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19/08/2022

Crítica do filme: 'Jantar entre Amigos'


Reflexões sobre relacionamentos. Produzido pelo HBO e jogando na tela conflitos dentro de relacionamentos, o cineasta canadense Norman Jewison nos faz embarcar em diálogos que vão desde futilidades do cotidiano, passando pelo relacionamento de um casal até as descobertas sobre as verdades do próprio casamento. Jantar entre Amigos, baseada na premiada peça teatral escrita por Donald Margulies é um daqueles filmes marcantes que ficam em nossa memória por muito.


Na trama, conhecemos os críticos gastronômicos Gabe (Dennis Quaid) e Karen (Andie MacDowell), um apaixonado casal que viaja bastante. Certo dia, ele chamam seus melhores amigos para jantarem em sua casa, o casal Beth (Toni Collette) e Tom (Greg Kinnear), mas só a primeira aparece e logo solta uma bomba: ela está se separando do marido. A notícia pega Gabe e Karen de surpresa e ao longo de intensas conversas vamos entendendo como esse fato acaba modificando a maneira de todos de enxergarem suas próprias relações.


Os conflitos são eminentes, os pontos de vista variados. Ao longo da projeção vamos entendendo os porquês, quase um desabrochar da relação entre quatro paredes. O choque da realidade chega mais forte em Gabe e Karen pois esses acabam ficando em uma posição de medo talvez por não querem parar para pensar como anda a relação deles. Uma crise de meia idade? Qual o posição de um amigo nessas horas? Há julgamentos constantes? É pra julgar sem ouvir as partes? Qual o sentido da solidão em um relacionamento? Muitas perguntas chegam ao espectador.


O roteiro utiliza um recurso interessante sobre a não linearidade, ele volta na década de 80 para mostrar o início dessa amizade, os primeiros encontros e desencontros dessa amizade que já tem mais de uma década. Assim, podemos entender as mudanças ou não sobre algumas questões que de alguma forma se tornam paralelos com seus presentes.



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17/08/2022

Crítica do filme: 'O Refúgio'


Não é bem o poder, não é bem a ganância, é o egoísmo. Nos colocando sobre os olhares dentro das quatro paredes do declínio de um relacionamento O Refúgio nos mostra as correntes do rompimento pelas fraquezas mais conhecidas pelo ser humano. Aqui não há dilemas, há certezas inconsequentes, algo que de alguma forma molda toda a trajetória de todos os integrantes dessa família. Em seu segundo longa-metragem como diretor (o primeiro foi o ótimo Martha Marcy May Marlene), o cineasta canadense Sean Durkin consegue refletir pelo tenso caminho abstrato das emoções perdidas.


Na trama, ambientada na década de 80, conhecemos Rory (Jude Law), um britânico que mora nos Estados Unidos junto da esposa Allison (Carrie Coon) e dos dois filhos do casal. Rory não está feliz e consegue um emprego na Inglaterra fazendo uma enorme mudança na vida de todos da família. Só que por lá, na terra da rainha, as coisas não saem conforme o planejado, o egoísmo e o ego do protagonista levam a abalos perceptíveis nos alicerces da família. Em meio a calorosas discussões e palavras fortes jogadas ao vento, a inconsequência toma as rédeas em ações descontroladas e distantes.


Há um grande análise sobre o casal, algo que acontece dentro de paralelos que nos mostram as ações e consequências que acabam influenciando a todos os personagens. De um lado Rory e sua ganância sem fim beirando à megalomania, que lida com um forte conflito do seu passado na recriação do seu presente deixando a busca por dinheiro e principalmente status social tomar conta de seus focos. Do outro lado, temos Allison, uma mulher que se encontra completamente sozinha, em um país que não se sente à vontade, sem amigos, com a família (principalmente seu marido) passando por mudanças bruscas. Tanto Jude Law quanto Carrie Coon dão um verdadeiro show em cena.


A infelicidade muitas vezes chega ao seu extremo nessa história, com a paranoia tomando conta quando o pensar em um oásis se torna algo distante e nada objetivo. Mas o lado emocional, muito bem explorado dá margem também para pensarmos sobre o mundo naquele instante, em uma Inglaterra vazia de ideias empreendedoras, dentro de um conservadorismo evidente, um país completamente diferente do subúrbio norte-americano em que estavam, onde as ideias inovadoras saltavam a cada esquina.


Há um exercício interessante para o espectador, definir o que seria o refúgio do título. De bate pronto podemos acoplar o sentido à trajetória dos dois personagens, nos desencontros da vida em outro país em dois momentos distintos de suas vidas juntos.



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04/08/2022

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Crítica do filme: 'Trem-Bala'


Quando a comédia encaixa na ação. Chegou aos cinemas na primeira semana de agosto um filme divertido, empolgante que encaixa tons cômicos dentro de uma série de sequências de ação de tirar o fôlego. Trem-Bala, dirigido pelo cineasta David Leitch, tem um roteiro dinâmico, contando ao público histórias dentro de outras histórias de forma eletrizante. Se piscar perde uma parte do quebra-cabeça imposto que ainda possui grandes atuações com um elenco nota 10 encabeçado pelo astro mundial Brad Pitt. O roteiro, grande trunfo dessa produção, é escrito por Zak Olkewicz, baseado no romance homônimo do escritor japonês Kōtarō Isaka.


Na trama, conhecemos um assassino de aluguel, zen, que não usa armas, que diz ter falta de sorte que para uma nova missão recebe o codinome de Joaninha (Brad Pitt). Essa missão consiste em entrar em um trem bala no Japão, roubar uma maleta cheia de dinheiro e sair imperceptível. A questão é que outros personagens estão dentro dessa locomotiva urbana com objetivos parecidos. Assim conhecemos uma dupla de assassinos que estão levando o filho de um terrível assassino de volta ao lar, uma jovem enigmática mas que já se antecedeu a tudo que poderia acontecer nessa jornada e outros personagens que vão se somando a uma sequência eletrizante atrás da outra.  


Um filme de ação violento ou uma comédia de riso fácil (pastelão)? Rodado todo em Tóquio, no Japão, o projeto caminha por linhas tênues entre a ação e a comédia. Essa fórmula acaba se encaixando com o dinamismo e força do roteiro que introduz muitos personagens sem deixar de nos mostrar ações e consequências de cada um deles. A estrutura pode ser considerada parecida com um jogo de RPG, nessa criação de narrativas em torno de um enredo, dando a impressão sempre após as reviravoltas que estamos vendo uma história dentro de outra história.


