A recuperação dos casamentos em crises em um futuro repleto
de metáforas sobre a sociedade. Numa época onde o carnaval não é mais a maior
festa do Brasil, se fossemos brincar na analogia poderíamos dizer que o enredo
de Divino Amor perde décimos, falta
ritmo e há excessos na explicação da intercessão do Corpo à fé, juntando argumentos
repletos de simbolismos. Nada é objetivo nessa obra exibida no Festival de
Berlim e em Sundance. As metáforas em formas de detalhes peculiares como Drive
thru pastórico, maquina à laser de hormônios, esse e outros em buscas de sinais
para justificar toda a entrega à fé da protagonista, interpretada pela atriz Dira Paes. Pode ser visto como uma
grande crítica às hipocrisias do mundo mas faltam ingredientes para pensarmos
nesse filme como um dos destaques do ano que passou.
Na trama, acompanhamos a
amargurada Joana (Dira Paes) que
trabalha em cartório todo digitalizado anos à frente do nosso. No seu dia a dia
busca resolver questões entre casais tendenciando o resultado final. Joana e
o marido, tentam buscar na fé a salvação para resolver o problema de não terem
filhos, assim são devotos do Divino Amor, uma espécie de religião repleta de
simbolismos. Intensas cenas de sexo envolvem a trama que busca no retrato do
corpo e da fé os argumentos para suas questões chave.
Buscando ser detalhista para as argumentações colocadas, o
projeto dirigido pelo competente Gabriel
Mascaro peca nas variadas peças metafóricas e simbolismo que tenta encaixar
para suprir a lacuna do peculiar contido em muitas ações e consequências que
vemos ao longo dos 100 minutos de projeção. Quando busca um recorte mais
próximo, dentro da relação entre o complicado casal protagonista, já no arco
final, o filme cresce.