16/02/2025

Crítica do filme: 'La Dolce Villa'


Com o simples objetivo de combater o despovoamento de regiões do interior, a Itália - e também alguns outros países europeus - lança oportunidades com a aquisição de propriedades abandonadas ao preço simbólico de um euro. Isso é um fato real que acaba se tornando o pilar da nova comédia romântica da Netflix La Dolce Villa.

Explorando um esqueleto de roteiro que parece com tantos outros que vemos por aí - fato esse que incomoda em alguns momentos pelo excesso de clichês - o projeto dirigido por Mark Waters é uma obra que apresenta sem profundidade conflitos na relação entre pais e filhos, oportunidades para estrangeiros em outros países mas apostas suas fichas na camada principal: um foco num romance de conto de fadas na meia idade. Nessa mistura, algumas lições podem até virar reflexões.

O viúvo e consultor gastronômico norte-americano Eric (Scott Foley), em um impulso de pai preocupado, viaja as pressas para uma pequena cidade italiana com o desejo de convencer a filha Olívia (Maia Reficco) para abandonar a ideia de comprar uma propriedade no lugar. Chegando no local, começa a mudar de pensamento quando percebe oportunidades, e também quando se sente atraído pela prefeita da região, Francesca (Violante Plácido).

Ampliando os horizontes com imagens de um local lindo, a comuna San Gregorio da Sassola (onde foi todo rodado o longa-metragem), a história se desenvolve apresentando conclusões simplistas em torno de esteriótipos culturais. A fragilidade do roteiro para falar de política e outros assuntos parece confirmar as peças pré encaixadas que acabam produzindo uma enorme obviedade dentro dos arcos dramáticos dos personagens principais.

Do amor ao descompromisso no se reinventar, a história segue buscando entregar mensagens positivas no conforto do simplório, acomodado nos clichês mais batidos de muitas outras leituras sobre o transformar o olhar para a vida.


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14/02/2025

Crítica do filme: 'Criaturas do Farol'


As dúvidas sobre o canto da sereia. Se perdendo em alguns momentos entre os achismos que surgem naturalmente numa relação desconfiada entre duas pessoas que nunca se viram, o longa-metragem Criaturas do Farol é um peculiar suspense psicológico com poucas perguntas e também poucas respostas. O roteiro se fortalece em diálogos que nos guiam para uma jornada emocional e paranoias que prendem a atenção na maior parte do tempo mas não chegam a empolgar.

Pensando em realizar um objetivo náutico, que remete lembranças ao pai e apoiada pelo avô, a jovem Emily (Julia Goldani Telles) parte com seu veleiro rumo às infinidades dos oceanos. Chegando no sul do pacífico, a embarcação é atingida por uma tempestade e acaba indo parar numa ilha onde é resgatada pelo faroleiro Ismael (Demián Bichir). Logo essa relação de gratidão passará por enormes desconfianças.

Como contar uma história que está em uma bolha no campo das suposições? A tensão por meio do chocalhar psicológico se torna um corpulento elemento que encontra camadas no sobrenatural, na loucura, no contato com o isolamento. A fórmula encontrada nesse filme é interessante, aplicada em cena pelo indicado ao Oscar Demián Bichir e a competente atriz californiana Julia Goldani Telles, uma dupla harmoniosa.

Se tornando o grande alicerce de um roteiro que busca surpreender, os diálogos sustentam as transformações morais e psicológicas que passam os personagens a partir do que sabem - e vão descobrindo - um do outro. Nesse jogo de xadrez instaurado - onde peças são movidas a partir de descobertas - nos deparamos com um problema quando pensamos em desenvolvimento dos personagens. O fato do objetivo de Ismael ser indecifrável - talvez para se manter dentro da proposta de possíveis reviravoltas - deixa conclusões em demasia no campo dos achismos.

Utilizando na maior parte do tempo apenas um cenário, algo que dá um ar teatral e intimista, Criaturas do Farol pode ser definido como um passeio pela mente humana quando se depara com o inexplicável, batendo de frente com a paranoia.


