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03/07/2022

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Crítica do filme: 'O Próximo Passo'


Os intensos paralelos entre a dança, o corpo e as formas de enxergamos nossa vida. Um dos filmes mais impactantes da seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022, O Próximo Passo, nos leva a uma viagem, as vezes profunda, as vezes com leveza, de uma bailarina que vê sua vida mudar completamente após uma situação. Traçando semelhanças entre a dança e o que acontece na vida, um dos méritos dessa poderosa produção francesa é conseguir um entendimento entre os movimentos que são pré estabelecidos, no caso da dança clássica (na vida, o que planejamos para nosso futuro), com as questões do improviso, a dança contemporânea (as eventualidades do viver). Dirigido pelo cineasta Cédric Klapisch, a produção conta como protagonista, Marion Barbeau, dançarina principal da famosa companhia de Ballet da Ópera de Paris, em seu primeiro papel como atriz.


Na trama, conhecemos a bailarina profissional, de 26 anos, Elise (Marion Barbeau), uma mulher que após sofrer uma contusão durante uma apresentação pela companhia de dança que fazia parte ruma para uma estrada de redescobertas como pessoa, como profissional da dança, entre desilusões do amor, novas oportunidades, buscando também uma melhora no relacionamento com os que ama, principalmente seu pai, o advogado Henri (Denis Podalydès). Ao longo de quase duas horas de filme, que deixa um gosto de quero mais, somos testemunhas de sequências empolgantes onde o nosso refletir está em todos os lugares.


A sincronia, a força, o drama, o protagonismo da própria vida. O cineasta Cédric Klapisch consegue encher a tela de emoção dentro de um foco na desconstrução de uma jovem que embarca numa autoanálise profunda, uma redescoberta. O ritmo é lento no início mas aos poucos vamos entendendo a proposta de Klapisch que tem objetivo nos fazer refletir sobre a vida através do pulsante universo conectivo da dança, essa ação cultural, empolgante que tem drama, alegria, assim como as trajetórias de nossa existência.


Os ricos coadjuvantes contribuem muito para contar essa história de infinitas interpretações, onde a dança incorpora um papel importante, sendo deixado implícito os certeiros e criativos paralelos entre o que é pré estabelecido e o que vira improviso. Tem as novas compreensões sobre amores após uma traição, enxergamos um novo olhar para coisas que estavam em nossa frente através do ouvir melhor o que o outro tem pra dizer, as novas conexões que acabam abrindo caminhando deixando um ponto de interrogação proposital sobre o futuro pois há escolhas que ainda virão.


O Próximo Passo é um raio-x visceral na vida de uma artista, uma batalhadora da cultura, que aprende a enxergar na dança paralelos com sua própria realidade.



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Crítica do filme: 'Golias'


A privatização da natureza e suas consequências. Abordando questões importantes e fazendo refletir sobre tantas outras, que vão desde à questão capitalista, ao universo sempre polêmico dos lobistas, a função política pública, as leis, as formas de buscar justiça, Golias, longa-metragem dirigido por Frédéric Tellier é um filme denuncia, baseado livremente em fatos reais. Incluso na seleção do ótimo Festival Varilux de Cinema Francês 2022, o filme de pouco mais de 120 minutos de duração, nos mostra três histórias que se caminham para o mesmo clímax a partir de descobertas impactantes sobre um pesticida criado por uma empresa poderosa.


Na trama, conhecemos três personagens, três destinos que se encontrarão. Patrick (Gilles Lellouche), é advogado ligado ao direito ambiental que embarca numa jornada atrás de provas contra uma poderosa empresa que usa um pesticida ofensivo para todos que tem contato. France (Emmanuelle Bercot) é uma professora de educação física que após a piora do marido percebe que precisa lutar de outras formas contra a empresa que detém os direitos de um produto usado diariamente por seu vizinho. Mathias (Pierre Niney) é um jovem destaque de uma empresa que tem o trabalho de influenciar e interferir diretamente nas decisões do poder público (lobista). Esses três destinos vão se unir na mesma estrada quando uma fazendeira comete um ato de protesto.


A informação aqui é um fator chave. A maneira manipulativa que enormes empresam adotam confundem parte dos consumidores e também toda uma sociedade. Quais são limites? Há limites? Dentro do jogo capitalista, desse olhar muitas vezes egoístas, muitas pessoas se veem como fantoche dessas grandes corporações que levam prejuízos de saúde para milhares. Aqui enxergamos melhor essas palavras pela personagem France, uma batalhadora, mãe, esposa, que se vê em uma estrada de escolhas sobre o que fazer quando começa a perceber, mesmo com a força contrária baseada em manipulativos dados, que o produto usado nas terras do seu vizinho pode ter provocado a doença do marido. Assim, se aproxima de um grupo ambiental e se envolve em protestos contra engravatados gananciosos. Uma caminhada árdua, de muita dor.


