25/04/2021

Palpites para o Oscar 2021


Demorou um pouquinho mais esse ano (inclusive foi quase no dia do meu aniversário), enfim chegou aquele dia que nós amantes da sétima arte adoramos, a cerimônia do Oscar! Em 2021, todo o formato de apresentação e entrega dos prêmios será bem diferente dos outros anos por conta da pandemia que vivemos.


Nesse ano, ótimos e alguns fracos filmes fazem parte das disputas em algumas categorias. A mais disputada categoria desse ano, sem dúvidas é a de Melhor Atriz, com cinco belíssimas atuações e sem nenhuma favorita. Na própria categoria Melhor Filme está bem indefinida a situação. Em outras categorias o prêmio já é quase certo.


Pelo blog, você encontra textos de quase todos esses filmes da lista.


Abaixo, seguem meus humildes palpites de quem eu acho que deveria ganhar e quem eu acho que ganhará a tão sonhada estatueta do Oscar nas principais categorias:

 

 

Melhor filme


"Meu pai"

"Judas e o messias negro"

"Mank"

"Minari"

"Nomadland"

"Bela Vingança"

"O Som do Silêncio"

"Os 7 de Chicago"

 

 

Quem eu acho que ganha: Nomadland

Quem eu acho que deveria ganhar: O Som do Silêncio

 

Como dito acima, essa é uma categoria bem disputada esse ano. Tem ótimos filmes nessa lista: Meu Pai tem uma maravilhosa atuação de Anthony Hopkins que leva o filme; Mank é o tipo de filme que a academia adora; Minari surge como uma grata e boa surpresa; Bela Vingança tem um trabalho de direção, roteiro e atuação excelentes; O Som do Silêncio é um dos indicados que mais emocionam o público com uma atuação pulsante de Riz Ahmed; Judas e o Messias Negro conta uma história real de maneira bastante honesta e conta com atuações excelentes de Daniel Kaluuya e Lakeith Stanfield; Os 7 de Chicago é um filme que até certo ponto divide opiniões mas não deixa de ser um impactante achado histórico com ótima atuação de Sacha Baron Cohen; Nomadland é um filme que a academia gosta e mostra toda a técnica fantástica de uma das melhores diretoras da atualidade e de uma das melhores atrizes do cinema norte-americano.

 

 

 

Melhor atriz


Viola Davis - "Avoz suprema do blues"

Andra Day - "Estados Unidos Vs Billie Holiday"

Vanessa Kirby - "Pieces of a woman"

Frances McDormand - "Nomadland"

Carey Mulligan - "Bela vingança"

 

 

Quem eu acho que ganha: Carey Mulligan

Quem eu acho que deveria ganhar:  Todas as cinco.

 

 

Como mencionado acima, a categoria indecifrável da noite. Todas as cinco artistas podem vencer esse prêmio e o melhor de tudo: será mega justo!

 


Melhor ator


Riz Ahmed - "O som do silêncio"

Chadwick Boseman - "A voz suprema do blues"

Anthony Hopkins - "Meu pai"

Gary Oldman - "Mank"

Steve Yeun - "Minari"

 

 

Quem eu acho que ganha: Chadwick Boseman

Quem eu acho que deveria ganhar:  Anthony Hopkins

 

Devem premiar Chadwick Boseman, por uma de suas melhores atuações na curta carreira. Mas nada é mais impactante nessa categoria do que a atuação de Anthony Hopkins, sem palavras para definir. 

 

 

Melhor direção


Thomas Vinterberg - "Druk - Mais uma rodada"

David Fincher - "Mank"

Lee Isaac Chung - "Minari"

Chloé Zhao - "Nomadland"

Emerald Fennell - "Bela vingança"

 

 

Quem eu acho que ganha: Chloé Zhao

Quem eu acho que deveria ganhar:  Chloé Zhao

 

 

Essa categoria para mim é a mais fácil. É impactante a direção de Chloé Zhao, além disso é lindo ver duas candidatas mulheres e competentes nessa categoria. Tem nem discussão: Zhao vence e merece! Menção honrosa para Vinterberg e seu excelente Druk (talvez o melhor filme nas listas desse Oscar, pena não ter sido indicado para Melhor Filme).

 

 

Melhor atriz coadjuvante


Maria Bakalova - "Borat: fita de cinema seguinte"

Glenn Close - "Era uma vez um sonho"

Olivia Colman - "Meu pai"

Amanda Seyfried - "Mank"

Youn Yuh-jung - "Minari"

 

 

Quem eu acho que ganha: Maria Bakalova ou Youn Yuh-jung

Quem eu acho que deveria ganhar:  Amanda Seyfried

 

 

A disputa está entre a atriz húngara Maria Bakalova, intérprete de uma personagem chave no segundo filme do personagem criador por Sacha Baron Cohen e a atriz norte-coreana Youn Yuh-jung pelo seu comovente papel em Minari. Mas tenho que comentar a atuação de Amanda Seyfried, a melhor de sua carreira, é o oásis em Mank, um filme bem mediano mas que cresce quando Seyfried aparece.

 


Melhor ator coadjuvante


Sacha Baron Cohen - "Os 7 de Chicago"

Daniel Kaluuya - "Judas e o messias negro"

Leslie Odom Jr. - "Uma noite em Miami"

Paul Raci - "O som do silêncio"

Lakeith Stanfield - "Judas e o messias negro"

 

 

Quem eu acho que ganha: Daniel Kaluuya

Quem eu acho que deveria ganhar:  Sacha Baron Cohen

 

 

Tem um fato meio esquisito nessa categoria. Os dois atores de Judas e o Messias Negro serem indicados a essa categoria mostra que alguém do processo seletivo das indicações não assistiu a esse filme, pois, considerar os dois atores (que diga-se de passagem estão ótimos) como coadjuvantes é inaceitável. Um deles precisa ser o protagonista em um filme que o tempo de tela é consumido pelos dois, ou não? Fora essa bizarrice, preciso dizer que são cinco atuações excelentes: tão bom ver Leslie Odom Jr. que conheci no musical Hamilton interpretando de maneira linda Sam Cooke; Me emocionei com a atuação de Paul Rici no ótimo O Som do Silêncio; Sacha Baron Cohen, não por Borat 2, mas por Os 7 de Chicago domina a cena de maneira impressionante.