O filme, produzido pelo cineasta e também produtor Antoine Fuqua, é bastante violento e ganhou uma alta classificação. Lembra Tarantino? Sim. Mas lembra muito mais filmes orientais sobre vingança onde os duelos mortais são o epicentro e dão maior sentido para a trajetória dos personagens. Os diálogos aqui, alguns simplesmente sensacionais, são as molas propulsoras de abre alas para ações constantes.


Trem-Bala é um filme para você que gosta de se divertir vendo um filme, sem se importar com os detalhes. Você ri, se surpreende e até mesmo conversa muito sobre ele quando a sessão acaba.



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21/07/2022

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Pausa para uma Série: 'The White Lotus'


O refletir que passa por cima do moralismo. Sensação da última temporada no universo das séries, The White Lotus é um projeto fascinante quando pensamos nas reflexões sobre os aspectos humanos, no refletir sobre o caráter sob pontos de vistas completamente diferentes. Intrigante até o último minuto, esconde muito bem seus mistérios, muitos desses colocados de planos de fundo para um abre alas das profundezas argumentativas das individualidades da razão humana. A HBO Max inclusive já renovou para uma segunda temporada que serão no estilo antologia, onde personagens diferentes, em situações diferentes, exploram as mesmas temáticas.


Criada por Mike White, The White Lotus nos leva para uma fascinante jornada até um badalado hotel, caríssimo, que fica no Havaí. Nossos olhos são alguns personagens que chegam até o local em um barco disponível apenas para os hóspedes vips. Assim, conhecemos uma família que beira ao disfuncional, uma solteirona carente e com muitos problemas emocionais que tem como objetivo jogar as cinzas da mãe no mar, um casal que acabara de se casar e vai passar parte da lua de mel no hotel. Esses completam um lado da história que tem seu complemento com a visão dos funcionários do hotel sobre todas as curiosas situações que acontecem durante o tempo desses vips no lugar, principalmente o gerente do hotel e a administradora do SPA aberto para clientes do hotel.


Desde o primeiro episódio sabemos que alguém morre mas isso nem é 1% de interessante quando pensamos na profunda análise comportamental que é proposta. Na verdade essa é uma informação que você esquece até o último dos seis episódios dessa primeira temporada já toda disponível na HBO Max. Nada é tabu aqui nessa estrada de conflitos que mostra lados profundos de personalidades distantes umas das outras. Assim vamos vendo uma ampla análise da estrutura social em forma de crítica onde cada peça acaba preenchendo seu espaço dentro do universo das questões morais.


Dentro das subtramas acompanhamos algumas batalhas entre hóspedes e os funcionários, conflitos esses que nos levam para embates sociais e um paralelo interessante de alguns personagens que chegam ao estopim exatamente nesse resort tropical. Esses arcos conclusivos dos personagens e a maneira como chegam até eles levam o espectador em uma gangorra de emoções entrando a fundo em um casamento que tá na cara que não vai dar certo, um casal em crise após 20 anos juntos, um descontrolado gerente que acaba sendo interseção de muitos desses conflitos chegarem ao seu clímax, entre outras situações.


The White Lotus abre uma janela enorme com a realidade, mostrando em alto e bom tom uma sociedade destruída emocionalmente, confrontando o espectador a cada cena sobre se existe um medidor sobre o que é certo ou errado.



 

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18/07/2022

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Pausa para uma série: 'Barry'


As eternas dificuldades de se entender como ser humano. Caminhando nas linhas do humor non-sense, um dos grandes sucessos recentes da HBO é sem dúvidas a curiosa série Barry. Com episódios que giram em torno de 30 minutos, vamos acompanhando a saga de um ex-militar, hoje assassino profissional, que após ter o contato com o mundo da atuação vê sua vida mudar radicalmente. No papel principal o ator, e também um dos criadores da série, Bill Hader, que volta e meia é indicado aos maiores prêmios da televisão norte-americana.


Na trama, acompanhamos um depressivo assassino profissional chamado Barry (Bill Hader) que mora no meio-oeste norte-americano. Quando é chamado para um serviço em Los Angeles, de forma inusitada, acaba parando em uma aula de teatro, fato que o faz repensar muito sobre seu momento e sua vida como um todo. Agora, buscando o equilíbrio entre sua profissão arriscada e o novo mundo que aparece em sua frente, Barry passará por enormes conflitos emocionais em busca de dias melhores.


O absurdo aqui é força motriz, dentro de profundos dramas não só de seu protagonista mas também dos ótimos coadjuvantes. Barry é uma alma introspectiva, repleta de maus exemplos por toda uma vida que se vê na interpretação de outros uma maneira para ter mais tranquilidade no seu pensar. Frio e calculista, acaba embarcando nas linhas sempre complicadas da atuação, onde é testado a todo instante longe de uma perfeição que sempre buscou atingir na sua conflituosa profissão. Dentro das linhas do humor non-sense o seriado busca explicações para uma auto análise.


O interessante em Barry é que não há uma grande história de background por onde caminham os personagens, tudo gira em torno das novas descobertas do problemático protagonista um homem que não consegue respirar sem que a violência chegue na sua frente. Esse conflito compõe boa parte dos curtos e objetivos episódios.



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13/07/2022

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Crítica do filme: 'Elvis'


Não consigo evitar me apaixonar. Um dos filmes mais aguardados de 2022 finalmente chega as salas de cinema de todo o Brasil, Elvis, novo blockbuster do experiente cineasta australiano de 59 anos Baz Luhrmann é uma jornada por muitas fases da vida do inesquecível cantor e por muitas estradas onde sua trajetória e conflitos encontra a do controverso empresário coronel Tom Parker. Ao longo de impactantes 169 minutos de projeção vamos acompanhando desde a infância, suas referências, seus amores, seus dramas e a carreira meteórica marcada por recordes nunca mais alcançados. No papel título, o ator californiano Austin Butler marca de vez sua carreira com uma interpretação de tirar o fôlego.

Na trama, cheia de recortes de notícias, muito por conta do circo midiático que tinha em cima de sua vida profissional e pessoal, acompanhamos as primeiras referências musicais em Memphis de um jovem que seria uma estrela, um ícone, da música mundial, Elvis Presley (Austin Butler). O encontro com Tom Parker (Tom Hanks, em desempenho também brilhante) indicaria uma relação conflituosa de muitos anos, onde inúmeros sucessos foram criados, shows inesquecíveis foram realizados e calorosos conflitos foram vistos. Em meio ao sucesso, dramas começam a contornar a carreira da estrela mundial, que viveu várias fases e pressões para mudar seu jeito de ser em um mundo repleto de preconceitos, segregação racial, onde Elvis se tornaria uma importante voz além da música.  


