Atravessando o recorte na vida de uma jovem moradora da periferia carioca que vive um presente repleto de conflitos, o novo trabalho do cineasta Marcus Faustini abre seu leque de reflexões a partir do medo e insegurança amarrados em uma profunda crise existencial. O projeto de 75 minutos de projeção busca com os conflitos criar uma narrativa que foge do discurso de apresentar soluções, é um filme que vai de encontro às verdades dentro de um recorte real da sociedade onde o medo se acopla em sonhos e desejos.
Na trama, conhecemos Ana (Priscila Lima), uma jovem que está atualmente com a cabeça voltada
para trabalhar. Ela mora com o único irmão (Gustavo Luz) em uma modesta casa na periferia do Rio de Janeiro e
tem como ganha pão passear com cachorros na parte rica da cidade. Com saudades
da mãe, falecida meses atrás, busca proteger o irmão contra o preconceito que bate
à sua porta. Parece viver uma crise existencial profunda mas sem deixar de
interagir com os amigos. E nesse presente repleto de conflitos, ainda tem a
chegada de Cristiano (Vinícius de
Oliveira), um ex que fugiu para a Bahia sem maiores explicações por quem
ainda tem sentimentos.
Um abstrato retrato do medo ganha fortes expressões por aqui.
O medo de uma sociedade desleal, da opressão de cada esquina. Ana parece viver
os seus medos e os dos que ama, um jornada que paralisa seu sonhar. Ela parece
detectar isso, se enxerga muitas vezes perdida, querendo resolver os problemas
que a cercam mas seu dar os primeiros passos para soluções. Mas será que todos
os problemas que a cercam tem soluções? As sessões com a psicóloga, com fitas
gravadas para driblar a timidez, servem para revelar suas angústias a um outro
alguém, assim entendemos melhor a intrigante personagem dentro de sua bolha
existencial que não encontra caminhos para o sentimento que se vive e se torna
difícil de falar.
Ana nos leva
também a pensar nos problemas de uma periferia em crises sociais constantes, no
preconceito de uma ainda sociedade conservadora onde a homofobia bate na porta
de muitas pessoas que somente querem ser felizes. Longe do discurso de
encontrar soluções, o longa-metragem é mais reto e direto, apresenta muitas
verdades que acontecem por aí.