 

 

Melhor filme internacional


"Druk - Mais uma rodada" (Dinamarca)

"Shaonian de ni" (Hong Kong)

"Collective" (Romênia)

"O homem que vendeu sua pele" (Tunísia)

"Quo vadis, Aida?" (Bósnia e Herzegovina)

 

Quem eu acho que ganha: Druk - Mais uma rodada

Quem eu acho que deveria ganhar:  Druk - Mais uma rodada

 

Uma das categorias que mais gosto em todos os Oscars. Se repararem ano após ano, os filmes daqui são em sua maioria excelentes obras que muitas vezes superam indicados por acaso da categoria principal. Dito isso, nesse ano, não tem pra ninguém: Druk - Mais uma rodada, um baita filme dirigido pelo criador do Dogma 95 Thomas Vinterberg, esse que inclusive concorre na categoria de Melhor diretor por esse filme.

 

 

Melhor roteiro adaptado


"Borat: fita de cinema seguinte"

"Meu pai"

"Nomadland"

"Uma noite em Miami"

"O Tigre Branco"

 

Quem eu acho que ganha: Nomadland

Quem eu acho que deveria ganhar:  Nomadland

 

Alguns portais indicam que Borat: fita de cinema seguinte é o favorito mas o trabalho feito em Nomadland é fabuloso. Tecnicamente é um filme excelente, completo. Acho que vence esse último.

 

 

Melhor roteiro original


"Judas e o Messias negro"

"Minari"

"Bela vingança"

"O som do silêncio"

"Os 7 de Chicago"

 

Quem eu acho que ganha: Bela vingança

Quem eu acho que deveria ganhar: Bela vingança

 

 

Nessa categoria será brindado esse ótimo filme que fala muito sobre a sociedade machista e hipócrita em que vivemos. Vence com louvor Bela vingança. Mas Os 7 de Chicago e o famoso Aaron Sorkin corre por fora e pode surpreender. Destaco também o ótimo O Som do Silêncio.

 

 

Melhor animação

 

"Dois irmãos: Uma jornada fantástica"

"A caminho da lua"

"Shaun, o Carneiro: O Filme - A fazenda contra-ataca"

"Soul"

"Wolfwalkers"

 

Quem eu acho que ganha: Soul

Quem eu acho que deveria ganhar: Soul

 

 

Uma daquelas categorias que nem tem disputa: É Soul! Fabuloso drama com técnicas de animação.

 

 

Melhor curta-metragem em live action

 

"Feeling through"

"The Letter Room"

"O Presente"

"Dois Estranhos"

"White Eye"

 

Quem eu acho que ganha: Dois Estranhos

Quem eu acho que deveria ganhar: Dois Estranhos

 

Categoria marcada por impactantes filmes, representativos, fantásticos. Mas o mais fantástico desses curtas é sem dúvidas: Dois Estranhos. Maravilhoso filme.

 


Melhor documentário


"Collective"

"Crip camp"

"The mole agent"

"Professor Polvo"

"Time"

 

 

Quem eu acho que ganha: Professor Polvo

Quem eu acho que deveria ganhar: Professor Polvo ou Collective

 

Outra categoria bastante disputada, com produções muito elogiadas e algumas delas bastante emocionantes. Seguindo essa trilha da emoção, Professor Polvo conta uma amizade inusitada e nos emociona de maneira surpreendente, deve e merece ganhar o prêmio. Mas assista a todos os outros filmes, essa categoria sempre nos apresentam filmes maravilhosos.

 

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Pausa para uma série - The One - 1a Temporada


E se o amor for uma definição do destino e genética? Usando e abusando entre o possível e o imaginativo, distância quase sempre sem possibilidade de medição por conta do avanço tecnológico que o mundo se acelera a cada dia, The One, série britânica disponível na Netflix, nos questiona sobre o amor e suas formas de encontrar uma alma gêmea nos apresentando também a ambição personificada por uma vilã bem definida, quase implacável, que faz de tudo para não quebrar qualquer princípio razoável do seu egoísmo, destaque para sua intérprete a atriz Hannah Ware. Repleto de polêmicas, esse seriado, pode ser que agrade muito a alguns e nada a outros.


Na trama, conhecemos os amigos Rebecca (Hannah Ware), James (Dimitri Leonidas) e Ben (Amir El-Masry), um trio de estudiosos com um futuro de sucesso nas suas áreas. Certo dia, Rebecca e James descobrem uma maneira de que a partir de um teste de DNA uma pessoa possa encontrar seu parceiro perfeito. Assim, montam uma enorme empresa chamada The One (que logo vira um sucesso) comandada nos tempos atuais por Rebecca e com James bem afastado dela. Aos poucos, entre flashbacks detalhados e informações entrelaçadas vamos conhecendo segredos que aconteceram no passado, no início da criação da empresa e também os motivos da morte de Ben, que é investigada pela detetive Kate (Zoë Tapper).


Dentro dos fatores positivos podemos afirmar, sem grandes spoilers, que as subtramas em relação a aceitação de entrar ou não nesse universo de combinações genéticas são bem interessantes. Enxergarmos assim o relacionamento de Hannah (Lois Chimimba) e Mark (Eric Kofi-Abrefa) que vira de cabeça para baixo quando a primeira resolve ir encontrar a combinação genética de Mark; a subtrama de Kate que envolvida nos mistérios de Rebecca também se submete a uma combinação e seu desenrolar é um dos principais elos construtivos para a criação de uma provável segunda temporada; a própria transformação da grande vilã da série e como a desconstrução da personagem fora feita na junção entre o que houve no passado, no presente e seus objetivos para o futuro. Mas há situações que ficam apenas na superfície, uma delas, a de James, um dos motores de partes da trama, personagem que nem de longe chega a seu total potencial de impacto pelo tamanho de informações que ele sabe.


The One provoca o espectador a todo instante. Mas vale um amor encontrado, construído, com começo, meio, com seus defeitos e lados positivos, conforme as leis da vida ou o comodismo, a preguiça de ser geneticamente encontrado por alguém para se amar perdidamente, sem início, nem meio, apenas a genética gritando? Será que os apostos realmente se atraem?