Mostrar em um filme de menos de três horas, conflitos, grande parte da carreira, ascensão, declínios, de uma lenda da cultura pop é algo muito difícil. Luhrmann acaba pegando um atalho interessante, transformando a figura de um ganancioso empresário como sendo o narrador, os olhos de uma trajetória que marcou o planeta e gera discussões até hoje. Na verdade o roteiro vira dois rios, que a princípio paralelos, se convergem, mostrando visões, pensares, sobre muitas questões. Num primeiro momento há um resgate dos primeiros passos da inesquecível voz do sul dos Estados Unidos, com grande influência da música feita pelos negros em uma época de preconceitos, onde até mesmo havia divisões em show entre brancos e negros. Em sequência, os dramas familiares, com o pai sendo preso e sendo uma pessoa de pouca confiança aos olhos de muitos, com o forte laço com sua mãe, ganham contornos durante toda a fita. O amor chega de maneira inesperada, dentro do arco narrativo que mostra a ida de Elvis à guerra, uma imposição de políticos que não se agradavam com o mexe e remexe alucinante de seus shows. A consolidação de sua importância como artista mundial chega de forma impactante o levando a conflitos com seu empresário e a todos que o limitavam nos palcos.


Na continuação das linhas finais do parágrafo anterior, chegamos no que posso afirmar ser o grande clímax desse projeto. Onde nos perguntamos e vemos respostas sobre: ‘Qual o papel do artista em relação ao mundo que o conhece?’ Essa discussão é feita até hoje e contorna muito do filme de Luhrmann. Elvis busca se impor a pressão de uma sociedade conservadora, onde quem comanda quer controlar, quer que o destaque se torne algo moldado dentro de um pensamento que interrompe os avanços que precisamos ter como seres humanos. Muitas vezes sozinho em seu pensar, entre um show e outro, se vê cercado por um empresário impostor que só quer lucrar com sua figura a qualquer preço. Nesse momento, quando cai a ficha, os poucos amigos que pode confiar, além de sua amada esposa Priscila, acabam ajudando. Uma ótima sequência mostrada no filme, a amizade com o grande BB King, o leva ao refletir sobre várias questões.


Perto dos 40 anos, o Rei do Rock and Roll chega ao seu limite, situações que o levaram a um quadro do qual nunca sairia, preso em contratos que nem sabia, viciado em remédios, sendo uma marionete nas mãos de um inescrupuloso empresário. Argumentos não faltam para nos fazer pensar sobre os responsáveis pela sua chegada a um labirinto sem saída.


Baz Luhrmann consegue o improvável, colocar mais ingredientes, resgatar sua forte personalidade, para tornar Elvis mais vivo do que nunca para toda uma nova geração que se pergunta a todo instante: qual o papel do artista em relação a tudo que acontece ao seu redor.


 

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17/05/2022

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Pausa para uma série: 'Lakers: Hora de Vencer'


Buscando resgatar as histórias do início da era vitoriosa de um dos times de basquete mais famosos do mundo, os Los Angeles Lakers, Lakers: Hora de Vencer consegue de forma muito dinâmica nos ambientar em uma época ainda de início da famosa NBA e como essa liga se tornou uma das maiores ligas de esportes norte-americanos de todos os tempos. A fama, as dúvidas, os conflitos, as escolhas, são muitas variáveis que se encontram nesse ótimo seriado disponível na HBO MAX. Vale também o destaque para a atuação impactante do grande ator John C. Reilly.


Nessa primeira temporada, que possui 10 eletrizantes episódios com cerca de uma hora de duração, acompanhamos a trajetória quase desorganizada de Jerry Buss (John C. Reilly) um empresário quase fanfarrão que resolve do dia para a noite comprar um time de basquete chamado Los Angeles Lakers, uma franquia na época que não era tão vitoriosa dentro de uma liga, a NBA, que ainda começa a engatinhar como força nos esportes norte-americanos. Assim, vamos acompanhando a primeira campanha vitoriosa de um time que acabara de draftar (escolher atletas dos esportes universitários) Magic Johnson (Quincy Isaiah), um astro do basquete que viria a se tornar uma verdadeira lenda.


Nesse polêmico seriado, há a utilização constante do recurso que mais aproxima a plateia de interagir criticamente com as ações dos personagens: a quebra da quarta parede.  Essa forma de integrar a narrativa, mesmo em demasia nesse caso, acaba deixando a trama mais dinâmica até com explicações que vão além das cenas. Nossos olhos ficam em atenção à Jerry Buss, o grande narrador dessa história que possui dentro de suas extravagâncias e ações megalomaníaca um enorme medo de seu investimento o levar à falência rapidamente. Os dramas do mulherengo Buss são vistos mais profundamente na relação com a mãe Jessie (Sally Field) e a filha Jeanie (Hadley Robinson).  


Dentro das quadras, e muito fora delas, vemos também um desfile de astros do basquete que fizeram parte dessa enorme mudança na maneira de jogar esse jogo tão legal. O carismático armador Magic Johnson e seus primeiros momentos na principal liga de basquete do mundo ganham muito tempo de tela e assim conhecemos melhor os medos, aflições, como lidava com a fama, além de toda a dificuldade inicial de interagir ao seu jeito com um time de astros que vão desde o ex-jogador Jerry West (Jason Clarke) até o lendário pivô Kareem Abdul-Jabbar (Solomon Hughes). A comissão técnica também ganha forte presença com a escolha de Jack McKinney (Tracy Letts) para comandar o time em um primeiro momento e depois a chegada do vitorioso Pat Riley (aqui interpretado pelo vencedor do Oscar Adrien Brody).


Muita gente pode se perguntar: Lakers: Hora de Vencer é feito apenas pra quem curte a NBA e conhece os nomes que aparecem na tela? A resposta é não! A produção, que deve conseguir alguma indicação nos próximos prêmios da televisão norte-americana é um recorte profundo do início de uma dinastia ambientada em uma época que não volta mais.



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07/05/2022

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Pausa para uma série: 'Tokyo Vice'


As escolhas que fazemos pelo caminho podem vir repletas de inconsequências. Caminhando nos ofícios da profissão de jornalista mostrando o conflito cultural entre um jovem norte-americano entusiasmado pelo que faz trabalhando no principal jornal de um país completamente diferente do seu, Tokyo Vice chegou ao streaming da HBO Max de forma tímida, sem muito alarde, e nos seus minuciosos oito episódios da primeira temporada (todos já disponíveis) conquista de vez toda nossa atenção. É um episódio melhor que o outro. Há muitos tipos de conflitos dentre fascinantes personagens que estão contidos nessa ótima trama baseada em fatos reais.


