa, mora Pluft (Nicolas Cruz) e sua família de fantasmas que ajudarão Maribel a fugir das garras do terrível vilão. Embarcando em um grande aventura, eles também contarão com a ajuda dos amigos da protagonista, Sebastião (Arthur Aguiar), João (Lucas Salles) e Julião (Hugo Germano).


Dialogar por meio de um filme com o público infantil é sempre muito desafiador. Prender a atenção da criançada pode ser uma tarefa bem complicada. Por isso, Pluft, o Fantasminha em suas resoluções simplistas foca na sua essência, na sempre curiosa histórias sobre fantasmas. Há muita comédia, há aventura, cenas de ação, levando a fita de um pouco mais de 90 minutos de duração a um completo e rico entretenimento. Um fator interessante que pode ser um forte elo de interação com os pequeninos que assistirão a esse trabalho é a parte das músicas. Jingles vão encaixando em cenas, um background sonoro muito divertido (para toda a criançada cantar junto). Inclusive, a voz inigualável do músico Frejat faz parte da trilha sonora.


No projeto, há uma interessante busca criativa sobre como apresentar os personagens que precisam dos efeitos especiais. As filmagens foram feitas em uma piscina de treinamento de bombeiros localizada em São Paulo e podemos dizer que a experiência deu certo! Ficou muito legal! É sempre bom (e também nos deixa orgulhosos) ver o nosso cinema produzindo filmes tão bons tecnicamente, criativos inclusive.


Ao lado de gigantes blockbusters de outros países que semanalmente ocupam grande parte das salas de cinema de todo o Brasil, Pluft, o Fantasminha vai ganhar seu espaço e se você curte apresentar ao seu filhote um filme divertido que mostra de maneira bem simples o valor da amizade, não perca esse filme!



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06/07/2022

O DESTINO DE HAFFMAN | FILMAÇO FRANCÊS!

 


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03/07/2022

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Crítica do filme: 'O Próximo Passo'


Os intensos paralelos entre a dança, o corpo e as formas de enxergamos nossa vida. Um dos filmes mais impactantes da seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022, O Próximo Passo, nos leva a uma viagem, as vezes profunda, as vezes com leveza, de uma bailarina que vê sua vida mudar completamente após uma situação. Traçando semelhanças entre a dança e o que acontece na vida, um dos méritos dessa poderosa produção francesa é conseguir um entendimento entre os movimentos que são pré estabelecidos, no caso da dança clássica (na vida, o que planejamos para nosso futuro), com as questões do improviso, a dança contemporânea (as eventualidades do viver). Dirigido pelo cineasta Cédric Klapisch, a produção conta como protagonista, Marion Barbeau, dançarina principal da famosa companhia de Ballet da Ópera de Paris, em seu primeiro papel como atriz.


Na trama, conhecemos a bailarina profissional, de 26 anos, Elise (Marion Barbeau), uma mulher que após sofrer uma contusão durante uma apresentação pela companhia de dança que fazia parte ruma para uma estrada de redescobertas como pessoa, como profissional da dança, entre desilusões do amor, novas oportunidades, buscando também uma melhora no relacionamento com os que ama, principalmente seu pai, o advogado Henri (Denis Podalydès). Ao longo de quase duas horas de filme, que deixa um gosto de quero mais, somos testemunhas de sequências empolgantes onde o nosso refletir está em todos os lugares.


A sincronia, a força, o drama, o protagonismo da própria vida. O cineasta Cédric Klapisch consegue encher a tela de emoção dentro de um foco na desconstrução de uma jovem que embarca numa autoanálise profunda, uma redescoberta. O ritmo é lento no início mas aos poucos vamos entendendo a proposta de Klapisch que tem objetivo nos fazer refletir sobre a vida através do pulsante universo conectivo da dança, essa ação cultural, empolgante que tem drama, alegria, assim como as trajetórias de nossa existência.