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Crítica do filme: 'O Barco'


Pelo mar quase nada chega, e quase nada vai. Com um visual deslumbrante, como se estivéssemos em um tour por um museu, O Barco, longa-metragem nacional que fora lançado no segundo semestre do ano passado (2020), encosta no folclore, desejo de partir e descobrir, nos contos regionais mas não deixa de ser uma fábula de brasilidade. Há um narrador dentro da trama, esse e as imagens, o movimento, a luz e a escuridão nos guiam rumo ao entendimento do peculiar, da densidade dos diálogos e seus interpretativos significados. Um trabalho técnico impecável de um dos grandes artistas do cinema brasileiro, Petrus Cariry.


Na trama, conhecemos uma vila de pescadores onde se fala pouco, se trabalha muito e sem muitas margens para saídas. Assim conhecemos uma mulher e seus 26 filhos, cada um desses tem como nome uma letra do alfabeto. A, o mais velho, deseja partir dali e descobrir um mundo diferente do que só enxergou até então. Assim, dentro desse desejo quase secreto de ir, a chegada de um barco e uma moça começam a refletir sobre si mais sobre seus futuros objetivos.


Em certos pontos/momentos parece que estamos dentro de uma viajar incompreensível, anda na linha bamba e tênue entre o cinema autoral e o cinema de somente auto compreensão de quem cria. O Barco, filme que já se encontra em algumas plataformas digitais, não é um filme fácil. Usa das arquiteturas da vida, da falsa ação da simetria, do infinito universo das histórias de pescador, para chegarmos a um entendimento pelas imagens e seu movimento, que nesse caso, muitas vezes valem mais de mil palavras confusas.


Com uma belíssima fotografia (marca registrada do diretor), podemos afirmar que é impressionante como Petrus sabe aonde colocar uma câmera para mostrar movimentos, o aspecto da narrativa proposta, afim de orientar o espectador para dentro de seus universos confusos e belos.

O Barco (Trailer Oficial) from Iluminura Filmes on Vimeo.

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24/04/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #392 - Alessandra Carneiro


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Alessandra Carneiro tem 42 anos, é carioca, jornalista com passagens pela Globo, Jornal O Dia, Jogos Rio 2016 e hoje é editora da Agenda Carioca e fala um pouco sobre cinema no perfil do Instagram @streamingetc. Também fez faculdade de cinema e ama viajar e cachorros. Adora ver filmes em qualquer lugar, de qualquer forma, mas acha que nada tem a mesma magia que uma sala de cinema.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Acho que a tendência dos cinéfilos é dizer o circuito Estação, né? Com uma variedade maior de filmes de arte e fora do circuito comercial hollywoodiano. E, sim, apesar de ser clichê, não tem como não citar o circuito Estação. Mas não só: porque eu também não dispenso um bom blockbuster. E aí vou citar meu cinema preferido: Roxy, do Grupo Severiano Ribeiro, em Copacabana, um dos poucos cinemas de rua que ainda resistem na cidade e pertinho da minha casa. Fora que é um local que me traz muita memória afetiva. Espero que volte a reabrir após o fim da pandemia.

 

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

O primeiro filme que vi: Fantasia, da Disney. Eu era muuuito nova, devia ter uns 4 anos, mas lembro como se fosse ontem eu me arrumando pra ir nessa mágica chamada cinema. E tudo me encantou: o tamanho da tela, a sala escura, o mickey gigante na minha frente, as músicas e tudo em som alto... isso para uma criança nos anos 80, com aquelas telinhas pequenas da TV e cheias de interferência e bombril na antena...imagina o choque!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Ai, difícil citar um só...Amo alguns. Pulp Fiction do Tarantino; Carne Trêmula do Almodóvar, Manhattan e Annie Hall do Woody Allen (não me cancelem! rs Mas eu realmente acredito na inocência dele e confio nas investigações que o absolveram); Laranja Mecânica do Kubrick; O Mestre do Paul Thomas Anderson. Acho que vale citar também que amo filmes de terror e dois diretores mais contemporâneos têm me chamado muito atenção: Ari Aster (meu preferido dele é Midsommar) e Jordan Peele (amo Corra!).

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Se for pensar apenas criticamente, Cidade de Deus. Acho que tecnicamente o filme é perfeito! Aquela cena de abertura então... uma obra-prima! Mas fiquei fascinada por Bacurau quando vi. Então...os dois.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É ser, acima de tudo, apaixonado por cinema. Consumir cinema em todas as suas vertentes.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feita por pessoas que entendem de cinema?

Sim e não. Nos chamados cinema de arte, sim. Nos "de shopping", não necessariamente. E acho que mesmo que entendam de cinema, não é a qualidade do filme que motiva o circuito, e sim, o potencial de bilheteria.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Espero que não. rs. Não, não acho que irão acabar. Mas acho que serão enxutas, sim, infelizmente. Cinema, cada vez mais é frequentado por quem ama a sétima arte como um todo, e não para quem só busca uma opção de entretenimento fora de casa.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Poderia citar vários filmes fora do circuito blockbuster, mas acho que a maioria dos cinéfilos já viram. Ou The Rocky Horror Picture Show, um dos meus filmes preferidos de todos os tempos, mas tem seu público cult e fiel também. Mas sabe um filme bem despretensioso que acho divertidíssimo e que pouca gente viu, apesar de um elenco com várias estrelas (Ben Affleck, Casey Aflleck, Kate Hudson, Christina Ricci)? "200 Cigarros". Outro que amo: "Amor à queima-roupa", com Christian Slater, Patricia Arquette e Gary Oldman. E Nu em Nova York, com o Eric Stoltz. Nenhum deles é um filme que vai mudar sua vida, mas são filmes que me divertem muito e nem sei como revê-los. Ah! Lembrei de mais um! E esse acho um filmaço mesmo: "Estranhos Prazeres", com Juliette Lewis e Ralph Fiennes.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Acho complexo... No atual momento, mesmo com a vacina? De jeito nenhum. Estamos no pior momento da pandemia. Mas acho que pode ser possível mesmo antes de atingir os tais 70% da população vacinada. Tudo depende dos números, da medição de risco. Temos que ouvir e acreditar nos especialistas nessa situação. Eu entendo que é difícil manter salas abertas após tantos meses fechados. Infelizmente, empresários de diferentes setores foram muito atingidos e não há um plano de ajuda. Então apesar de não concordar, eu entendi a reabertura das salas num momento em que a proliferação do vírus parecia mais controlada.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Acho que temos cada vez mais opções para diferentes gostos. Aproveito para citar um filme recente que acho que todo mundo deveria ver: Pacarrete.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Wagner Moura.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Vou roubar uma frase de Godard: "Cinema é a mais linda fraude do mundo"

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Era um Festival do Rio e a pré-estreia de Carne Trêmula, do Almodóvar. Cinema lotado, com pessoas sentadas no chão (na época, enchiam o cinema nesse nível). Eis que uma ratazana enorme começa a correr entre as pernas dos presentes e foi uma gritaria e todo mundo correndo. Foi no antigo Condor, em Copacabana. E outra que lembrei agora: o Roxy, um cinema do Rio com 3 salas. No cinema 1 estava passando Trainspotting, onde eu estava; e no cinema 2 alguma animação infantil que não lembro agora. Eis que entra na sala de Trainspotting um pai com uma criança de uns 7 anos. Claramente entrou no cinema errado. Ele ainda assistiu uns 15 minutos do filme antes de se tocar que estava no filme errado...

