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16/05/2025

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Pausa para uma série: 'Procurados - EUA: Osama Bin Laden'


Na manhã de 11 de setembro de 2001, em Nova Iorque, o mundo assistiu, estarrecido, a um ataque aéreo sem precedentes contra um dos maiores símbolos dos Estados Unidos. A partir daquele momento, iniciou-se uma longa caçada — atravessando dois governos — para capturar o principal responsável pelo atentado: o líder da organização fundamentalista islâmica Al-Qaeda.

Percorrendo detalhes poucas vezes vistos, com entrevistas emocionadas de personagens importantes do governo norte-americano, da CIA, de forças especiais, e uma recriação impecável de situações ocorridas nesse período de angústia e ansiedade com o objetivo de encontrar Osama Bin Laden, a excelente série documental Procurados - EUA: Osama Bin Laden nos faz voltar no tempo para entender melhor os pormenores dessa caçada.

Dividida em três episódios, a minissérie explora os acontecimentos que antecederam e cercaram a operação que culminaria em seu objetivo final. Em meio a mudanças no comando do poder, pessoas que participaram diretamente ou acompanharam de perto as reuniões secretas tornam-se peças-chave na construção da narrativa. A força de seus depoimentos sustenta a base desta investigação documental, que lança luz sobre um dos episódios mais marcantes da história norte-americana.

Da difícil tarefa de reviver os dias de tensão até a conclusão de um árduo trabalho – que mexeu com muitas vidas pessoais - quando o principal símbolo do terror foi localizado e morto em um esconderijo nos arredores de uma cidade no Paquistão, os depoimentos dos analistas da CIA são estarrecedores, um recorte de emoções que marcou a trajetória de cada uma dessas pessoas.

Pelas entrelinhas, enxergamos questões políticas, divergências conflitantes, onde o medo do fracasso se torna uma variável a se prestar a atenção. De George W. Bush a Barack Obama: o primeiro, presidente durante os atentados e os dias de tensão que se seguiram; o segundo, encarregado de cumprir a missão que se tornou um dos principais objetivos de seu governo, acompanhamos decisões cruciais que levaram ao sucesso da operação final ocorrida em 2 de maio de 2011.

Procurados - EUA: Osama Bin Laden é mais uma série consistente da Netflix dentro desse caminho de explorar com ampla investigação fatos marcantes dentro de acontecimentos chocantes nos Estados Unidos. Estão no catálogo da líder dos streamings também, Procurados - EUA: O.J. Simpson e Procurados - EUA: O Atentado à Maratona de Boston.


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Pausa para uma série: 'A Garota Roubada'


Com um piloto aceitável e alguns episódios sonolentos que se seguem, num balanceamento desequilibrado dos elementos de uma narrativa, chegou sem muito alarde ao catálogo da Disney Plus a minissérie A Garota Roubada. Estrelada por Denise Gough e Holliday Grainger esse projeto te deixa preso num primeiro momento em uma história de desaparecimento mas que logo sofre por um desenvolvimento com o freio de mão puxado apresentando um recheio - nada satisfatório - de clichês.

A vida da aeromoça de jatos particulares Elisa (Denise Gough) vira de ponta a cabeça após permitir que sua filha durma na casa de uma nova amiguinha, influenciada pela insistência da mãe da garota, Rebecca (Holliday Grainger). Em uma busca do paradeiro da filha após percebido o sumiço, a protagonista e o pai da menina, Fred (Jim Sturgess), acionam a polícia. Ao longo do desenrolar dos dias, algumas surpresas do passado de Elisa, e também sobre esse casamento, vão aparecendo.  

Em poucos minutos, o primeiro episódio realiza com eficiência a difícil tarefa de apresentar, de forma objetiva e com ritmo acelerado, os alicerces da história, despertando interesse genuíno pelo que está por vir. No entanto, a partir do segundo episódio, a narrativa começa a se desviar do rumo: acumulam-se pontas soltas, e temas promissores que poderiam render reflexões mais profundas acabam tratados de maneira superficial, com resoluções simplistas e pouco impactantes.

Os holofotes se colocam num duelo entre anti-heroína e vilã, se esquecendo de resolver os conflitos de outros personagens escanteados da história. Elementos desse grupo dos esquecidos, estão Fred e Selma (Ambika Mod), essa última, uma jornalista investigativa que pega o bonde andando desse furo de reportagem - a falha tentativa de crítica ao circo midiático em todo caso de repercussão - se tornando coadjuvante até mesmo da sua própria jornada.