Os ricos coadjuvantes contribuem muito para contar essa história de infinitas interpretações, onde a dança incorpora um papel importante, sendo deixado implícito os certeiros e criativos paralelos entre o que é pré estabelecido e o que vira improviso. Tem as novas compreensões sobre amores após uma traição, enxergamos um novo olhar para coisas que estavam em nossa frente através do ouvir melhor o que o outro tem pra dizer, as novas conexões que acabam abrindo caminhando deixando um ponto de interrogação proposital sobre o futuro pois há escolhas que ainda virão.


O Próximo Passo é um raio-x visceral na vida de uma artista, uma batalhadora da cultura, que aprende a enxergar na dança paralelos com sua própria realidade.



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Crítica do filme: 'Golias'


A privatização da natureza e suas consequências. Abordando questões importantes e fazendo refletir sobre tantas outras, que vão desde à questão capitalista, ao universo sempre polêmico dos lobistas, a função política pública, as leis, as formas de buscar justiça, Golias, longa-metragem dirigido por Frédéric Tellier é um filme denuncia, baseado livremente em fatos reais. Incluso na seleção do ótimo Festival Varilux de Cinema Francês 2022, o filme de pouco mais de 120 minutos de duração, nos mostra três histórias que se caminham para o mesmo clímax a partir de descobertas impactantes sobre um pesticida criado por uma empresa poderosa.


Na trama, conhecemos três personagens, três destinos que se encontrarão. Patrick (Gilles Lellouche), é advogado ligado ao direito ambiental que embarca numa jornada atrás de provas contra uma poderosa empresa que usa um pesticida ofensivo para todos que tem contato. France (Emmanuelle Bercot) é uma professora de educação física que após a piora do marido percebe que precisa lutar de outras formas contra a empresa que detém os direitos de um produto usado diariamente por seu vizinho. Mathias (Pierre Niney) é um jovem destaque de uma empresa que tem o trabalho de influenciar e interferir diretamente nas decisões do poder público (lobista). Esses três destinos vão se unir na mesma estrada quando uma fazendeira comete um ato de protesto.


A informação aqui é um fator chave. A maneira manipulativa que enormes empresam adotam confundem parte dos consumidores e também toda uma sociedade. Quais são limites? Há limites? Dentro do jogo capitalista, desse olhar muitas vezes egoístas, muitas pessoas se veem como fantoche dessas grandes corporações que levam prejuízos de saúde para milhares. Aqui enxergamos melhor essas palavras pela personagem France, uma batalhadora, mãe, esposa, que se vê em uma estrada de escolhas sobre o que fazer quando começa a perceber, mesmo com a força contrária baseada em manipulativos dados, que o produto usado nas terras do seu vizinho pode ter provocado a doença do marido. Assim, se aproxima de um grupo ambiental e se envolve em protestos contra engravatados gananciosos. Uma caminhada árdua, de muita dor.


O lado político também ganha contorno explícitos. Exemplo é a trajetória, a rotina, de um dos personagens, um audacioso lobista, um paralelo com a realidade, conseguem acesso e influencia sobre quem deveria prezar pelo bem dos outros sem nenhuma questão de empatia. Mathias é o elo entre a empresa e os outros, essa última palavra no sentido amplo, que vai desde o lobby político até o afastamento dos reais detalhes sobre o que vende como sendo bom. A personificação absurda da ganância da privatização da natureza e todos os males que estão inclusos nesses atos.


As leis e suas linhas inconclusivas, interpretativas e os contornos políticos se mostram presentes quando a questão legal do processo vira algo para ser pensando de forma mundial. Nesse momento, conseguimos traçar paralelos bem nítidos com a realidade. Nesse momento também é que vemos duas forças desleais, uma luta desleal, uma representada por Golias (daí o título do filme) e sua força quase imbatível e do outro lado, o de todos os que lutam contra os absurdos provocados por muitas empresas. A ‘pedra atirada’ nesse Golias é o ato de uma fazendeira e toda a força e drama que esse momento emblemático na trama consegue provocar adiante.