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Nunca vi. Mas dizem que é ruim, né? rs. Mas na época com o estouro da Carla Perez tinha seu público.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Precisar, não precisa. Mas acho que é preciso ter visto muitos filmes, ter referências, e ser apaixonado por aquilo para realmente fazer excelentes filmes.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Pior? Nossa...já vi tanta coisa ruim. Mas um filme que me incomodou demais e saí do cinema com dor de cabeça foi "A Última Paixão de Cristo".

 

17) Qual seu documentário preferido?

Dois brasileiros: Cabra Marcado para Morrer, do Eduardo Coutinho; e Notícias de uma guerra particular, de Katia Lund e João Moreira Salles.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Nossa...pra tantos...mas o último que lembro fazer isso foi "Infiltrado na Klan", do Spike Lee.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

"Coração Selvagem", do David Lynch

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

A sessão de críticas do NYT (sou fã da Manohla Dargis), IMDB e Rotten Tomatoes.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Telecine Play.

 

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #392 - Alessandra Carneiro

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #391 - Demerson Souza


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Demerson Souza tem 22 anos, é bolsista graduado em Cinema e Audiovisual pela Universidade Anhembi Morumbi. Em 2019, roteirizou e dirigiu o média-metragem “Mamãe Tem um Demônio”, que foi selecionado em 25 festivais pelo mundo e ganhou 8 prêmios, a obra foi licenciada para o Canal Brasil. No ano seguinte, Demerson venceu o edital Spcine Curta em Casa e com os recursos dirigiu a animação “Nunca Mais Me Vi”, que foi selecionada para o 11° Cine Fantasy. Em 2021 dirige uma nova animação com recursos da Lei Aldir Blanc, com previsão de estreia no segundo semestre.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Petra Belas Artes tem sempre um bom filme passando, boas poltronas e uma boa tela, e se for o dia do pagamento, dá para aproveitar alguma comidinha caríssima do bar.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Abracadabra, eu assisti na creche, ainda não tinha nem televisão em casa, então pode ter sido o primeiro filme da minha vida. Foi lindo!

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

David Lynch, Cidade dos Sonhos.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Está sempre mudando, mas O Céu de Suely me pegou de jeito ano passado. Acho que sou um pouco a Suely, pelo menos queria ter a coragem dela.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Gostar de filmes assim como você gosta de café.

 

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, mas elas entendem o que o público geral gosta, então quem sou eu?

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Nada se perde, nada se cria, tudo se transforma.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Polyester de John Waters. A Criterion recentemente lançou uma edição lindíssima.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Sim, mas com poucas poltronas disponíveis, fiscalização de máscaras apropriadas e afins. Eu fui e foi bem divertido e seguro.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Altos e baixos, mas amo a popularidade crescente. Acho incrível os filmes brasileiros no TOP 10 da Netflix. Precisamos ser assistidos em nosso próprio território!

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Matheus Nachtergaele.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Uma linda ilusão.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Eu odeio perder o começo do filme, e estava com essa amiga super enrolada em saber que pipoca pediria. Pois bem, eu abandonei ela e fui para a sala. Quando ela conseguiu entrar, me xingou alto por uns minutos para todos ouvirem. Foi o caos, mas eu a amo.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Fez mais do que a Regina Duarte pela cultura brasileira.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Cinéfilo é um termo que muita gente acha feio, então creio que esses diretores só não queiram se envergonhar. Pois se eles amam filmes, são cinéfilos.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Algum pornô estranho.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Ilha das Flores continua incrível e acho que será atual por séculos a vir, infelizmente.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim, Aquarius! O Kleber Mendonça Filho estava lá, então não tinha nem como não aplaudir. Mas o filme merece, é incrível.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Coração Selvagem.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

O Notebook da Mubi.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix ainda tem o melhor catálogo.

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #391 - Demerson Souza

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #390 - Lara Sampaio


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, do Rio de Janeiro. Lara Sampaio tem 21 anos, é Co-CEO do Quarentena Online Film Festival, uma das criadoras do formato inovador do festival de cinema completamente online e aberto, nascido 19 dias depois do início da pandemia. Além disso, é Showrunner de um webreality pós-Masterchef chamado “AfterChef” indicado ao festival Cawcine. Além disso, é produtora e editora do seu primeiro longa-metragem “Desafio: Ilha Grande x Copacabana”, lançado em 2020. O filme fala sobre nove ultra-maratonistas aquáticos que se põem a atravessar 110km em alto mar. Ademais, tem 10 curta-metragens atuando em diversas funções, dentre elas direção, roteiro, edição, dublagem, atuação, produção etc, com 10 indicações em filmes como “VIRA-TEMPO”, “Jorge de Caio”, “No Ar”.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto muito do Cinema Itaú, porque lá tem filmes comerciais e independentes, então pego todo o leque de possibilidades narrativas.

