O que
seria da vida sem o prazer? Após um corte seco entre os dois volumes, eis que
chega aos cinemas brasileiros a parte final da saga ninfomaníaca de Lars Von
Trier. Esse segundo volume se torna aos poucos uma viagem culta nas analogias
de citações católicas e figuras ligadas de alguma forma à igreja, a arte e a
mitologia. Assuntos polêmicos e interpretações esquisitas para alguns assuntos
de senso comum contornarão esse filme que merece ser conferido por qualquer
amante da sétima arte.
Na trama,
acompanhamos os últimos três capítulos da saga da ninfomaníaca Joe (Charlotte
Gainsbourg/ Stacy Martin), agora muito mais interpretada pela veterana e musa
de Von Trier, Srta. Gainsbourg. Já na fase adulta e muito mais madura continua
a contar sua trajetória para o bom ouvinte Seligman (Stellan Skarsgård).
Entrando em partes muito íntimas de seu passado amoroso, Joe consegue que seu
novo amigo se abra cada vez mais e assim o público começa a entender melhor
porquê daquela conversa ter sentido aos olhos de Seligman (Stellan Skarsgård).
Surge então um confronto amistoso entre a não-sexualidade com a sexualidade,
além dos limites do dito comum.
Nessa
segunda parte, Lars Von Trier leva o público a uma experiência de
autodescoberta. O famoso e polêmico cineasta faz o público questionar suas
próprias verdades. Um espírito de exclusão toma conta da personagem principal.
Mais madura, começa a dividir da moralidade da sociedade e automaticamente vai
ganhando mais força e confiança para entender, e assumir com orgulho quem ela
é. Empatia transborda em cena por Gainsbourg.
Os raios
solares vistos nas frisas das janelas, já na despedida dos personagens, mostra
que um certo respirar aliviado foi dado a esses personagens. A história tendo
começo, meio e fim bem amarrados já deixa o público, mesmo não concordando com
algumas verdades ditas, bem satisfeito. A idéia era chocar, tanto pelo sexo explícito,
quanto com as famosas teorias absurdas que Von Trier embute em cada trabalho
que assina. Seus filmes são diferentes, seu modo de ver o mundo é peculiar.
Navegando
pelas dores do sadomasoquismo, nas tristezas/mágoas profundas de uma mulher que
vive sua vida em torno de sua trajetória e desejos sexuais, Ninfomaníaca – Vol. 2 se justifica como
um bom complemento explicativo para quem curtiu a primeira parte dessa
inesquecível história. Não deixem de conferir mais um trabalho autoral desse
cineasta completamente louco mas sem dúvidas nenhuma genial.