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12/02/2025

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Pausa para uma série: 'Os Assassinatos de Åre'


Crônicas do caráter no gelo e no sangue. Dividido em duas partes, com complementos vindos apenas do desenvolvimentos dos protagonistas, a série sueca Os Assassinatos de Åre é uma engenhosa e macabra trama que parte de duas personalidades que tinham tudo para entrar em rota de colisão e nos guia até mentes doentias. Essa importância e detalhes na construção dos arcos dramáticos deixam poucas pontas soltas, dando chance para o suspense brilhar e surpreender.

Com um discurso sóbrio que caminha nas linhas tênues das relações de confiança, seja nas soluções dos casos de assassinatos, seja na própria vida pessoal dos personagens principais, o projeto que logo chegou ao Top 10 da Netflix é uma adaptação dupla, de dois livros da escritora e advogada Viveca Sten: Hidden in Snow e Hidden in Shadows.

Nos três primeiros episódios tomamos conhecimento dos perfis dos protagonistas. A detetive Hanna (Carla Sehn) resolve ir relaxar e esquecer dos problemas em uma área mais isolada da Suécia se distanciando do mundo na casa da irmã. Mas logo chama sua atenção o desaparecimento de uma jovem, fato esse que a faz trabalhar com Daniel (Kardo Razzazi), o encarregado das investigações que recentemente foi pai. Ao longo dos dias, descobrirá segredos e enfrentará a desconfiança da sua dupla.

Todo filmado na própria cidade de Åre – um lugar gelado que tem cerca de 1.300 habitantes – essa primeira parte da história, adaptação de Hidden in Snow, é quase um prólogo quando pensamos nos personagens. A desconfiança, elemento presente todo o tempo, dá lugar as novas formas de enxergar uma cidade pacata com pouco alvoroço. Sob neve constante, o clima esquenta conforme pistas vão surgindo guiando o público para entrelaços que surpreendem. Aqui, o mistério ganha o protagonismo, fisgando o público a cada descoberta.

Já no segundo caso, adaptação do livro Hidden in Shadows, a dupla de protagonistas precisa enfrentar as perguntas que giram em torno do assassinato brutal de um ex-atleta olímpico que tinha uma empresa. Nesse ponto da história, Hanna e Daniel estão muito próximos e essa relação se estreita com os problemas em casa que o segundo enfrenta.

Mesmo seguindo ainda um detalhado olhar para o campo da investigação – que se perde em alguns momentos com subtramas pouco desenvolvidas - nesses capítulos finais, o foco acaba sendo a relação mais próxima e de provável conflito entre os dois detetives. Mas nada apaga a riqueza na forma de dissecar as emoções e os limites do comportamento humano – leia-se dentro da ética e moral – algo refletido em uma direção de arte e fotografia que andam em total harmonia transformando Os Assassinatos de Åre em um ‘Dois em um’ que vale o ingresso.

 

 

 

 

 

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Crítica do filme: 'Bogotá: A Cidade dos Sonhos Perdidos'


Chegou recentemente ao Top 1 da Netflix um filme que busca nas reviravoltas de um protagonista camaleônico prender a atenção do público. Trazendo uma história de um desmanchar dos sonhos aos olhos de um jovem que entra em total desconstrução sobre o que acredita, sugado para o único caminho que encontra: a criminalidade, Bogotá: A Cidade dos Sonhos Perdidos é um filme que se joga na melancolia, sem grandes momentos, mas que se fortalece nas razões humanas.

Na trama conhecemos o jovem sul-coreano Guk-hee (Song Joong-ki) que na virada do milênio, vai morar com os pais na Colômbia depois de um grave problema financeiro atingir seu país natal. Nessa nova terra, além do problemas com o frustrado pai, logo se associa a contrabandistas e acaba fazendo disso uma carreira que logo fica em ascensão rumo ao poder em meio ao inescrupuloso e impiedoso mundo do crime.

