Pincelando as ironias da geopolítica com um episódio absurdo que aconteceu durante o período de guerra fria, a brilhante minissérie sueca Whiskey on the Rocks – pouquíssimo divulgada aqui no Brasil – usa sem abusar da sátira nos levando para um registro histórico que ficou perto de colocar em linhas de combate os Estados Unidos e a ex-União Soviética (URSS). Criada por Henrik Jansson-Schweizer e Björn Stein, Whiskey on the Rocks também é um show de desabafos que mostra através da comédia tensões em três pontos do mundo num momento caótico do planeta.
No ano de 1981, nos últimos anos de guerra fria, um fato curioso
aconteceu em águas escandinavas. Um submarino russo classe Whiskey, U-137, em
treinamento, após uma enorme bebedeira por parte de sua tripulação, acaba
ficando encalhado no território sueco. Durante quase duas semanas uma série de situações
políticas criou um verdadeiro alarde para os mandachuvas das duas maiores
potências mundiais tendo no centro do tabuleiro o ex-primeiro ministro sueco Thorbjörn
Fälldin (Rolf Lassgård) que fez de
tudo para que a diplomacia vencesse quem tinha a pólvora nas mãos.
A polarização do bloco comunista e capitalista ao longo de
mais de quatro décadas é uma página batida em livros de história, algo que
aprendemos com certa ênfase por conta de seus desenrolares que só foram
desfeitos com o declínio financeiro e político da ex-União Soviética (URSS) já
nos anos 1990. Esse assunto, que ficara no imaginário de muitas pessoas, se
desenvolveu com muitas histórias desse período que já foram adaptados para
projetos audiovisuais.
Em Whiskey on the
Rocks a fórmula encontrada para contar mais um capítulo desse embate é o
humor. Com generalizações simplificadas dentro de estereótipos guiados pelo
calor daqueles momentos, chegamos em personagens conhecidos da história
mundial, como o ex-presidente norte-americano Ronald Reegan (Mark Noble) que logo no seu início de
governo buscava frear a influência global da União Soviética. Também ganha o
palco o Ex-secretário-geral do Partido Comunista da URSS, Leonid Brejnev (Kestutis Stasys Jakstas). No meio disso
tudo, não podemos esquecer a Suécia e sua política interna controlada, guiada
por um criador de ovelhas, Thorbjörn Fälldin.
Com seus diálogos memoráveis e uma contextualização eficiente
- até visualmente com o uso de um ‘tabuleiro de War’ a cada ping pong nas
conexões - Whiskey on the Rocks coloca
por entrelinhas o desespero por um estopim para se criar uma inconsequente
guerra. Jogando para escanteio qualquer tipo de profundidade dramática, com a
espionagem também ganhando seus contornos, essa ótima minissérie nos leva até
um aulão bem-humorado que coloca em evidência a diplomacia, algo difícil por
aqueles tempos.