13/07/2022

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Crítica do filme: 'O Telefone Preto'


Quando o indescritível, até mesmo o misticismo, vira um paralelo com a realidade. Baseado em um conto homônimo do autor norte-americano Joe Hill (filho do grande Stephen King), O Telefone Preto nos faz embarcar em uma história chocante que liga o forte elo entre dois irmãos que sofrem com ambíguo pai à trajetória de loucura de um sequestrador de crianças. Ao longo dos eletrizantes 103 minutos de projeção, repleto de simbolismo, de interpretações sobre a fé, o público é conquistado do início ao fim nesse grande trabalho de Scott Derrickson, um cineasta para sempre termos em nossas listinhas de filmes. Consegue junções interessantes de seus personagens, alguns que caminham entre superficialidade com ações presente com uma profundidade no choque com a realidade. Foi assim, como O Exorcismo de Emily Rose e também em Doutor Estranho. O Telefone Preto é mais um senhor trabalho!


Na trama, conhecemos Finney (Mason Thames), um jovem de cerca de 13 anos que vive uma vida repleta de conflitos ao lado da irmã Gwen (Madeleine McGraw). Eles moram com o pai, o alcóolatra Terrence (Jeremy Davies), um homem conservador e muito rígido que está repleto de infelicidade em sua rotina. Finney sofre bullying na escola diariamente e possui o forte elo de carinho e afeto com a irmã como sendo um Oasis em meio ao caos de conflitos emocionais que atravessa. Na cidade onde moram, algumas crianças começam a desaparecer. Um dia, voltando da escola, Finney acaba sendo sequestrado por um homem em uma van repleta de balões pretos. Ele vai parar um porão onde tem apenas uma cama e um telefone preto, sem o fio. Conforme os dias vão passando, algo inusitado acontece, o telefone começa a tocar e Finney percebe que os outros jovens sequestrados pelo mesmo homem estão tentando ajudá-lo a sair daquela situação.


Vamos falar um pouco do marketing do filme para início da análise. Impressionante como os materiais divulgados conseguem prender a atenção e assim mesmo esconder essa história como um todo, colocando o vilão como uma mera peça no tabuleiro, como coadjuvante. Embarcamos nessa jornada com o foco no protagonista, um jovem que nos mostra a realidade de muitos, com o bullying presente na sua rotina, com um quebra-cabeça tumultuado em relação a família. Sua irmã é seu grande porto seguro, uma jovem que busca na fé explicações para questões do mundo algo que dentro do contexto se inclina para o misticismo, fato aqui importante pois corre em paralelo na trajetória dela e do irmão em dois focos distintos. Voltando a Finney, a construção desse personagem é brilhante, nos jogam elementos no início que serão compreendidos nos arcos conclusivos trazendo elos com a realidade.


Nesse suspense aterrorizante, muito por conta do lado psicológico fortemente embutido nos conflitos, o vilão se torna um elemento coadjuvante. Não há muita profundidade em relação aos seus porquês, mesmo assim nos prende a atenção nas ações presentes, esse que tem um arco construtivo também ligado a questão de irmãos. Ethan Hawke está muito bem no papel.


São tantas portas abertas para serem analisadas dentro de conclusões satisfatórias por conta dos argumentos apresentados que podemos afirmar que esse projeto é um dos grandes filmes de suspense de 2022. O Telefone Preto era muito aguardado e vai superar expectativas! Imperdível!