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11/04/2023

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Critica do filme: 'Air: A História por trás do Logo'


As verdades por trás do sucesso. Recriando os caminhos que ficaram famosos de um case de sucesso do sempre em evolução marketing esportivo ligados à atletas de alto rendimento, chegou aos cinemas dias atrás o novo trabalho de Ben Affleck atrás das câmeras (e também na frente), Air: A História por trás do Logo. Mostrando um recorte dinâmico da tacada mais precisa da toda poderosa empresa de calçados, roupas e assessórios, a Nike, o projeto nos leva até o ano de 1984 onde um brilhante jovem jogador de basquete (que se tornaria uma lenda) chamado Michael Jordan é disputado por poderosas empresas. O grande astro do basquete não esteve diretamente envolvido no projeto, porém Affleck o consultou algumas vezes.


Na trama, voltamos aos anos 80, para Beaverton, no estado de Oregon, nos Estados Unidos, onde fica uma empresa mundialmente famosa, a Nike, que na época disputava o mercado dentro do universo esportivo com a alemã Adidas e uma outra norte-americana, a Converse. Nesse cenário, conhecemos Sonny (Matt Damon), um funcionário da Nike obcecado por basquete que fazia parte da equipe de marketing, mais precisamente do departamento de basquete, da empresa, ao lado do amigo Rob (Jason Bateman). Certo dia, Sonny resolve executar uma tacada corajosa para ter o conhecido talento do basquete universitário da época, Michael Jordan, como atleta da Nike, através de uma linha de calçados exclusiva que viria a ser conhecida como Air Jordan. Só que o caminho até esse objetivo não será fácil e ele precisará convencer o dono da Empresa, Phil Knight (Ben Affleck) e a mãe de atleta, Deloris (Viola Davis).


Filmado na região de Los Angeles, na Califórnia, Air: A História por trás do Logo, com muita precisão, nos coloca dentro de uma época de mudanças com a quinquagésima eleição presidencial no maior país do mundo, do lançamento do Macintosh pela Apple e ano onde o case de maior impacto no universo do marketing esportivo norte-americano se consolidou por meio de uma junção de diversas variáveis que vão desde a visão de um funcionário, as negociações com a família do atleta e a ruptura nos vínculos contratuais da época entre atletas e marcas com a maior valorização para o atleta através da percentagem de vendas, fato que mudou os contratos de muitos nos anos seguintes e seguem até os dias atuais.


Com um foco maior em Sonny, a narrativa traça os recortes dos seus inúmeros personagens através dos conflitos que estão, dentro de uma mesma interseção, envolvendo a situação sem deixar de chegar em uma inteligente contextualização. O vencedor do Oscar Ben Affleck vem se tornando a cada novo filme, um diretor mais maduro nas suas escolhas e quem ganha com isso é o espectador.



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06/04/2023

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Pausa para uma série: 'O Consultor'


As formas de interpretar a ética e a moral. Baseado na obra homônima do escritor norte-americano Bentley Little, o curioso seriado O Consultor aborda as linhas tênues na relação entre chefe e funcionários passando por dilemas morais e éticos numa visão maquiavélica do mundo trabalhista. Ao longo de oito episódios nesse primeira temporada, a narrativa se perde em alguns momentos ao buscar contextualizar os porquês dos absurdos e não conseguir sair de uma superficialidade quando insiste em focar na vida pessoal dos seus personagens principais. No papel principal, um dos atores preferidos de Quentin Tarantino, duas vezes vencedor do Oscar, o austríaco Christoph Waltz.


Na trama, conhecemos alguns funcionários de uma empresa de jogos que certo dia presenciam a trágica saída de seu chefe e a chegada de um misterioso consultor chamado Regus Patoff (Christoph Waltz) que de maneira nada ortodoxa muda completamente as regras do cotidiano do lugar. Assim, conhecemos mais a fundo a trajetória dos amigos Elaine (Brittany O'Grady) e Craig (Nat Wolff), dois funcionários dessa empresa que passará por mudanças profundas na sua gestão.


O que você faria para crescer na empresa? Há limites éticos e morais? Essas são algumas das perguntas que volta e meia aparecem em nosso refletir quando pensamos em O Consultor. Fator preponderante para se construir o caráter de qualquer civilização, a ética e a moral são valores que nesse seriado são colocados à prova em meio a hipocrisia das relações interpessoais propostas. As dinâmicas impostas pelo novo chefe, colocam em xeque o caráter dos funcionários do lugar, alterando a rotina e a vida de todos que estão por ali. De forma atabalhoada e usando o chocar como recurso, a narrativa busca ser surpreendente deixando margem para reflexões dentro de seu contexto. Em princípios básicos, um consultor tem a habilidade de influenciar pessoais, organizar processos e assim ser uma peça importante no reestabelecimento de sucesso de uma empresa. O sentido de consultor aqui passa por atos questionáveis e as interpretações acabam sendo diversas.


O quanto você depende do seu trabalho? Num mundo competitivo como o de hoje, a maneira como você se encaixa no cotidiano agitado pode indicar seu futuro a curto, médio e longo prazo. O Consultor busca também focos em alguns funcionários, dois deles sendo mais precisos, e suas complicadas relações pessoais e em relação ao ganha pão. Elaine é uma batalhadora, que mora sozinha e se vê em um momento de dedicação total ao crescimento na empresa. Já Craig é um programador que está em uma fase de desilusão na profissão e vê seu relacionamento com a namorada ir se evaporando aos poucos talvez mesmo até pela falta de ambição que ele demonstra.


Lançado em fevereiro desse ano na Prime Video, o projeto pode ser interpretado como uma peculiar sátira sobre o mundo empresarial contemporâneo ou até mesmo uma história que não tem pé nem cabeça.



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04/04/2023

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Crítica do filme: 'Vagão nº6'


Os laços que nascem através das mais diversas conexões. Baseado na obra homônima da antropóloga e escritora Rosa Liksom e dirigido pelo cineasta finlandês Juho Kuosmanen, Vagão nº6 aborda o inusitado encontro de dois estranhos e suas formas de entender a vida e, numa pegada Junguiana, como podem reagir ao confronto imposto pelo destino através da conexão com outras pessoas. Exibido no Festival de Cannes em 2021, na Mostra de SP e representante da Finlândia ao Globo de Ouro e ao Oscar 2022, o filme é uma jornada repleta de conflitos rumo às respostas que os personagens muitas vezes nem sabem de quais perguntas. Uma história de amor? Uma história de amizade? Peças que de tão diferentes se encaixam? A interpretação para a relação que vai se estabelecendo entre essas duas almas, que parecem completamente opostas a princípio, fica aos olhos do espectador.