Baseado na obra Playdate, da escritora norueguesa Alex Dahl, essa minissérie de cinco episódios segue na linha do convencional para convencer o público com uma receita de bolo batida de suspense que se joga em reviravoltas pra lá de mirabolantes e pouco convincentes. Tudo começa bem mas desanda, rumando para um desinteressante duelo contra a previsibilidade.


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15/05/2025

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Pausa para uma série: 'Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto Por Engano'


Uma luta por justiça e respostas. Era julho de 2005, em um país europeu abalado por recentes atentados terroristas. Em meio ao clima de tensão, com a polícia e autoridades debatendo os próximos passos na segurança pública, um erro imperdoável resultou na morte do brasileiro Jean Charles de Menezes.

Apresentando detalhes chocantes desse TRUE CRIME, chegou na Disney Plus a minissérie de quatro episódios Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto Por Engano, marcada por cenas fortes e perturbadoras. Ao longo dos impactantes capítulos, vamos entendendo o antes e o depois de um quebra-cabeça de erros onde a incapacidade de comando determinou uma tragédia.

Percorrendo um intervalo pequeno de dias, conhecemos Jean Charles (Edison Alcaide), um brasileiro batalhador que trabalha como eletricista em uma Londres de 20 anos atrás. Com a cidade sendo alvo recente de ações desumanas que vitimaram mais de 50 pessoas, a polícia resolve criar forças tarefas para retomar o controle e aliviar a pressão pública. No dia 22 de julho, em meio a uma falha operacional inacreditável, Jean foi confundido com um terrorista procurado e executado com onze tiros pela Polícia Metropolitana de Londres, dentro de uma estação de metrô.

Um importante trunfo desse projeto chocante é o passo a passo do que aconteceu antes e depois da morte do brasileiro, sempre tendo mais de um ponto de vista. Com uma contextualização eficiente, que resume em pouco tempo todo o caos e medo que viviam os moradores da capital inglesa naquela época, acompanhamos – com indignação - uma série de erros e abusos de poder serem expostos. A narrativa logo encontra um ritmo intenso chegando na aflição, na angústia, se construindo em volta de um retrato assustador – bem exposto - de incompetência policial.

As derrapadas morais vão de encontro a uma série de personagens importantes que se misturam no não saber lidar com o fracasso de uma operação e reconhecer o erro, até outros que ajudaram a trazer verdades pra frente das barreiras que foram colocadas. Os pais de Jean Charles foram consultores da série, um fato importante, algo que deixa mais próximo da verdade tudo que acompanhamos.

Caso Jean Charles: Um Brasileiro Morto por Engano culmina em uma poderosa mensagem de luta por justiça e por respostas. Com todos os episódios já disponíveis no Disney Plus, é bem provável que você termine a minissérie tomado por um profundo sentimento de indignação.


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23/04/2025

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Pausa para uma série: 'Congonhas: Tragédia Anunciada'


Vida, verdade, justiça. Trazendo ao público detalhes impressionantes da trágica história do maior acidente aéreo da América Latina, a minissérie documental investigativa Congonhas: Tragédia Anunciada parte da dor das famílias – com muitos depoimentos de cortar o coração - rumo a uma análise bem apurada sobre responsabilidades pelo ocorrido, chegando em fatores políticos e econômicos de um setor que vinha de uma série de instabilidades e incertezas.  

O fato, de repercussão internacional, se desenrolou da seguinte forma: na tarde de 17 de julho de 2007 um avião Airbus A320 da TAM decolava do aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre rumo a um outro que fica no meio da cidade de São Paulo, Congonhas. Ao se aproximar para pouso, com chuva e tempo instável, não consegue frear a tempo e atravessa a pista se chocando em alta velocidade com um prédio da própria companhia aérea. A vida de quase 200 pessoas seriam perdidas nesse momento.

Após o ocorrido, uma série de situações transformaram esse acontecimento em um tabuleiro de muitas perguntas e respostas, inclusive com o circo midiático a todo vapor em cima de personagens que de alguma forma estavam no raio do contexto do que as investigações viriam a descobrir. A proposta dessa minissérie documental – feita com uma impressionante pesquisa – é exatamente, ao longo dos seus três impactantes capítulos, acompanharmos pontos de vistas, reportagens, depoimentos, situações e ações que fizeram parte dessa tragédia anunciada.