Em Tokyo Vice, acompanhamos Jake Adeltein (Ansel Elgort) um jovem e recente ex-universitário vindo do Estado de Missouri que se muda para o Japão e após uma seletiva super acirrada, consegue ser o primeiro jornalista estrangeiro a trabalhar em um jornal japonês, isso na década de 90. Buscando se ambientar ao novo país e a forma como eles trabalham jornalisticamente Jake e sua curiosidade (que chama a atenção) acaba batendo de frente com a Yakuza, os conflitos éticos dentro da força policial japonesa e acaba mantendo uma relação de amizade com um incorruptível investigador Katagiri (Ken Watanabe). Paralelo a isso, a história de Samantha (Rachel Keller) e Sato (Shô Kasamatsu), a primeira uma norte-americana que fugiu de sua família e tenta realizar seus sonhos de vida em boates poderosas, já o segundo um integrante de um dos clãs da Yakuza que possui muitos conflitos. A estrada de todos esses personagens, e outros, vão se cruzar de alguma forma.


Um dos méritos desse intrigante seriado é conseguir aproveitar muito bem todos seus personagens e respectivos conflitos. Todos são interessantes para a trama. Mesmo as histórias em paralelo acabam de alguma forma encontrando suas interseções e surpreendendo o público a cada novo episódio. Até mesmo as escaramuças que aparecem, fruto, algumas dessas, de contornos emocionais desequilibrados agidos no calor do momento tem algum sentido para o desenrolar de todos os fatos apresentados no ao que parece insolucionável mas mesmo assim interessante grande caso que contorna o background da primeira temporada.


Aqui não há tempo para personagens fúteis ou narrativa pleonástica. Há violência, há um profundo relato sobre as ações da Yakuza no seu auge, nos anos 90, há o aperto na ferida quando pensamos nas ações éticas e corruptivas da corporação policial (essa sempre na linha tênue entre as soluções e os pedidos de criminosos perigosos). O conflito cultural que Jake se encontra, na maneira de como ir atrás da notícia em um país repleto de ações no seu submundo, é uma das partes mais legais de se acompanhar pois assim também enxergamos todo o amadurecimento do personagem que chega no último episódio da temporada com uma bagagem e uma desconstrução que são notórios. Se tem um pecado, podemos dizer nas poucas aberturas dos conflitos familiares do personagem principal, talvez algo a ter mais tempo de tela nas futuras temporadas.


Com uma narrativa que busca seu frescor na troca constante da sua estrutura, mesclando seus conflitos, e muitas vezes a troca do protagonista único para muitos protagonistas, Tokyo Vice se consolida como uma das melhores séries lançadas nesse primeiro semestre de 2022. Que venham mais temporadas!



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17/04/2022

Crítica do filme: 'American Underdog'


A saga de um herói americano. Dirigido pela dupla de cineasta Andrew Erwin e Jon Erwin, chegou recentemente ao catálogo da HBO Max, o drama com contornos esportivos American Underdog que conta a saga de um dos jogadores mais precisos da NFL (a liga mais famosa de futebol americano), o quarterback Kurt Warner. O foco aqui são nos conflituosos caminhos que o ex-jogador precisou passar para enfim se consolidar como um dos mais respeitados atletas dos Estados Unidos. Um filme que deve chamar a atenção de todos aqueles que amam o mundo dos esporte e suas histórias de persistência e superação. O longa-metragem é estrelado por Zachary Levi e a vencedora do Oscar Anna Paquin.


Na trama, conhecemos Kurt Warner (Zachary Levi) um jovem que sonha em ser um jogador de futebol americano. Ele, desde os tempos da faculdade, se destacou como um preciso lançador (ou melhor dizendo: quarterback), a posição mais importante dentro desse jogo que mexe com milhões de pessoas (não só nos Estados Unidos). Um dia conhece Brenda (Anna Paquin), uma ex-militar, mãe solteira de duas crianças, por quem logo se apaixona. O casal precisará enfrentar e superar todas as dificuldades não só de um relacionamento mas também das frustrações que a vida coloca no caminho deles.


Importante aqui contextualizar as dificuldades que é entrar numa liga tão concorrida como a NFL. Centenas de histórias de superação foram vistas ao longo dos anos. A de Kurt Warner segue essa trajetória de insistência em realizar o grande sonho, de viver do esporte que ama. Enfrentando muitas dificuldades que vão desde uma enorme chance perdida até mesmo as escolhas que precisa fazer para sustentar sua família, o atleta sempre muito fiel aos seus princípios foi navegando entre derrotas e vitórias. Quando o amor chega em sua vida, mais escolhas aparecem pelo caminho dele mas sem nunca desistir nem de seus sonhos nem de ninguém.


O universo do cinema adora histórias de superação e mesmo o roteiro buscando a todo instante momentos apoteóticos, a mensagem, fator importante aqui, é transmitida com muita leveza mas sem deixar de estar próxima da realidade.

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04/03/2022

Crítica do filme: 'A Vida Depois'


As consequências após a tragédia. Buscando retratar o período pós traumático de uma jovem de 16 anos após acontecimentos terríveis que presenciou em sua escola, A Vida Depois é um profundo drama sobre escolhas, descobertas e as inúmeras maneiras de passar por um trauma. A relação com os amigos, com a família, o medo, a ansiedade, as verdades do sentir ficam escondidas, presas dentro de uma jovem que enxergava tudo de forma diferente até o ocorrido. Escrito e dirigido pela cineasta canadense Megan Park, estreando em longas-metragens, protagonizado pela atriz Jenna Ortega.


Na trama conhecemos Vada (Jenna Ortega), uma jovem que possui alguns amigos e tem uma forte relação de carinho e amizade com a irmã mais nova. Certo dia, quando estava na escola, um atirador entra no local levado o terror para os corredores do colégio. Vada consegue se esconder no banheiro, onde acaba encontrando Niles (Niles Fitch) e Mia (Maddie Ziegler). Os três passam por esse trauma tremendo e após o ocorrido buscam um no outro forças para seguir em frente. Com o foco em Vada, vamos vendo todas as consequências desse pós trauma, suas escolhas, descobertas e novas formas de tentar entender o mundo que acaba se tornando bem diferente do que ela achava que era.


Com grande êxito, o roteiro busca a todo instante mostrar, ou pelo menos fazer refletir sobre as diferentes formas de processar as emoções. Assim, vemos Vada descobrir uma nova forte amizade com Mia, se aproximar de Niles e buscar neles algum tipo de auxílio emocional já que eles entendem tudo o que ela passou naqueles minutos intermináveis de desespero. A forma como cada um reage ao ocorrido, a reação da família não sabendo direito como lidar com a situação, tudo isso se transforma em uma bomba emocional que Vada não estava preparada para interpretar, para receber, o que a leva para dentro de caminhos conflituosos para buscar antes de mais nada si entender. A figura da psicóloga Anna (participação especial da atriz Shailene Woodley) acaba sendo uma força na ajuda desse interpretar o ocorrido.