Na trama, conhecemos Laura (Seidi Haarla), uma estudante finlandesa que mora em Moscou e se vê desolada com o não avanço amoroso na relação de uma amizade colorida de longa data. Se sentindo sozinha e deslocada com um alguém que não quer compromisso sério com ela, resolve embarcar sozinha, numa viagem de quase 2.000 Kms, de Moscou até Murmansk, lá perto da fronteira com a Finlândia e a Suécia. Durante a viagem, ela precisa dividir o pequeno vagão do trem com Ljoha (Yuriy Borisov), um atrapalhado mineiro russo que está indo à trabalho para o mesmo destino dela. Assim, essas duas almas entrarão em conflitos mas também observarão conexões que podem fazê-los entender um pouco mais sobre a vida.


O roteiro é muito inteligente em traçar um paralelo com o círculo polar ártico, região onde é o destino da protagonista, um lugar com pelo menos um dia completo na escuridão durante o inverno e um com luz por 24 horas durante o verão. Os paralelos aqui vem das duas personalidades que dividem o mesmo espaço com um foco maior em Laura que se vê presa num relacionamento em Moscou que só existe aos olhos dela. Ljoha é uma enigmática variável nessa história, conhecemos seu jeito meio bronco através do seu cotidiano já no destino final e a maneira como enxerga as possibilidades num mundo muito limitado ao trabalho. Alguns dos pilares do cinema, a imagem e o movimento, aqui encontra-se em sacadas interessantes do diretor que nos leva para o foco naquele interior de cabine que é onde os conflitos mais se estabelecem.


No campo abstrato das conexões humanas, chegamos na camada mais profunda de reflexão desse curioso longa-metragem. Vagão nº6 nos faz pensar sobre os encontros e desencontros além da maneira como podemos lidar dentro dos conflitos que podem se estabelecer. Uma interpretação é a reação e a transformação que acontece de qualquer encontro, para o próprio indivíduo, através da dor do outro, dos sonhos, dos objetivos pessoais estimulam o rompimento de uma bolha egoísta e o embarque em uma maior compreensão emocional. Veja o filme e reflita você também.


 

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24/03/2023

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Pausa para uma série: 'Daisy Jones & the Six'


Como resolver os conflitos de almas perdidas querendo sair da escuridão? Percorrendo a década de 60 e entrando que nem uma avalanche na de 70, em terras norte-americanas agitadas pelo crescente e influente universo musical, a minissérie Daisy Jones & the Six explora o caótico relacionamento entre dois líderes de uma banda ficcional que após um enorme sucesso, realizam um emblemático último show e resolvem se separar, nunca mais se apresentando juntos. Baseado na obra homônima da escritora Taylor Jenkins Reid, com um roteiro que teve consultoria de Kim Gordon, da banda Sonic Youth, o projeto, no melhor estilo documentário (mesmo não sendo um!), apresenta dramas contundentes, laços que se quebram, traições, euforias, dilemas em um total de 10 episódios, alguns desses com uma narrativa que abre um olhar mais forte para as subtramas de forma novelesca e outros (como o excelente último episódio) onde brilha a força da harmonia dos protagonistas.


Na trama, conhecemos os integrantes da Daisy Jones & the Six um ex-famoso grupo musical que vendeu milhões de cópias mas ficou marcado também por um último show feito no final da década de 70 em Chicago. Anos depois, os integrantes se reúnem por meio de depoimentos isolados para contar o que houve naquele dia e as razões da banda nunca mais se reunir novamente. Assim, por flashbacks, acompanhamos um pouco sobre a criação da banda e tudo de importante que houve no tempo que faziam sua primeira e única turnê pelos Estados Unidos, com uma lupa maior para os líderes da banda Billy Dunne (Sam Claflin) e Daisy Jones (Riley Keough), duas almas em conflitos permanentes que vão desde o forte interesse amoroso que possuem um pelo outro até os caminhos quase sem volta de vícios.


Dois caminhos, uma mesma estrada. O sonho de ser um músico de sucesso percorreu toda a juventude de Billy, optou pela música em vez da siderurgia ou a guerra, se casou e viu seu mundo que rumava à perfeição dar uma virada com a chegada da enigmática Daisy. Essa, mesmo tendo todo o conforto que o dinheiro do pai comprava, é uma alma solitária que amava música desde pequena, viveu desperdiçando seu talento musical presa à traumas e até mesmo a falta de carinho dos pais.


A narrativa novelesca que se apresenta, de forma detalhista em muitos momentos, se molda através dos conflitos desses dois, principalmente na questão do triângulo amoroso com Camila (interpretada pela ótima Camila Morrone), esposa de Billy, indo até mesmo em questões existenciais e embates emocionais. Há espaço também para o cenário musical de um Estados Unidos pulsante, repleto de jovens correndo atrás do sonho de serem famosos. Também não há o esquecimento de críticas profundas sobre a indústria fonográfica, principalmente sobre machismo e assédio.


Há episódios que se perdem em enxergar determinada situação sem apresentar um todo e isso provoca uma certa confusão quando tentamos entender alguns porquês. Nesses momentos a melancolia e a aleatoriedade tomam conta como se a espinha dorsal de todo o roteiro fosse caminhando por caminhos simplistas e previsíveis. Mas a força da história deixa margens de interesse, desde o episódio piloto queremos saber o que houve com essa banda ficcional que fora vagamente baseado na Fleetwood Mac, banda formada em Londres no final da década de 60. Até mesmo o figurino dos protagonistas da série forma inspirados nas roupas de Stevie Nicks e Lindsey Buckingham, dois integrantes da banda.


Daisy Jones & the Six já está com todos seus episódios disponíveis na Prime Video. É um ótimo passatempo para quem curte reflexões sobre sonhos e histórias de amor que podem ou não ter um final feliz.  

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23/03/2023

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Crítica do filme: 'A Química que há entre Nós'


O viver para termos algo para dizer. Baseado no livro Our Chemical Hearts da autora australiana Krystal Sutherland, A Química que há entre Nós flutua sua poesia em um salvamento duplo, uma relação de mutualismo, entre dois jovens por volta dos 17 anos e suas angustias existenciais, ligadas a vida e a morte. Até a neurociência tem espaço, gerando reflexões importantes para quem gosta de se aprofundar sobre as histórias de amor. Lançado diretamente na plataforma da Prime Video e dirigido pelo cineasta Richard Tanne, o projeto se consolida como um profundo filme sobre adolescência.


Na trama, conhecemos Henry (Austin Abrams) um jovem tranquilo, focado, que está prestes a ser o editor-chefe do jornal do colégio. Ele está entrando no último ano do colégio e logo nos primeiros dias conhece a recém transferida Grace (Lili Reinhart), uma jovem super inteligente mas cheia de inseguranças que se esconde do seu presente por um forte trauma no passado. Uma amizade logo cresce entre os dois e logo a paixão acontece mas ambos precisarão buscar entender um ao outro mas nada será tão simples.


O viver para termos algo a dizer. Um recorte do último ano do ensino médio vira plano de fundo para os próprios abismos e o dinamismo de um mundo sempre em constante mudanças. O roteiro adaptado chega para nos apresentar dois personagens em conflitos nada aparentes, duas peças dessa planeta que buscam encontrar encaixes dentro de suas limitações emocionais. As buscas para se seguir em frente após o trauma transborda em Grace, os momentos em que não conseguimos encontrar palavras incomodam Henry. Assim nasce um  amor que vem dos erros e acertos do ser humano em sua fase ainda imatura com um universo a descobrir.