Dentro do seu objetivo que é o de fazer refletir sobre um tema mundial e atemporal, Golias embarca de forma avassaladora nas razões, consequências, de muitos assuntos que estão nos jornais semanalmente deixando sempre para o público de forma detalhada abrir o seu pensar.





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Sob o Pé de Toranja - A História de CC Sabathia | Ótimo Documentário disponível na HBO MAX!


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01/07/2022

OS QUATRO PARALAMAS | ÓTIMO DOCUMENTÁRIO SOBRE OS PARALAMAS DO SUCESSO

 


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30/06/2022

Crítica do filme: 'Lola e seus Irmãos'


Os reflexos de toda família. Buscando encontrar na ficção respingos na realidade de muitas famílias, em Lola e seus Irmãos, de maneira leve e até certo ponto descontraída, vamos acompanhando alguns meses na vida de três irmãos que são completamente diferentes um do outro e passam por diferentes conflitos. Dirigido e roteirizado por Jean-Paul Rouve (que também atua no filme) o longa-metragem, que estreia no início de julho nos cinemas brasileiros, é um passeio por situações com resoluções simplistas, sem aprofundamento. Há um certo carisma nesses personagens organizados dentro de um roteiro eficaz, que faz muito sentido no seu arco conclusivo mas sem perder o rótulo água com açúcar (aqui no bom sentido tá?!), no sentido de ingênuo mesmo.


Na trama, conhecemos os três irmãos integrantes da família Esnart. Lola (Ludivine Sagnier), uma advogada, solteira, que encontra um novo amor em um cliente recém divorciado. Pierre (Jose Garcia), um especialista em demolição, estressado, consumido pelo trabalho, funcionário de uma grande empresa, que acaba sofrendo as consequências após um grave erro da empresa na análise de uma demolição que acaba atingindo um prédio num lugar próximo. Temos também o optometrista chamado Benoît (Jean-Paul Rouve), recém casado, que é surpreendido com a gravidez da esposa. Os irmãos, que sempre se reúnem em um dia no início do mês para visitar os túmulos dos pais em um cemitério na cidade, precisarão da ajuda um do outro para as escolhas que virão em seus cotidianos.


Há um desenvolvimento da trama de forma a analisarmos individualmente os conflitos com pontos de interseções constantes, com o objetivo de mostrar esses embates de argumentos sobre as particularidades de cada um deles. Lola e as situações de início de relacionamento, Pierre com muitos problemas no campo profissional, Benoît e as inseguranças com a gravidez da esposa. Se objetivo era mostrar a desconstrução de cada um deles, num primeiro momento Pierre é o que mais chega perto disso, sua subtrama prende a atenção.


A dramédia explora no caminho da conclusão ramificações dos conflitos que quando acontecem a personagem Lola ganha muito sentido dentro da trama. Pelos seus novos conflitos, dentro de um drama que passa, percebemos e refletimos melhor sobre o elo construtor dessa história: a relação entre pais e filhos.   

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ME CHAMA QUE EU VOU | ÓTIMO DOCUMENTÁRIO SOBRE MAGAL

 


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Crítica do filme: 'Kompromat'


O olhar pela fechadura sobre questões geopolíticas. Selecionado para o Festival Varilux de Cinema Francês 2022, o longa-metragem Kompromat nos mostra a saga de um francês que é chantageado, acusado e punido na Rússia tendo que correr contra o tempo para limpar sua reputação e voltar para casa. Livremente baseado em fatos reais, o filme mete o dedo em feridas geopolíticas e coloca em xeque questões sobre as relações internacionais de dois países antagônicos na forma de enxergar muitas questões. Dirigido pelo cineasta Jérôme Salle, o filme é protagonizado pelo excelente ator francês Gilles Lellouche.


