O cinema pode ser um caminho para expressar a arte e remeter questões cravadas pelo tempo, onde a beleza precisa dar as mãos ao conteúdo. No curta-metragem Index, do artista visual João Lobo, a dinâmica proposta é refletir sobre o tempo por meio de inscrições rupestres de um sítio arqueológico localizado na cidade de Ingá, município paraibano, limitando o público a um papel de observador. Mas será que isso basta para entendermos a obra por completo?
Em um tiro curto de 9 minutos – com um ar psicodélico -, a
imersão excessiva sobre o que não é explicado salta aos olhos: pelos céus, pela
terra, colocando também a natureza em destaque. Vamos sendo conduzidos para uma
viagem repleta de beleza, onde se fixam ideias isoladas em uma narrativa
intraduzível, na qual o desassossego se torna constante pelas lacunas não
preenchidas. Uma pena.
Parece ser um filme feito para si mesmo, sem pretensões de
ampliar reflexões ou mesmo debates sobre o tour pelas belezas que se
apresentam. Forma e o conteúdo não conversam; distanciam-se. Essa abordagem
sensorial vira um experimento excessivamente entediante, conseguindo a proeza
de, em 9 minutos, dispersar os espectadores.
Cinema é imagem e movimento, mas também é conteúdo que
precisa ser apresentado sem a necessidade de explicações – ou, pelo menos,
contendo dicas - sobre o que é sua obra. Um dos filmes de abertura do Fest
Aruanda 2025, Index necessita de
complementos de pesquisa para ser minimamente compreendido e, assim, perde toda
a graça. É frustrante não aprendermos mais pela própria tela do cinema.