Pra quem busca um filme simples sobre amores e adolescência pode ir procurar outro título. Aqui tudo é muito profundo, a reflexão se encontra por todos os lados. Desde paralelos interessantes com poemas de Neruda até as explicações sobre o mais forte dos sentimentos através da irmã de Henry (uma estudante de neurociência). Um universo de reflexões fascinantes se abrem. Nessa questão da neurociência, há um diálogo maravilhoso, onde entendemos que o cérebro se acostuma a um fluxo intenso de dopamina e ocitona e a substituição por hormônios de stress deixa a nossa máquina (corpo e mente) em curto circuito causando intensas dores. São bem legais esses paralelos com as reações do corpo, nas desilusões amorosas ou mesmo nas dores dos amores, vemos muito disso na trajetória dos personagens.


A Química que há entre Nós é fascinante. As buscas para se seguir em frente após o trauma, os dolorosos conflitos, até mesmo insuportáveis, a visão de quem ainda não tem maturidade para enfrentar os obstáculos, os momentos reversos da vida. A todo instante, o espectador é presenteado com um enorme pacote de reflexões existenciais. Pra quem gosta de assistir a um filme e pensar sobre o que se diz, esse é um prato cheio!



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16/03/2023

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Crítica do filme: 'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo'


As descobertas da vida a partir de inúmeros pontos de vistas. Um dos filmes sensações dos últimos anos no universo do cinema, Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo é engenhoso e ao mesmo tempo confuso, tendo uma criativa narrativa que insiste em não tirar o pé do acelerador em nenhum momento. Dirigido pela dupla Daniel Kwan e Daniel Scheinert, o projeto indicado para 11 Oscars, com diálogos em cantonês, mandarim e inglês tem seu foco no relacionamento conturbado entre mãe e filha, essa questão é ponto de intercessão de um roteiro que vai à fundo na teoria de que toda pequena decisão cria ramificações, outros universos, esbarrando no já batido conceito de multiverso. Superestimado? Sim! Demais! Mas o projeto tem seus méritos.


Na trama, conhecemos Evelyn (Michelle Yeoh), uma mulher consumida por sua vida totalmente sem tempo para ela mesma, com problemas com a receita federal, dividida entre o empreendimento da família nos Estados Unidos e as preocupações com a família. Mora com o pai, já na parte final de sua vida, o marido atrapalhado Waymond (Ke Huy Quan) e a filha Joy (Stephanie Hsu) com quem tem muitos problemas de relacionamento. Tudo não saia do lugar na sua monótona rotina até certo dia ser recrutada para enfrentar uma grande vilã dos multiversos e entender aos poucos melhor sobre questões que nunca imaginara.


Adepto de um ritmo frenético, do piscou perdeu alguma coisa, um dos filmes com maior número de indicações no Oscar 2023 é dividido em partes que deveriam deixar tudo menos confuso mas não é o que acontece. As questões físicas dos pensamentos em cima do saltos multiversais não ganham explicações nem os sentidos de conversas entre pedras, versões humanas com dedos de salsicha, talvez pelo abstrato mundo dos achismos nos aproximamos de alguma reflexão se pensarmos pela ótica da protagonista sobre o que teria acontecido se tivesse escolhido diferentes caminhos no passado.


A corajosa história busca alinhar o campo hipotético com razões sentimentais, com uma pergunta que se torna constante: Será uma questão de tempo até tudo desabar novamente? Os objetivos inacabados, os sonhos abandonados, a arte do cair e se levantar em um mundo muitas vezes cruel e cíclico entra em desconstrução para se buscar enxergar o lado bom das coisas. Aqui entra a variável mais importante da trama, os laços conturbados entre mãe e filha, o principal alicerce, a construção perfeita cheia de reflexões em todo lugar ao mesmo tempo.


Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo virou um dos filmes mais badalados dos últimos tempos, dentro de sua criatividade sem limites que encontra a confusão em um roteiro não tão certeiro mas que acha o brilhantismo no seu ponto mais fácil de entender, a força do amor de uma mãe por sua filha.  



 

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10/03/2023

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Crítica do filme: 'A Farsa'

Quando nada é o que parece ser. Depois dos elogiados Monsieur & Madame Adelman (2017) e Belle Époque (2019), o ator e cineasta francês Nicolas Bedos volta para trás das câmeras em mais um trabalho pulsante onde as descontroladas emoções de complexos personagens se misturam em conflitos ligados ao desejo, à inveja. Exibido no Festival de Cannes, A Farsa começa em um tribunal após um suposto crime ter sido cometido, por meio de depoimentos vamos conhecendo melhor os integrantes dessa história cheia de reviravoltas.


Na trama, conhecemos Adrien (Pierre Niney), um ex-bailarino, agora gigolô profissional que mora com a ex-atriz Martha (Isabelle Adjani). Certo dia ele encontra um novo sentido na sua limitada vida no amor por uma linda trambiqueira Margot (Marine Vacth). Juntos, o casal planeja os detalhes e execução de um golpe no corretor de imóveis e ex-alcoólatra Simon (François Cluzet) que assumiu o controle total da empresa da família. Mas muitas surpresas vão chegar nesse caminho que traçaram.


O ritmo pulsante e os longos diálogos vão buscando decifrar as personalidades que são expostos em situações de conflitos seja por uma carência no lado amoroso, seja numa inconsequência desenfreada. Os relacionamentos passam por um enorme raio-x, o desejo e a falsidade viram fatores artificiais, as vezes com as mesmas leituras de ambas as partes envolvidas. Elogiando ambições, realizando desejos, as subtramas se embaralham de forma equilibrada levando a narrativa para uma série de plot twists que acabam sendo o grande alicerce do roteiro escrito também por Bedos.


A grande reflexão que o filme consegue gira em torno do encontro cheio de dilemas entre o ócio e a manipulação, uma junção de sentimentos que explora as vaidades, as contra verdades, em cenas profundas onde precisamos deduzir se as mentiras estão em todos os lugares ou não. Para dar vida a tudo isso, um elenco primoroso é a cereja no bolo dessa fita francesa que passou voando pelo circuito exibidor brasileiro e hoje está estacionado no catálogo da prime vídeo. 

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07/03/2023

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Crítica do filme: 'Entre Mulheres'


Os traumáticos absurdos para se chegar ao basta. Trazendo para o público reflexões sobre um choque de realidade, que envolve a fé, nascido através da violência cruel de homens contra mulheres, a premiada atriz e cineasta Sarah Polley apresenta um recorte de algumas mulheres  vivendo uma realidade ultraconservadora dentro de uma comunidade, que destrói qualquer ideia de modernidade no seu cotidiano, inclusive onde as mulheres não podem aprender ler, que precisam decidir em pouco tempo como buscar um futuro melhor para elas e seus filhos. Baseado na obra Women Talking da escritora canadense Miriam Toews, e indicado à dois Oscars em 2023, nas categorias Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado, Entre Mulheres é um filme urgente, importante e impactante.