Disponível no catálogo da HBO Max, A Vida Depois é um forte drama que busca nos seus recortes reflexões sobre os conflituosos caminhos que enfrentamos a partir de momentos que mudam nossas vidas para sempre.



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02/03/2022

Crítica do filme: 'The Batman'


A busca pela essência do lado sombrio dentro de reflexivas expressões emocionais. Chegou aos cinemas, finalmente, mais um filme de um dos mais conhecidos e queridos super-heróis dos quadrinhos, The Batman. No filme, dirigido pelo cineasta nova iorquino Matt Reeves, vemos o protagonista nos seus primeiros anos de luta, descobrindo como proteger a poderosa cidade de Gotham do total caos do cotidiano passando por uma auto descoberta de personalidade muito profunda impulsionada por traumas de um passado que não consegue esquecer. Trabalhando esse psicológico complicado do personagem, tantas vezes trazido para o cinema, o roteiro corre o risco de perder o fôlego em alguns momentos, sendo até mesmo redundante em detalhes, crescendo quando outros fortes personagens se juntam ao suspense investigativo que se molda. The Batman é um filme para fãs do personagem, que conhecem passagens dos quadrinhos, e uma apresentação de um recorte sombrio do mesmo para a nova geração.


Na trama, conhecemos o pacato e introspectivo Bruce Wayne (Robert Pattinson), um herdeiro bilionário que durante a noite é um justiceiro que mapeia Gotham City atrás de justiça. Quando uma série de assassinatos misteriosos começam a acontecer, sempre com um bilhete de charada direcionado para conclusões do Homem-Morcego, o protagonista se une ao fiel escudeiro Alfred (Andy Serkis) inspetor da Polícia James Gordon (Jeffrey Wright) em busca da solução de quem está por trás dos crimes. Paralelo a isso, somos apresentados a uma trama dos bastidores do crime na cidade, onde conhecemos o temido chefão Carmine Falcone (John Turturro), a justiceira Selina (Zoë Kravitz), Oswald Cobblepot (o Pinguim, Interpretado por Colin Farrell), entre outros. Assim, esses paralelos irão se juntar para nos mostrar segredos dos que cercam o passado do super-herói.


Pavimentando a nova saga, o novo recorte, da história de Batman, Matt Reeves e companhia adaptaram a essência de histórias em quadrinho protagonizadas por ele, como: Year One (1987) e The Long Halloween (1996-1997). Assim, somos levados para uma Gotham City como sempre conhecemos, repleta de problemas políticos, submundo do crime dominando ações e vilões de todos os tipos espalhando o caos por onde passam. Batman está ainda em fase inicial de sua jornada como justiceiro, com vingança no nome, tomado por um psicológico conturbado, longe mesmo de cenário mais narcísico como visto nos disfarces de Bruce Wayne em adaptações anteriores.


Nesse super lançamento de 2022, Batman é mais um investigador. Esse filme se molda em torno mais de mistérios do que de uma ação preponderante incisiva. Aqui peças se encaixam com dificuldade, para muitos é um novo retrato de um emblemático personagem, como é o primeiro de prováveis outras produções reúne-se em detalhes a todo instante para buscar explicações dentro de um passado e conflitos que não estava preparado, como os pecados do pai. O despertar dos verdadeiros vilões é uma construção muito bem feita, destaque para os ótimos Charada (Paul Dano) e o início da jornada de um dos mais famosos vilões, o Pinguim (com Colin Farrell irreconhecível pela maquiagem e em atuação destacada).


Com sua narrativa surpreendente, complexa estruturalmente na forma como é contada esse recorte, esse ponto de partida de descobertas em muitos sentidos do personagem, The Batman é um filme que reflete sobre a dor, sobre a indignação, um furacão de emoções em conflitos dentro de um herói que precisa escolher em ter que fazer o bem ou querer fazer o bem.

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18/02/2022

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Crítica do filme: 'Uncharted - Fora do Mapa'


Dos games para as telas! Buscando recriar na telona e assim apresentar as origens de um famoso jogo de ação e aventura lançado primeiramente no ano de 2007, Uncharted - Fora do mapa chega aos cinemas com grandes expectativas de quem já conhece o game mas também para todo o público que gosta de um filme nos moldes de Indiana Jones ou até mesmo A Lenda do Tesouro Perdido. Dirigido pelo cineasta Ruben Fleischer (da ótima franquia Zumbilândia) o projeto nos apresenta o primeiro de alguns capítulos na trajetória de seu simpático protagonista, um jovem muito inteligente que é movido pelas descoberta preciosas do passado de outros.


Na trama, conhecemos Nathan Drake (Tom Holland) um jovem órfão, que fora criado com seu irmão em um orfanato, e hoje vive uma vida simples como bartender de um muito frequentado restaurante. Certo dia, seu caminho cruza com o do misterioso e aventureiro Victor Sullivan (Mark Wahlberg), um homem que tem um passado com o sumido irmão do protagonista e o convida para embarcar em uma aventura para recuperar uma fortuna, hoje em dia bilionária, do navegador Fernão de Magalhães e perdida há 500 anos. Assim, a dupla de novos amigos se jogam em uma aventura alucinante onde precisarão enfrentar diversos obstáculos para concluir seus objetivos.


Buscando a aventura em coreografadas cenas desde o primeiro minuto, o roteiro acaba sendo superficial em muitos instantes mas com enormes possibilidades de acréscimos à história, já que por conta do final abre-se uma brecha enorme para novos filmes dessa nova franquia. Mas ser superficial acaba não sendo um grande problema, há muito carisma e harmonia entre Holland e Wahlberg. As pistas do tesouro fazem o espectador de alguma forma interagir o tempo todo com a dupla que também tem lá seus momentos cômicos principalmente na linha do conflito de idades entre eles.


Há muita honestidade do projeto em criar um novo mundo para esse universo já mapeado por gamers de todo o mundo. Aqui é o começo dessa história, como se conheceram, sua primeira aventura, o vilões, os amigos, e todo tipo de obstáculos que precisam enfrentar dentro de um ritmo alucinante que nos fazem grudar na tela. Sem pretensão de ser o melhor filme de aventura do mundo, o longa-metragem cumpre seu papel em fazer divertir.



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27/01/2022

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Pausa para uma série: Succession (1a Temporada)


O poder que reina nos conturbados laços familiares. Uma das sensações no universo das séries dos últimos tempos, Succession é um poderoso drama que nos mostra os bastidores de uma família bilionária e as confusões que eles se metem por conta da ganância incentivada por um pai nada carinhoso. O mérito vem pela lupa que é colocada nas ações e consequências dos seus conflituosos personagens, deixando os intensos episódios com subtramas que vão desde iminente traições até laços de aliança improváveis. A certeza assistindo a esse seriado é que você sempre acabará o episódio surpreendido/pasmo com alguma questão. O elenco é fenomenal!