Na trama, conhecemos Mathieu (Gilles Lellouche), um simpático e muito querido diretor da Aliança Francesa, que trabalha na região da Sibéria, na Rússia, que certo dia é detido pelas formas militares russas (ligadas à FSB, órgão que substituiu a KGB) acusado de um crime que não cometeu. Sem saber direito o que fazer nessa situação, e com os diplomatas franceses em Moscou reféns da diplomacia nesse país sempre complicado, vamos acompanhando as estratégias de sobrevivência dele ao longo de 5 meses em território hostil. Para ajudá-lo, somente uma jovem russa que ele conhecera em uma festa que pode ser também um dos fatores que levaram aos motivos de sua prisão.


O termo Kompromat, como é explicado logo nas legendas iniciais da projeção, é uma espécie de chantagem, um acúmulo de informações sobre uma pessoa para serem utilizadas em vantagens futuras. Essa é uma tática russa muito utilizada nos tempos ainda de União Soviética. Partindo dessa questão, o filme se baseia em fatos reais para nos mostrar como a questão dos direitos humanas é facilmente quebrada em uma região violenta, preconceituosa e de pouco papo pra negociações que adota métodos ligados à chantagem e destruição de reputações para punir seja qual for o motivo, mesmo esse sendo banal.


As interpretações nas questões diplomáticas, completamente ligadas às questões de relações internacionais ficam em evidência em meio ao conflito de Mathieu se tornando até certo ponto uma enorme crítica às atitudes tomadas. Qual a posição oficial da Embaixada da França no local perante a questão? Essa é muitas perguntas são logo respondidas mostrando o labirinto de conflitos que toda a situação se projeta.  Em paralelo, vemos os dramas e escolhas do protagonista completamente refém de uma situação que nunca imaginou em passar e escolhendo a dedo em quem confiar. A conclusão não deixa para trás tudo que devemos refletir sobre o que vemos ao longo de pouco mais de duas horas de projeção.

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Crítica do filme: 'Querida Léa'


A autoanálise dos clichês que giram em torno do amar. Escrito e dirigido pelo cineasta parisiense de 44 anos Jérôme Bonnell, Querida Léa nos leva para um dia na vida de um homem de 40 e poucos anos que está em conflito com suas emoções depois de um desfecho de um novo relacionamento com uma mulher mais nova. O desespero, a angústia, o término, dominam as ações e emoções dessa jornada de 24 horas fazendo o protagonista entrar em uma estrada de autoconhecimento sobre tudo que o cerca. Os clichês do amor se transformam em meditação para o conflituoso personagem que se depara com argumentos de terceiros sobre seu momento atual. O filme faz parte da seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022.


Na trama, conhecemos o gerente de uma empresa de construção chamado Jonas (Grégory Montel), um homem que acorda de madrugada em uma festa de uma empresa que vai logo cedo encontrar sua paixão atual, a bela Léa (Anaïs Demoustier), uma cantora de ópera. O relacionamento entre os dois está à beira do término, sem o primeiro aceitar esse rompimento. Após esse encontro, ele vai até um café, administrado pelo simpático Mathieu (Grégory Gadebois) que fica de frente à casa da amada e lá começa a escrever sobre o amor. Podemos entender também que ele escreve para si mesmo, descobrindo campos profundos de suas emoções. Ao longo desse dia, cheio de variáveis incontroláveis e conversas conflituosas o olhar do outro e para o outro acaba se tornando frequente, seja no ônibus, na estação de trem, ou no simpático café.


A trama caminha lentamente pelo campo da suposição, aqui gerando cenas cômicas que tem como cenário um frequentado bairro francês, um bar e a janela da amada. O simbolismo desse último, a janela, pode-se traçar paralelos em fábulas românticas literárias famosas onde essa região da casa se torna cenário de um romantismo implícito. Longe de ser simplista em sua premissa, o longa-metragem caminha pelo somatório de conflitos que Jonas não está sabendo ultrapassar. O filme busca seu desenvolvimento para os embates emocionais dentro de um recorte muitas vezes intimista de um personagem principal que busca encontrar as respostas dessas lacunas que não consegue preencher.