No seu capítulo inicial somos apresentados a história de familiares e o início de suas lutas por justiça pela morte de seus parentes. A partir do segundo capítulo, o projeto encontra um caminho detalhista para traduzir em uma narrativa imersiva a fatos e situações que circularam meses próximos da data do ocorrido. Confusões, ‘Apagão Aéreo’, e um certo caos no setor ganham argumentos em amplo contexto que vai de encontro a fatores políticos, escolhas e decisões da companhia aérea, da infraero e no centro dos holofotes a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Criada e roteirizada por Angelo Defanti (que em seu trabalho anterior, Veríssimo, nos brindou com um documentário belíssimo sobre o escritor Luís Fernando Veríssimo), Congonhas: Tragédia Anunciada apresenta a dor e a insensibilidade, um contraste marcante que não deixa de representar os fatos reais de uma tragédia que nunca será esquecida.

 

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19/01/2024

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Pausa para uma série: 'Um Pesadelo Americano'


A força de uma narrativa brilhante. Assaltantes com roupas de mergulho. Um curioso sequestro. Uma pacata cidade na Califórnia. Chegou ao catálogo da Netflix uma minissérie dividida em três partes que nos mostra as verdades de um fato ocorrido em março de 2015 que reuniu uma série de variáveis surpreendentes. Caminhando pelos relatos e sofrimento dos envolvidos, passando pela pressão de um circo midiático e a força policial atrás de um bode expiatório, Um Pesadelo Americano mostra de forma detalhada reviravoltas chaves para o esclarecimento por completo de um curioso ocorrido.

Vallejo, Califórnia. Durante uma noite, um casal de fisioterapeutas tem sua residência invadida por pessoas que sequestram um deles, dopando o outro. Ao acordar, o que não foi levado, liga para a polícia relatando o ocorrido. A partir daí, a vida desse casal viraria de cabeça pra baixo, com acusações de todos os lados e com a polícia buscando montar um quebra-cabeça completamente pressionada pela a ação da mídia. Advogados, envolvidos, a família da sequestrada e os vídeos de alguns dos interrogatórios ajudam a contar essa história que possuem reviravoltas impressionantes.

Como sempre falamos por aqui, a importância da narrativa é fundamental para o sucesso de um projeto. Isso acontece por aqui. Dividida em três partes, Um Pesadelo Americano (nome mais que certeiro), caminha pelos campos das emoções conflitantes de um casal que tem suas vidas expostas de maneira absurda, acusados de forjarem um sequestro após o reaparecimento da sequestrada.

Uma busca em vão? Tem alguém mentindo? O que realmente aconteceu? A maneira como é contada essa história nos deixa em dúvidas e prepara os caminhos para as surpresas que se sucedem de forma a embarcarmos em campos de reflexões que vão desde as inúmeras críticas a muitas ações policiais na condução do caso, o papel da imprensa em todo o ocorrido e as variáveis imprevisíveis que o destino coloca em alguns caminhos.

Os absurdos são tantos que em certo momento nos perguntamos: Será essa uma releitura em vida real do filme A Garota Exemplar (que tinha sido lançado uma ano antes)? Algumas reviravoltas chaves para o esclarecimento por completo do caso transformam essa minissérie em uma das mais interessantes desse primeiro semestre de 2024.


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30/08/2021

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Pausa para uma série - Clickbait


Quando as ações dentro de pré-julgamentos entram em choque. O sensacionalismo através de visualizações, curtidas que compartilhamos acabam sendo um background para tudo que acompanhamos nesse novo mistério disponível no catálogo da Netflix. Clickbait fala sobre a exposição de uma família após um sequestro e como essa situação acaba refletindo na vida de muitos outros personagens que estão próximos ao epicentro dessa trama que busca na força de seu mistério resolução para subtramas pouco profundas com algumas lacunas deixadas de lado. Essa minissérie de oito episódios criada pelos show runners Tony Ayres e Christian White tem ótimas atuações de Zoe Kazan e Betty Gabriel.