Contextualizando uma grave crise real ocorrida por economias que tiveram um rápido crescimento econômico no Século XX, algumas dessas também conhecidas como os Tigres Asiáticos, Bogotá: A Cidade dos Sonhos Perdidos aborda a imigração numa terra que apresenta alguns tipos de oportunidades. Indo de forma profunda no lado humano e as transformações sobre o que se acredita num primeiro momento, tem arcos dramáticos convincentes em um roteiro que navega pelas razões morais a todo instante.

Dirigido pelo cineasta Kim Seong-je, o projeto tenta elucidar alguns porquês do protagonista de forma rasa e até certo ponto corrida por mais que o desenvolvimento do protagonista seja satisfatório. O julgar, o ponderar e o agir são elementos que ganham força e parecem uma ordem a ser seguida. Dentro de um show de transformações emocionais, não dúvidas sobre a boa direção de Seong-je.  

A figura central do projeto é uma vítima de uma situação num primeiro momento, quando abre janelas de oportunidades, vemos um fator de se adaptar que acaba se sobrepondo a própria índole. Indo por esse norte, esse filme pode ser visto por muitas pessoas como um recorte sociológico e também econômico de uma época de incertezas.

Convencional e com uma narrativa que empolga apenas em alguns momentos, esse é um daqueles longas-metragens que mostram os quebra-molas em relação a moral quando o mundo parece ter somente um caminho.

 

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Crítica do filme: 'Com Você no Futuro'


Já olhou nos olhos de alguém e sentiu uma conexão? As fitas cassetes de outrora, os momentos que ficam guardados e nunca mais esquecidos são alguns dos elementos que envolvem o novo filme da Prime Video Com Você no Futuro, romance dramático camuflado de fantasia ingênua guiada por uma trilha sonora de uma das bandas mexicanas mais famosas de todos os tempos, Maná. Pena que a narrativa sonolenta nos leva para uma jornada convencional e pouco atrativa.

Carlos (Michel Brown) e Elena (Sandra Echeverría), antes muito apaixonados, hoje vivem as tristezas de um divórcio. Certo dia, ele um advogado estressado e ela uma musicista, se deparam com uma situação inusitada, uma pessoa que diz ser o cupido (Mauricio Barrientos) entrega a eles uma chance de reviver sua história de amor numa volta ao passado no ponto onde tudo começou. Assim, guiados pelas músicas do famoso grupo musical mexicano embarcarão em dilemas e reflexões sobre a relação.

Não sei vocês mas eu adoro a banda mexicana Maná. E por esse motivo, fui conferir esse filme. Talvez fosse melhor escutar as canções pelo Spotify. Reunindo uma série de fantasias e realidades distantes para abordar a relação a dois, o longa-metragem escrito e dirigido pelo cineasta mexicano Roberto Girault é um show de desencontros em duas épocas. Com o alvo mirado nas reflexões sobre casais em crise – algo que representa de alguma forma a maturidade - o tiro que não sai pela culatra, se tornando um show pelos deslizes da imaturidade.

Seguindo uma fórmula de bolo batida de muitas comédias românticas, pegando o passado como uma forma de mudanças de um presente estagnado, o roteiro - apoiado num confronto com o começo de um fim - costura os arcos dramáticos de forma corrida, não aproveitando personagens e principalmente o contexto temporal como uma ferramenta para preencher lacunas de uma relação. Nesse passatempo ingênuo, o previsível é algo constante nos 90 minutos de projeção.  


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Crítica do filme: 'A Lista'


Baseado numa peça teatral de sucesso escrita pelo dramaturgo Gustavo Pinheiro, o longa-metragem A Lista nos transporta para uma história de lembranças, conflituosas relações familiares, encontros e desencontros tendo como cenário o famoso bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Com a essência carioca muito bem captada, um elenco maravilhoso e grande parte experiente, o projeto apresenta relações de riso e emoção na média certa – mesmo com pontas soltas do roteiro - sem esquecer de uma pitada política importante.

