Que notícia que nos dão de vocês? Buscando trazer novos olhares para um famoso movimento de talentosos músicos mineiros na década de 60, o Clube da Esquina, o documentário dirigido pela cineasta Ana Rieper, Nada Será como Antes – A Música do Clube da Esquina, navega com leveza e poesia pela história de algumas criações de sucessos em canções oriundas de uma observação detalhada do que viviam, também dos amores. As referências musicais e os paralelos entre o movimento estudantil e o cinema como pontos importantes para a criação do grupo são amplamente debatidos sob diversos olhares. Ganchos para um recorte mais amplo de uma época de constante mudanças no Brasil são vistos mas a narrativa estaciona na superfície.
A primeira parte do documentário é contagiante, seguimos
numa estrada deliciosa que nos mostra curiosidades da amizade ao brilhantismo. No
bairro de Santa Tereza, em Belo Horizonte, futuros compositores e letristas de
sucessos se reuniam, cada um com suas referências musicais, alguns adoravam
Jazz, outros Beatles. Essa diversidade de influências é muito bem captada pelas
lentes da diretora que por meio de imagens de arquivos e depoimentos de quem
viveu todo aquele início de história leva o espectador a ficar hipnotizado
durante a reflexão de como a simplicidade e a genialidade encontram paralelos
constantes.
Todo dia é dia de viver. Na sua segunda metade, sem se
desprender de mérito algum, o filme perde fôlego, tentando entrar em um recorte
mais amplo de uma época com muita coisa a se dizer, caminha lentamente para um
lugar perto do comum, como muitas outras produções. Exibido no Festival do Rio,
na Mostra de São Paulo e filme de abertura da décima oitava edição do Fest
Aruanda Nada Será como Antes – A Música
do Clube da Esquina pode ser visto como um registro marcante para quem viveu
o Brasil desde aqueles tempos além de plantar uma semente para o olhar atento
de uma nova geração.
Naquela calçada, fugindo de outro lugar, talvez num domingo
qualquer, a história foi escrita. Milton Nascimento, Lô Borges, Marcio Borges,
Toninho Horta, Wagner Tiso, Beto Guedes e outros integrantes brindaram a todos
nós com o flerte ao inesquecível, uma poderosa ferramenta de amor pela cultura
como um todo de um timaço da nossa música que provaram a cada verso que os
sonhos não envelhecem.