Na trama, acompanhamos a família Brewer, composta pelo marido e fisioterapeuta Nick (Adrian Grenier), pela esposa e professora Sophie (Betty Gabriel), pela irmã de Nick, a enfermeira Pia (Zoe Kazan), e os filhos Kai (Jaylin Fletcher) e Ethan (Camaron Engels). Tudo na vida deles muda completamente quando, misteriosamente, uma live aparece online em um site famoso de vídeos onde Nick está machucado e segurando cartazes com afirmações bombásticas. A partir disso, a família entra em colapso tendo que enfrentar a avalanche da ansiedade da imprensa, a investigação da polícia, os mistérios que surgem a partir das afirmações mostradas e os segredos de famílias.


O roteiro busca até o último segundo buscar surpreender o espectador, isso pode ser visto como um mérito mesmo que por conta disso, e nesse caso, algumas pontas fiquem bastante soltas se tornando apenas meras faíscas que nunca se acendem mas que de alguma forma nos mostra segredos até então escondidos de algumas subtramas. O ritmo acelerado se constrói muito bem se pensarmos no abre alas, inclusive, com a visão da segunda personagem mais impactante na história, Pia, essa que conseguimos entender melhor através de sua impulsividade e seu faro de detetive indo atrás de respostas para perguntas que acabar de conhecer. A mãe e professora Sophie é onde todos os olhos se apontam, principalmente com a exposição de fatos sobre sua vida com o marido, toda a trama passa por ela e a partir de escolhas sobre como lidar com isso vamos entendemos melhor o real drama que essa família vive nesses dias de tensão, choros, e um certo descontrole dentro de uma situação inimaginável até aquele momento.


As abordagens sobre o papel da mídia, da ética profissional também, nesse caso até mesmo uma certa caricatura um pouco extrema mas não muito longe da realidade, quando pensamos no jornalista que invade casas e destrói seu relacionamento por conta de novidades para seu furo jornalístico. Há também a questão dos relacionamentos online, seus perigosos ou não encontros, suas verdades e mentiras abrem boas discussões sobre o tema.


O desfecho busca seu impacto através de uma porta pouco aberta durante toda a trama, explicar sobre esse final é tirar a cereja do bolo de qualquer espectador, mas podemos dizer que nessa busca pela surpresa o seriado encontra um elo com a solidão e há reflexões bastante profundas sobre a internet.

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01/06/2021

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Pausa para uma série - 'Mare of Easttown'


A força dentro das surpresas e desilusões. O que você faria se fosse atormentado por uma tragédia em sua família? Se seu trabalho é questionado por todos ao seu redor? Se sua vida amorosa é um quebra cabeça complicado de se entender? Essas e outras questões estão dentro do contexto de pulsantes emoções da protagonista de Mare of Easttown, minissérie de sete capítulos da HBO que possui um roteiro afiado, repleto de mistérios e dramas profundos gerando inúmeras reflexões pelo caminho. No papel principal, uma das grandes atrizes do planeta cinema, Kate Winslet, em mais uma atuação nota 10. Impecável trabalho que merece ser visto por todos que gostam de boas histórias.


Na trama, criada por Brad Ingelsby, conhecemos Mare (Kate Winslet), uma detetive divorciada, e já avó, que é atormentada pelo suicídio do filho anos atrás e no campo profissional é taxada de incompetente por não conseguir solucionar o caso de uma desaparecimento de uma jovem moradora da região. Mora com sua filha Siobhan (Angourie Rice), a mãe Helen (Jean Smart, em atuação fantástica) e seu neto em uma casa que é na frente da do ex-marido Frank (David Denman). Quando uma outra jovem é assassinada, um leque de portas se abrem na linha de investigação e não é descartada de ter alguma relação com o desaparecimento da outra jovem. Entre a dedicação a essa importante investigação e o caos que se transforma sua vida pessoal, muitas surpresas a aguardam em um desenrolar de fatos impactantes.


A congruência entre suspense e drama é feita de maneira sublime. E esse poder de surpreender chega aliado a um raio-x completo da personalidade de uma corajosa e amargurada protagonista, uma mulher que luta contra seus medos a todo episódio, que precisa tomar atitudes duras que influenciam a sua e outras famílias. Nas partes dramáticas as subtramas ganham rumos importantes e bastante conclusivos, seja no arco que mostra as dúvidas e escolhas de Siobhan, as dúvidas sobe o professor Frank e o envolvimento dele ou não em parte dos mistérios da trama, o caótico estado amoroso de Mare mas que nutre uma certa esperança na chegada do escritor Richard (Guy Pearce), a relação de amizade com Lori (Julianne Nicholson, em atuação destacada), os conflitos com a mãe de seu neto Carrie (Sosie Bacon) e com a ex-amiga de jogos de basquete no colegial Dawn (Enid Graham).