Na vitrola tocando Mr. Bojangles (música epicêntrica de outro filme do Festival Varilux desse ano, Encontrando Bojangles), o ato de escrever sobre o amor e também seus clichês, os novos olhares, a recente descoberta da atenção aos argumentos dos outros que alcança a realidade muitas vezes... aos poucos, se você conseguir embarca nessa jornada, vamos sendo transportados para o refletir sobre o cotidiano e suas várias formas de enxergar os conflitos.



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Crítica do filme: 'Esperando Bojangles'


As surpresas e realidades no caminho da fantasia. Baseado no livro homônimo do escritor francês Olivier Bourdeaut, Esperando Bojangles, um dos destaques da seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022, é uma história emocionante que contorna de maneira bem leve os caminhos incompreendidos da loucura deixando a reflexão ao público a cada instante. Traçando paralelos entre o lado bom da vida e a fantasia somos testemunhas de protagonistas que se confundem entre o real e o faz de conta, um modo de viver onde a inconsequência resolve cobrar as vezes de maneira implacável. A direção é assinada por Régis Roinsard e no elenco, os maravilhosos Romain Duris e Virginie Efira.


Na trama, conhecemos Georges (Romain Duris), um contador de histórias, meio malandro, que durante uma festa que chegou de penetra acaba conhecendo a bela Camille (Virginie Efira), por quem logo se apaixona e tem um filho. O cotidiano deles é repleto de festas, contas sem pagar, vivendo em um universo de fantasia que acaba passando para seu filho. O casal tem a rotina de escutar, naquelas vitrolas antigas, em muitos desses momentos a canção Mr. Bojangles. Em certo momento, Camille começa a apresentar sinais de que não quer nem consegue acessar o cotidiano e a realidade que se apresenta.


O filme é de uma sutileza ímpar. O brincar de faz de conta apresentado é uma fuga da realidade, as questões mundanas de andar pelos conflitos não importava muito aos personagens. O contraponto chega quando Georges começa a perceber que a esposa possa estar ultrapassando as tênues linhas da fantasia com a realidade.


Outros personagens também nos apresentam suas visões para os protagonistas. Aos olhos do filho, aos poucos, é como se um castelo de cartas fosse caindo em efeito dominó, levando-o da fantasia de inesquecíveis momentos às dolorosas questões que a vida coloca pelo caminho. Há um curioso personagem, Charles (Grégory Gadebois), que acompanha a família durante todos os anos, uma espécie de padrinho daquela união, um alguém que se coloca como um ombro amigo nos momentos delicados.


No momento de virada da ótima trama, nos deparamos com um arco dramático muito profundo, emocionante onde escolhas precisarão serem tomadas. Dentro desse contexto, vamos enxergando um pouco do volume de emoções que transbordam sem controle, até mesmo os horrores dos métodos que eram usados para o combate à esquizofrenia (o filme é ambientado em décadas atrás).


Esperando Bojangles é um filme muito mais profundo do que aparenta, nos leva em uma viagem, muitas vezes cômica, mas que apresenta um lugar astroso que a mente humana as vezes pode acessar.



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29/06/2022

Crítica do filme: 'Um Pequeno Grande Plano'


O destino do planeta está nas mãos das novas gerações. Em seus curtos 66 minutos de projeção, Um Pequeno Grande Plano, longa-metragem francês na seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022, é um pérola que abre leques de reflexões que vão desde as questões humanitárias, como podemos contribuir para o nosso planeta, chegando na geopolítica e colocando um casamento em conflito. Dirigido por Louis Garrel (que também faz parte do elenco), o filme nos leva a pensar sobre questões que estão diariamente aos nossos olhos.


Na trama, conhecemos Abel (Louis Garrel) e Marianne (Laetitia Casta), um jovem casal que após notarem o sumiço de algumas roupas e objetos pela casa confrontam o filho Joseph de apenas 13 anos. Após esse papo, descobrem que o filho e mais centenas de jovens de todo o mundo estão bolando um projeto secreto para ajudar a África. Tendo isso revelado, o casal embarca em uma jornada de conflitos sobre como pensam em relação ao mundo e o destino do próprio casamento.


