Quanto mais vasto o tempo que deixamos para trás, mais
irresistível são os pensamentos que nos convidam ao retorno. Passando pelo
Brasil como um foguete, no já distante ano de 2010, o maravilhoso filme Todas
as Canções Falam de Mim dirigido pelo espanhol Jonás Trueba, é uma
jornada amistosa que fala sobre a palavra que não existe tradução em muitos
outros idiomas, a saudade. A química que os atores Oriol Vila e Bárbara Lennie
provocam em cena pode ser comparada com a que Julie Delpy e Ethan Hawke conseguem
na trilogia amorosa de Richard Linklater.
Ramiro (Oriol Vila) e Andrea (Bárbara Lennie), como todo
casal comum viveram seus momentos intensamente, durante seis anos. Quando
resolveram se separar, houve um trauma e uma dor muito grande por parte do
primeiro. O filme mostra delicados pontos de vistas desses dois românticos
personagens e um sonho distante de um dia se reencontrarem e quem sabe viverem
uma nova história de amor.
Por mais que sejam dois protagonistas, acompanhamos muito
mais a face masculina dessa história. Ramiro sentia que tudo o que lia tinha
haver com ele e suas histórias com Andrea, um sentimento igual tinha em relação
à música. Nessa “Road Trip” pelas estradas do sentimento, vemos o sofrimento e
a eterna busca em esquecer seu eterno amor. Livros, palavras, mulheres bonitas,
antigas amizades, todos que passam por sua vida contribuem para que Ramiro
encontre alguma zona de conforto em sua guerra contra o amor de Andrea.
Todas as Canções Falam de Mim chama a atenção de qualquer alma
sensível por conta deste título maravilhoso. Mas o filme é muito mais que isso.
É uma visão madura sobre a reconquista de um amor. Somos testemunhas das auto
descobertas dos personagens e suas garantias de melhoria para seus futuros
relacionamentos. Os coadjuvantes influenciam as decisões dos personagens e
misturam seus conflitos geralmente expostos em uma mesa de bar regado à
risadas, bate papo, surpresas e emoção.
Entre citações de grandes romancistas e músicas que
confortam qualquer coração ansioso para amar novamente, o espectador é premiado
com uma história sobre duas almas muito mais comuns na vida real do que no
mundo mágico do cinema. Se você viveu ou vive alguma história parecida, ao
final do filme escute seu coração. Quem sabe essa história não era o
combustível que faltava para você reconquistar um grande amor?