O mais importante nisso tudo é que todas as portas abertas são fechadas. Todos são suspeitos por um momento, Mare nos conecta nossos olhos e sua forma de pensar, vemos as construções e desconstruções da complexa personagem, vamos descobrindo cada vírgula, cada ponto fora da curva. Fica difícil até saber se gostamos mais da parte dramática ou do suspense imposto, tudo é muito bem feito. A cada conclusão de episódio bate aquele desespero de querermos assistir ao próximo.


Blindado por um perfeccionismo nas atuações, dentro de um roteiro primoroso, Mare of Easttown é forte concorrente a todos os prêmios da televisão norte-americana. Baita minissérie.

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21/02/2021

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Pausa para uma série: 'Challenger: Voo Final'


A arrogância é uma das maiores razões dos erros humanos. Contando com muitos detalhes os entornos de uma das maiores tragédias em solo norte-americano da história desse planeta, a explosão, cerca de um minuto após a decolagem do ônibus espacial Challenger que levava à bordo sete tripulantes, seis astronautas e uma professora em 28 de janeiro de 1986. Nessa minissérie em bem divididos quatro episódios com cerca de 40 minutos de duração, vamos conhecendo melhor o contexto que cercava as viagens espaciais naquela época, escutamos depoimentos emocionados de amigos, familiares dos tripulantes e materiais de áudio e vídeo dos próprios astronautas feitos nas vésperas do acontecimento catastrófico que fora televisionado, ao vivo, para milhões de pessoas. Conhecemos também, fatos (alguns até documentados), dentro de uma exposição bastante objetiva sobre o que aconteceu naquele dia e os prováveis culpados pela tragédia. Produção executiva assinada por J.J. Abrams e disponível na Netflix.


Os primeiros episódios são muito bem fundamentados e detalhados como um todo o início do programa espacial na forma de Ônibus Espaciais com a seleção de cerca de 30 integrantes para treinamentos de dois anos e logo após encaixes em viagens nas novas naves desse programa. Muitos dos selecionados para aquela viagem da Challenge vieram desse treinamento. Porém, a figura mais representativa desse lançamento foi a civil, professora de ensino médio e fundamental, Christa McAuliffe.   


Logo avançamos para um paralelo fundamental para entendermos todas as razões e consequências do que veríamos mais pra frente. Tudo parte do desejo da NASA (que possuía desconfiados exorbitantes orçamentos aprovados pelo Governo) de transformar em marketing a ideia de que um ‘ônibus espacial’ é um lugar seguro quanto tanto uma aeronave comercial. Na verdade, não era. O projeto mostra alguns depoimentos que chegam nessa vertente, inclusive de um dos tripulantes, o astronauta Dick Scobee comandante da missão.


O primeiro voo da NASA com uma civil à bordo deixou um enorme trauma no coração esperançoso dos norte-americanos acostumados com sucessos. Mas obviamente, culpados seriam encontrados. Nos arcos finais, entendemos melhor as horas que sucederam a tragédia, com direito até a descoberta de uma reunião emergencial para saber se tinham realmente condições de decolarem por conta das baixas temperaturas do dia marcado para o lançamento do sexto voo do programa que teve também Columbia e Atlantis. Percebemos grande arrogância pelos corredores da famosa agência espacial norte-americana, principalmente pelo sucesso de um período das viagens para o lado de fora do planeta, viagens à lua e lançamentos de satélites. Mesmo sabendo o final catastrófico, é angustiante acompanhar a sequência de fatos que levaram ao trágico ocorrido. Excelente e esclarecedora minissérie.