O lado político também ganha contorno explícitos. Exemplo é a trajetória, a rotina, de um dos personagens, um audacioso lobista, um paralelo com a realidade, conseguem acesso e influencia sobre quem deveria prezar pelo bem dos outros sem nenhuma questão de empatia. Mathias é o elo entre a empresa e os outros, essa última palavra no sentido amplo, que vai desde o lobby político até o afastamento dos reais detalhes sobre o que vende como sendo bom. A personificação absurda da ganância da privatização da natureza e todos os males que estão inclusos nesses atos.


As leis e suas linhas inconclusivas, interpretativas e os contornos políticos se mostram presentes quando a questão legal do processo vira algo para ser pensando de forma mundial. Nesse momento, conseguimos traçar paralelos bem nítidos com a realidade. Nesse momento também é que vemos duas forças desleais, uma luta desleal, uma representada por Golias (daí o título do filme) e sua força quase imbatível e do outro lado, o de todos os que lutam contra os absurdos provocados por muitas empresas. A ‘pedra atirada’ nesse Golias é o ato de uma fazendeira e toda a força e drama que esse momento emblemático na trama consegue provocar adiante.


Dentro do seu objetivo que é o de fazer refletir sobre um tema mundial e atemporal, Golias embarca de forma avassaladora nas razões, consequências, de muitos assuntos que estão nos jornais semanalmente deixando sempre para o público de forma detalhada abrir o seu pensar.





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30/06/2022

Crítica do filme: 'Kompromat'


O olhar pela fechadura sobre questões geopolíticas. Selecionado para o Festival Varilux de Cinema Francês 2022, o longa-metragem Kompromat nos mostra a saga de um francês que é chantageado, acusado e punido na Rússia tendo que correr contra o tempo para limpar sua reputação e voltar para casa. Livremente baseado em fatos reais, o filme mete o dedo em feridas geopolíticas e coloca em xeque questões sobre as relações internacionais de dois países antagônicos na forma de enxergar muitas questões. Dirigido pelo cineasta Jérôme Salle, o filme é protagonizado pelo excelente ator francês Gilles Lellouche.


Na trama, conhecemos Mathieu (Gilles Lellouche), um simpático e muito querido diretor da Aliança Francesa, que trabalha na região da Sibéria, na Rússia, que certo dia é detido pelas formas militares russas (ligadas à FSB, órgão que substituiu a KGB) acusado de um crime que não cometeu. Sem saber direito o que fazer nessa situação, e com os diplomatas franceses em Moscou reféns da diplomacia nesse país sempre complicado, vamos acompanhando as estratégias de sobrevivência dele ao longo de 5 meses em território hostil. Para ajudá-lo, somente uma jovem russa que ele conhecera em uma festa que pode ser também um dos fatores que levaram aos motivos de sua prisão.


O termo Kompromat, como é explicado logo nas legendas iniciais da projeção, é uma espécie de chantagem, um acúmulo de informações sobre uma pessoa para serem utilizadas em vantagens futuras. Essa é uma tática russa muito utilizada nos tempos ainda de União Soviética. Partindo dessa questão, o filme se baseia em fatos reais para nos mostrar como a questão dos direitos humanas é facilmente quebrada em uma região violenta, preconceituosa e de pouco papo pra negociações que adota métodos ligados à chantagem e destruição de reputações para punir seja qual for o motivo, mesmo esse sendo banal.


As interpretações nas questões diplomáticas, completamente ligadas às questões de relações internacionais ficam em evidência em meio ao conflito de Mathieu se tornando até certo ponto uma enorme crítica às atitudes tomadas. Qual a posição oficial da Embaixada da França no local perante a questão? Essa é muitas perguntas são logo respondidas mostrando o labirinto de conflitos que toda a situação se projeta.  Em paralelo, vemos os dramas e escolhas do protagonista completamente refém de uma situação que nunca imaginou em passar e escolhendo a dedo em quem confiar. A conclusão não deixa para trás tudo que devemos refletir sobre o que vemos ao longo de pouco mais de duas horas de projeção.

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Crítica do filme: 'Querida Léa'


A autoanálise dos clichês que giram em torno do amar. Escrito e dirigido pelo cineasta parisiense de 44 anos Jérôme Bonnell, Querida Léa nos leva para um dia na vida de um homem de 40 e poucos anos que está em conflito com suas emoções depois de um desfecho de um novo relacionamento com uma mulher mais nova. O desespero, a angústia, o término, dominam as ações e emoções dessa jornada de 24 horas fazendo o protagonista entrar em uma estrada de autoconhecimento sobre tudo que o cerca. Os clichês do amor se transformam em meditação para o conflituoso personagem que se depara com argumentos de terceiros sobre seu momento atual. O filme faz parte da seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022.