A vida da professora aposentada do Estado Laurita (Lilia Cabral) não anda com muito ares de felicidade. Moradora de um prédio em Copacabana, vive seus dias nos embates com outros vizinhos num antes, durante e depois da pandemia. Cheia de medos e aflições, com o estopim gerado pela relação fria e distante com a filha (Letícia Colin), certo dia começa a se aproximar para uma amizade com cantora de música clássica Amanda (Giulia Bertolli), sua vizinha. Assim, entre encontros e desencontros, começa a perceber as oportunidades que a vida sempre colocou à sua frente.

Quinto filme dos Estúdios Globo, o primeiro a ser lançado direto na televisão (dia 17 de fevereiro na Tela Quente), essa dramédia comandada por José Alvarenga Jr. – que assinou a direção de Os Normais e outras comédias - bate na tecla das mudanças no olhar para a vida aos olhos de duas personagens carregadas de decepções no seu campo familiar. As situações do cotidiano – levadas para o lado cômico –  dão um charme ao filme que também cutuca políticas durante a pandemia com um personagem negacionista e até mesmo um pai que não entende o valor do trabalho com as artes.

Ao adaptar uma peça de teatro para o cinema, pode ser comum alguns deslizes. O roteiro junto à narrativa, não consegue criar de forma harmônica o elo para se chegar no epicentro que seria a amizade entre as protagonistas. Há uma certa ingenuidade ao se contar uma história através de uma construção de dois pontos de vistas mas que a interseção fica de escanteio. Por outro lado, ótimos diálogos, uma trilha sonora empolgante, e a relações riso e emoção na média certa dão um certo equilíbrio aos arcos dramáticos, o que faz a narrativa fluir.

Nesse universo de encontros e desencontros, A Lista também joga para destaque a melhor idade. É tão bom assistir novamente em tela nomes como: Rosamaria Murtinho, Zezeh Barbosa, Betty Faria, Reginaldo Faria, Tony Tornado, Anselmo Vasconcelos, Tony Ramos. Um elenco de primeira que ajuda a contar essa história que, mesmo com alguns deslizes, deve agradar a toda família.

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Pausa para uma série: 'Sobrevivendo à Queda dos Black Hawks'


O que é o certo e o errado em uma guerra? Não é de hoje que ações militares de países em território distante sempre nos colocam de frente com evidências sobre as formas e os porquês de determinada ordem. Trazendo depoimentos de dois lados de uma batalha ocorrida num país da África Oriental, a nova série documental da Netflix, dividida em três partes, Sobrevivendo à queda dos Black Hawks nos leva de volta até os horrores documentados quando um fato mudaria os rumos dessa ação norte-americana na capital da Somália, Mogadíscio.

A história - que foi o ponto principal para o filme de Ridley Scott, Falcão Negro em Perigo – nos leva de volta até o início do segundo semestre de 1993 quando a maior força armamentista mundial mandou suas forças especiais militares (inclusive os Delta Force, famosa tropa de elite) para ajudar uma campanha humanitária da ONU. Mas a ação logo virou uma intervenção para atuar contra as milícias que reuniam exércitos numerosos de fiéis seguidores.

Dentro desse cenário e sob as ordens do até então presidente norte-americano Bill Clinton, no início de outubro uma batalha pelas ruas da cidade litorânea de Mogadíscio (capital da Somália) ficariam marcadas para sempre na história militar norte-americana, com a queda de dois helicópteros Black Hawks e soldados perdidos em linha de fogo esperando reforço. Mas até esse epicentro, é importante entender o cenário como um todo, algo que a minissérie busca em sua narrativa só que de forma bem superficial.