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28/12/2020

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Pausa para uma série - Roadkill


As linhas que dividem as verdades da ganância e do poder. Com um primeiro episódio extremamente sonolento, confuso e desinteressante, como uma minissérie pode se salvar nos três episódios que lhe restam? Realizando esse verdadeiro milagre, Roadkill, protagonizado pelo eterno House Hugh Laurie, é um drama/suspense ambientando na alta administração britânica onde os coadjuvantes se tornam peças importantes durante toda a saga de um político carismático que esconde segredos. Morte suspeita, puxadas de tapete, mentiras, traições, contas bancárias em paraísos fiscais, disputas pelo poder, papel do advogado em determinadas situações, ética do jornalismo são alguns dos pontos que os quatro episódios nos transmitem. O elenco é ótimo e salva a série, principalmente o elenco feminino: Helen McCrory, Olivia Vinall, Shalom Brune-Franklin, Anna Francolini, Pippa Bennett-Warner e Sarah Greene.


Nos bastidores do alto poder britânico, ambientado nos dias atuais, acompanhamos Peter Lawrence (Hugh Laurie), um político que passa de ministério para outro ministério ao mesmo tempo que sua vida entra em colapso total com a descoberta de uma nova filha (que está presa), crise no seu relacionamento secreto com a amante dinamarquesa, embates com a atual esposa e os conflitos com as filhas, uma guerra no tribunal que venceu mas a jornalista que perde o caso acaba conseguindo novas provas contra ele, uma primeiro ministra que não vai com a cara dele.  Os desenrolares e as consequências das ações para resolver esses fatos vão moldando os quatro episódios dessa minissérie.


O importante nessa história é entendermos que ninguém é o herói, todos tem problemas, os vilões trocam de figura conforme a trama avança. Nas garras do sarcasmo, vamos acompanhando a saga do complicado Peter que ama o poder mais que tudo, mesmo ainda distante com lapsos de boas ações. Nada fica muito abertamente comprometedor pois a superfície dos assuntos de fraudes ficam em nuvens onde não conseguimos alcançar mas dão a entender, muito por conta das motivações de pessoas que o cercam. Sua vida pessoal, o grande fator interessante dentro da trama, é o que puxa a atenção do espectador sempre com uma surpresa, longe de reviravoltas mirabolantes mas bem de acordo como pensa o curioso protagonista. Roadkill é uma minissérie, como um todo, muito interessante. Se tivesse no seu confuso primeiro episódio um grande abre alas, poderia estar no topo das melhores do ano.

 

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11/12/2020

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Pausa para uma série - The Undoing


Quando as verdades só aparecem após fatos impensáveis. Produzida e exibida pela HBO, a minissérie de seis capítulos The Undoing é um provocante drama sobre as verdadeiras facetas do ser humano camuflada de thriller jurídico. Dirigido pela cineasta dinamarquesa Susanne Bier (diretora de ótimos filmes como Brothers e Depois do Casamento), o projeto nos apresenta uma profunda análise, quase um jogo de xadrez da realidade, sobre a vida de uma psicóloga que vê seu mundo modificar completamente quando começar a ter incertezas sobre tudo que acredita após o assassinato brutal de uma mulher. A minissérie prende e nos leva a um desfecho satisfatório para quem chegou ao entendimento das entrelinhas. Nicole Kidman e Hugh Grant em atuações destacadas. Mais um bom projeto da HBO.


Na trama, conhecemos Grace (Nicole Kidman), uma psicóloga formada em Harvard, muito bem sucedida que mora com o marido Jonathan (Hugh Grant) e o filho do casal Henry (Noah Jupe) em um apartamento de altíssimo padrão numa das maiores cidades norte-americana. Certo dia, após um brutal assassinato, Grace vê sua rotina completamente modificada quando seu marido, que desaparece misteriosamente no dia seguinte ao assassinato, se torna um dos principais suspeitos do crime. Assim, contando com a ajuda do pai, o milionário Franklin (Donald Sutherland), precisará ir em busca não só da verdade sobre o caso mas também de analisar todo o contexto de seu casamento ao longo dos últimos anos.


Por mais que muitos falem sobre uma parte do foco ser sobre quem realmente assassinou a vítima, ou descobrir os segredos por trás do crime, The Undoing consegue ter um sentido paralelo muito interessante quando analisamos a personagem Grace, a protagonista. Sua vida modifica-se completamente e a questão dos conflitos sobre as convicções que possui, toda vez colocadas em cheque, principalmente, pelos interrogatórios nada amistosos do policial Mendoza (Edgar Ramírez) são a grande chave para entendermos as decisões do desfecho. Muito mais drama do que qualquer filme de tribunal, o projeto é uma análise profunda sobre a mente humana e seus restarts.  

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