É difícil pensar que um filme chileno, país de pouca expressão no mundo do cinema, possa mexer tanto com o espectador em menos de uma hora e meia de fita. Em “A Vida dos Peixes”, a simplicidade que sempre devemos levar em consideração em qualquer produção de orçamento baixo, é o pontapé inicial positivo desse trivial/genial longa. Pegaram poucos recursos (até mesmo locações, só tem uma) mas com muita mão-de-obra qualificada (sim, os atores) e colocaram no liquidificador, deu certo.
A trama, fala basicamente sobre um reencontro de dois eternos namorados, em uma festa rodeada de passado e indefinição sobre o futuro. O filme não toma tendências, o que é ótimo, os atores tem uma harmonia comparável, sem dúvidas, a Julie Delpy e Ethan Hawke (“Antes do Amanhecer”/”Antes do Pôr-do-Sol”) e ao casal de “Once” (aqueles que não sabemos os nomes dos personagens até hoje).
Matías Bize (que dirigiu o intenso “Na Cama”) é o comandante desse grande filme. O diretor enriquece a fita com detalhes e ótima movimentação da sua inteligente câmera. No elenco dois atores que se completam muito bem em cena: Santiago Cabrera e Blanca Lewin dão vida aos personagens que comovem o público com suas incertezas e desejos evidentes um pelo outro.
A trilha sonora é uma crítica à parte. Algo maravilhoso, preenche cada lacuna daquele especial momento na vida dos corações apaixonados. Créditos para Diego Fontecilla que assina essa obra de arte musical. Você sairá do cinema correndo para o computador mais próximo querendo acessar o famoso site de vídeos para ouvir novamente alguma das belas canções apresentadas nessa fita.
Extremamente recomendado! E você que não gosta de cinema sem ser o “americano”, larga esse preconceito bobo e vá ver filme latinos, sempre achamos bons trabalhos, está cada dia melhor!