Na trama, criada por Jesse Armstrong, conhecemos a família Roy, comandado por Logan (Brian Cox) um magnata do ramo da mídia e entretenimento que apavora o mercado com sua mão de ferro no cotidiano do poder. Seus filhos, cada um com suas particularidades o cercam e acabam fazendo parte das estratégias e ações dos negócios da família. O mais velho deles, Connor (Alan Ruck) não quer saber dos negócios da família e sempre arranja uma fuga para não se comprometer. Shiv (Sarah Snook) é a única mulher e trabalha nos bastidores de campanhas de políticos mas sempre está de olho no que acontece na empresa da família. Roman (Kieran Culkin) é um bom vivant, um jovem mimado que gasta o dinheiro de todas as formas possíveis sem ter muito comprometimento com seu cargo na empresa do pai. Kendall (Jeremy Strong) é talvez o principal foco dessa primeira temporada, usa e abusa dos seus embates com o pai para tomar decisões que de alguma forma influenciam os rumos da empresa.


A relação familiar é o epicentro de dramas, disputas, duelos que fazem dessa família disfuncional uma das mais polêmicas já vistas em um seriado. Por conta da disputa pelo poder, já que Logan está em fase de recuperação de uma enfermidade que quase o matou, novas peças são jogadas nesse complicado tabuleiro como Tom (Matthew Macfadyen), marido de Shiv, e o primo Greg (Nicholas Braun), neto do irmão de Logan. Manobras políticas, traições inesperadas, qualquer faísca se transforma em conflitos constantes para muitos dos personagens.


Nessa primeira temporada há um foco maior em Kendall, o filho mais próximo da empresa do pai. A relação entre eles é exposta a todo instante com vários momentos de humilhação de Logan para com Kendall. Esse último é um ex-viciado que busca no sucesso de sua posição no poder ser o primeiro na linha de sucessão de todo o conglomerado erguido pelo pai. Por conta desse conflito há um jogo de interesses que acabam envolvendo inimigos de longa data, um passado com suas marcas e um possível encontro com verdades esquecidas.


Succession tá disponível na Hbo Max e se eu fosse você corria para maratonar!

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22/12/2021

Crítica do filme: 'Nove Dias'


As filosofias do refletir sobre a existência. Filme de estreia do cineasta brasileiro radicado em Los Angeles, Edson Oda, Nove Dias é um longa-metragem com várias interpretações mas que se pensarmos mais basicamente mostra as aventuras da redescoberta existencial de um protagonista bastante curioso que nos apresenta um universo cheio de alternativas. Podemos definir como um criativo mergulho no universo espiritual que aborda questões sobre a vida a todos os instantes. Interessantíssimo trabalho de Oda.

Na trama, conhecemos Will (Winston Duke), um homem que vive em uma casa longe de tudo e todos que passa seus dias acompanhando por meio de algumas televisões a vida de algumas pessoas que vamos saber já estiveram perto dele. Até que uma dessas pessoas morre em um acidente, deixando uma vaga para uma nova vida na Terra. Assim, ao longo dos nove dias seguintes, almas não nascidas começam a bater em sua porta para uma espécie de um processo de seleção e por essa mesma seleção é onde chega Emma (Zazie Beetz), um alguém que o fará refletir sobre a própria vida. O filme teve estreia mundial no Festival de Cinema de Sundance e passou pela Mostra de SP em 2020.


Quem nunca pensou no antes de tudo? Como se deram os primeiros passos da escolha, se sim ou se não estar em um mundo, viver nessa terra...há predisposições? A jornada de Nove Dias busca nas suas criativas linhas de roteiro nos fazer refletir sobre a existência. Na figura d eum protagonista muitas vezes confuso que tem a árdua tarefa de enviar, ou até mesmo reenviar, almas que vagam em outra superfície de volta para Terra. Se partirmos do princípio que a figura do protagonista representa um Deus, seja ele qual for, os objetivos de seu método de escolha ficam confusos mas bem na linha do interpretativo. Na verdade há uma reviravolta bem sutil na história desse grande personagem, uma auto análise é embutida nas sequência que compõem os arcos do meio até o desfecho.


Recriações da dor, do andar de bicicleta, de como lidar nos conflitos, um vestibular para enfrentar algumas questões que com certeza cairão na prova da vida. Tudo é colocado como se fosse parte de um processo imaginativo mas que tem muito sentido se pensarmos sobre a questão social, da importância do diálogo e do dividir suas histórias com alguém. Nove Dias busca sua originalidade nas regras da vida nas perguntas que respondemos e fazemos quando entendemos nosso sentido para tudo que é nos apresentado ao longo de duas horas de projeção.

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29/10/2021

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Crítica do filme: 'Escape Room 2: Tensão Máxima'


A união pode fazer a força. Charadas mirabolantes, quebra cabeças de tirar o fôlego, fugas espetaculares e faltando segundos para um desastre, mesmo repetindo basicamente tudo da fórmula passada, quando pensamos na ideia do roteiro, Escape Room 2 busca em resgates da origem do jogo algumas novas adições à trama onde novamente encontramos pessoas buscando a sobrevivência em Jogos Mortais. Dirigido por Adam Robitel (diretor também do primeiro filme), o longa-metragem teve curta passagem nos cinemas brasileiros após a reabertura das salas por conta da Covid.


Continuando de onde parou o primeiro filme, nesse segundo episódio da franquia acompanhamos novamente Ben (Logan Miller) e Zoey (Taylor Russell) que ao entrarem em um metrô se veem presos nele junto com outros pessoas que também já escaparam do jogo mortal que eles enfrentaram no primeiro filme. Assim, esse novo grupo de pessoas precisará de muita união para conseguirem sair vivos mais uma vez desse que parece ser um Torneio dos Campeões de jogos passados.


O roteiro é muito confuso em seu desfecho, até faz um certo sentido se nos esforçarmos na ótica dos novos personagens mas há muita inconclusão, talvez resolvida futuramente em próximas edições da franquia. Escape Room segue navegando na onda de Jogos Mortais e outros filmes, dessa vez buscando alguma originalidade em alguns porquês que ganham uma minutagem até certo ponto expressiva entre uma cena de tensão e outra. Um fato negativo são os efeitos, alguns forçados outros muito mal feitos. Para quem busca um entretenimento fácil, esse filme pode agradar.



