Um grupo sempre vai se sobrepor a individualidade. Imaginando um universo modificado por guerras tecnológicas que transformaram países em tribos espalhadas pelo planeta, Tribes of Europa é uma imaginativa distopia que mistura um pouco de Jogos Vorazes com alguns filmes de sci-fi resultando em uma saga dividida por três vertentes (no caso, três irmãos) onde a cada episódio vamos entendendo melhor os mistérios (e são muitos!) desse mundo tão diferente dos dias atuais. Criado pelo showrunner alemão Philip Koch, a série empolga em alguns momentos mesmo sendo ainda muito confusa nessa primeira temporada de apenas seis episódios.
Na trama, conhecemos os Orígenes, uma pequena tribo de cerca
de 50 pessoas, que vivem na floresta após uma guerra que poucos sabem o motivo
que determinou novas dinâmicas no planeta. Países viraram tribos e a luta pela
sobrevivência é constante e sangrenta. Nesse contexto, três irmãos Liv (Henriette Confurius), Kiano (Emilio Sakraya) e Elja (David Ali Rashed) acabam tomando rumos
diferentes após um integrante de uma tribo chamada Atlantis cai próximo ao
território Orígenes portando um cubo mágico ainda indecifrável. Só que esse
acidente acaba levando os poderosos, implacáveis e cruéis da tribo dos Corvos,
liderados na missão por Varvara (Melika
Foroutan em destacada atuação), a uma busca implacável por esse piloto.
Assim, durante uma sangrenta batalha, os três irmãos tomarão rumos
completamente diferentes e precisarão de muita valentia e sabedoria, pitadas de
sorte também, para se reencontrarem algum dia.
Bastante violento para uma série que a princípio parecia de
rápidas resoluções de curtos desfechos acaba se tornando complexa quando
entendemos a importância dos porquês e a luta constante por preenchimento de
lacunas, principalmente das que aparecem na direção de Elja e do comerciante de
sucatas Moses (Oliver Masucci em
ótima atuação). Puxando para o lado da aventura em alguns capítulos, somos
testemunhas de cenas de tirar o fôlego, além de estratégias e habilidades. Praticamente
nos sentimos olhando de cima um jogo de RPG onde escolhemos nossos personagens
e acreditamos que ele possa nos trazer as respostas que queremos.
Podemos fazer paralelos sobre tribos e países, do tipo: qual
tribo seria qual país? A força do roteiro está nas relações humanas, quase um confronto
entre o poder de um grupo e o individualismo. Há tribos completamente
diferentes umas das outras, com escolhas desiguais e pensamentos completamente
antagônicos. A própria caminhada dos irmãos, cada um na sua missão pessoal, tem
contornos completamente longe de se encontrarem. Para uma análise mais
profunda, precisamos saber mais. Nesses seis primeiros episódios que fecham a
primeira temporada, acabamos com muitas dúvidas e com bem menos respostas que
queríamos mas não deixa de ser empolgante em alguns momentos.