Temos de um lado um país em guerra civil – algo que perdura até hoje - que levou a fome generalizada e uma divisão entre lados milicianos. Do outro, o mais poderoso país do mundo em uma missão de apoio à ONU, que logo vira uma ação de captura e depois uma missão de resgate. Desde a chegada dos norte-americanos ao território alvo, as interações com a população foram da esperança ao ódio agitando uma panela de pressão que culminaria em horas de terror e heroísmo.

Civis e aliados de malícias contam suas versões do que viveram. Militares que estiveram de frente na linha de confronto também, inclusive com histórias que se interlaçam. Assim, conseguimos chegar em várias linhas de reflexões que passam inclusive pelos pensamentos humanitários isolados pelo medo de uma situação de risco.

Diversos pontos de vistas são usados para dar o máximo de realidade ao ocorrido. Entre depoimentos e simulações fictícias - contando ainda com filmagens reais feitas por um cinegrafista amador somaliano – é fácil entender que a dor e o sofrimento estavam em todos os lugares. Uma cronologia detalhista - com uma riqueza de ações e emoções – nos leva para um tabuleiro estratégico onde a parte política ganha holofotes por algumas vertentes.  

Sobrevivendo à queda dos Black Hawks é um retrato sobre dores e traumas. O certo e o errado de um confronto ganham interpretações colocando em evidência que as ilusões de uma paz ficam cada vez mais distantes quando o real problema vira uma questão política.

 

 

 

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08/02/2025

Crítica do filme: 'Will & Harper'


Um reencontro aguardado, uma viagem emocionante, um filme com mensagens lindas tendo a amizade como força. Chegou ao catálogo da Netflix um documentário interessantíssimo, que poderia muito bem ser um dos indicados ao Oscar. Rodado em 16 dias pelas estradas norte-americanas nos mostra uma viagem de carro para relembrar uma amizade quando Will Ferrell fica sabendo que Harper se assumiu como uma mulher trans.

No mesmo dia que o astro de Hollywood Will Ferrell foi contratado para o famoso programa de comédia Saturday Night Live, uma outra pessoa assinava um contrato como roteirista, Andrew Steele. Logo, uma forte amizade nasce que acaba também virando reflexo dos ótimos textos do show humorístico famoso em todo o mundo. Durante a pandemia, Will recebe um e-mail onde seu amigo de longa data lhe conta uma novidade.

As dúvidas e perguntas de ambas as partes fazem parte dos humorados bate papos.  Começando por Nova York, pelos estúdios do programa que fizeram durante anos, passando por um jogo de basquete do time de Indiana, a dupla relembra boas e velhas histórias. Mas, principalmente no sul dos Estados Unidos, o preconceito se mostra presente em alguns lugares que visitam colocando a dupla em situações de reflexões. Os medos e curiosidades se misturam em uma narrativa que atravessa a cultura da sociedade norte-americana.

Encontrando amigos pelo caminho, conhecendo pessoas novas a cada parada, os 27 anos de amizade vão se atualizando e assim vai se construindo um filme comovente com vários momentos marcantes. Lembranças se mostram presente, e longe das temporadas de incertezas que Harper viveu em grande parte da vida, atravessa com maturidade os desabafos sobre o transicionar e o se sentir aceita por família, amigos e amigas.

Dirigido por Josh Greenbaum esse é um filme sobre memórias, aceitação e os reflexos no presente. Nessa jornada encantadora, além de um fortalecimento do que é amizade, o público ganha uma história linda sobre as redescobertas no viver.


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Crítica do filme: 'A Garota da Agulha'


Um aterrorizante recorte que aconteceu na Europa tempos atrás. Baseado em fatos reais e ambientado na Dinamarca no pós primeira guerra mundial, A Garota da Agulha é uma estrada aterrorizante cheia de reviravoltas pela natureza humana onde não conseguimos desgrudar um minuto nossos olhos de todos os acontecimentos nas pouco mais de duas horas de projeção. Dirigido pelo cineasta sueco Magnus von Horn, esse é uma daqueles true crimes que vai ser difícil tirar da memória. Merecidamente indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

A vida não é fácil para Karoline (Vic Carmen Sonne), uma jovem que após o desaparecimento do marido se vê em um mar de desilusões quando se envolve com o seu chefe, fica grávida mas logo é rejeitada. Sem saber o que fazer quando a criança nascer, acaba conhecendo Dogmar (Trine Dyrholm), uma mulher que comanda uma agência de adoção clandestina. Esse encontro trará desenrolares impactante quando verdades começam a aparecer.

