28/02/2020

Crítica do filme: 'Divino Amor'


A recuperação dos casamentos em crises em um futuro repleto de metáforas sobre a sociedade. Numa época onde o carnaval não é mais a maior festa do Brasil, se fossemos brincar na analogia poderíamos dizer que o enredo de Divino Amor perde décimos, falta ritmo e há excessos na explicação da intercessão do Corpo à fé, juntando argumentos repletos de simbolismos. Nada é objetivo nessa obra exibida no Festival de Berlim e em Sundance. As metáforas em formas de detalhes peculiares como Drive thru pastórico, maquina à laser de hormônios, esse e outros em buscas de sinais para justificar toda a entrega à fé da protagonista, interpretada pela atriz Dira Paes. Pode ser visto como uma grande crítica às hipocrisias do mundo mas faltam ingredientes para pensarmos nesse filme como um dos destaques do ano que passou.

Na trama, acompanhamos a amargurada Joana (Dira Paes) que trabalha em cartório todo digitalizado anos à frente do nosso. No seu dia a dia busca resolver questões entre casais tendenciando o resultado final. Joana e o marido, tentam buscar na fé a salvação para resolver o problema de não terem filhos, assim são devotos do Divino Amor, uma espécie de religião repleta de simbolismos. Intensas cenas de sexo envolvem a trama que busca no retrato do corpo e da fé os argumentos para suas questões chave.

Buscando ser detalhista para as argumentações colocadas, o projeto dirigido pelo competente Gabriel Mascaro peca nas variadas peças metafóricas e simbolismo que tenta encaixar para suprir a lacuna do peculiar contido em muitas ações e consequências que vemos ao longo dos 100 minutos de projeção. Quando busca um recorte mais próximo, dentro da relação entre o complicado casal protagonista, já no arco final, o filme cresce.