Na trama, ambientada em 2010, conhecemos um grupo de mulheres de uma comunidade religiosa menonita que se reúnem de forma urgente para decidir sobre as opções para seus futuros após serem vítimas de abusos sexuais, sedadas e estupradas por homens dessa mesma comunidade. Elas precisam decidir se fogem ou ficam e lutam antes que os seus agressores voltem.  A história do filme se baseia nos fatos reais relatados no livro de Towes, ocorridos na colônia de Manitoba, uma remota comunidade menonita aqui na América do Sul, na Bolívia, mesmo que na adaptação cinematográfica não seja revelada sua localização.


Como transformar a dor em combustível para mudanças? As visões de mulheres de todas idades são muito bem detalhadas nesse importante projeto. Vemos os sonhos, as desilusões, a angústia, o sofrimento, as dúvidas, os entendimentos sobre a fé, o medo, pelos olhos delas. A questão da fé é muito presente, o choque da realidade em relação ao que acreditam e os absurdos que viveram contornam a narrativa com argumentos expostos em intensos diálogos ao longo de quase 110 minutos de projeção.


Há uma traição da fé por conta do entendimento de pacifismo? Os dilemas são inúmeros, o ódio pelo conhecido e o embarcar no desconhecido se chocam nos medos e dúvidas sobre a única casa que elas já conheceram. Como todo bom filme, há muito nas entrelinhas. Tendo a canção Daydream Believer em sua trilha, que aqui bate na tecla do sonhar acordado a partir do basta para sair de uma situação absurda, a destacada trilha do filme é composta pela artista islandesa Hildur Guðnadóttir que também compôs a trilha de Tár, outro filme concorrente em algumas categorias no Oscar desse ano.


O público não desgruda um minuto do que assistimos na tela, Entre Mulheres é um tocante filme, profundo, que mostra mais um capítulo nos absurdos cometidos contra mulheres. Um enorme e incansável grito de BASTA!



 

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26/02/2023

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Crítica do filme: Ajustando um Amor'


As mil e uma tentativas de um amor. A roteirista Noga Pnueli encontra boas soluções para falar sobre a imperfeição do amor aos olhos de uma romântica sonhadora sob a ação de um loop temporal, com direito a respingos no autoconhecimento, no longa-metragem disponível na Prime Video, Ajustando um Amor. Com direção de Alex Lehmann, do elogiado Blue Jay, vamos acompanhando longos diálogos na linha do déjà vu que tinham tudo para se tornar maçantes mas uma fuga dos medos e inseguranças de uma vida com conflitos não resolvidos acaba sendo algo que complementa e faz gerar reflexões existenciais. Um trabalho corajoso e muito interessante que deve fisgar os olhares mais atentos.


Na trama, conhecemos Sheila (Kaley Cuoco), uma jovem que durante uma noite onde conhece o introspectivo Gary (Pete Davidson) em um bar acaba descobrindo uma máquina de viajar no tempo 24 horas atrás, escondida nos fundos de uma manicure. Assim, sua rotina vira uma obsessão em transformar seu alvo amoroso na pessoa perfeita aos seus olhos. Algo que ela logo percebe ser uma missão bem difícil. Andando na linha do ‘O Amanhã nunca mais’ essa viajante do tempo, sentimental, era descobrir muito sobre si mesma. Gary é apenas um fantoche dentro da história, esse personagem não é bem um contraponto mas sim um complemento.


O projeto parece redundante em alguns momentos, nessa projeção de várias noites numa só jornada. Mas aí algumas questões aparecem para refletirmos. Os conflitos diferentes mas com a mesma pessoa nos fazem entender melhor a falante protagonista e sua esquisita distância quando aparecem dilemas. Há também uma óbvia confusão com a própria identidade em relação ao real sentido da sua vida. Estaria ela em um purgatório para lá de esquisito da qual tem a chave mas não consegue se libertar?


As deixas para a conclusão são inúmeras, o que de fato torna o filme mais interessante. A narrativa quase sempre embarca em uma melancolia ligada ao desencanto. Há muitas chances de fazer o ‘hoje’ de Sheila dar certo mas na sua própria visão pessimista arruinou todas as vezes. Parece que estamos folheando textos de Schopenhauer, onde os paradoxos dominam como o clássico ‘viver é sofrer’.



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02/02/2023

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Crítica do filme: 'Mergulho'


O sonho e o pesadelo. Chegou quase desapercebido no catálogo da Prime Video esse impactante longa-metragem mexicano que nos mostra uma introspectiva e experiente atleta mexicana de saltos ornamentais e os seus fantasmas do passado que após uma revelação chocante voltam com mais força no presente. Baseado em fatos reais, o projeto constrói seu refletir em cima da personalidade de sua protagonista e os irreversíveis abalos psicológicos que a destroem lentamente. Mergulho é um filme angustiante e conta com uma atuação espetacular, na pele dessa difícil personagem, da atriz Karla Souza.


Na trama, conhecemos a veterana atleta Mariel (Karla Souza) que vem treinando muito forte para mais uma olimpíada, dessa vez em Athenas, na Grécia. Ela faz parte da equipe de saltos ornamentais do México e possui boas chances de medalha no tão competitivo campeonato. Só que às vésperas da competição, um escândalo envolvendo o treinador da equipe, que comanda as melhores saltadoras aquáticas do país há mais de duas décadas, e uma jovem revelação da modalidade acabam gerando lembranças terríveis do seu passado.


O roteiro apresenta um intenso olhar sobre a protagonista e o seu caminho rumo às angustias do passado. Há um trauma nítido, mas ele parece em um conflito constante com a verdade. Entra em um período de medo, de lembranças escondidas, de descontrole, que não envolvem somente a pressão de uma grande competição, há algo mais que vai sendo revelado aos poucos. Será que ela também foi vítima do treinador no passado?  


O papel da família nessa história se apresenta em duas estradas. A da protagonista, que tem um envolvimento afetivo com o treinador e parece não reconhecer as barbaridades que o mesmo pratica. Tem a família da nova vítima, uma mãe desesperada, gritando por socorro só que quase sempre não ouvida. A veterana Mariel se vê em uma caminhada sobre escolhas e busca forças, mesmo chegando ao limite, para enfrentar as verdades que reaparecem.



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15/12/2022

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Pausa para uma série: The Last Ship'


O que você faria se o mundo se destruísse quase por completo por uma pandemia e você estivesse em um navio onde pode estar a cura? Bem antes da chegada da Covid-19 ao mundo real, os showrunners Steven Kane e Hank Steinberg, juntamente com Michael Bay na produção, trouxeram para o mundo da ficção o ponto de vista de um experiente comandante de um navio de guerra e toda sua tripulação sobre uma pandemia e os desenrolares caóticos em que se transformara o planeta longe das águas. Com episódios dinâmicos e repletos de conflitos para seus personagens, The Last Ship é um drama pouco comentado mas que merece seu reconhecimento. O projeto é baseado em uma obra homônima lançada no final da década de 80 pelo escritor e jornalista norte-americano William Brinkley.