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Scooby Doo, alguns dos de live-action, não me lembro qual. Sempre foi muito mágica a experiência de aproveitar um ambiente escuro, com ar condicionado e cheirinho de pipoca. Juntando com o filme, era o perfeito relaxamento e viagem que se precisava. Várias vezes esquecia que estava sentada em uma cadeira, me sentia ao lado dos personagens, desvendando os mistérios.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Confesso que não tenho muito isso, mas se tivesse que escolher alguém seria o Jordan Peele e o meu favorito dele é Us.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

É muito difícil escolher, são muitos. Mas eu ficaria bastante em dúvida entre "Que Horas Ela Volta?" e "Xingu". São dois filmes que contam sua história de uma forma extremamente sensível. Utilizam da simplicidade para trazer profundidade, além de transmitirem sua mensagem por meio de uma linguagem mais acessível a qualquer pessoa que assista, e não necessariamente só para um cinéfilo ou profissional do audiovisual.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É assistir todo tipo de filme de todo tipo de lugar e gostar disso. É quem gosta desde o que é considerado arte e o que não é, porque isso não passa de uma bobagem. É reconhecer o que gosta e não ter vergonha disso, mas assistir também o que não gosta e saber o porquê. É assistir de tudo e não ter vergonha de nada.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A grande pergunta seria "o que é entender de cinema"? Criar um tipo de programação que faz com que o cinema não se sustente, não é entender de cinema ao meu ver. Assim como criar um tipo de programação que não dá espaço para novas narrativas e diferentes linguagens, profissionais de diferentes tamanhos, também não é entender de cinema. A grande questão está em montar um modelo de negócio que funcione para dar espaço para que não tem, mas sustentar aquele espaço com o que é vendível para que ele não morra. Não há tristeza maior do que ver um cinema fechando. Poucos cinemas fazem isso, isso é certo, porque não é nada fácil e extremamente desafiador. Saber balancear isso é o grande entendimento de como funciona um cinema.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Não mesmo, cinema já teve mais crises existenciais seculares do que todos nós.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Benzinho de Gustavo Pizzi.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Eu não tenho como firmar uma resposta sobre a questão. Se considerarmos uma situação onde o quadro da pandemia se encontra mais controlado, por mais que sem a vacina, de repente a ida ao cinema do jeito que vários lugares têm feito com espaços entre as cadeiras, quantidade limitada de ingressos, sem bomboniére, sem ninguém tirar a máscara etc, as pessoas teriam que se preocupar em não tocar em nada e higienizar suas cadeiras, pois ficariam paradas assistindo ao filme durante 02h. Uma questão é se vale a pena abrir um cinema para lucrar míseros ingressos das poucas pessoas que iriam, sendo que sabemos que os cinemas se sustentam pela pipoca de 30 reais e a bomboniére estaria fechada. Ao mesmo tempo, manter salas que custam mais de 60 mil reais paradas, sem funcionamento, também é uma perda absurda de dinheiro. Contudo, nos encontramos numa guerra com o invisível, literalmente milhares de mortes por dia, quem sou eu para dizer que temos que voltar a funcionar antes da vacina? É uma questão ultra complexa com muitas variáveis. A única questão que sempre ressalto é a necessidade e a habilidade que temos de nos reinventar, de nos adaptar. Não só por sermos artistas, mas por sermos brasileiros. Não podemos assistir os filmes na tela grande agora, por que não criar streamings, sites, canais, qualquer coisa para que esses filmes não fiquem guardados na gaveta e esses cinemas zerados de bilheteria? O que puder ser feito diante do que nos há disponível neste momento, tem que ser feito.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Excelente, mas podemos melhorar. Ainda precisamos ter mais investimento para desenvolvimento e distribuição para aproveitar o máximo possível de nossas histórias, além de conseguir vendê-las e vinculá-las a mais janelas e possibilidades de espaço.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Anna Muylaert.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Indefinível.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Colocaram um filme adulto em uma sessão infantil, houve um pânico absurdo entre pais e mães. Crianças assustadas e famílias estressadas, presenciamos cenas fortes de depressão, agressão e violência. Não diria que foi inusitada, apenas que foi horrível.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Não assisti ainda.

 

15) Muitos diretores de cinema  não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Não, eu acredito que para você dirigir um filme você precisa ter muitas referências. Não é só filme, é série, é YouTube, é pintura, é desenho, é música, é clipe, é poesia, é livro, é dança... Não se pode restringir a apenas a filmes.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Ano Passado Em Marienbad.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Estou Me Guardando Para Quando o Carnaval Chegar.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Claro, muitos.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Eu tenho uma memória afetiva infantil pelo A Lenda do Tesouro Perdido. Provavelmente não é o melhor que vi dele, mas gosto muito e é o primeiro que me lembro.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Nenhum, eu prefiro revistas e portais que falam sobre o mercado, como a Exibidor. Sites com críticas e resenhas não me interessam muito. Gosto quando apenas preciso ler sobre um filme específico. Mas para esse tipo de conteúdo, prefiro o YouTube, canais como o Vanity Fair, por exemplo.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

O Disney+ e o Netflix, são os únicos que consigo assinar no momento.

 

 

Continue lendo... E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #390 - Lara Sampaio

23/04/2021

E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #389 - Geison Luz


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Geison Luz tem 39 anos, é um cineasta apaixonado, diretor do Instituto Pensamentos Filmados e diretor de Vídeo na produtora Meu Estúdio.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Eu passei a infância numa cidadezinha chamada Moreno, no interior de Pernambuco. E lá não tinham salas de cinema. Na verdade, até a televisão era uma coisa rara de se ter em casa. Tanto que a primeira vez que vi uma TV ligada eu pensei que fosse uma janela aberta. Mas, quando eu completei 10 anos de idade, abriu uma videolocadora no meu bairro, e foi por meio dela que eu comecei a ter contato com filmes. Eu passava o dia inteiro lá dentro lendo as sinopses dos filmes. E eu nem tinha como assisti-los em casa. 

 

2) Qual o primeiro filme que você  lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

No final dos anos 80, Os Trapalhões fizeram um show numa cidade próxima da minha e a produção montou uma sala de cinema itinerante para que a população local pudesse assistir aos filmes deles. E foi lá, numa cadeirinha de plástico, que eu tive a minha primeira experiência cinematográfica. Eu fiquei encantado com o tamanho da tela projetada na lona improvisada e eu guardei pra sempre aquela sensação de ver e ouvir as pessoas sorrindo com o filme.   

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Eu amo a possibilidade que um filme tem de abordar a natureza humana, as sensações e sentimentos comuns a todos nós. E o Ingmar Bergman, cineasta sueco, é um mestre neste sentido. Eu amo o cinema dele, e destaco o filme 'Fanny and Alexander', de 1982, o filme é uma obra de arte.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Durante a Pandemia, eu me dei a oportunidade de conhecer melhor o movimento do Cinema Novo Brasileiro que aconteceu nos anos 60. Eu sou apaixonado pela força cinematográfica daquele período. E pela vontade de documentar através da arte a realidade do nosso país. Então, eu vou destacar 2 filmes e 2 cineastas daquele movimento: ''Vidas Secas' (1963), de Nelson Pereira Dos Santos. E 'Terra em Transe' (1967), de Glauber Rocha. Clássicos!

