Os discos jogados num quarto repleto de quadros e violões,
ah... e aquele allstar azul ao lado do de cano alto. Como um furacão de
emoções, dramas e muita verdade, que promete emocionar a todos, chega aos cinemas
brasileiros nesta semana o espetacular documentário Cássia Eller. Dirigido pelo
excelente diretor Paulo Henrique Fontenelle, que a cada novo projeto vem
brindando os cinéfilos com trabalhos fabulosos (como foi em Dossiê Jango), tentamos decifrar os
segredos e a timidez de uma artista que marcou seu nome na história não só pela
música mas nas conquistas importantes que conquistou, também quando se foi. O
filme é pura emoção e bate aquela vontade de bater palmas de pé quando já emocionados
vemos as letrinhas dos créditos subirem.
Nesse projeto 100% nacional, acompanhamos em pouco mais de
110 minutos de fita, toda a história que cercou o nascimento de uma lenda da
música popular brasileira. Filha de um paraquedista e uma dona de casa, Cássia
usava a música como uma intensa fuga para sua timidez. Com um alcance vocal
único e com uma força enorme quando estava no palco, a protagonista deste
documentário, que não deixa de ser uma linda homenagem a essa baita mulher, aos
poucos foi se tornando uma bomba relógio de emoções.
Como todo bom documentário, todas as verdades são ditas e
apresentadas, deixando o próprio público tirar suas conclusões sobre os fatos. Os
vícios de drogas também não são escondidos, acompanhamos todos os dramas por
conta de tratamentos, problemas amorosos, estresses e abstinências. Cássia teve
uma vida intensa, não temos dúvida. Com o sucesso batendo na porta a todo
instante, seu jeito simples e a falta de estrutura emoção para lidar com a fama
aos poucos vão incomodando a cantora que sempre contava com todos os amigos
nessa hora.
A amizade entre Cassia e Nando Reis gera os mais
emocionantes depoimentos que vemos na tela. É como se a menina tímida ainda
estivesse aqui entre nós, tamanha a força que marcou sua presença durante suas
décadas neste país. Percebemos o carinho que todos que conheciam Cássia tinham
por ela. Sua relação com a eterna Maria Eugênia e com o filho Chicão mostram um
lado doce que transformam o furacão Cássia em uma ventania poética de
felicidade. E sobre sua família, falamos da conquista que conseguiu quando seu
filho teve a guarda dada a mulher que sempre amou. Uma vitória inédita para o
amor.
De Nirvana à Piaf. De Buarque ao blues. Um alcance vocal
único. Um ícone da música brasileira. Música é uma coisa bela que toca lá
dentro. E não temos dúvidas de que Cássia cumpriu seu objetivo, tocou
profundamente e se tornou inesquecível em nossos corações.