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20/03/2025

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Crítica do filme: 'Eu e o Boi, o Boi e Eu' [7a Edição do Lanterna Mágica]


Trazendo para o centro dos holofotes um evento marcante em vários municípios de Minas Gerais, inclusive a cidade de Pedro Leopoldo - sua festa conhecida do Boi da Manta - o criativo filme Eu e o Boi, o Boi e Eu nos apresenta o contraste entre a admiração e o receio através de um jovem personagem e seus primeiros passos rumo à percepção cultural de seu estado. Dirigido e escrito por Jane Carmen Oliveira, essa animação foi selecionada para a Mostra Competitiva Nacional da 7ª edição do Lanterna Mágica – Festival de Animação Internacional e Nacional que ocorre todo ano em Goiânia.

Em cinco interessantes minutos acompanhamos um pequeno recorte na vida de uma criança que paralisa seus olhos para as histórias que escuta da mãe sobre um tal boi da manta que é uma figura representativa de uma festa popular conhecida em sua cidade, Pedro Leopoldo. Com o passar do tempo a criança embarca em jornada de onde vai do extremo de um medo incessante até um fascínio pelas descobertas.

Compondo sua narrativa com a base na relação inicial de uma jovem com as descobertas culturais e folclóricas, tendo todas as infinidades criativas que o universo do cinema e animação possibilitam, o projeto consegue seguir uma forte linha dentro de seu discurso transformando em camadas que giram em torno das emoções e tensões uma festa-ritual sempre realizada em períodos pré-carnaval.

As mensagens se tornam objetivas, com o foco nas primeiras impressões, dentro de um arranjo contextual que transforma uma festa com seus simbolismos destacados através de um possível choque de imagens. Da imaginação da personagem, importante pilar por aqui, nasce uma pequena pérola que ganha vida na tela batendo na tecla do descobrir o Brasil e seus detalhes através da força cultural.


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Crítica do filme: 'Anacleto, o Balão' [7a Edição do Lanterna Mágica]


Baseado em livro de 48 páginas escrito por Carol Sakura e com ilustrações de Walkir Fernandes - que também é inspirado em um recorte familiar curioso da primeira – o divertido suspense infantil Anacleto, o Balão tem sua espinha dorsal no modo criativo de mostrar as percepções dos sentimentos aos olhos de uma criança. Esse foi um dos projetos selecionados para a mostra competitiva nacional da 7ª edição do Lanterna Mágica – Festival Internacional e Nacional de Animação.

Nesse curta-metragem do Paraná, acompanhamos a saga de um jovenzinho que um dia se vê de frente com um balão vermelho. Esse artefato de papel fino e com formatos variados passa a fazer parte da família, interagindo no café da manhã e até acompanhando jogos de futebol com toda a família. Após um tempo, algumas situações inusitadas começam a fazer parte das percepções do jovem e os sustos se tornam algo constante.

Do medo até a imaginação, em 12 minutinhos conseguimos absorver reflexões variadas sobre o universo ampliado a partir do livro. O balão, elemento fundamental dessa animação, encontra no seu vermelho o sentido de alerta e outros simbolismos ligados à sensações. As situações variadas vividas pelo núcleo familiar – acopladas em uma narrativa dinâmica e bem estruturada - ganham interpretações através do olhar infantil conseguindo uma ótima fórmula entre o suspense e o humor.

Produzido pelo estúdio Dogzilla e com direção da dupla que escreveu o livro, Carol Sakura e Walkir Fernandes, Anacleto, o Balão não se prende a ser um filme apenas para o público infantil, é um filme para toda família. Chamou muito a atenção em um set com ótimas obras no primeiro dia das mostras competitivas do Festival Goiano dedicado à animações, o Lanterna Mágica.  

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19/03/2025

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Crítica do filme: 'Rock Bottom' [7a Edição do Lanterna Mágica]


Trazendo uma imersão profunda pelas percepções de aspectos da mente que se misturam com inspirações entre a carreira musical e os dramas da vida de um conhecido músico da cena britânica de décadas atrás, o engenhoso drama musical com técnicas de animação Rock Bottom é uma verdadeira viagem existencial. Repleto de interpretações e caminhos para o público se jogar, o projeto, escrito e dirigido pela cineasta espanhola María Trénor, foi o filme de abertura da 7a edição do Lanterna Mágica – Festival Nacional e Internacional de Animação.

Durante uma festa, onde Bob reencontra amigos da cena musical ele é logo fisgado pelos excessos e na paixão relâmpago por uma fã. Só que ele não esperava que Alif, seu grande amor, aparecesse à sua procura desencadeando em uma queda que o deixa em estado crítico. Durante esse tempo em recuperação vamos conhecendo melhor a história dos dois, algo que se estende em alucinações e variações temporais.

Já com um deslize no seu arco inicial, uma explicação simples e ligeira apontando suas inspirações em um integrante de uma das bandas pioneiras do rock psicodélico na cena britânica na década de 1960 – Robert Wyatt da Soft Machine - Rock Bottom apresenta sua vida declamada em forma melódica cheia de imagens e movimentos tendo como plano de fundo o seu álbum: Rock Bottom. Confuso? Vocês não perdem por esperar!

Antes de mais nada é preciso falar: esse é um filme corajoso. Esse adjetivo se encaixa muito bem quando nos deparamos com 82 minutos que chamam a atenção mas com momentos de total dispersão. Tendo a cultura Hippie como elemento importante, que compõe o pensamento ideológico de uma geração, o roteiro se propõe ter suas inspirações entre a carreira musical e os dramas da vida de um músico que existiu de fato. Só que o discurso sai pela culatra, transformando algo que poderia ser passado com mais clareza em uma descontrolada deslocação de tempo e memória, completamente sem chão.

De interessante, uma das estradas onde a lógica parece realmente fazer mais sentido é nos obstáculos da relação. Quando o público se encontra de frente com os contornos de um amor autodestrutivo, passado e eventual futuro começam a ganhar formas mais consistentes através da rotina e do desencanto tendo o processo criativo como uma mola propulsora que ganha bons momentos dentro de um cenário movido ao melodramático. Mas para se chegar a reflexões sobre esse oásis dentro de um terremoto de informações desencontradas é preciso muita paciência.

Amigo dos integrantes da banda Pink Floyd – com quem colaborou em algumas canções – Robert Wyatt tem recortes de sua vida contada através desse drama musical movido à técnica de animação e onde parece que tudo precisa de uma explicação visual ou até mesmo musical. Às vezes as entrelinhas preenchem mais espaço do que algo que para muitos podem representar sem sentido. Rock Bottom ruma a longos passos para seus desencontros mal explicados entre ficção e possível realidade, transformando seu personagem homenageado em um nômade da própria história.    

 

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