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

É um estudante apaixonado pelas artes audiovisuais.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Essa é uma questão delicada. Porque, por mais que um programador queira apresentar um filme de qualidade artística na sala dele, o grande público brasileiro foi condicionado ao longo dos anos a consumir o cinema norte-americano. Então, por uma questão de sobrevivência financeira, os programadores são obrigados a atender esse gosto condicionado do público. E isso começou lá atrás, no período da 1ª Guerra Mundial, quando o cinema norte-americano dominou o mercado mundial, e a nossa produção cinematográfica, que já era fraca, sofreu uma queda violenta. Nesse período surgiram as primeiras revistas especializadas em cinema e elas começaram a difundir os mitos e estrelas de Hollywood. E, a partir dos anos 1930, diversos acordos comerciais estabeleceram que os filmes norte-americanos entrariam no Brasil isentos de taxas alfandegárias. E esses incentivos tornavam muito mais lucrativo para um programador exibir um filme 'enlatado' norte-americano do que um filme brasileiro ou mais artístico.

 

7) Algum dia as salas de cinema vão acabar?

As salas de cinema não vão acabar, mas eu acredito que, em breve, elas irão se adaptar para dar ao público uma sensação de entretenimento mais parecida com a encontrada num parque de diversões. As pessoas não irão ao cinema necessariamente para assistir ao filme, mas sim para viver uma experiência divertida com os amigos com telas tridimensionais, poltronas que se movem, jatos d'água que esquiçam durante a projeção, ... essas coisas. 

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Eu tô pelo Brasil rs, e indico o filme 'Eles Não Usam Black-Tie', de Leon Hirszman. Esse filme é muito atual. Conta com interpretações maravilhosas da Fernanda Montenegro e Gianfrancesco Guarnieri. E ganhou o Grande Prêmio Especial do Júri, o Leão de Ouro, no Festival de Veneza em 1981.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Infelizmente, não. A Covid-19 ainda é uma doença misteriosa, e a nossa paixão por cinema não poder ser maior do que a saúde e vida das pessoas. Mas eu acredito que até o final do ano as coisas comecem a melhorar. Mas até lá, o Governo precisa ter boa vontade e começar a realmente criar programas de incentivo para a área.  

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

A nossa qualidade técnica é muito boa, o digital abriu muitas possibilidades para o audiovisual brasileiro. Mas sinto que ainda pecamos na questão do conteúdo. Alguns dos nossos roteiros ainda são muito fracos. E as abordagens superficiais. E eu acredito que isso tem a ver com a formação dos profissionais e a falta de oportunidades. Nós temos roteiristas maravilhosos, mas muitos deles não conseguem chegar até os produtores. 

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Karim Aïnouz. Eu amo a direção sensível dele. E 'O Céu de Suely' é um filme lindo.

 

12) Defina cinema com uma frase:

“Eu acredito que o audiovisual tem o poder de sensibilizar e transformar as pessoas. Foi assim que aconteceu comigo. ”

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Em 2001, eu trabalhava numa pequena rede de videolocadoras na zona leste de SP e a nossa equipe foi convidada para assistir a pré estreia do suspense 'Os Outros', estrelado pela Nicole Kidman (atriz que eu amo!). A nossa equipe entreteve tanto com sustos e gritos o público presente na sala que fomos convidados pela distribuidora do filme no Brasil pra participar de TODAS pré estreias dele em SP.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um surto rs. O filme é muito ruim. 

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Eu acredito que sim. A gente não precisa acumular informações (até porque pessoas assim as vezes são chatas rs), mas é fundamental conhecer a fundo a nossa arte.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Eu fico com 'Cinderela Baiana' rs.

 

17) Qual seu documentário preferido?

'Honeyland' (2019), dos cineastas Tamara Kotevska, Ljubomir Stefanov. Um documentário poético sobre uma apicultora solitária e a relação dela com a natureza.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim. 'A Montanha Sagrada' (1973), do cineasta Alejandro Jodorowsky.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

'A Outra Face' (1997), do John Woo. O filme é uma viagem. Pra mim, um dos melhores do gênero ação.   

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

thefilmstage.com

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix.

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Crítica do filme: 'Estados Unidos Vs Billie Holiday'


A incompreensão sobre a dona de uma voz marcante, inesquecível. Baseado no livro Chasing the Scream de Johann Hari, Estados Unidos Vs Billie Holiday, novo trabalho do cineasta Lee Daniels (diretor do sucesso Preciosa: Uma História de Esperança), Estados Unidos Vs Billie Holiday conta em certos detalhes (dentro de um ponto de vista que pode ser até questionável) alguns anos de vida da inesquecível cantora norte-americana Billie Holiday e sua guerra contra o governo, entre outras questões por conta de uma música emblemática chamada Strange Fruit onde condena o racismo em seu país, especialmente o linchamento de afro-americanos. O filme está indicado ao Oscar de Melhor atriz pela bela e impactante interpretação de Andra Day.  


Na trama, conhecemos, já no auge, cerca de dez anos em sequência da vida da cantora Billie Holiday (Andra Day), uma mulher corajosa que enfrentou enormes dificuldades desde criança, sofreu abusos durante muito tempo e se relacionou com diversos homens violentos. Durante sua fase de maior sucesso, nem os direitos autorais recebia, ficando nas mãos de produtores de shows e alguns que diziam ajudar sua carreira. Ela foi uma viciada em drogas pesadas e por conta disso acabara sendo condenada à prisão durante algum tempo, muito também pela perseguição imposta por J. Edgar Hoover e seu FBI que se incomodavam quando ela cantava uma música chamada Strange Fruit, um tapa na cara de um governo que não fazia nada na época para mudar as atrocidades que os negros sofriam por toda a América, principalmente no sul do país.