Na trama, conhecemos o gerente de uma empresa de construção chamado Jonas (Grégory Montel), um homem que acorda de madrugada em uma festa de uma empresa que vai logo cedo encontrar sua paixão atual, a bela Léa (Anaïs Demoustier), uma cantora de ópera. O relacionamento entre os dois está à beira do término, sem o primeiro aceitar esse rompimento. Após esse encontro, ele vai até um café, administrado pelo simpático Mathieu (Grégory Gadebois) que fica de frente à casa da amada e lá começa a escrever sobre o amor. Podemos entender também que ele escreve para si mesmo, descobrindo campos profundos de suas emoções. Ao longo desse dia, cheio de variáveis incontroláveis e conversas conflituosas o olhar do outro e para o outro acaba se tornando frequente, seja no ônibus, na estação de trem, ou no simpático café.


A trama caminha lentamente pelo campo da suposição, aqui gerando cenas cômicas que tem como cenário um frequentado bairro francês, um bar e a janela da amada. O simbolismo desse último, a janela, pode-se traçar paralelos em fábulas românticas literárias famosas onde essa região da casa se torna cenário de um romantismo implícito. Longe de ser simplista em sua premissa, o longa-metragem caminha pelo somatório de conflitos que Jonas não está sabendo ultrapassar. O filme busca seu desenvolvimento para os embates emocionais dentro de um recorte muitas vezes intimista de um personagem principal que busca encontrar as respostas dessas lacunas que não consegue preencher.


Na vitrola tocando Mr. Bojangles (música epicêntrica de outro filme do Festival Varilux desse ano, Encontrando Bojangles), o ato de escrever sobre o amor e também seus clichês, os novos olhares, a recente descoberta da atenção aos argumentos dos outros que alcança a realidade muitas vezes... aos poucos, se você conseguir embarca nessa jornada, vamos sendo transportados para o refletir sobre o cotidiano e suas várias formas de enxergar os conflitos.



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Crítica do filme: 'Esperando Bojangles'


As surpresas e realidades no caminho da fantasia. Baseado no livro homônimo do escritor francês Olivier Bourdeaut, Esperando Bojangles, um dos destaques da seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022, é uma história emocionante que contorna de maneira bem leve os caminhos incompreendidos da loucura deixando a reflexão ao público a cada instante. Traçando paralelos entre o lado bom da vida e a fantasia somos testemunhas de protagonistas que se confundem entre o real e o faz de conta, um modo de viver onde a inconsequência resolve cobrar as vezes de maneira implacável. A direção é assinada por Régis Roinsard e no elenco, os maravilhosos Romain Duris e Virginie Efira.


Na trama, conhecemos Georges (Romain Duris), um contador de histórias, meio malandro, que durante uma festa que chegou de penetra acaba conhecendo a bela Camille (Virginie Efira), por quem logo se apaixona e tem um filho. O cotidiano deles é repleto de festas, contas sem pagar, vivendo em um universo de fantasia que acaba passando para seu filho. O casal tem a rotina de escutar, naquelas vitrolas antigas, em muitos desses momentos a canção Mr. Bojangles. Em certo momento, Camille começa a apresentar sinais de que não quer nem consegue acessar o cotidiano e a realidade que se apresenta.


O filme é de uma sutileza ímpar. O brincar de faz de conta apresentado é uma fuga da realidade, as questões mundanas de andar pelos conflitos não importava muito aos personagens. O contraponto chega quando Georges começa a perceber que a esposa possa estar ultrapassando as tênues linhas da fantasia com a realidade.


Outros personagens também nos apresentam suas visões para os protagonistas. Aos olhos do filho, aos poucos, é como se um castelo de cartas fosse caindo em efeito dominó, levando-o da fantasia de inesquecíveis momentos às dolorosas questões que a vida coloca pelo caminho. Há um curioso personagem, Charles (Grégory Gadebois), que acompanha a família durante todos os anos, uma espécie de padrinho daquela união, um alguém que se coloca como um ombro amigo nos momentos delicados.


No momento de virada da ótima trama, nos deparamos com um arco dramático muito profundo, emocionante onde escolhas precisarão serem tomadas. Dentro desse contexto, vamos enxergando um pouco do volume de emoções que transbordam sem controle, até mesmo os horrores dos métodos que eram usados para o combate à esquizofrenia (o filme é ambientado em décadas atrás).


Esperando Bojangles é um filme muito mais profundo do que aparenta, nos leva em uma viagem, muitas vezes cômica, mas que apresenta um lugar astroso que a mente humana as vezes pode acessar.



