
Na trama, ambientada no período da segunda grande guerra,
conhecemos o jovem Jojo (Roman Griffin
Davis, em atuação marcante), um pequeno alemão ridicularizado por muitos
colegas, completamente extremista por tudo que ouviu falar sobre o nazismo.
Jojo passa seus dias trazendo pra sua realidade sua mente fértil. Tão fértil
que consegue ter um incomum amigo imaginário: Hitler, de quem escutas todo dia
conselhos e mais conselhos. Certo dia, após ouvir um barulho em sua casa,
descobre, escondida, uma jovem judia chamada Elsa (Thomasin McKenzie). A partir
daí, sua vida muda e suas dias passam a debates interessantes com sua mãe Rosie
(Scarlett Johansson) e com a nova
amiga.
Impressiona a força que possui a personagem de Johansson,
sua delicadeza em recriar um mundo mais amável para seu filho, brincando e
dançando para fugir de uma rotina de notícias ruins ligadas a violência, ódio e
guerra que chegam aos ouvidos de seu filho a todo instante. O projeto fala
sobre família, esse sentimento bom que vem de quem a gente ama mesmo com o
mundo pirando fora de nossa casa. A amizade ganha luz e ao mesmo tempo força,
unindo uma judia em fuga e um pequeno nazista consumido por um extremismo
doentio por tentar encontrar um lugar onde se encaixe. Os arcos do roteiro,
muito bem definidos, transformam dor em esperança a cada sequência.
Ganhador do BAFTA de melhor roteiro no ano passado, orçado
em 14 milhões de dólares (bem abaixo de muitas outras produções indicadas ao
Oscar em 2019), Jojo Rabbit é um
filme pouco comentado, para alguns até exagerado, mas que apresenta ao público
uma leveza tão difícil de encontrar dentro de todo o contexto triste de uma
guerra. Um belo trabalho do descendente de judeus, Taika Waititi.