A missão de salvar o planeta é o background desse interessantíssimo filme. As visões da nova geração em relação a necessidade de fazerem alguma coisa pelo lugar onde vivem é de uma poesia que traz esperança. Abordando em muitos diálogos sobre a visão que eles, os jovens, tem do mundo até aquele momento e não deixar de se corromper pelos vícios do caos capitalista dos adultos é de se pensar bastante.  


Impressionante como em um curto espaço de projeção, que caracteriza esse projeto como uma média-metragem, abre-se uma série de assuntos importantes para todos nós refletirmos. O foco é a questão cotidiana, até certo ponto o egoísmo, como uma visão simples e criativa pode mudar toda uma maneira pensar. O casal entra em conflito rapidamente, muito pelas duas formas de entender os simbolismos contidos na ação do filho. Abel é um agitado trabalhador urbano, cheio de compromissos que parece deixar a monotonia do capitalismo embarcar em seu pensar. Marianne logo se sensibiliza com o projeto secreto feito pelas crianças e isso a faz rapidamente analisar sua posição do mundo, como mulher e isso reflete quando para pra pensar sobre sua vida e seu casamento.


Esse é um filme que deveria ser debatido em salas de aula, universidades. A proposta do refletir encaixa no objetivo de nos fazer pensar cada vez mais nos rumos do nosso planeta e também de que forma podemos dar nossa contribuição.



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28/06/2022

Crítica do filme: 'O Destino de Haffman'


Os deslizes da moral. Trazendo uma história atemporal que traz o refletir aos nossos olhos, O Destino de Haffman, exibido no Festival Varilux de Cinema Francês de 2022, é um projeto onde caminhamos pelas emoções em uma época triste onde as escolhas se tornam questões vitais. Baseado na obra de Jean-Philippe Daguerre, o longa-metragem coloca ao pensar do espectador ações e consequências que fazem parte da trajetória de três personagens impactantes e seus conflitos. No elenco, um fabuloso trio de artistas: Daniel Auteuil, Gilles Lellouche e Sara Giraudeau. A direção é assinada pelo cineasta Fred Cavayé.


Na trama, conhecemos o experiente joalheiro judeu Joseph Haffmann (Daniel Auteuil) que vive uma vida repleta de amor e muito trabalho com sua família em Paris. Ele tem um funcionário no qual conhece faz pouco tempo, François (Gilles Lellouche) que sonha em conseguir com seu talento dar uma boa vida para sua esposa Blanche (Sara Giraudeau). Ambos sonham em ter filhos. Durante essa época, no início da década de 40, acontece a ocupação alemã e judeus são perseguidos por todos os lados. Buscando encontrar uma saída para a situação, Haffman propõe a François que ele assuma os negócios da joalheira e sua casa, para após a guerra ele volte para o verdadeiro dono. Só que Haffman não consegue fugir a tempo e precisará passar meses ao lado de François e Blanche só que numa posição invertida, fato que passará a criar conflitos profundos na vida dos três personagens.


Caminhando pela guerra e por profundos dramas existenciais que esbarram em conflitos familiares, O Destino de Haffman pode ser enxergado sob três óticas. Tem a do homem e sua desconstrução de caráter não sabendo lidar com um novo modo de viver dentro de uma condição ligada à moral. Tem a de um experiente batalhador urbano, que doou anos de sua vida para montar um negócio e de um dia para o outro vê tudo que construiu se desfazendo precisando modelar um acordo arriscado contando com a boa fé. Tem a de uma mulher que sofre terríveis consequências em sua relacionamento, além de abalos emocionais profundos, violência, muito por conta das ações de seu descontrolado marido. Essas três óticas contornam a excelente adaptação de Cavayé nos levando a uma mesma estrada de dor, sofrimento e escolhas dentro de uma moral abalada pela ganância que de forma alguma será inconsequente.


O Destino de Haffman é uma obra primorosa que vai fundo em sua análise sobre o ser humano, em qualquer época.

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