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29/06/2022

Crítica do filme: 'Um Pequeno Grande Plano'


O destino do planeta está nas mãos das novas gerações. Em seus curtos 66 minutos de projeção, Um Pequeno Grande Plano, longa-metragem francês na seleção do Festival Varilux de Cinema Francês 2022, é um pérola que abre leques de reflexões que vão desde as questões humanitárias, como podemos contribuir para o nosso planeta, chegando na geopolítica e colocando um casamento em conflito. Dirigido por Louis Garrel (que também faz parte do elenco), o filme nos leva a pensar sobre questões que estão diariamente aos nossos olhos.


Na trama, conhecemos Abel (Louis Garrel) e Marianne (Laetitia Casta), um jovem casal que após notarem o sumiço de algumas roupas e objetos pela casa confrontam o filho Joseph de apenas 13 anos. Após esse papo, descobrem que o filho e mais centenas de jovens de todo o mundo estão bolando um projeto secreto para ajudar a África. Tendo isso revelado, o casal embarca em uma jornada de conflitos sobre como pensam em relação ao mundo e o destino do próprio casamento.


A missão de salvar o planeta é o background desse interessantíssimo filme. As visões da nova geração em relação a necessidade de fazerem alguma coisa pelo lugar onde vivem é de uma poesia que traz esperança. Abordando em muitos diálogos sobre a visão que eles, os jovens, tem do mundo até aquele momento e não deixar de se corromper pelos vícios do caos capitalista dos adultos é de se pensar bastante.  


Impressionante como em um curto espaço de projeção, que caracteriza esse projeto como uma média-metragem, abre-se uma série de assuntos importantes para todos nós refletirmos. O foco é a questão cotidiana, até certo ponto o egoísmo, como uma visão simples e criativa pode mudar toda uma maneira pensar. O casal entra em conflito rapidamente, muito pelas duas formas de entender os simbolismos contidos na ação do filho. Abel é um agitado trabalhador urbano, cheio de compromissos que parece deixar a monotonia do capitalismo embarcar em seu pensar. Marianne logo se sensibiliza com o projeto secreto feito pelas crianças e isso a faz rapidamente analisar sua posição do mundo, como mulher e isso reflete quando para pra pensar sobre sua vida e seu casamento.


Esse é um filme que deveria ser debatido em salas de aula, universidades. A proposta do refletir encaixa no objetivo de nos fazer pensar cada vez mais nos rumos do nosso planeta e também de que forma podemos dar nossa contribuição.



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28/06/2022

Crítica do filme: 'O Destino de Haffman'


Os deslizes da moral. Trazendo uma história atemporal que traz o refletir aos nossos olhos, O Destino de Haffman, exibido no Festival Varilux de Cinema Francês de 2022, é um projeto onde caminhamos pelas emoções em uma época triste onde as escolhas se tornam questões vitais. Baseado na obra de Jean-Philippe Daguerre, o longa-metragem coloca ao pensar do espectador ações e consequências que fazem parte da trajetória de três personagens impactantes e seus conflitos. No elenco, um fabuloso trio de artistas: Daniel Auteuil, Gilles Lellouche e Sara Giraudeau. A direção é assinada pelo cineasta Fred Cavayé.


Na trama, conhecemos o experiente joalheiro judeu Joseph Haffmann (Daniel Auteuil) que vive uma vida repleta de amor e muito trabalho com sua família em Paris. Ele tem um funcionário no qual conhece faz pouco tempo, François (Gilles Lellouche) que sonha em conseguir com seu talento dar uma boa vida para sua esposa Blanche (Sara Giraudeau). Ambos sonham em ter filhos. Durante essa época, no início da década de 40, acontece a ocupação alemã e judeus são perseguidos por todos os lados. Buscando encontrar uma saída para a situação, Haffman propõe a François que ele assuma os negócios da joalheira e sua casa, para após a guerra ele volte para o verdadeiro dono. Só que Haffman não consegue fugir a tempo e precisará passar meses ao lado de François e Blanche só que numa posição invertida, fato que passará a criar conflitos profundos na vida dos três personagens.


Caminhando pela guerra e por profundos dramas existenciais que esbarram em conflitos familiares, O Destino de Haffman pode ser enxergado sob três óticas. Tem a do homem e sua desconstrução de caráter não sabendo lidar com um novo modo de viver dentro de uma condição ligada à moral. Tem a de um experiente batalhador urbano, que doou anos de sua vida para montar um negócio e de um dia para o outro vê tudo que construiu se desfazendo precisando modelar um acordo arriscado contando com a boa fé. Tem a de uma mulher que sofre terríveis consequências em sua relacionamento, além de abalos emocionais profundos, violência, muito por conta das ações de seu descontrolado marido. Essas três óticas contornam a excelente adaptação de Cavayé nos levando a uma mesma estrada de dor, sofrimento e escolhas dentro de uma moral abalada pela ganância que de forma alguma será inconsequente.


O Destino de Haffman é uma obra primorosa que vai fundo em sua análise sobre o ser humano, em qualquer época.

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