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02/06/2024

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Crítica do filme: 'Fundo do Poço'


Uma jornada fúnebre e sangrenta. Disponível na MAX, Fundo do Poço nos mostra a trajetória de um homem bem sucedido, prestes a morrer, e seus enfrentamentos aos últimos dilemas que percorreram toda sua vida. Ao longo de 90 minutos de projeção, entre tragédias na iminência, vamos caminhando para reflexões num retrato de um leve despertar da solidão. Dirigido por Rightor Doyle, o filme bate na tecla da sexualidade, assunto que contorna os desenrolares de um roteiro que se desenvolve na harmonia entre uma bolha melancólica e um humor afiado.

Na trama, conhecemos Gary (Zachary Quinto), um homem em busca de realizar os últimos desejos já que tem um câncer inoperável no cérebro. Completamente sozinho em uma enorme mansão, já que sua família o abandonou quando contou que era gay, um dia ele resolve contratar Cameron (Lukas Gage), um massagista com fins sexuais. Quando uma série de situações acontecem nesse dia, passando por encruzilhadas, dilemas, arrependimentos e descobertas de instantes de felicidade, essa dupla de desconhecidos precisará vencer alguns obstáculos.

Um dia caótico, regado à sangue, inusitados momentos e a necessidade de enfrentar as consequências. Através do despertar de um personagem reprimido que buscou durante toda sua vida ser um exemplo da hipócrita imposição da sociedade dentro do conceito da moral e bons costumes chegamos em uma série de situações que conseguem em ótimos diálogos nos levar para várias reflexões. A narrativa se impõe com dinamismo, com o uso de um ritmo frenético onde a intensidade das emoções afloram e são vistos em cena através de uma direção de arte que diz muito pelas entrelinhas.

Tendo a sexualidade como epicentro dos conflitos que se seguem, o roteiro encontra um caminho interessante para desenvolver um alguém que está preso em uma melancolia e enxerga de forma abrupta seu despertar através do olhar de um outro personagem que também passou por dramas parecidos. É uma dupla que funciona em cena. Junto a isso, outros personagens aparecem nesse liquidificador que encosta no caos, nas despedidas, mas tendo as ironias do destino a seu favor.


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03/07/2021

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Pausa para uma serie: 'Hacks'


O poder de uma boa piada. Inteligente, divertido, debate questões como preconceito, a força feminina, assunto familiares, relação entre pais e filhos entre outras. Criado pelo trio Lucia Aniello, Paul W. Downs e Jen Statsky, Hacks é um dos mais interessante e engraçados seriados disponíveis no universo dos streamings disponíveis no Brasil, nesse caso na novíssima HBO MAX. Contando o cotidiano de duas sensacionais protagonistas, em momentos delicados de suas vidas, acompanhamos profundos dramas sobre a arte do fazer rir. Reflexivo, empolgante, abre espaço para o amor de todas as formas em seus brilhantes dez episódios de cerca de 30 minutos. Jean Smart dá um verdadeiro show na pele de uma das mais emblemáticas personagens femininas atualmente do universo das séries, a mal-humorada rainha do stand up Deborah Vance.


Na trama, conhecemos a enrolada roteirista Ava (Hannah Einbinder) que após um relativo sucesso no underground da comédia de Los Angeles, fica marcada como carta fora do baralho depois que um tweet seu viraliza negativamente. Precisando recomeçar, ela busca ajuda de seu agente, Jimmy (Paul W. Downs), uma espécie de Ari Gold (referência ao lendário personagem interpretado por Jeremy Piven no seriado Entourage) dos novos tempos, em busca de um trabalho que a possa sustentar. Ele acaba conseguindo uma vaga de redatora para os shows da comediante de sucesso Deborah Vance (Jean Smart). Assim, Ava embarca rumo à Las Vegas, junto com sua mala cheia de problemas emocionais, um coração partido de um recente término com a namorada, para tentar conquistar a atenção da super estrela do stand up comedy que também passa por momentos difíceis na vida.


Duas personalidades completamente diferentes. Duas fases de vida nada iguais. Idades distantes. As protagonistas embarcam em argutos debates sobre a vida, que vão desde os confrontos sobre a não mais atemporalidade de algumas piadas de Vance até mesmo as questões complicadas familiares que a diva do stand up enfrenta mas sem nunca se abrir. Tudo se encaixa com perfeição pelas linhas de um roteiro sublime, até as subtramas são ótimas equilibrando a comédia com dramas ligados ao coração. Há um destaque para a força dessas mulheres sempre à frente de seus tempos. Somos testemunhas de uma forte relação de amizade que nasce aos poucos, também podemos enxergar como ‘mãe e filha’, em meio a todo o caos que insiste em chegar dia após dia dentro do brilho das inesquecíveis noites de shows. Hannah Einbinder e Jean Smart possuem uma harmonia fantástica em cena, um diálogo melhor que o outro. Hacks merece aplausos de pé! Que chegue logo a segunda temporada!

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28/12/2015

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Crítica do filme: 'No Coração do Mar'

Após o eletrizante Rush: No Limite da Emoção, o cineasta vencedor do Oscar Ron Howard volta aos longas-metragens dessa vez para contar ao público uma história complementar a do clássico Moby Dick.  No Coração do Mar conta as verdades não ditas sobre um grupo de marinheiros que enfrentaram um dos maiores animais do planeta no meio de um dos oceanos, a milhas e milhas longe da terra. Com um orçamento que beirou os 50 milhões de dólares, o filme possui efeitos especiais maravilhosos, ótima edição, trilha sonora eficaz, além de uma forte e sólida trama que prende o espectador a todo instante. Um destaque na atuação vai para o experiente Brendan Gleeson que emociona bastante com seu sofrido personagem.

O filme, ambientado no ano de 1820, mostra, primeiro, os preparativos de um barco baleeiro chamado Essex que parte da Nova Inglaterra rumo aos famosos óleos de baleia, atividade bastante lucrativa nessa década. Toda a história é contada por Tom Nickerson (Brendan Gleeson), um dos poucos que sobreviveram a aventuram à Herman Melville (Ben Whishaw). No comando, George Pollard (Benjamin Walker) um capitão de navio que tem mais nome do que experiência; como primeiro imediato Owen Chase (Chris Hemsworth) um experiente em caçada de baleias que possui todo o respeito da tripulação. Ao longo de meses, a tripulação busca o maior número de óleo de baleia. Até que um dia, são atacados por uma gigantesca criatura marítima e agora precisarão lutar pela sobrevivência.

Os três arcos do filme são muito bem definidos e possuem a profundidade certa para entendermos a história e características mais marcantes dos personagens. No primeiro momento, rapidamente e com um recheio (que não chega a incomodar) de clichês, vemos a partida para a expedição onde já de cara é escancarado que teremos problema de relacionamento na linha de comando. No segundo ato, contém a ação mais específica e foca com detalhes na ganância do homem e os reflexos disso ao enfrentar uma força da natureza. Já no arco final, e talvez o mais surpreendente, é a luta pela sobrevivência e a necessidade de se fazer tudo para sobreviver.


Inspirado no conto dramático de Nathaniel Philbrick, que inspirou o famoso Moby Dick, o filme estreou no último dia 03 nos cinemas brasileiros e promete agradar bastante ao público. Conhecendo ou não a história de ‘Moby Dick’, não deixe de assistir a esse bom blockbuster.
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