As mensagens que o silêncio traz. Exibido em diversos festivais de cinema pelo mundo, como 35º Festival Internacional de Cinema de Santa Barbara (EUA), o 41º Festival de Havana (Cuba), a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, o Festival Internacional do Rio e vencedor do prêmio da crítica no Festival de Gramado, Raia 4 possui uma narrativa lenta, perto da amargura, de paralelos com o psicológico, que busca em suas imagens e movimentos revelar o caos emocional de uma jovem, de família de classe média alta do sul do país, perto de completar 13 anos entre as competições semi-profissionais de natação que participa e as descobertas das primeiras fases da adolescência. Escrito e dirigido por Emiliano Cunha.
Na trama, acompanhamos o dia a
dia de Amanda (Brídia Moni), uma
jovem que está passando por uma turbulenta fase emocional e divide seu tempo em
suas novas descobertas e seu ritmo acelerado de competição na equipe de natação
de sua cidade. Em casa, seu relacionamento com os pais é um pouco conturbado, tendo
imenso carinho pelo pai e uma certa distância da mãe. Ambos são médicos e vivem
sempre com suas agendas lotadas de compromissos. Amanda fica mais confusa com a
existência de uma linha tênue entre algum sentimento confuso e a competição na
relação com a amiga de treinos Priscila (Kethelen
Guadagnini).
Tecnicamente é um filme muito
interessante, as metáforas aquáticas, seus movimentos, luzes, mostram uma
aflição em crescente com o que podemos fazer um paralelo com a mente da
protagonista, completamente confusa nas suas interpretações sobre as escolhas
que lhe aparecem. Introspectiva, de poucas palavras, parece não saber lidar
direito com suas fases de vida, como a primeira menstruação, o primeiro beijo,
a competição. A cada nova saída da água (seu lugar de refúgio), a ansiedade e
as cobranças de uma jovem atleta chegam por todos os lados, gerando um caótico
recorte emocional que determina as ações, inclusive, do desfecho marcante.