A criatividade é a maior rebelião na existência. Dirigido
por Edu Felistoque e com um roteiro da atriz, e protagonista desta história,
Silvia Lourenço, um dos próximos filmes nacionais ao chegar ao circuito é o
reflexivo Insubordinados. O que
chama a atenção logo de cara é a
estética tão bonita que assistimos, cada cena tem identidade e cada elemento,
do mais simples ao mais complexo, possuem um sentido na mensagem que a história
passa. Os personagens vão se tornando envolventes aos poucos e vai crescendo,
ao longo dos 82 minutos de fita, um desejo do público em saber qual será o
desfecho de cada um deles.
Na trama, conhecemos Janete (Silvia Lourenço) uma mulher
solitária que está passando por mais um momento difícil em sua vida, já que seu
pai, um coronel aposentado da polícia militar, está em coma. Todo dia ela vai
ao hospital visitá-lo, parece nunca sair de lá. Em meio a espera de alguma
mudança no quadro em que seu pai se encontra, Janete deixa a imaginação tomar
conta de suas ações e começa a criar uma história que acaba sendo um paralelo
de tudo que enfrentou em sua vida.
O princípio da autonomia versus o direito de viver. O filme
se aproxima de assuntos polêmicos, argumentos são lançados e chegam ao
espectador com a força de um soco no estômago. Saudades do pai, da época em que
acordava ao som do rádio transmitindo as primeiras notícias do dia e aquele
cheirinho de café que dominava o ambiente. A solidão da protagonista é um dos
principais temas da trama, entendemos melhor os personagens quando juntamos
essa variável a tudo que a trama apresenta como consequência das ações executadas
pelos poucos mas ricos personagens que a trama possui.
Com uma trilha sonora hipnotizante, o filme parece não ter
sentido muitas vezes, precisamos acoplar os paralelos que são apresentados em
formas de metáforas oriundas de tudo que a protagonista já viu ou ouviu. É
praticamente uma fuga da realidade, executada de maneira competente por Silvia
Lourenço. No fim, percebemos que tudo, que é contraditório na atual realidade,
cria vida e sentido virando um belo trabalho de nosso cinema.