Até na pessoa mais confusa emocionalmente, o amor é um
despertar. Para falar sobre a crise de imaturidade de uma mulher na casa dos 30
anos, a cineasta Lynn Shelton volta as telonas com seu novo trabalho Laggies. Com um roteiro assinado pela
estreante Andrea Seigel, o filme, bem água com açúcar por sinal, navega entre
diálogos inteligentes e bobíssimos clichês que às vezes nem mesmo o carisma que
exalam alguns personagens conseguem superar. A protagonista Keira Knightley faz
de tudo para criar uma identidade de sua personagem mas acaba naufragando nessa
tentativa, a boa atuação mesmo vem do craque Sam Rockwell que faz o filme
despertar quando aparece na trama.
Na história, conhecemos Megan (Keira Knightley), uma mulher
de meia idade que parece não ter conseguido se estabelecer profissionalmente e
vive uma rotina tediosa ao lado do noivo, que conhecera ainda no colégio.
Quando alguns estopins, como a traição do pai, despertam Megan para vida, ela
resolve passar uma semana longe de casa e assim acaba conhecendo a jovem Annika
(Chloë Grace Moretz), uma menina que lembra muito como ela era na fase adolescente.
Ambas irão percorrer uma jornada de amizade em busca da felicidade.
Podendo ser o mundo de alguém, a protagonista se afoga em
conflitos e vira apenas um alguém no mundo. Essa crise de meia idade pela qual
percorre, ao longo dos 99 minutos de fita, tem momentos que despertam o
interesse do público mas na maioria das sequências a personagem não é
convincente. Não adianta um sotaque britânico camuflado de inglês americano
fluente, falta um pouco de carisma a Keira Knightley. Os diálogos com a
personagem de Chloë Grace Moretz deveriam ser o grande clímax da história mas
isso não acontece. Nos divertimos e interagimos bem mais com a trama quando o
pai de Annika, interpretado pelo ótimo Sam Rockwell aparece na história.
Laggies, ainda
sem tradução para o português, tinha tudo para ser mais profundo (por mais que
seja uma história nada diferente de outras vistas por aí) mas acaba sendo
superficial. É o tipo de filme que você logo esquece, não cria identidade com o
público. Falta carisma, é como se o filme não tivesse força suficiente para
conquistar nossa atenção.