Na trama, conhecemos Tom Chandler (Eric Dane), o comandante do contratorpedeiro Nathan James da marinha norte-americana. Ele e sua enorme tripulação embarcam em uma missão de alguns meses no mar onde levam à bordo a doutora Rachel Scott (Rhona Mitra) que vai para algumas áreas do planeta coletar dados para uma pesquisa secreta. Quando a missão está perto do fim, Tom e sua equipe percebem que algo está estranho no planeta, as comunicações encontram-se com problemas e logo se descobre que uma enorme tragédia atingiu toda a terra sendo eles uma das poucas forças militares norte-americanas vivas. Ao mesmo tempo, percebem que as pesquisas da Doutora que está no navio é exatamente para encontrar a cura para o problema mundial. Assim, Tom embarca em inúmeras missões em busca de soluções.


A narrativa repleta de tensão e ação funcionou muito bem na sua primeira temporada, como um desfecho que abriu alas para enormes possibilidades nas temporadas futuras (a série ficou no ar de 2014 à 2018 e hoje tá toda disponível na Prime Video). O protagonista, o capitão interpretado muito bem por Eric Dane, é um eterno homem em conflito que se vê na busca de uma reconstrução de vida, talvez até mesmo uma adaptação a partir do mundo que se moldou ao seu redor. Os conflitos que ele enfrenta pela frente vão desde a busca por notícia de sua família, a quase perda de comando por decisões duras (talvez até polêmicas) que precisaram serem tomadas, um duelo contra um experiente comandante da marinha russa que lembrou tempos da famosa guerra fria, entre outras questões.


A ciência ganha espaço na série pela ótica da Doutora Scott. Uma das únicas pessoas capazes de encontrar a cura para o que destrói o planeta, se vê muitas vezes em conflitos que não está acostumada, entre a razão e a emoção. E após encontrar a cura? Quais são os próximos passos de reestruturação de um governo? Quais os cuidados que a população deve tomar para que o vírus não evolua novamente? Muitas perguntas são deixadas pelo caminho.


Rodado em muitos momentos em navios de guerra de verdade da marinha dos Estados Unidos, The Last Ship envolve o espectador com tramas bem profundas sob o olhar dentro do desespero de uma situação pandêmica e a luta para se manterem os valores de honra, coragem e compromisso.   

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12/12/2022

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Crítica do filme: 'Os Odiados do Casamento'


Ficar a sós com o desconforto é uma forma de aprender a se sentir mais confortável? Explorando os inúmeros conflitos em torno de uma reunião familiar para um casamento de uma parente que se tornou distante, Os Odiados do Casamento de forma bem divertida, mesmo derrapando nos clichês, caminha em interessantes reflexões sobre profundos dramas existenciais ao longo de seus 100 minutos de projeção. Dirigido pela cineasta norte-americana Claire Scanlon, em seu segundo longa-metragem na carreira, essa dramédia, baseado na obra homônima do escritor Grant Ginder, é uma boa surpresa no catálogo da Prime Video.


Na trama, conhecemos uma família que por muito tempo ficou longe, entre os Estados Unidos e a Inglaterra. Assim, conhecemos Donna (Allison Janney) e seus filhos: a mais velha Eloise (Cynthia Addai-Robinson), fruto de seu relacionamento com Henrique (Isaach De Bankolé), e os outros dois Paul (Ben Platt) e Alice (Kristen Bell), fruto do segundo casamento. No início os filhos eram muito unidos mas a distância (Eloise mora na Inglaterra e os irmãos no Estados Unidos) acabou afastando a família gerando uma série de situações que praticamente romperam a relação forte e poderosa que tinham. Anos se passam e Eloise vai se casar em Londres e chama a mãe e seus irmãos para o casamento o que ocasiona em um série de situações onde todos precisarão enfrentar seus conflitos afim de se entenderem melhor.


A comédia aqui é manipulada por fortes argumentações dentro dos subtópicos dramáticos que invadem a vida pessoal dos envolvidos. Tem Paul, um jovem terapeuta morador da Filadélfia, infeliz no trabalho, que passa por uma fase de muita conversa sobre os rumos dos relacionamentos com Dominic, seu namorado. Temos Alice uma arquiteta que trabalha como secretária em uma empresa de tecnologia em Los Angeles que está envolvida com um superior cheio a grana mas não consegue sair da zona de incômodo por ser a outra já que o seu caso é casado e tem um filho pequeno. Donna é a mãe que coleciona uma série de conflitos com toda a família e se vê em total crise num presente cheio de variáveis que não pode controlar, principalmente a reaproximação com um dos ex-maridos. Eloise, a noiva, se vê em um caminho de consertar a abrupta ruptura com todos usando a importância de seu casamento como ponto de reunião familiar.


A narrativa explora com muita eficácia as resoluções das arestas dos relacionamentos. Seja essa estrada extremamente conflitante ou não. O passado aqui, mesmo não mostrado, é importante, surgem como pílulas nos diálogos onde conseguimos rapidamente captar a importância dos conflitos que se tornam iminentes. O desconforto se torna algo frequente, como se uma porta de sair da zona de conforto fosse habilitada para ser aberta rumando para o campo sempre movediço das escolhas.



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07/11/2022

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Crítica do filme: 'My Policeman'


As dores e as escolhas nas profundezas do sentido mais intenso da natureza humana. Disponível no catálogo da Prime Video, após ser exibido em algumas sessões no Festival do Rio desse ano, My Policeman nos apresenta de forma delicada e em sua busca constante pelo detalhes um ping pong na linha temporal que exercita as facetas de personalidades, o antes e depois, de um triângulo amoroso que se decompôs com o tempo. Baseado no livro homônimo, lançado em 2002, e escrito por Bethan Roberts, o projeto apresenta de forma muito objetiva as punições pelas escolhas mesmo se perdendo em uma narrativa que alcança a melancolia sem conseguir desenvolver por completo todos seus principais personagens.


Na trama, conhecemos Marion (Gina McKee) uma estudante de pedagogia (depois professora), rata de biblioteca, amorosa, sonhadora que nutre uma avassaladora paixão por Tom (Harry Styles), esse, um jovem policial que voltou da guerra e busca por meio de sua curiosidade o conhecimento sobre o universo das artes, da pintura, dos livros. Tudo caminha para um romance de cinema mas um terceiro vértice está presente nessa relação, Patrick (David Dawson), um pacato e solitário funcionário de um museu, que adora o clássico de Tolstói, Anna Karenina, pintor de rostos comuns nas horas vagas, que vive num confortável apartamento. Com um antes e depois na sua linha temporal, a narrativa nos mostra que Patrick e Tom eram amantes deixando Marion com algumas escolhas a serem tomadas.