Toda biografia tem seus pontos positivos e negativos. Buscando detalhar mais sobre os absurdos sofridos pela artista, seus vícios, a perseguição que sofrera do governo e seus relacionamentos que vão desde um agente infiltrado do FBI chamado Jimmy (Trevante Rhodes) até com a atriz Tallulah Bankhead (Natasha Lyonne), acaba esquecendo, ou melhor, não dando tanta importância a força da artista no palco à questão musical que, por mais que esteja envolvida na trama, fica apenas na superfície.


Figura incompreendida por muitos, que tinha fãs de todas as cores e classes sociais, foi uma das grandes personalidades a usar sua arte para dizer suas indignações do que via ao mundo, esperando mudanças. Estados Unidos Vs Billie Holiday, disponível na Amazon Prime, vale para conhecermos mais sobre uma das maiores divas do Jazz, ao lado de Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, mesmo que não consiga contar uma história de vida tão complexa de maneira mais completa.

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Crítica do filme: 'Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois'


Quando a dor é maior que o desejo, o corpo não suporta mais. Lançado anos atrás no circuito exibidor brasileiro, depois de passagens em alguns ótimos festivais, o suspense brasileiro Clarisse ou alguma coisa sobre nós dois afirma a tese de que cinema também é detalhe, movimento, e algumas vezes uma jornada sob ótica muito individual. Dirigido pelo cearense Petrus Cariry, percebemos uma tentativa de personificação do desgaste emocional, um caminho difícil de criar pensando em cinema, porém, a técnica em sua excelência, principalmente da fotografia (assinada pelo próprio diretor) nos leva a pontos de reflexão.


Na trama, conhecemos Clarisse (Sabrina Greve) uma mulher casada que durante alguns dias resolve ir visitar o pai que está doente. Chegando lá percebe que o lugar, objetos e situações começam a envolvê-la. Vemos quase uma mulher em transe, hipnotizada por um lugar que traz lembranças, memórias e que se choca com tudo em que a mesma se transformou. A boa captação do áudio, um problema resolvido de anos passados do nosso cinema, é fundamental para o clima profundo que o inusitado da trama pede.


Loucura? Imprecisão emocional? De onde nasce as certezas universais? Há uma tentativa de personificação do desgaste emocional (até mesmo a biologia como paralelo das emoções), um caminho difícil de criar pensando em cinema, porém, a técnica em sua excelência, principalmente da fotografia (assinada pelo próprio diretor) nos provoca pontos reflexivos aos montes dentro de um contexto de noites longas e tempo devagar.


Com uma intensidade profunda, podemos afirmar que Clarisse ou alguma coisa e nós dois não é um filme fácil, é provocativo e instiga o espectador a uma viagem metafórica cheia de margens argumentativas.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #388 - Karen Meira


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nossa entrevistada de hoje é cinéfila, de Guarulhos (São Paulo). Karen Meira tem 25 anos é a criadora do portal Meleka Pop (https://melekapop.com), Instagram: @melekapop .

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Gosto de ir nos cinemas de rua, como o Petra Belas Artes, que contam com programações diferentes dos cinemas de shopping. Além de trazerem mais filmes estrangeiros, eles também fazem semanas temáticas e eventos diversificados, também é um ambiente muito mais gostoso de visitar. 

Infelizmente muitos deles estão sofrendo financeiramente por conta da pandemia mas espero que consigam sobreviver.

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Sempre vi o cinema como um grande evento. Onde eu sempre ia com minha família e amigos, mas antes não era tão frequente ir aos cinemas como hoje. Eu ia com meus primos assistir Harry Potter e Homem Aranha sempre que saia um filme novo da franquia.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Xavier Dolan. Gosto dele porque tem "poucas" produções, é um diretor mais novo mas é muito inteligente. Meu filme preferido dele é Mommy.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

Estômago, é genial e nenhum filme de hollywood consegue fazer igual.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

Muito se fala sobre ser especialista em filmes, ter assistido todos os clássicos e saber fazer crítica sobre eles, mas acho que é mais sobre ter paixão em assistir filmes e gostar de falar sobre eles.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

Não, a maioria são cinemas do shopping, com programações feitas por profissionais que entendem o que a massa gosta. Mas ainda assim da pra atingir todos os públicos.

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acredito que não. Muito difícil substituir a experiência do cinema.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram mas é ótimo.

Vou aproveitar pra indicar o meu preferido Mommy de Xavier Dolan.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não, infelizmente não é um serviço essencial então indo pela lógica não faria sentido correr mais um risco.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

É ótima, só não é reconhecida tanto pelos próprios brasileiros quanto pelas distribuidoras e o governo.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Selton Mello.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Não importa o filme, estar no cinema é sempre mágico.

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

Difícil lembrar agora, mas a primeira vez que fui ao cinema sozinha fiquei no meio de duas senhoras que se conheciam e ficavam comentando sobre o filme. Me irritou no começo mas depois achei graça e acabei até virando colega delas.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Você pode até não conhecer mas com certeza já viu o meme

 

15) Muitos diretores de cinema  não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que só precisa ter amor pelo que faz, usar o cinema como referência e conseguir chegar ao seu objetivo.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Vende-se está casa. Péssimo!

 

17) Qual seu documentário preferido?

Tower, pesado.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Acho que fui na vibe da galera em Vingadores Ultimato e Bohemian Rhapsody haha mas não gosto de fazer isso

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Amo Motoqueiro Fantasma ninguém pode me julgar. Mas acho Mandy maravilhoso também.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Não leio um específico, tô sempre passeando por vários. Mas gosto do IMDB, Variety e Cinema Virtual.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Netflix, Amazon e Telecine.

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E aí, querido cinéfilo?! - Entrevista #387 - Leonardo Lopes


O que seria de nós sonhadores sem o cinema? A sétima arte tem poderes mais potentes do que qualquer superman, nos teletransporta para emoções, situações, onde conseguimos lapidar nossa maneira de enxergar o mundo através da ótica exposta de pessoas diferentes. Por isso, para qualquer um que ama cinema, conversar sobre curiosidades, gostos e situações engraçadas/inusitadas são sempre uma delícia, conhecer amigos cinéfilos através da grande rede (principalmente) faz o mundo ter mais sentido e a constatação de que não estamos sozinhos quando pensamos nesse grande amor que temos pelo cinema.

 

Nosso entrevistado de hoje é cinéfilo, de São Paulo. Leonardo Lopes tem 23 anos, é jornalista, crítico de cinema e pós-graduando em Sociopsicologia. Desde 2014, integra o portal Cinema de Buteco, com coberturas de dois Festivais do Rio, duas Mostras de São Paulo, dezenas de críticas, listas e podcasts pelo caminho.