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Crítica do filme: 'Duna'


O medo mata a mente. Muito antes de sermos surpreendidos por disputas entre casas que comandam reinos, no tremendo sucesso Game of Thrones, algo parecido já havia sido criado, só que bem longe do universo medieval e sim pelas galáxias. Duna é uma aclamada obra da literatura escrita por Frank Herbert, inclusive sendo considerada o livro de ficção científica mais vendido de todos os tempos. Ganhou uma adaptação na década de 80 pelas mãos do cineasta David Lynch, e, uma nova agora, bem recente, nesse ano de 2021, assinada pelo canadense Denis Villeneuve. Sobre essa última, em meio a toda a complicação que é explicar uma obra tão complexa, se perde nos primeiros arcos mas aos poucos vai ganhando o selo de épico não só pelas sequências eletrizantes de ação e aventura mas também pela excelente composição do drama, principalmente no recorte complicado nessa saga de mãe e filho.


Na trama, ao longo das quase três horas de duração dessa primeira parte (sim, terá uma segunda parte lançada futuramente) acompanhamos a saga da família Atreides composta pelo duque Leto Atreides (Oscar Isaac), sua esposa (ou melhor, concubina) Jessica (Rebecca Ferguson, em grande atuação) e o filho deles Paul (Timothée Chalamet). Importante mencionar que Jessica é uma Bene Gesserit, uma poderosa e antiga ordem formada apenas por mulheres. Os Atreides governam um planeta tranquilo, repleto de água e recursos minerais. Um dia, em meio a toda uma parte política que se estabelece nesses tempos quase pós Terra (ela existe mas a civilização foi para outros lugares), depois de um acordo com a organização que administra os blocos de planetas que a humanidade já consegue chegar, Leto assume a administração do perigoso planeta Arrakis (também conhecido como Duna). Assim a família e seus mais nobres guerreiros embarcam para lá e enfrentam traições e uma terrível batalha com a casa Harkonnen que quer destruí-los a qualquer custo. Os que sobrevivem à batalha, precisarão lutar pela sobrevivência em um ambiente hostil, cercado de perigos e areia por todos os lados mas que acaba se tornando uma poderosa jornada de auto descobrimento e distância do medo. Paralelo a isso, e ainda bem aos poucos Paul descobre que possui poderes (como manipular a mente, entre outros) e pode ser um falado Messias que chegaria, conhecido por toda a galáxia.


O arco introdutório já começa no início da jornada e conhecemos o protagonista, Paul. Mas essa questão de protagonismo é um mero detalhe pois praticamente todos os personagens possuem gigantesca influência sob os acontecimentos que se sucedem de maneira quase eletrizante. O roteiro assinado por Eric Roth, Jon Spaihts e o próprio Villeneuve foca já em um presente tentando mostrar os elementos de vida do momento e a situação da evolução humana que consegue naquele universo fazer viagens interplanetárias, não usa a inteligência artificial (há algumas questões não explicadas sobre isso mas parte da tecnologia foi banida do cotidiano). Os detalhes são importantes e mostrados na maior parte do tempo mas parecem migalhas pelo caminho, principalmente para quem não é próximo ou sabe alguma coisa sobre essa história, esse universo. O filme começa a se aproximar de todos quando vem à luz a ótica sobre os relacionamentos e os conflitos que os sucedem, seja entre as casas rivais seja nos caminhos cheios de obstáculos entre a família Atraides e todas as outras peças que se juntam nesse imenso tabuleiro. Paralelo a tudo tem as explicações complementares sobre as diferentes formas de viver pelos planetas.


Ora um filme de ação, ora um drama existencial, a melancolia não toma conta do que assistimos por mero detalhe por mais que faça parte da características, as razões e emoções dos que mais aparecem em cena. O elenco é fabuloso, Chalamet, Isaac, Josh Brolin, Stellan Skarsgård, Charlotte Rampling, Jason Momoa, Javier Bardem, Dave Bautista se doam bastante para a intensidade e força de seus personagens. Na parte dramática, cresce em cena a figura de Jessica com uma interpretação fabulosa da atriz Rebecca Ferguson. De longe a personagem mais intrigante dessa primeira parte (na segunda Paul devo ganhar o total protagonismo), vamos entendendo muito dos lapsos de poderes de Paul através de seu passado, seu conhecimento e seus conflitos.


Mesmo sendo dirigida e pensada em sua adaptação por uma das mentes mais brilhantes do cinema, Duna não é um filme fácil, uma história fácil. As explicações vem aos poucos. Em um mundo tão instantâneo como o de hoje pode gerar rasos julgamentos de alguns mas a certeza de que uma inspiradora jornada épica que nasce está presente, é só querer enxergar.

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25/10/2021

Crítica do filme: 'Maligno'


Depois de dirigir Aquaman em 2018, o cineasta malaio James Wan volta às suas origens mexendo com o suspense e o terror sempre com a instauração de uma clima cheio de surpresas. Um dos mais competentes filmes de terror lançados logo após as reaberturas dos cinemas, depois da pausa pela COVID no mundo, Maligno possui um engenhoso roteiro, repleto de referências, seja nos detalhes de um suspense na linha do psicológico ou mesmo nas estradas que o filme caminha dos sustos e descobertas alucinantes. Protagonizado pela atriz britânica Annabelle Wallis, o projeto deve agradar aos amantes dos filmes que surpreendem e dão sustos!


Na trama, conhecemos Madison (Annabelle Wallis) uma mulher que vive em um relacionamento abusivo e está grávida, após diversas tentativas frustradas em ser mãe. Certo dia, após um trágico acontecimento vê sua vida virar de ponta a cabeça com uma série de assassinatos violentos que acontecem que podem ou não estar ligados fortemente ao seu passado conturbado. Assim, o filme navega na solução de um grande mistério que envolve a polícia, a irmã da protagonista e um passado escondido.


Desde 2004, quando deixou pasmo milhares de cinéfilos com o filme Jogos Mortais o cineasta James Wan vem provando porque ele é dos grandes diretores do gênero de suspense/terror. Mesmo flertando com o universo dos filmes de ação, dirigiu o já citado Aquaman, um dos filmes a franquia Velozes e Furiosos e até um episódio do seriado MacGyver, os seus fãs não viam a hora dele voltar ao gênero que o consagradou!


É impressionante o impacto que um ótimo cineasta consegue em um filme de suspense. Em Maligno, a trama toda é construída através do que achamos estarmos entendendo dos personagens, com as emoções jogadas na tela por meio de rodopios de câmeras, alcance de 360 graus, cores acinzentadas, uma composição artística sublime onde conseguimos alcançar a profunda atmosfera desse clima de tensão onde as imagens provocam os efeitos para seus impactos. Mas na verdade isso tudo é uma grande clima de ilusão do ilusionista Wan. Em paralelo, as verdades vão sendo mostradas e quando acontece a linha da interseção ficamos nas dúvidas dentro de um jogo de ping pong entre a razão e a emoção. Ótimo filme disponível na Hbo Max!