Todas as histórias de amor são trágicas aos olhos dos sonhadores? Numa época de ainda mais preconceito o que os dias atuais, um amor proibido é a variável constante desse romance que percorreu pelo tempo sem deixar de ser intenso. Por meio de um diário encontrado, lembranças escondidas do início de um amor e segredos que foram fundamentais para o presente dos envolvidos são mostrados. O ritmo é lento, busca nos detalhes as razões, os seus porquês mesmo caminhando por uma linha de obviedade escancarada que acaba frustrando o olhar mais atento.


Uma espectadora dentro da própria relação. Vale a menção à visão de Marion, no roteiro deixada um pouco de lado, não ganhado as profundezas que o triângulo rumava. A personagem parece presa a um conflito no presente por conta de algo do passado e seu desenvolvimento na trama ganha contornos de mera coadjuvante em uma história que poderia ser mais parte do protagonismo. Afinal, um triângulo é um triângulo né?


Dirigido pelo britânico Michael Grandage, My Policeman mostra o conflito das razões e emoções, a imperfeição das escolhas, o preconceito de uma época onde o amor era limitado a um conservadorismo que até hoje busca se desfazer com o tempo.



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28/10/2022

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Crítica do filme: 'Argentina, 1985'


Um dos mais aguardados longas-metragens argentinos de 2022 finalmente chegou ao catálogo da Prime Video. Em Argentina, 1985 voltamos cerca de 20 anos atrás para entender aquele que foi um dos mais históricos julgamentos de toda a história do país sul-americano, onde dois advogados representando a promotoria embarcam em uma jornada para provar a culpa de alguns militares de alta patente durante os aterrorizantes nove anos de ditadura na Argentina. Baseado em fatos reais, o projeto dirigido pelo cineasta de 41 anos Santiago Mitre tem como protagonista a lenda do cinema mundial Ricardo Darín.


Na trama, voltamos no tempo indo para um recorte importante na Argentina, em meados da década de 80 onde logo após um regime bruto de ditadura imposta no país, um promotor chamado Julio César Strassera (Ricardo Darín) tem a missão de juntamente com um grupo de jovens advogados liderar uma equipe de julgamento onde precisam reunir provas suficientes para condenar militares que impuseram o terror na população durante os tempos de ditadura. Strassera contará principalmente com a ajuda de outro promotor público, Luis Moreno Ocampo (Peter Lanzani). Durante todo os meses que cercaram o início, meio e fim do julgamento, sem poderem contar muito com a polícia, que em grande parte era a favor dos militares, os promotores sofrem ameaças e tem a rotina completamente abalada mas sem nunca deixarem de acreditar na importância do que faziam.


Relatos aterrorizantes, dor, sofrimento, tristezas sem fim de parentes de pessoas que sumiram durante a ditadura e nunca mais foram encontrados. A narrativa joga um olhar para o objetivo dos promotores, provar que fora um plano sistemático, que todos os acusados sabiam o que e como estavam fazendo por todo o país nos governos nos tempos de ditadura. Em poucos meses, o protagonista e sua equipe teriam que reunir provas contundentes contra acusados de alta patente do exército argentino que comandaram as ações nas quase uma década de ditadura no país sul-americano. Ao todo foram mais de 4.000 páginas de provas, centenas de testemunhas em mais de 700 casos denunciados durante esse período. A narrativa, de forma complementar, se aprofunda na vida do promotor Julio César Strassera responsável pelo caso mostrando suas dúvidas, medos, sua relação com a família, durante todo o período que está à frente desse caso de grande repercussão.


Há menção às ‘Mães da Praça de Maio’, importante organização criada nos tempos de ditadura que consistia em mães que tiveram seus filhos assassinados ou desaparecidos durante o terror desses tempos sombrios que iam para às ruas em busca de informações. Essas mulheres se reuniam, sempre com um lenço branco na cabeça, na Praça de Maio, em Buenos Aires, em frente à Casa Rosada, sede do governo argentino. Um movimento muito importante que sobrevive até hoje se expandindo para apoios pelos direitos humanos, políticos e civis por toda a América Latina e também em outros países.


Exibido no Festival de Veneza e no Festival do Rio desse ano, o longa-metragem argentino, com grandes chances de beliscar uma vaga no próximo Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, é uma aula de reflexão, não só sobre o recorte argentino, mas sobre o recorte sul-americano e todos os países que enfrentaram uma ditadura cruel e covarde. Tempos que nunca devem voltar! A democracia deve sempre estar acordada!



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22/10/2022

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Pausa para uma série: 'Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder'


Quando o relaxamento do pensar e a descrença dão oportunidade para o mal. Voltando ao surpreendente e expansivo universo criado pelo escritor sul-africano J. R. R. Tolkien, um trabalho que durou grande parte de sua vida, Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder nos leva para acontecimentos ocorridos bem antes das famosas trilogias adaptadas para o cinema por Peter Jackson, numa época chamada de Segunda Era onde uma iminente batalha se dará com o ressurgimento de uma figura cruel, manipuladora, que fará de tudo para atingir seus objetivos. Como toda boa primeira temporada, há peças poderosas se mexendo no tabuleiro, nos levando a segredos e reviravoltas impressionantes. Por mais que algumas subtramas estejam ainda arrastadas, sem muita profundidade na sua narrativa, o resultado é positivo, inclusive com cenas eletrizantes de batalhas.


Para entender melhor a trama, vamos nos prolongar um pouco nesse parágrafo. Morgoth poderoso Valar, que destruiu a luz e trouxe caos para o mundo entrou em guerra com outros habitantes de Arda (aqui na fantasia uma espécie de Terra), assim poderosos elfos foram à guerra para resistirem deixando o continente de Valinor e indo para um outro perigoso e desconhecido chamado Terra Média. A guerra que se instaurou deixou o lugar em ruínas, durando séculos. Morgoth foi derrotado mas os seus orques se tornaram presentes em todo o lugar cada vez mais se expandindo sob o comando de seu braço direito, muito cruel, chamado Sauron. A série começa com a Galadriel (Morfydd Clark) irmã de Finrod (Will Fletcher), um elfo que morreu nas mãos desse temido vilão, buscando vingança, indo a todos os lugares, durante séculos, e caçando Sauron mesmo que uma descrença acaba tomando conta da maioria dos seres que acha que Sauron não existe mais. Depois de ser salva por um humano no meio do mar, Halbrand (Charlie Vickers), sua vida irá mudar após esse momento. Em paralelo conhecemos histórias de um elfo e humanos das terras do sul, a renovação de amizade entre um importante elfo e um anão, a chegada de um poderoso estranho próximo ao alojamento de hobbits. Todos esses personagens terão importância nessa história de encontros e desencontros que mesmo já sabendo o final (ou pelo menos boa parte dele) vai nos surpreender mostrando como se chegou ao mesmo.


