Dirigido pelo cineasta Allna Ribeiro, o drama cheio de
esperança Esse Amor que nos Consome não
é só um filme, é uma experiência. Talvez, por este fato, possa não ser bem
recebido pelo público cinéfilo. Há uma certa falta de ritmo propositalmente
inserida nas sequências que fala sobre a vida em forma de poesia. No mundo dos
sonhadores encontramos os protagonistas, seus
desejos de realização são escancarados na telona e ganham grande
destaque ao longo do projeto em forma de metáforas e movimentos corporais.
Na trama, acompanhamos os coreógrafos Gatto Larsen e Rubens
Barbot. Companheiros de vida há mais de 40 anos. Juntos resolvem se instalar em
uma grande casa abandonada no centro do Rio de Janeiro. Para alimentar seus
desejos e sonhos, passam a viver e ensaiar com sua companhia de dança – formada
por jovens talentos da dança que enfrentam a dificuldade da falta de patrocínio.
A luta cotidiana mistura-se à luta contra mosquitos que tocam violinos em suas
orelhas.
Por mais que a beleza tome conta e boa parte das sequências,
algumas tramas com personagens reais ou histórias reais simplesmente não
conseguem se encaixar. O roteiro, ponto básico de qualquer filme, é fundamental
para isso. Nesse quesito o filme comete deslizes sérios, o uso da narrativa em
marcha lenta atrapalha qualquer tentativa de interação com o público.
O homem está na cidade, assim como a cidade está no homem.
Partindo deste princípio e sabendo que a coreografia – definida muito bem por
Larsen - é o primeiro esboço de uma
possibilidade, cada pensamento ganha coreografia e assim vai sendo mostrado um
Rio de Janeiro cheio de cores e emoção. O palco, é o centro da cidade maravilhosa,
com seus habitantes e seus imensos labritintos de paredes e janelas.
A trilha sonora dita o ritmo das belas cenas de dança ao ar
livre. Clara Nunes e outros grandes cantores aparecem dando sentido aos
movimentos. Quem já está acostumado a assistir espetáculos de dança consegue
criar um vínculo carinhoso com o filme, quem não gosta ou não está acostumado
passará minutos em constante conflito com seu relógio.