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26/09/2021

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Crítica do filme: ' Pode Guardar um Segredo?'


Nem tão água com açúcar assim. Seguindo na linha dos filmes românticos, nos encontros e desencontros de duas almas perfeitas um para o outro, o longa-metragem Pode Guardar um Segredo? tem tentativas de profundidade em assuntos ligados ao campo profissional e ao campo amoroso mesmo derrapando nos encontros com os clichês que são plantados pelo caminho. Protagonizado e produzido pela atriz nova iorquina Alexandra Daddario. O filme está disponível no catálogo da Amazon Prime Video.

Na trama, que tem direção de Elise Durán, conhecemos Emma (Alexandra Daddario) um jovem que trabalha como assistente de marketing em uma empresa em grande ascensão nos Estados Unidos. Mas ela não é nada feliz no seu trabalho e pra completar ainda vive um romance sem amor com Connor (David Ebert) um homem pra lá de chato. Mas sua vida da uma volta de 360 graus quando durante um voo acaba ficando nervosa por conta da tempestade que enfrenta o avião e conta todos os detalhes de sua vida para pessoa que está ao seu lado, Jack Harper (Tyler Hoechlin). Só que o que ela não sabia que essa pessoa pra quem contou tudo de sua vida na verdade é o dono da empresa onde ela trabalha. 

 

Baseado em um livro de muito sucesso da escritora Sophie Kinsella, o projeto fala sobre uma certa crise de meia idade que envolve muitos campos da vida de uma jovem indecisa sobre várias questões que aparecem na sua frente. Entendemos bem a personagem nas conversas da mesma com suas amigas de quarto, com sua relação conturbada em uma empresa que quase não a valoriza, e principalmente no campo amoroso e sobre as verdades e mentiras que podem acontecer quando há uma busca constante de realizar sonhos e desejos. O roteiro não se precipita, apresenta os personagens de maneira bastante detalhada e os conflitos buscam a essência da profundidade exatamente para buscar reflexões do espectador.  


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03/08/2021

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Crítica do filme: 'Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador'


Fechar os olhos e sonhar pode ser o início da saída de algum lugar que anda em círculos. No ano em que a seleção brasileira de futebol ganhou a Copa do Mundo nos Estados Unidos, chegava aos cinemas de lá e de todo o mundo Gilbert Grape – Aprendiz de Sonhador, dirigido pelo cineasta Lasse Hallström. O longa fala sobre conflitos de um protagonista no epicentro de problemas sem saber direito o que fazer com seu futuro. O roteiro busca a ternura na melancolia buscando objetivar razões e emoções dentro da premissa que há muitas formas bonitas de enxergar o amor. Esse emocionante trabalho, rendeu a primeira indicação ao Oscar de Leonardo DiCaprio.


Na trama, acompanhamos Gilbert Grape (Johnny Depp). Um jovem que trabalha em uma pequena mercearia que não tem muito público desde a chegada de um enorme supermercado na cidade. Ele vive com a família, o irmão Arnie (Leonardo DiCaprio) que tem autismo, suas outras duas irmãs Amy (Laura Harrington) e Ellen (Mary Kate Schellhardt) e sua mãe (Darlene Cates) que não sai de casa faz sete anos em uma cidade chamada Endora, no interior dos Estados Unidos. Cidade da qual nunca saiu e onde nasceu e foi criado. Sem saber muito o que é realizar sonhos, ou mesmo sonhar, ele vive seus dias para ajudar sua família nas dificuldades diárias. A chegada de uma jovem que mora em um trailer, Becky (Juliette Lewis) uma nômade que viaja de cidade em cidade ao lado de sua avó, mudará um pouco o modo de pensar o mundo do protagonista.


O roteiro no paralelo entre as escolhas e as perspectivas. Tem um ritmo lento mas consegue sua força nas ótimas interpretações e quando o espectador consegue entender tamanha profundidade nos conflitos que passa o complicado personagem principal, esse último que se cobra demais, que só acena para um egoísmo distante mas que faria parte de suas melhores escolhas, quem sabe. Fechar os olhos e sonhar pode ser o início da saída de algum lugar de quem anda em círculos.

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24/07/2021

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Crítica do filme: 'Sob o Pé de Toranja - A História de CC Sabathia'


A importância da família e a força de vontade na busca de ser um ser humano melhor para si mesmo e para os outros. Disponível no ótimo catálogo do streaming da HBO Max, Sob o Pé de Toranja - A História de CC Sabathia é um documentário muito interessante que nos mostra as conquistas e os dramas de uma lenda da liga profissional de Baseball norte-americana, o arremessador CC Sabathia. Ao longo de menos de uma hora e dez de projeção, vamos vendo sua forte ligação com a família, e o seu auge como atleta quando enfrentou um grave problema de Alcoolismo que o deixou à beira de perder tudo que conquistara até ali. Por meio de depoimentos, vídeos e imagens, vamos entendendo um pouco da vida desse talento raro.


Tudo começou em Vallejo (Califórnia), no quintal de sua avó. Ela tinha um imenso pé de toranja e o protagonista sempre que a visitava jogava as frutas que caia tendo uma cadeira como alvo. Ali, naquele lugar simples CC Sabathia (que viria ser um dos maiores esportistas das grandes ligas dos esportes norte-americanos), podia sonhar com tudo que queria em sua vida. Aos poucos ele cresce e os conflitos começam a aparecer na sua frente: o afastamento da relação com o pai após a separação com a esposa (mãe de Sabathia); mais perdas que viriam acontecer pelo caminho; suas dificuldades no casamento de muitos anos ao lado da esposa que ajudou como pode o jogador nos momentos mais difíceis; o grave e quase silencioso problema de alcoolismo que passou.


Segundo ele mesmo: “sempre que uma coisa boa acontecia, outra ruim vinha logo em sequência”. Nos mostrando parte de seu último ano como atleta, após 19 anos como profissional de um esporte muito querido pelos Estados Unidos e vestindo a camisa de um dos times mais tradicionais da maior liga de baseball do mundo, o documentário busca nos mostrar a maior parte da vida desse pai, marido que, quando estava longe dos estádios, das competições, muitas vezes não soube lidar com os problemas que apareciam na sua frente mas de muitas formas deu a volta por cima.


O filme gera seu impacto mas também grandes pontas de esperança. Belo projeto, que sirva de inspiração para muitos outros atletas ou não atletas.

 

 

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