Nesse primeiro recorte dessa série, que terá algumas temporadas, somos apresentados a um presente onde a descrença sobre a maldade acaba tomando conta da maioria dos seres desse universo, por conta de muitos anos que se passaram e nenhum indício que Sauron ou qualquer entidade do mal esteja voltando de qualquer lugar onde estejam escondidos. Assim, vamos conhecendo os fascinantes personagens, onde vivem, como pensam, onde moram. Elfos, humanos, anões, hobbits, orques, magos, reis e rainhas que de alguma forma vão se encontrar em um momento para uma enorme batalha contra o mal. A construção disso, mesmo com uma narrativa beirando ao superficial, é feita dentro de um universo cheio de detalhes e fantasia criado pelo famoso Professor de literatura inglesa e fascinado por linguística J. R. R. Tolkien.


Para você que não é tão familiarizado assim com o universo complexo criado por Tolkien, é importante navegar por alguns contextos para não ficar boiando em determinados pontos. Por isso, ir atrás de informações complementares pela internet não é nenhuma vergonha! Antes de O Hobbit e O Senhor dos Anéis, existiram importantes questões dentro desse universo que definiram rumos. Uma das séries mais caras da história do audiovisual televisivo Senhor dos Anéis: Os Anéis de Poder vai te conquistando as poucos e tem tudo para melhorar nas futuras temporadas, quando de fato a história vai acontecer com seus melhores momentos.



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14/09/2022

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Crítica do filme: 'A Nave'


É possível abordar um tema muito triste de forma tão encantadora. Dirigido pelo cineasta mexicano Batan Silva, A Nave nos leva a uma jornada ao mundo mágico dos sonhos em paralelo a dura realidade de uma doença terrível que afasta da felicidade milhares de pessoas a cada dia. A desconstrução de um protagonista perdido nos seus medos e depressão é o nosso guia nessa viagem emocionante que nos faz refletir a casa segundo sobre a vida.


Baseado em fatos reais, o longa-metragem mexicano conta a história de Miguel (Pablo Cruz), um depressivo locutor de uma rádio, que tem um programa voltado para o público infantil, que vive uma verdadeira crise existencial passando os dias sem pensar no seu futuro e tendo que cumprir seus afazeres profissionais apenas por obrigação. Tudo muda em sua vida quando, enquanto está no ar, recebe a ligação de uma criança dizendo que gostaria de realizar o sonho de ver o mar só que essa criança está com câncer terminal e mora em um hospital. A história mexe com o protagonista que resolve remodelar toda sua vida para enfim conseguir realizar o sonho do pequeno ouvinte.


Um assunto tão triste mas guiado por uma leveza de grandes histórias. Falar sobre o câncer é sempre algo muito complicado. Aqui, até mesmo as pessoas ao redor de um paciente com câncer (no caso, a mãe) também é retratado, além da insensibilidade médica em um momento. Mas para aprofundar nesse assunto, há uma outra estrada que corre em paralelo. O atalho da comédia aqui se encaixa na estrutura emocional abalada de seu protagonista, um homem já adulto que se vê completamente sem direção. Quando ele começa a refletir sobre a sua vida e seus medos, novas descobertas se abrem em sua frente possibilitando ele ser um amigo importante para o jovem com câncer. Toda essa desconstrução é muito bem conduzida pelo roteiro assinado por Pablo Cruz (o próprio protagonista).


O lúdico aqui ganha um ótimo espaço. A nave, o comandante dela, os caminhos da imaginação guiados pela criatividade deixam o doloroso e eminente caminho do jovem paciente um pouco menos triste mas sem nunca deixar de ter pela frente a realidade que tanto nos comove. A Nave emociona, nos faz abrir sorrisos mas também cair lágrimas. Um filme pra grudar nos nossos corações.



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04/09/2022

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Crítica do filme: 'O Amante Duplo'


Os nós que a mente nos prega. Baseado no livro de Joyce Carol Oates intitulado Lives of the Twins (lançado no final da década de 80), O Amante Duplo, trabalho do sempre surpreendente cineasta francês François Ozon, nos leva para a gangorra dos sentimentos, dos traumas, do medo, também dos desejos, tendo como alicerce uma protagonista que parece estar em um enorme quebra-cabeça emocional. Você não consegue desgrudar os olhos do filme, é envolvente. Um drama disfarçado de thriller, que nos leva para uma análise de uma protagonista e suas emoções mais profundas.


O filme, que concorreu à Palma de Ouro em Cannes, nos mostra a história de uma mulher que trabalha em um museu chamada Chloé (Marine Vacth) que após uma consulta para saber sobre um desconforto na região da barriga acaba sendo orientada a procurar um terapeuta. Assim, ela chega em Paul (Jérémie Renier), com quem logo se envolve. A questão que após um tempo, ele descobre um segredo de seu novo par romântico: ele tem um irmão gêmeo que também é terapeuta. Assim acaba se envolvendo com esses dois homens e acaba descobrindo muitas surpresas nesse caminho.


Falar sobre a mente humana e ainda inserir a questão dos desejos é uma engenharia cinematográfica complicada. Aqui, fugindo das metáforas o máximo possível mesmo tendo implícitas algumas, vamos enxergando uma reta de surpreendentes revelações que ao final percebemos que há questões em paralelos que completam essa curiosa trama. A protagonista é um enorme enigma pois a princípio não sabemos direito um detalhe fundamental de seu passado, aquela peça que falta na engrenagem mas que torna tudo mais explicativo. Ozon usa de sua maestria para nos guiar nessa jornada que tem um grande fundamento no medo, no trauma, na manipulação, que por conta das razões humanas acaba encostando no desejo.



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24/08/2022

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Crítica do filme: 'Má Sorte' (The Cooler)


As segundas chances de um paradoxo existencial. E se você tivesse uma Má Sorte? O que você faria com essa estranha condição? Lançado já no longínquo ano de 2003, Má Sorte nos leva para um recorte emocional na vida de um homem que se encontrou diversas vezes com a derrota. Dirigido pelo cineasta sul-africano Wayne Kramer o longa-metragem protagonizado pelo ótimo William H. Macy também explora os bastidores de um lugar também conhecido como ser o grande ponto de encontro dos jogos de azar. O ótimo roteiro se apega nas superstições para contar uma história sobre recomeços.


Na trama, conhecemos Bernie (William H. Macy) um homem já rumando para fase final de sua vida que após anos lutando contra um vício em apostas acaba indo para em um famoso Cassino tendo que pagar durante seis anos uma dívida de jogo com o proprietário do lugar o indecifrável Shelly (Alec Baldwin). O curioso é que Bernie tem uma função como poucas outras, ele é o chamado ‘Má Sorte’, uma pessoa que acaba repassando essa estranha condição em mesas onde clientes estão ganhando muito dinheiro. Perto de enfim conseguir sua liberdade, faltando poucos dia para sua liberdade acaba se envolvendo em um intenso romance com Natalie (Maria Bello) uma funcionária do lugar além de um reencontro que lhe trará diversos problemas.