A mistura de terror e drama acaba sendo uma fórmula certeira que nos leva para o surpreende retrato de uma história real ocorrida no século XX, logo após um dos maiores conflitos que a humanidade já viu. A reconstrução de todo um contexto aqui é apenas uma aresta para uma imersão a psiquê humana que mostra o lado obscuro de traumas não resolvidos, relações deterioradas, o sufocar nos dilemas.  Impressiona como o filme cresce a cada nova revelação.

Todo em preto e branco, fato esse que transforma a narrativa em um desfile pelo estado de espírito nas camadas emotivas que passa a protagonista, A Garota da Agulha brilha no  desenvolver a linguagem cinematográfica tendo norte um expressionismo que atinge o coração das emoções e também as crises morais e existenciais. Tudo é muito interessante, seja na parte dramática, seja nos personagens, no ambiente, na estética.

Intenso e surpreendente, o filme está disponível no ótimo catálogo da MUBI.


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Crítica do filme: 'A Ordem'


Não é de hoje que os debates sobre o nazismo apresentam questões que ainda chocam. Trazendo mais um recorte desse universo totalitário, com o preconceito a flor da pele, A Ordem, novo filme protagonizado por Jude Law, nos mostra de forma intensa as investigações policiais que levaram ao desmanche de uma célula neonazista. Com uma narrativa detalhista que busca apresentar os pormenores de um história real ocorrida em partes dos Estados Unidos, o projeto nos leva até o modo de pensar e execução, aliado ao medo e terror, pelas irmandades milicianas de supremacistas brancos.

Ao se mudar para uma nova cidade, o agente do FBI Terry Husk (Jude Law) logo se depara com surgimento - e logo ascensão - de um grupo de supremacistas brancos que levantam dinheiro através de roubo a banco e falsificação de cédulas. Seu líder é Bob Mathews (Nicholas Houht), um homem impiedoso e metódico que a cada hora se torna mais poderoso. Buscando fechar o cerco contra o grupo, Husk se une ao policial Jamie (Tye Sheridan) para uma caçada sangrenta e com algumas reviravoltas.

Baseado em fatos reais e ambientado no início da década de 1980, e muito mais profundo que o pensamento superficial de ser um filme de ‘Polícia vs ladrão’, essa história mostra cada faceta - e maneira de pensar – do texano Robert Jay Mathews, um terrorista norte-americano líder do grupo intitulado A Ordem. Essa página triste na história dos Estados Unidos é retratada aqui de forma dura e visceral, com atuações excelentes que só elevam a qualidade do filme.  

Muito bem datado, o roteiro busca seguir os passos do bando com precisas localizações, dividindo o filme de maneira intuitiva, principalmente nos atos de desenvolvimento da história, onde o público, após uma breve apresentação, embarca nos confrontos que passam os personagens. A direção do cineasta australiano Justin Kurzel é precisa, consegue captar nossa atenção em cenas de ação de tirar o fôlego e no conturbado das emoções dentro de todo o arco dramático. Mesmo você que possa conhecer a história que fora baseado esse filme, ainda se surpreende.

Indicado ao Leão de Ouro no Festival de Veneza do ano passado e baseado no livro The Silent Brotherhood de Kevin Flynn e Gary Gerhardt, o projeto disponível no catálogo da Prime Video garante duas horas de muitas reflexões mostrando as verdades por trás dos absurdos fascistas/nazistas que vemos até hoje por aí.

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