 

1) Na sua cidade, qual sua sala de cinema preferida em relação a programação? Detalhe o porquê da escolha.

Não há cinema em Arujá, onde passei a maior parte da minha vida, e escolher um de São Paulo, para onde depois fui, seria muito óbvio. Sendo assim, escolho o Cinemark do Shopping Colinas, em São José dos Campos. São José fica alguns minutos mais perto de Arujá do que a capital paulista, por isso frequentei muito o Colinas. A programação é, dentro do que um cinema de shopping permite, diversificada, as salas são boas e o principal, com certeza, é que há grande oferta de filmes legendados (quem mora fora de uma capital sabe o quanto isso é raro).

 

2) Qual o primeiro filme que você lembra de ter visto e pensado: cinema é um lugar diferente.

Não sobre o espaço físico, mas sobre o cinema, em si: Jurassic Park. Eu tinha uns 9, 10 anos, quando ouvi a música do parque subir e roí as unhas com um filme pela primeira vez. Obviamente, não comecei a estudar e descobrir mais dessa arte a partir daquele momento, mas foi nele que uma chave virou.

 

3) Qual seu diretor favorito e seu filme favorito dele?

Brian De Palma. Um Tiro na Noite.

 

4) Qual seu filme nacional favorito e porquê?

O Invasor, de Beto Brant. Aquilo é puro Brasil. Ambição, trambique, pessoas fora de seu lugar, a subversão de uma história de sucesso. A cena do Anísio (Paulo Miklos) filosofando na piscina da mansão da Marina (Mariana Ximenes) com Sabotage e Chorão na trilha resume tudo.

 

5) O que é ser cinéfilo para você?

O cinema me aproximou das pessoas que eu amo. Me deu um ofício, um lugar onde eu me encontro ao trabalhar, produzir. Me deu espaço de encontro e pertencimento. Me deu uma maneira de encarar e dar significado ao mundo. Me deu referência para memórias que eu tenho e coisas que ainda vou viver. O cinema dá sentido à minha história.

 

6) Você acredita que a maior parte dos cinemas que você conhece  possuem programação feitas por pessoas que entendem de cinema?

A maioria, não. Há ótimos cinemas gerenciados por gente realmente apaixonada. Cinema, porém, é negócio. A maioria das salas estão em shoppings e são programadas por um modus operandi das suas redes. Elas têm sua importância.

 

 

7)  Algum dia as salas de cinema vão acabar?

Acabar, não. Minha preocupação é que elas se tornem espaços muito restritos. Os grandes estúdios (Disney, Warner) e as empresas de streaming (Netflix, Amazon) parecem interessados em diminuir a relevância dos lançamentos no cinema e, com isso, a atividade pode se tornar exclusiva dos críticos, pesquisadores e apaixonados. Esse público não basta para manter os cinemas como uma atividade comercial forte e, portanto, presente em muitos lugares. Viraria um mercado de nicho. A formação de novas gerações de fãs de cinema passa por isso. Você não vê o mercado de discos de vinil, por exemplo, aumentando seu público: quem já comprava, compra.

 

8) Indique um filme que você acha que muitos não viram, mas é ótimo.

Antes da Chuva, de Milcho Manchevski.

 

9) Você acha que as salas de cinema deveriam reabrir antes de termos uma vacina contra a covid-19?

Não. São espaços fechados com pessoas dentro por, no mínimo, uma hora e meia. O ambiente é inseguro.

 

10) Como você enxerga a qualidade do cinema brasileiro atualmente?

Muito alta. Grandes filmes brasileiros são lançados ano após ano. Faltam melhorias no sentido de comercialização e distribuição/ no artístico, muito alta.

 

11) Diga o artista brasileiro que você não perde um filme.

Irandhir Santos.

 

12) Defina cinema com uma frase:

Vou usar uma do Rubens Ewald Filho, que eu tenho tatuada: “Quem ama a vida, ama o cinema.”

 

13) Conte uma história inusitada que você presenciou numa sala de cinema:

A sessão era de Invocação do Mal 2. Ainda nos trailers, uma mulher começou a reclamar com a outra a respeito de um suposto assento trocado. Uma delas, não sei qual, deixou a sala após uma breve discussão. Até aí, tudo normal. Passaram alguns minutos e ela voltou ao local, mais raivosa e acompanhada, dirigiu-se ao lugar de sua oponente e, pronto, barraco armado. Já nas primeiras cenas do filme, a gritaria tomou conta, tinha gente filmando, flashes ligados e nenhuma ação da equipe do cinema para conter a confusão. Saí e pedi meu dinheiro de volta.

 

14) Defina 'Cinderela Baiana' em poucas palavras...

Um meme.

 

15) Muitos diretores de cinema não são cinéfilos. Você acha que para dirigir um filme um cineasta precisa ser cinéfilo?

Acho que não. Há grandes diretores cinéfilos, mas não se pode ignorar que o trabalho de direção tem um aspecto muito operacional, também, em que às vezes essa paixão e vocação artística pode não ser suficiente.

 

16) Qual o pior filme que você viu na vida?

Difícil, hein. Vou de Esse é o meu Garoto, de Sean Anders.

 

17) Qual seu documentário preferido?

Edifício Master, de Eduardo Coutinho.

 

18) Você já bateu palmas para um filme ao final de uma sessão?  

Sim. Na sessão de Cinema Novo, no Festival do Rio 2016. Além dos méritos do filme, o palco (Cine Odeon) e a presença da Fernanda Montenegro e de outros figurões do nosso cinema no local criaram uma atmosfera que pedia aplausos.

 

19) Qual o melhor filme com Nicolas Cage que você viu?

Empate: Con Air, de Simon West, e Vivendo no Limite, de Martin Scorsese.

 

20) Qual site de cinema você mais lê pela internet?

Na soma histórica, o Cinema em Cena. Acesso com frequência o CinePlayers, o blog do Roberto Sadovski e o Cinema com Crítica, que publica pelo Instagram.  E puxo a brasa para a minha sardinha citando o Cinema de Buteco, que também leio muito.

 

21) Qual streaming disponível no Brasil você mais assiste filmes?

Hoje, o Telecine Play. Catálogo ótimo.

 

 

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