Se imagine em um lugar onde você não vê o tempo passar, consumido por viciantes impulsos que o leva a jogar e a jogar. Alegrias para alguns comemorando alguma data especial, eterno túnel inacabável para outros. Nesse último é onde se encontra o carismático personagem principal de The Cooler, nome do filme no original. Um homem introspectivo que vamos entendendo aos poucos, principalmente como lida com sua atual profissão assumindo ser um azarado por completo. Sua vida é cheia de reviravoltas, conflitos, dramas, abandonos, algo que acaba refletindo na falta de força de seguir rumo a um destino de felicidade, pegando muitas vezes a reta para uma eterna solidão. Impossível não se apaixonar pelo personagem brilhantemente interpretado por William H. Macy.


Em paralelo a essa trajetória rumo a um novo destino, encontramos Shelly e suas dificuldades em modernizar seu empreendimento, algo que trata como sendo sua única casa, onde possui o controle de tudo, onde não precisa dar satisfações a ninguém. Esse marcos de transitivos em negócios já foram abordados em outros filmes mas aqui ganham tons de violência, como se o medo da mudança ganhasse mais força que qualquer outra coisa. Aliás, esse ‘medo da mudança’ persegue tanto Shelly quanto Bernie.


Aqui refletimos em muitos instantes sobre o paradoxo existencial embutido no protagonista, quase uma gangorra, as vezes sorte, as vezes azar. O abstrato volta nessa história, trazendo o tal do Amor. Eita variável incontrolável, mais forte que qualquer Má Sorte. A partir daí as escolhas e o combate aos conflitos definem os rumos dessa marcante história. Belo filme disponível no Prime Video.



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15/08/2022

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Crítica do filme: 'Treze Vidas – O Resgate'


Quando o desafio é a sobrevivência. Buscando trazer ao público mais detalhes do famoso resgate de um jovem time de futebol e seu treinador que ficaram presos em condições complicadas em uma caverna no norte da Tailândia que faz parte de um sistema cárstico de relevo geológico chamado Tham Luang, o veterano cineasta Ron Howard apresenta sua versão aos fatos que mobilizaram o planeta. Aqui o foco é na equipe experientes mergulhadores que conseguiram ultrapassar barreiras em condições inóspitas em busca de praticamente um milagre e resgatar a todos com vida. Nessa emocionante jornada, enxergamos a história de maneira muito objetiva sem deixar de sentir todas as emoções dos envolvidos.


Na trama, voltamos ao ano de 2018 onde em meados de julho, durante a Copa do Mundo de Futebol Masculino, um grupo de jogadores de um time amador denominados Javalis Selvagens, após um treino e para iniciarem as comemorações de aniversário de um deles, resolvem junto ao seu treinador fazer um passeio por dentro de uma região repleta de cavernas que sempre foi ligado à questões folclóricas e fica perto da fronteira da Tailândia com um país chamado Mianmar. O tempo muda radicalmente quando eles estão dentro de uma das cavernas e um passeio que era pra ser rápido acaba durando muitos dias. Os familiares ao notarem o sumiço dos jovens, chamam as autoridades e constata-se que o grupo ficou preso em algum lugar dentro da caverna. Logo as autoridades são chamadas e uma ajuda internacional chega em seguida. Assim, conhecemos o experientes mergulhadores Rick Stanton (Viggo Mortensen) e John Volanthen (Colin Farrell) que terão papéis fundamentais nesse incrível salvamento.


Era um resgate extremamente complicado. Não só por conta das condições climáticas da região, da caverna cheia de obstáculos que o grupo estava mas também por conta da falta de informação que as autoridades tinham no primeiro dia de mobilização. A questão política também ganha contornos complicadores, com pressões do governo tailandês a um governador que sairia do cargo em breve e holofotes de todo o mundo com uma imprensa presente que aguardava informações 24 horas durante as duas semanas de operação. O filme busca os detalhes de toda a complicada operação, entrando mais ao fundo em algumas questões e em outras passando de forma superficial.


Essa produção britânica, com pegada hollywoodiana, busca seu foco nos protagonistas do resgate, Rick e John, dois amigos que estão acostumados a lidarem com situações extremas de resgate que acabam sendo a maior esperança de sucesso da operação. As decisões difíceis a serem tomadas, como a questão pouco noticiada que os garotos tiveram que tomar uma injeção com tranquilizantes pois precisariam mergulhar em condições adversas por horas são bem detalhadas além de um implícito conflito no campo emocional já que os amigos e mergulhadores são pessoas muito diferentes um do outro.


Pra quem curte filmes com simbolismo heróicos que mesmo sabendo o final a gente consegue refletir sobre muitos temas no campo da humanidade como a cooperação, Treze Vidas – O Resgate pode ser o projeto que você possa estar procurando.




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23/07/2022

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Crítica do filme: 'Secretária'


O prazer, o desejo nos encontros entre a dominação e a submissão. Baseado em uma obra da romancista norte-americana Mary Gaitskill, Secretária, filme lançado 20 anos atrás, é uma jornada intensa, provocante, que mostra os caminhos do prazer de maneira fundamentada em percepções, sentimentos, desejos, em um tour por duas mentes que se encontram a partir de uma relação profissional convencional até chegarem as descobertas íntimas. Dirigido pelo cineasta Steven Shainberg.


Na trama, conhecemos Lee (Maggie Gyllenhaal) uma tímida mulher que passou por muitos momentos de aflições na vida, inclusive precisando ser internada por um tempo por conta do vício em se cortar. Quando recebe alta da clínica, percebe que seu mundo de alguma forma está no mesmo lugar que deixou e acaba investindo em uma profissão de datilógrafa. Assim, acaba chegando até o escritório de um advogado, Mr. Grey (James Spader), um homem extremamente controlador, amargurado, rígido que começa um jogo de dominação com a protagonista, fato que mudará a vida dos dois para sempre.


Os paralelos entre a dominação e a submissão. Construído de maneira instigante, que traça um raio-x bem profundo de cada um dos dois personagens protagonistas, o roteiro apresenta paralelos dentro de ações e consequências, partindo das características dos elos construtores dessa história até os encaixes em relação aos desejos. O sexo aqui se torna algo secundário, as fantasias dominam os personagens. Muito antes do Mr. Grey da era das redes sociais (aquele personagem dos famosos livros de E. L. James), existiu esse Mr. Grey interpretado brilhantemente por James Spader. Há semelhanças mas essa produção aqui consegue ser muito mais profunda e provocante falando sobre o mesmo tema.


As descobertas do prazer se chocam sobre o momento dos personagens. Mr. Grey parece que luta contra seus desejos, busca o controle em relação a tudo mas parece ter o descontrole como marca. Ele acaba encontrando o equilíbrio na relação com Lee, essa uma mulher que se descobre para a vida através do prazer vivido pelas situações com o chefe. Há o componente da dor como fator de reflexão, quase um elo entre os personagens, uma por conta do sentimento em relação as dores físicas, o outro mais na dor emocional, um grande conflito por ter aqueles impulsos.


Ao fim, chegamos a conclusão que um dos objetivos desse interessante projeto é nos fazer entender sobre a intimidade. Abre-se uma porta para o pensar também sobre desejos, o sexo, as fantasias e o prazer. Um filme muito interessante.



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