As delicadezas do ser humano podem
ser descobertas das maneiras mais duras ou inusitadas pelas pessoas. Depois de
8 anos sumido do circuito carioca de cinema, estreia no Rio de Janeiro na
próxima quinta-feira (06.11), o maravilhoso filme alemão A Alegria de Emma. Essa produção do ano de 2006, dirigida pelo
ótimo diretor Sven Taddicken, é uma lição de como nossos sonhos podem estar
guardados tão profundamente dentro de nós e que, às vezes, só partimos para
realizá-los quando um fato impactante acontece em nossas vidas. O filme
incomoda, é duro, mostra com muita verdade os dilemas de seus personagens
principais, interpretados muito bem pelos atores Jördis Triebel e Jürgen Vogel.
Em Alegria de Emma, conhecemos Max (Jürgen Vogel), um homem que
trabalha em uma loja de automóveis que após receber uma terrível notícia ligada
a sua saúde, entra em desespero e resolve fugir da sua controlada e pacata vida
rumo a um novo destino. Acontece que ele sofre um acidente e seu carro capota
montanha abaixo direto para o quintal da fazenda de Emma (Jördis Triebel), uma
fazendeira que vive isolada do mundo tendo apenas a companhia diária de seus
porquinhos. Assim, inusitadamente, uma relação bem diferente vai se criando
entre os dois até que segredos começam a aparecer deixando essa história cada
vez mais interessante.
As peculiares características dos
personagens principais são o grande charme do filme. Começamos a análise com
Max, um ser humano calado que nunca se arriscou por nada em sua vida. Vive seu
cotidiano reprimindo, trabalhando com algo que não gosta e sem conseguir chamar
sua secretária para sair. Quando recebe uma terrível notícia, desperta, percebe
que não tem mais tempo e embarca em uma viagem de descobertas, dessa vez nada
com nada pré-planejado, sai totalmente de sua zona de conforto e conhece o real
significado de viver. Emma também vive em seu próprio mundinho, possui um certo
carinho pelos porquinhos que é obrigada a cortar, faz questão de ser dura com o
único homem que a procura, um policial da região, e esconde sua delicadeza e
ternura para si até a chegada de Max em sua vida. Esse encontro realmente era
algo que os dois necessitavam para descobrirem de fato o que é se sentir vivo.
A Alegria de Emma não é uma obra-prima, na verdade é um filme desconhecido
do grande público mas que passa uma mensagem tão linda que merece ser visto por
todos os cinéfilos. Imaginem, na época de seu lançamento, 2006, tinham menos
salas ainda de cinema aqui no Brasil, talvez por isso o filme só estreou em São
Paulo, absurdamente. Com tanta bobagem
passando nos cinemas brasileiros, essa pequena pérola alemã é um desafogo na
alma de qualquer pessoa que acredita no sonhar. O público carioca ganhou um
presente e tanto essa semana.